O apologista adventista Davi Caldas expôs suas razões para não ser católico romano. Vamos analisá-las detidamente.
Parte 1:
1ª
razão: Não acreditar que a Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada por
Jesus Cristo, nem que existia nas primeiras décadas do Cristianismo e nem que
existia no primeiro século.
Tem
alguma lógica isso? Veremos.
O
apologista parece entender que Igreja Católica Romana é somente aquela que está
sob a autoridade do papa que reside em Roma. Então, nesse sentido, não poderia existir
nas primeiras décadas do Cristianismo. Mas, não poderia existir nem no primeiro
século? Isso não é verdade.
Mas
também o apologista não acredita no sistema da instituição católica em que o
papa é chefe da Igreja.
Pois
bem. Ele admite que a Igreja surgiu em Jerusalém, no ano 30 d. C., e durante
uns trinta e cinco anos esteve sob a autoridade dos apóstolos, sendo a sede do Cristianismo mundial. De
Jerusalém para as igrejas de todo o mundo.
Um
exemplo é o Concílio de Jerusalém, onde suas decisões foram levadas a todas as
igrejas em todos os lugares.
O
que o apologista não entendeu é que isso é o que a Igreja Católica está
ensinando. Nesses primeiros anos, de 30 d. C. a 70 d. C., aproximadamente, a
sede da Igreja Católica estava em Jerusalém. O nome da Igreja poderia ser
Igreja Católica Apostólica Jerusalemita, pois sua sede estava em Jerusalém,
onde residiam os apóstolos, Pedro e os onze, como afirma a Bíblia Sagrada.
Então,
o governo era central, e não poderia deixar de ser. Os únicos autorizados
legitimamente por Jesus Cristo foram os apóstolos. Seu governo central estava
ainda na capital, na cidade de Jerusalém.
Todas
as demais igrejas estavam sob essa mesma autoridade: a igreja de Corinto, da
Galácia, de Antioquia, de Éfeso, do Ponto, da Capadócia, da Ásia, da Bitínia,
etc.
Elas
podiam ter diferenças de língua, de
raça, de costumes, de cultura local, de ênfases particulares, mas nunca na doutrina ensinada pelos
apóstolos. São Paulo ensinava a mesma doutrina e costume em todas as Igrejas e
exigia obediência. São João, São Pedro, São Tiago e os demais ensinavam a mesma doutrina, de modo inspirado,
infalível, de forma que não havia qualquer lugar que ensinasse doutrina e
costume diferente daquele conjunto de doutrinas apostólico.
É
necessário reconhecer esse fato para não concluir erradamente. E, aliás, não há
como negar o que está posto acima. É irrefutável
Então,
a Igreja de Roma, ou seja, a igreja local da cidade de Roma era sem
significância por algum tempo. Mas depois de 42 d. C., aproximadamente, São Pedro
vai para Roma e organiza aquela comunidade, que era composta por maioria
judaica.
A
autoridade de Roma começa aí, não primeiramente por ser capital do Império
Romano, mas porque os apóstolos São Pedro e São Paulo foram para lá e
estabeleceram aquela igreja local.
Por
volta de 49 d. C. os apóstolos reúnem-se em Jerusalém para o Concílio, como
mencionado acima. Até o ano 70 d. C. a sede da Igreja foi Jerusalém. Após esse
tempo passou a ser Roma. Os dados históricos mostram isso.
Quando
a sede passou para Roma, então
podemos falar da Igreja Católica Apostólica Romana, ainda no tempo em que
viviam os apóstolos. De fato, foi vontade de Jesus que o evangelho fosse
pregado por São Paulo em Roma: Pois assim
como você deu testemunho a meu respeito em Jerusalém, é necessário que você
testemunhe também em Roma (Atos 23, 11).
Não
se trata de outra Igreja, como estamos vendo, mas a mesma, os mesmos apóstolos,
as mesmas autoridades, a mesma doutrina. Apenas o local de pregação e logo a
sede da Igreja foi mudado, por circunstâncias históricas, para Roma. Pode-se
ver que após 70 d. C. foi essa a situação da Igreja Católica, que aos poucos
foi sendo mais e mais organizada.
Até
agora vemos que a Igreja Católica fundada por Jesus teve sede em Jerusalém e
depois em Roma. Isso é indicado já na Bíblia e corroborado pela histórica, sem
sombra de dúvida.
