Refutação: Pó e cinzas
A imagem do pó e das cinzas
pode indicar o aniquilamento, mas apenas no nível da metáfora, pois indica o
afastamento dos ímpios para longe dos santos. Nesse pondo é literal, os ímpios
deixarão de existir diante dos salvos, não estarão mais no reino dos céus, não
pode, porém, indicar o fim da existência deles. Parece que por aqui o argumento
mortalista já está refutado quanto à expressão pó e cinzas.
O argumento do livro aqui, é que São
Pedro disse em 2 Pd 2, 6 que os ímpios serão destruídos, reduzidos a cinzas, e ele
não diria isso se o público não acreditasse em aniquiliacionismo, “se não
quisesse respaldar essa mesma crença”.
É uma boa objeção, da mesma
natureza do que foi feito na presente refutação para provar que São Paulo
argumentava com base na imortalidade da alma em 1 Coríntios 15. Mas aqui, o
problema se junta a outra dificuldade para o mortalismo, já que essas figuras
que retratam o castigo dos ímpios são inúmeras e em comparação com a revelação
do inferno no Novo Testamento elas não podem significar extinção do ser,
provando que o público conhecia bem o sentido delas nesse ponto, e que foi o
sentido expresso em outras passagens pelo próprio apóstolo São Pedro. E, assim,
o argumento mortalista aqui também não se sobressai.
Em outras palavras, São Pedro
cria no inferno eterno, e ainda assim, sem problemas, usada a linguagem bíblica
do Antigo Testamento sobre a redução dos ímpios pelo fogo, como se fosse um
aniquilamento, como o que acontece com a palha.
Basta ver que a destruição dos
ímpios na volta de Cristo, no armagedon, é dita de uma forma instantânea, o que
faz muitos afirmarem que os maus serão aniquilados de uma vez, sem passar pelo
sofrimento proporcional, sendo mais uma doutrina mortalista. Isso serve para
mostrar que há passagens que não estão falando diretamente do inferno, mas da
morte dos ímpios na vinda de Cristo. É outro argumento que o mortalismo precisa
enfrentar.
Ao citar Sodoma e Gomorra, a
destruição dos ímpios não é literal a ponto de dizer que assim como as cidades
deixaram de existir os ímpios também deixarão, mas no sentido de que não
existirão mais entre os salvos. Isso já está claro, e poderá ser encontrada
resposta ao argumento que tentou desfazer essa leitura das passagens no
respectivo tópico.
O motivo de não ser literal é
que as passagens que falam da alma e do inferno afirmam claramente que a alma
existe após a morte, fato que refuta o mortalismo, e que o inferno é eterno,
outro fato que aniquilia o aniquilacionaismo na base.
Não se trata de alegorizar a
destruição dos ímpios, mas porque o contexto geral o exige. E, por último, o
virar pó e cinza é literal, e mostra a realidade da morte, mas não é o fim da
questão, pois não diz respeito à extinção do ser, mas ao império da morte por
causa do pecado, não afirmando nada em si sobre a questão da imortalidade da
alma, que é compreensível quando se estuda a Bíblia inteira.
Gledson Meireles.
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