sábado, 23 de novembro de 2024

Respondendo a um vídeo de um apologista adventista

          O apologista adventista Davi Caldas expôs suas razões para não ser católico romano. Vamos analisá-las detidamente.

 

Parte 1:

1ª razão: Não acreditar que a Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada por Jesus Cristo, nem que existia nas primeiras décadas do Cristianismo e nem que existia no primeiro século.

Tem alguma lógica isso? Veremos.

O apologista parece entender que Igreja Católica Romana é somente aquela que está sob a autoridade do papa que reside em Roma. Então, nesse sentido, não poderia existir nas primeiras décadas do Cristianismo. Mas, não poderia existir nem no primeiro século? Isso não é verdade.

Mas também o apologista não acredita no sistema da instituição católica em que o papa é chefe da Igreja.

Pois bem. Ele admite que a Igreja surgiu em Jerusalém, no ano 30 d. C., e durante uns trinta e cinco anos esteve sob a autoridade dos apóstolos, sendo a sede do Cristianismo mundial. De Jerusalém para as igrejas de todo o mundo.

Um exemplo é o Concílio de Jerusalém, onde suas decisões foram levadas a todas as igrejas em todos os lugares.

O que o apologista não entendeu é que isso é o que a Igreja Católica está ensinando. Nesses primeiros anos, de 30 d. C. a 70 d. C., aproximadamente, a sede da Igreja Católica estava em Jerusalém. O nome da Igreja poderia ser Igreja Católica Apostólica Jerusalemita, pois sua sede estava em Jerusalém, onde residiam os apóstolos, Pedro e os onze, como afirma a Bíblia Sagrada.

Então, o governo era central, e não poderia deixar de ser. Os únicos autorizados legitimamente por Jesus Cristo foram os apóstolos. Seu governo central estava ainda na capital, na cidade de Jerusalém.

Todas as demais igrejas estavam sob essa mesma autoridade: a igreja de Corinto, da Galácia, de Antioquia, de Éfeso, do Ponto, da Capadócia, da Ásia, da Bitínia, etc.

Elas podiam ter diferenças de língua, de raça, de costumes, de cultura local, de ênfases particulares, mas nunca na doutrina ensinada pelos apóstolos. São Paulo ensinava a mesma doutrina e costume em todas as Igrejas e exigia obediência. São João, São Pedro, São Tiago e os demais ensinavam a mesma doutrina, de modo inspirado, infalível, de forma que não havia qualquer lugar que ensinasse doutrina e costume diferente daquele conjunto de doutrinas apostólico.

É necessário reconhecer esse fato para não concluir erradamente. E, aliás, não há como negar o que está posto acima. É irrefutável

Então, a Igreja de Roma, ou seja, a igreja local da cidade de Roma era sem significância por algum tempo. Mas depois de 42 d. C., aproximadamente, São Pedro vai para Roma e organiza aquela comunidade, que era composta por maioria judaica.

A autoridade de Roma começa aí, não primeiramente por ser capital do Império Romano, mas porque os apóstolos São Pedro e São Paulo foram para lá e estabeleceram aquela igreja local.

Por volta de 49 d. C. os apóstolos reúnem-se em Jerusalém para o Concílio, como mencionado acima. Até o ano 70 d. C. a sede da Igreja foi Jerusalém. Após esse tempo passou a ser Roma. Os dados históricos mostram isso.

Quando a sede passou para Roma, então podemos falar da Igreja Católica Apostólica Romana, ainda no tempo em que viviam os apóstolos. De fato, foi vontade de Jesus que o evangelho fosse pregado por São Paulo em Roma: Pois assim como você deu testemunho a meu respeito em Jerusalém, é necessário que você testemunhe também em Roma (Atos 23, 11).

Não se trata de outra Igreja, como estamos vendo, mas a mesma, os mesmos apóstolos, as mesmas autoridades, a mesma doutrina. Apenas o local de pregação e logo a sede da Igreja foi mudado, por circunstâncias históricas, para Roma. Pode-se ver que após 70 d. C. foi essa a situação da Igreja Católica, que aos poucos foi sendo mais e mais organizada.

Até agora vemos que a Igreja Católica fundada por Jesus teve sede em Jerusalém e depois em Roma. Isso é indicado já na Bíblia e corroborado pela histórica, sem sombra de dúvida.

É algo que impacta a mente de um protestante, então é melhor não se deter nesses dados tão exatamente, e deixa-los mais frouxos, de modo que fiquem mais palatáveis. É como que uma resistência para não aceitar o óbvio.

1ª fato estabelecido: a Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada por Jesus, organizada pelos apóstolos, teve sede central mundial em Jerusalém e depois em Roma, e estabeleceu outras sedes secundárias em outras cidades mais tarde.