É
algo que impacta a mente de um protestante, então é melhor não se deter nesses
dados tão exatamente, e deixa-los mais frouxos, de modo que fiquem mais
palatáveis. É como que uma resistência para não aceitar o óbvio.
1ª
fato estabelecido: a Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada por Jesus,
organizada pelos apóstolos, teve sede central mundial em Jerusalém e depois em
Roma, e estabeleceu outras sedes secundárias em outras cidades mais tarde.
Parte 2:
Passemos
para mais um fato. A Igreja era judaica, diz o apologista, composta de judeus,
e estava em terras judaicas. Era reconhecida como mais uma fação judaica, uma
seita do judaísmo.
Isso
é verdadeiro, já que muitos viam os cristãos como mais uma seita judaica. No
entanto, sabemos que não era isso. De fato, a Igreja Católica fundada por Jesus
e entre à autoridade dos apóstolos foi a continuação da antiga fé judaica, em
sua forma máxima, aperfeiçoada pelo próprio Cristo e sob a inspiração do
Espírito Santo. Desse modo, os judeus que estavam abraçando o Cristianismo
continuavam na mesma religião dos
patriarcas, agora em sua fase definitiva.
Vamos
entender melhor: o mesmo que era ensinado em uma localidade era ensinado em
todas, numa unidade perfeita entre os que se mantinham fieis ao ensino
apostólico. Não havia tolerância para introdução de outra doutrina, nem mesmo
se um apóstolo viesse a ensinar algo diferente ou até um anjo do céu aparecesse
pregando outro evangelho. Nesse caso, ambos os pregadores deveria ser
considerados anátema.
Os
decretos do concílio, a carta conciliar, de Jerusalém, obrigada os cristãos
onde quer que estivessem. Então, a Igreja Católica era uma só. Organizada pelos
apóstolos, com autoridades instituídas por eles, e pelos que eles ordenavam.
Assim foi se desenvolvendo a organização do sistema católico:
1º
Apóstolos (Os doze e São Paulo)
2º
Bispos (São Timóteo, São Tito, por exemplo)
3º
Presbíteros (aqueles que estavam sob a supervisão dos presbíteros epíscopos,
chamados mais tarde somente de bispos)
No
primeiro plano São Pedro se destacava dos demais apóstolos como chefe.
Parte 3:
Prova-se
assim que a Igreja era somente uma. Não se trata de mito, mas de uma
perspectiva bíblica. As diferenças de língua, costumes, ênfases locais, e
outras de pouca importância, sempre existiram, naquele tempo e hoje. O que era
fato no primeiro século é que todos estavam unidos na mesma fé dos apóstolos.
A
Igreja em Roma, em Corinto, na Galácia, em Colossos e em outros lugares, todas
tinham a mesma doutrina e costumes apostólicos. Pode-se dizer que era a mesma instituição. Não havia governo local que
tornasse uma igreja autônoma, como se um apóstolo não pudesse ensinar ali ou
que um sucessor dos apóstolos não pudesse supervisionar.
De
fato, os mesmos evangelhos, as mesmas cartas apostólicas que já estavam sendo
escritas circulavam entre as igrejas, levando o mesmo ensino em todos os lugares, assim também os mesmos livros
do Antigo Testamento.
Nada
de diferenças por motivo de liderança e administração por outras pessoas, pois
todos seguiam o modelo apostólico e assim devia ser.
Parte 4
O
apologista chega a mencionar que havia igrejas com “teologia diferente”. É
claro que não pode citar um exemplo sequer. Como já provado, a única teologia
reconhecida e adotada era a ensinada pelos apóstolos de Jesus Cristo.
“...mesmo se um anjo vier do céu e pregar outro
evangelho, que seja maldito para sempre” (Gl 1, 8).
Quem
está acompanhando a resposta desde o início não tem como refutar isso.
Assim,
quando se diz que as diversas comunidades que iam surgindo em muitos lugares
tinham perfis diferentes, isso já
está explicado. A Igreja de Roma, de fala grega e costumes latinos, certamente
diferencia-se daquela de Jerusalém, que falava aramaico e seguia os costumes
orientais judaicos. No entanto, a mesma doutrina pregada pelos apóstolos em
Jerusalém foi também pregada em Roma. Isso o leitor não pode deixar de lembrar.
