segunda-feira, 12 de junho de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma. Sobre as portas e cordas do sheol

 Refutação: As “portas” e “cordas” do Sheol

 

Certas interpretações surgem impensadamente, como a que o autor refuta no respectivo tópico. Mas, também como o próprio autor fez em outro tópico, já refutado aqui, onde a partir de certas palavras de um texto procura transpor o sentido para outra passagem a fim de explicá-la, o que muitas vezes não é correto, por motivos que foram mostrados.

 Quando se diz que o sheol tem portas e cordas, de fato, essa é uma linguagem poética para falar do poder da morte, nada mais do que isso.

 A explicação sobre a lingaguem de Jó 7, 9, que seria explicada porque Jó nunca tinha visto uma ressurreição, como a de Lázaro, é uma explicação que mostra como a doutrina foi sendo desenvolvida, como a revelação teve seu desenvolvimento.

 E eis que o autor, ao demonstrar que a afirmação de Jó sobre a impossibilidade de voltar do sheol, ou seja, de ressuscitar, não estava negando a ressurreição final, já que Jó 19, 25-27 expressamente ensina que haverá ressurreição, o autor mortalista usa o texto de forma mais literal para frisar essa verdade, o que está correto, e ressalta que Jó estava apenas dizendo que ninguém ressuscitaria “para o seu lar”, para a mesma habitação terrena, e não uma negação da ressurreição em si.

 Embora não percebido, essa é a mesma forma de interpretação usada para refutar o mortalismo em Ecl 9,5.10, pois ali não está afirmando que não há consciência no mundo dos mortos, mas que não há vida no túmulo, e que os mortos não possuem mais qualquer relação de participação “debaixo do sol”, que é uma parte do texto muito importante, como aqui foi usada “para o seu lar”, de forma a evitar interpretações equivocadas. Por isso, basta que se use métodos corretos de interpretar para certificar-se do verdadeiro sentido de cada passagem.

 Então, embora não sejam usadas as figuras de linguagem “portas” e “corda” para provar que o sheol é um lugar espiritual, como fez o aludido autor protestante, essa refutação, sobre essas metáforas, não traz qualquer problema para a imortalidade da alma.

Esse item serviu para mostrar um pouco como se faz interpretação bíblica, e como a interpretação católica é equilibrada e coerente, mostrando também certas falhas de interpretação que o mortalismo usa para defender seu ponto de vista.

Gledson Meireles.



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