Refutação: As “portas” e “cordas” do Sheol
Certas interpretações surgem
impensadamente, como a que o autor refuta no respectivo tópico. Mas, também
como o próprio autor fez em outro tópico, já refutado aqui, onde a partir de
certas palavras de um texto procura transpor o sentido para outra passagem a
fim de explicá-la, o que muitas vezes não é correto, por motivos que foram mostrados.
Quando se diz que o sheol tem portas e cordas, de fato, essa
é uma linguagem poética para falar do poder da morte, nada mais do que isso.
A explicação sobre a lingaguem
de Jó 7, 9, que seria explicada porque Jó nunca tinha visto uma ressurreição,
como a de Lázaro, é uma explicação que mostra como a doutrina foi sendo
desenvolvida, como a revelação teve seu desenvolvimento.
E eis que o autor, ao
demonstrar que a afirmação de Jó sobre a impossibilidade de voltar do sheol, ou seja, de ressuscitar, não
estava negando a ressurreição final, já que Jó 19, 25-27 expressamente ensina
que haverá ressurreição, o autor mortalista usa o texto de forma mais literal
para frisar essa verdade, o que está correto, e ressalta que Jó estava apenas
dizendo que ninguém ressuscitaria “para o seu lar”, para a mesma habitação
terrena, e não uma negação da ressurreição em si.
Embora não percebido, essa é a
mesma forma de interpretação usada para refutar o mortalismo em Ecl 9,5.10,
pois ali não está afirmando que não há consciência no mundo dos mortos, mas que
não há vida no túmulo, e que os mortos não possuem mais qualquer relação de
participação “debaixo do sol”, que é uma parte do texto muito importante, como aqui
foi usada “para o seu lar”, de forma a evitar interpretações equivocadas. Por
isso, basta que se use métodos corretos de interpretar para certificar-se do verdadeiro
sentido de cada passagem.
Então, embora não sejam usadas
as figuras de linguagem “portas” e “corda” para provar que o sheol é um lugar espiritual, como fez o
aludido autor protestante, essa refutação, sobre essas metáforas, não traz
qualquer problema para a imortalidade da alma.
Esse item serviu para mostrar
um pouco como se faz interpretação bíblica, e como a interpretação católica é
equilibrada e coerente, mostrando também certas falhas de interpretação que o
mortalismo usa para defender seu ponto de vista.
Gledson Meireles.
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