É um fato do Novo Testamento.
Dessa
forma, quando o autor admite que as igrejas, ou seja, as comunidades locais dos
cristãos, era unidas umas às outras, e que tinham conexão, comunhão, unidade,
deve também reconhecer o que foi explicado acima, de modo a admitir o que a
Bíblia ensina.
Parece
mesmo que o autor quer que tenhamos a ideia de que as igrejas locais do Novo
Testamento, tratadas acima, eram unidas em torno de doutrinas fundamentais, mas que tinham diferenças teológicas em
alguns pontos. Isso é errado. Não há prova dessa afirmação. Portanto, esse
ponto quebra todo o raciocínio correto, e os dados históricos que seguem esse
modo de pensar muitas vezes contradizem o que o autor quer provar.
O
autor protestante lembra o fato de que havia diferenças entre cristãos judeus e
cristãos gentílicos. Isso é verdade, e já está dito no livro dos Atos dos
Apóstolos. No entanto, em nenhum lugar se trata de doutrina, mas de costumes
culturais.
Vejamos:
Naqueles dias, como crescesse o número
dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas
viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária (Atos 6, 1). Veja
que se trata de algo prático, na distribuição diária referente às viúvas.
Então, para resolver essa situação administrativa surge o cargo dos diáconos,
estabelecido pelos apóstolos, sob a inspiração do Espírito Santo, que existe
até os dias de hoje na Igreja Católica.
Então,
o mesmo ensino era pregado por São Pedro, São Paulo, São Tiago, São Bartolomeu,
São Mateus, e São Marcos, São Lucas, e os demais apóstolos. E a administração
seguia o modelo que estabeleceram.
Imaginar
que igreja petrinas, paulinas, joaninas, tiaguinas, bartolominas, etc., tinha perfins e ênfases diferentes como se
fossem modernas denominações protestantes não é apenas um erro cronológico mas
teológico. Não se pode aceitar tal noção. Ela não existe.
Seria
como dizer que São Paulo ensinava uma doutrina diferente daquela de São Pedro.
Assim, ser refutado pelo Novo Testamento que mostra os apóstolos ensinando o
mesmo e unidos em concílio com os presbíteros que haviam ordenado, chegando a
um consenso, na unidade do Espírito Santo. Então, admitir diferenças culturais,
linguísticas, e etc., é uma coisa. Ensinar que havia diferenças teológicas é um
erro.
Parte 5
As
tensões mencionadas acima entre judeus de origem hebraica e judeus de origem
helênica não tocou a doutrina. Isso é o que ensina a Bíblia.
O
autor protestante fala de divisões na
Igreja primitiva. Houve ou não houve? Sim, mas todas foram combatidas,
reprovadas e condenadas pela autoridade apostólica. Nenhuma foi acatada, nem
com a ideia de “unidade” em alguns pontos, como modernamente aconteceu.
Naqueles primeiros dias, como já visto, não havia doutrina tolerada senão
aquela ensinada por Cristo e pelos apóstolos.
Talvez
as tensões de Romanos 14, 1-6 sejam lembradas como exemplo. Mas isso foi
tratado por São Paulo como algo que não poderia dar origem a divisão. Comida,
bebida e dias para serem guardados foram costumes que os apóstolos deram
liberdade. Assim, é um exemplo que mostra a autoridade apostólica estabelecendo
o que fazia parte da diversidade da Igreja. A história da Igreja Católica
mostra que isso continua até os dias de hoje.
O
apologista reconhece que o apóstolo São Paulo repreende os que introduzem
divisões. Isso prova que a unidade era profunda, e somente os apóstolos
julgavam aquilo que estava ou não conforme a unidade da Igreja deixada por
Cristo e que deveria ser mantida.
Mas,
e os partidarismos de Corinto? São Paulo fala que entre os cristãos de Corinto
havia ciúmes e contenda. Em 1 Cor 3, 4 escreve: ...um diz: “Eu sou de Paulo” – e outro -: “Eu sou de Apolo” - , não é
isso um modo de pensar totalmente humano.
Ou
seja, o apóstolo repreendeu e reprovou como humano o pensamento de ciúme e
rivalidade e apego aos líderes. De fato, Paulo e Apolo ensinavam o mesmo
evangelho. No entanto, uns estavam criando um espírito de divisão ao apegar-se
a uma autoridade apenas em detrimento de outras. São Paulo afirma que todos são
da comunidade: Paulo, Apolo, Cefas, etc. Assim, ele mostra que todos estão
unidos. O erro estava nos cristãos coríntios, e ali estavam sendo corrigidos.
Desse
modo, nenhum exemplo de divisão tolerada. O que ocorreu ali é algo que
testemunha da fraqueza humana e acontece em toda a história da Igreja Católica.
Nenhuma divergência de doutrina, nenhuma diferença teológica, nenhuma
denominação nova, nada de divisão em pontos de fé.
Parte 6
E
depois o apologista menciona o campo das heresias. Pois bem. Haver dentro da
Igreja ciúmes e contendas não mostra que há o tipo de divisão que cause o
surgimento de outra denominação. Isso deve ter ficado claro.
Agora,
quanto às heresias, essas foram mais duramente criticadas e anatematizadas. O
texto de Gálatas 1, 8 citado acima já mostra como os apóstolos eram
intolerantes com as heresias.
Os
judaizantes ensinavam que era necessária a circuncisão. São Paulo afirmou que
os que assim circuncidassem estariam separados
de Cristo (Gl 5, 4). Usaram da autoridade para desligar quem cresse e
agisse contra o ensino apostólico, pronunciando um julgamento contra os
hereges.
Os
gnósticos, os que negavam a ressureição, os que negavam que Jesus veio na
carne, todos foram anatematizados. Nenhuma dessas ideias foi acatadas, nenhuma
diferença aceitável. Nenhuma divisão
de fato.
Parte 7
O
apologista adventista reconhece que havia uma só Igreja no tempo dos apóstolos.
Ou seja, ele é obrigado é reconhecer o fato. Mas, ele introduz um elemento para
que possa continuar com sua tese de aceitação das divisões na Igreja, o que não
é aceitável no Novo Testamento, como estamos vendo.
Assim,
ele afirma que havia uma só Igreja debaixo dos apóstolos, que administravam a
Igreja universal. Vimos que esse é um fato inegável.
No
entanto, o apologista afirma que com o tempo isso ficou impossível de manter
uma administração muito centralizada. Em outras palavras, parece que os
apóstolos deixaram uma organização enquanto viviam, mas com o crescimento da
Igreja os sucessores foram “perdendo o controle” e a administração foi ficando
cada vez menos centralizada. Errado.
A
história eclesiástica mostra que o governo monárquico continuou. Isso está
claro na patrística do século segundo, terceiro, quarto, quinto, etc., com um
crescendo patente.
E
as igrejas que surgiam com a pregação de cristãos em lugares que os apóstolos
nem sabiam? Essas igrejas deviam ser instruídas por algum diácono, presbítero
ou bispo que os apóstolos deixaram com essa incumbência. Assim, como aconteceu
em Atos 8, quando sabiam de uma comunidade que faltava algum sacramento, como o
da imposição das mãos, os apóstolos iam até lá, ministravam o sacramento,
instruíam a comunidade, fortalecia os cristãos na fé. Obviamente todas as
igrejas que surgiam estavam sob a autoridade apostólica.
Em
tempo de pouca tecnologia, onde os meios de comunicação eram lentos, tudo muito
demorado, como diz o apologista, o
governo da Igreja não foi descentralizando, como afirmou, mas centro
cada vez mais centralizado, mais organizado no modelo monárquico, onde os
bispos, os presbíteros e os diáconos eram as três ordenas da hierarquia
apostólica. Por exemplo, surgem depois
os patriarcados.
No
modelo que o apologista propôs, os apóstolos foram o governo mundial da Igreja
em seu tempo, sendo depois seguido de uma descentralização rápida e organização
de lideranças locais. Isso é falso. Não há esse modelo em nenhum lugar.
A
própria admissão de que as cartas dos apóstolos e bispos eram lidas e copiadas
e espalhadas por toda parte mostra como eram organizadas essas igrejas, em
total unidade de doutrina e moral e obedientes a um conjunto de autoridade
apostólica.
Parte 8
Mas
o apologista tentou uma explicação, infeliz, por sinal, de que as igrejas
estavam unidas por algumas doutrinas fundamentais. Perguntamos: “algumas”?
Quais? Os apóstolos deixaram a Igreja unidade, e nunca ensinaram que havia um
corpo de doutrina fundamental e outras doutrinas secundárias. Assim, afirmar
que algumas doutrinas fundamentais que estavam nos escritos apostólicos é algo
que foi bastante irrefletido afirmar. Os escritos apostólicos são os livros do
Novo Testamento, inspirados, a Palavra de Deus, onde tudo é fundamental, tudo
deve ser crido.
O
Novo Testamento foi praticamente escrito para fortalecer a fé, confirmar o
ensino apostólico, combater heresias, de modo que esse estilo apologético
explica o motivo de algumas doutrinas não serem afirmadas claramente, pois não
eram motivos de divergência no primeiro século.
Parte 9
A
Igreja teria perdido parte da sua pureza doutrinal em algum momento, podemos
concluir pelo que diz o apologista. A Igreja não seria centralizada,
centralizadora, mas seria semelhante aos batistas, de tipo congregacionalista,
que obedece as regras de uma convenção, que mantem as igrejas nos princípios
batistas.
Assim,
as igrejas subapostólicas seriam lideradas por um grupo para mantê-las unidas
nos princípios fundamentais? Quais princípios?
Os deixados pelos apóstolos.
Sabemos
que esses líderes foram os bispos, os presbíteros e os diáconos. Também foram
reunidos sínodos e concílios nos séculos dois e três, e concílios ecumênicos a
partir do século quarto. Isso refuta o que o apologista explicou.
Obviamente,
montanistas, donatistas, e outros foram excomungados pela Igreja. Desse modo,
vemos que a autoridade apostólica estava em pleno vigor, não tolerando o mínimo
de divergência em termos de doutrina e moral cristã.
O
apologista admite que havia autoridade central na Igreja, mas tenta fazê-la
parecer uma convenção batista com igrejas locais autônomas. A história mostra o
contrário, que havia o modelo monárquico, cada vez mais eficazmente organizado.
Com
a destruição de Jerusalém e a perda de sua importância simbólica surge outra
sede de governo da Igreja. O apologista afirma que foi por motivo de ser a
capital do Império. Mas isso não é correto. O motivo primordial é aquele da
origem apostólica do governo da Igreja de Roma, estabelecido pelos apóstolos
Pedro e Paulo. Tal ponto o apologista relegou para segundo plano, o que é um
equívoco. Ele parece não conhecer bem essa fase da história.
Claramente
o poder do papado foi crescendo ao passar dos anos. No entanto, esse poder
crescente é quase exclusivo à esfera temporal, pois a espiritual já está em
pleno vigor no primeiro século, com expressões no século, terceiro e etc.,
aumentando sua expressão ao passo que o poder temporal aumenta.
Depois,
afirma que havia igrejas que discordavam de Roma. De fato, mas foram todas
consideradas heréticas. Mas ver a autoridade dos primeiros concílios.
Parte 10
Orígenes
afirma que heresias surgem de coisas importantes para a vida humana. Assim, no
Cristianismo surgiram várias heresias, mas isso não depõe contra a veracidade
do mesmo (cf. Contra Celso, Livro III, 12).
Assim,
as heresias sempre surgem da Igreja Católica. Dela saíram gnósticos,
judaizantes, montanistas, donatistas, paulicianos, apolinarianos, ebionitas,
arianos, nestorianos, monofisitas, valdenses, albigenses, wiclifitas, hussitas,
luteranos, presbiterianos, anabatistas, e tantos outros.
Até
mesmo essas divisões apontam para a origem santa da Igreja Católica Apostólica
Romana. Dela saíram igrejas após o concílio de Calcedônia, e outras, como a
Igreja Ortodoxa em 1054. Há também heresias que não aceitaram as decisões de
Éfeso em 431. É certo que muitas voltaram
à comunhão com a Igreja Católica, daquelas separadas em 451 em Calcedônia,
não sendo absorvidas, mas enxertadas novamente na comunhão, sendo que
atualmente há vinte e três igrejas católicas sui juris orientais de cinco ritos diferentes.
O
papa Vítor, bispo de Roma, já demonstra poder papal ao ameaçar de excomunhão
igrejas da Ásia. A divisão nunca foi a norma para a Igreja internamente, mas
como um todo o Cristianismo, como todos os grupos humanos, sempre sofreu
divisões.
Mas,
entre as divisões que surgem a Igreja Católica mantem sua mesma doutrina e
estrutura desde o primeiro século, como foi provado acima.
Parte 11
Cristo
fundou uma Igreja, visível. Essa instituição prega Sua mensagem de salvação,
batiza, instrui na fé, organiza, supervisiona, etc. Assim, essa única Igreja
espalhada pelo mundo, como deveria ser, é a Igreja Católica.
Não
havia no primeiro século muitas instituições, mas uma só. São Paulo e São
Pedro, por exemplo, ensinaram a mesma doutrina. Assim, quando São Pedro agiu de
modo não conforme a ética do evangelho ao evitar sentar-se à mesma com os gentios,
foi logo admoestado por São Paulo. Havia sido questões de atitudes pessoais
quanto a uma determinada questão, e não uma doutrina na qual divergissem.
Quando
se diz que não havia uma só igreja há o erro fundamental já apontado acima. Mas
vamos exemplificar mais.
Os
apóstolos pregavam o evangelho em todas as partes possíveis. Os cristãos judeus
começaram a reivindicar certos preceitos para serem observados pelos cristãos
vindos do paganismo.
Foi
decidido no Concílio de Jerusalem que certas observâncias não eram mais
obrigatórias. A decisão do concílio deveria ser acatada por cristãos em toda
parte e não somente em Jerusalém. Foi lida a carta conciliar em Antioquia e
levada a toda a Igreja. Isso mostra a unidade da Igreja, estando sob uma
autoridade comum, sendo uma só instituição. Não havia cristãos que não
estivessem obrigados a aceitar a autoridade do concílio.
Por
exemplo, se os judaizantes se opuserem à decisão dos apóstolos, seriam considerados
hereges e postos fora da comunhão. Nasceria assim uma dissidência sem aprovação
de Cristo e Sua Igreja.
Essa
mesma Igreja cresceu e tornou-se grande o suficiente para chegar a uma certa
hegemonia na Europa Ocidental, como reconhece o apologista. Outras igrejas que
se separaram estavam na mesma categoria que os antigos judaizantes, gnósticos,
ebionitas e etc., não sendo reconhecidas pela autoridade legítima.
Parte 12
Comparemos
agora a Igreja Católica Apostólica Romana a uma denominação protestante, e não
ao Protestantismo inteiro. Escolhamos a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
A
ICAR surge no século primeiro, com Cristo e os apóstolos. A IASD surge de um
movimento protestante no século dezenove interpreta a Bíblia de uma forma nova
com o intuito de reformar a Igreja e anunciar verdades antes desconhecidas.
Como
instituição, a ICAR tem igrejas locais, governadas por presbíteros. No seu
conjunto essas igrejas estão sob a supervisão do bispo. As paróquias lideradas pelos
padres formam a diocese governada por um só bispo. Todas as dioceses estão
unidas ao papa, bispo da cidade de Roma. Se um concílio ocorrer todos os
católicos devem aderir à sua decisão, assim como foi no Concílio de Jerusalém.
Quando
à IASD, uma conferência adventista não obriga os batistas, nem os congregacionalistas,
nem os luteranos, nem os anglicanos, nem os assembleianos, nem os católicos,
nem os ortodoxos, etc, e não pode reivindicar autoridade semelhante à do
concílio de Jerusalém.
Alguém
poderia afirmar que um concílio da ICAR não obriga ortodoxos, luteranos,
presbiterianos, anglicanos, batistas, metodistas, adventistas, etc.
No
entanto, pode-se dizer que, como a respeito do concílio de Jerusalém, os que
não acatam a autoridade dos concílios católicos recusam-se a obedecer à autoridade
legítima.
Foi
assim que após o concílio de Jerusalém surgem heresias, como também dissidências
após os sínodos locais dos séculos posteriores, e principalmente após os
Concílios Ecumênicos, como o de Niceia I, de Éfeso, de Calcedônia, de Constantinopla
e outros. Sempre haverão dissidências, mas essas não são legitimadas pelo Novo
Testamento.
Se
Ellen Gould White ficasse obediente à autoridade da Igreja Metodista, não
poderia desassociar-se da instituição e não seria co-fundadora da IASD.
Por
sua vez, a Igreja Metodista, que surgiu de um movimento de avivamento da Igreja
Anglicana, não poderia torna-se denominação se se submetesse à autoridade da
Igreja Anglicana.
Assim,
se a Igreja Anglicana, ou seja, a Igreja da Inglaterra continuasse sob a
autoridade da Igreja Católica, não seria hoje uma denominação protestante.
Parte 13
Mas,
o protestante dirá que se submete apenas à Bíblia, e assim está autorizado a
opor-se às autoridades eclesiásticas. Porém, essa postura leva colocar a
própria interpretação contra a da Igreja, o que incialmente não é legítimo.
Nenhum
cristão do primeiro século opunha-se à autoridade apostólica como direito
legítimo, assim como não se pode opor-se aos sucessores dos apostólicos que
conservam mesma autoridade em matéria de fé e prática.
A
Bíblia afirma: “É necessário que haja
entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós”
(1 Cor 11, 19). A unidade é a norma. A divisão não é norma, mas algo permitido
por Deus para exercitar os sinceros. Vemos que desde o princípio os que se
mantem sob a autoridade eclesiástica conservam a doutrina e a desenvolvem com princípios
bíblicos claros, ao passo que os que se colocam contra as autoridades muitas
vezes dão origem a novos movimentos, denominações, heresias, como demonstram os
dados da história.
Cristo
não afirmou que a unidade da Igreja seria apenas espiritual e invisível, mas
mostrou ser a unidade do rebanho visível: Quem
vos ouve a mim ouve (Lucas 10, 16). Seguir o modelo apostólico leva a
considerar esse princípio e rever as posições.
O
apologista afirma que quando se nega doutrinas fundamentais então surge a
necessidade de desligamento. Mas, na historia esse desligamento é feito pelas
autoridades competentes e não dos membros dissidentes.
Assim,
os apóstolos pregavam e exigiam a fé na sua pregação. No decorrer da história
foi ocorrendo o contrário. Por exemplo, os donatistas, embora em grande número,
foram condenados por sua doutrina no Concílio de Arles, em 314. Deveriam
submeter-se, mas conservaram-se fora da comunhão católica, formando uma
denominação que durou até o século sétimo. A autoridade legítima não era
donatista, mas católica.
Parte 14
No
fim, o apologista afirma que as brigas que os protestantes tinham entre si
foram diminuindo e houve amadurecimento, de modo que atualmente há melhor
relação entre os protestantes.
Mas,
do mesmo modo houve amadurecimento entre os católicos, que consideram os protestantes
como irmãos em Cristo e esforçam-se por uma unidade cada vez maior.
O
apologista critica a posição católica onde a Bíblia estaria abaixo do
magistério e da tradição. Mais adiante ele fala da Bíblia no mesmo patamar da
tradição e do magistério, o que geraria distorções doutrinais.
Contudo,
de maneira simples é fácil notar que o modelo Bíblia, tradição e magistério
gera menos distorções que o Sola
Scriptura. É uma refutação radical.
Ainda,
as passagens fáceis de serem interpretadas são pontos de unidade entre todos os
cristãos. Um exemplo é o Credo Apostólico. No segundo exemplo seriam as doutrinas
fundamentais do Protestantismo, que geram a unidade fundamental entre os
protestantes.
Em
comparação com a ICAR, essas doutrinas uniriam as diversas denominações. Por
outro lado, o autor criticou essa comparação da ICAR com o Protestantismo
inteiro por serem diferentes categorias.
Quando
São Paulo falou do irmão fraco na fé em Romanos 14, a questão envolvia membros
da mesma Igreja, sob a autoridade do próprio apóstolo. Não se pode ler isso
como se se tratasse, por exemplo, de dizer que uma denominação é vegetariana,
como a IASD e outra come carne como a ICAR, pois a autoridade que está afirmando
a permissão das duas práticas é a mesma, contrariamente ao que ocorre hoje,
onde a autoridade da ICAR é uma e da IASD outra.
O
princípio de unidade demonstrado na Igreja Católica desde o início está
provado.
Gledson Meireles.
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