Parte 2:

Passemos para mais um fato. A Igreja era judaica, diz o apologista, composta de judeus, e estava em terras judaicas. Era reconhecida como mais uma fação judaica, uma seita do judaísmo.

Isso é verdadeiro, já que muitos viam os cristãos como mais uma seita judaica. No entanto, sabemos que não era isso. De fato, a Igreja Católica fundada por Jesus e entre à autoridade dos apóstolos foi a continuação da antiga fé judaica, em sua forma máxima, aperfeiçoada pelo próprio Cristo e sob a inspiração do Espírito Santo. Desse modo, os judeus que estavam abraçando o Cristianismo continuavam na mesma religião dos patriarcas, agora em sua fase definitiva.

Vamos entender melhor: o mesmo que era ensinado em uma localidade era ensinado em todas, numa unidade perfeita entre os que se mantinham fieis ao ensino apostólico. Não havia tolerância para introdução de outra doutrina, nem mesmo se um apóstolo viesse a ensinar algo diferente ou até um anjo do céu aparecesse pregando outro evangelho. Nesse caso, ambos os pregadores deveria ser considerados anátema.

Os decretos do concílio, a carta conciliar, de Jerusalém, obrigada os cristãos onde quer que estivessem. Então, a Igreja Católica era uma só. Organizada pelos apóstolos, com autoridades instituídas por eles, e pelos que eles ordenavam. Assim foi se desenvolvendo a organização do sistema católico:

1º Apóstolos (Os doze e São Paulo)

2º Bispos (São Timóteo, São Tito, por exemplo)

3º Presbíteros (aqueles que estavam sob a supervisão dos presbíteros epíscopos, chamados mais tarde somente de bispos)

No primeiro plano São Pedro se destacava dos demais apóstolos como chefe.

 

Parte 3:

Prova-se assim que a Igreja era somente uma. Não se trata de mito, mas de uma perspectiva bíblica. As diferenças de língua, costumes, ênfases locais, e outras de pouca importância, sempre existiram, naquele tempo e hoje. O que era fato no primeiro século é que todos estavam unidos na mesma fé dos apóstolos.

A Igreja em Roma, em Corinto, na Galácia, em Colossos e em outros lugares, todas tinham a mesma doutrina e costumes apostólicos. Pode-se dizer que era a mesma instituição. Não havia governo local que tornasse uma igreja autônoma, como se um apóstolo não pudesse ensinar ali ou que um sucessor dos apóstolos não pudesse supervisionar.

De fato, os mesmos evangelhos, as mesmas cartas apostólicas que já estavam sendo escritas circulavam entre as igrejas, levando o mesmo ensino em todos os lugares, assim também os mesmos livros do Antigo Testamento.

Nada de diferenças por motivo de liderança e administração por outras pessoas, pois todos seguiam o modelo apostólico e assim devia ser.

 

 

Parte 4

O apologista chega a mencionar que havia igrejas com “teologia diferente”. É claro que não pode citar um exemplo sequer. Como já provado, a única teologia reconhecida e adotada era a ensinada pelos apóstolos de Jesus Cristo.

“...mesmo se um anjo vier do céu e pregar outro evangelho, que seja maldito para sempre” (Gl 1, 8).

Quem está acompanhando a resposta desde o início não tem como refutar isso.

Assim, quando se diz que as diversas comunidades que iam surgindo em muitos lugares tinham perfis diferentes, isso já está explicado. A Igreja de Roma, de fala grega e costumes latinos, certamente diferencia-se daquela de Jerusalém, que falava aramaico e seguia os costumes orientais judaicos. No entanto, a mesma doutrina pregada pelos apóstolos em Jerusalém foi também pregada em Roma. Isso o leitor não pode deixar de lembrar. É um fato do Novo Testamento.

Dessa forma, quando o autor admite que as igrejas, ou seja, as comunidades locais dos cristãos, era unidas umas às outras, e que tinham conexão, comunhão, unidade, deve também reconhecer o que foi explicado acima, de modo a admitir o que a Bíblia ensina.

Parece mesmo que o autor quer que tenhamos a ideia de que as igrejas locais do Novo Testamento, tratadas acima, eram unidas em torno de doutrinas fundamentais, mas que tinham diferenças teológicas em alguns pontos. Isso é errado. Não há prova dessa afirmação. Portanto, esse ponto quebra todo o raciocínio correto, e os dados históricos que seguem esse modo de pensar muitas vezes contradizem o que o autor quer provar.

O autor protestante lembra o fato de que havia diferenças entre cristãos judeus e cristãos gentílicos. Isso é verdade, e já está dito no livro dos Atos dos Apóstolos. No entanto, em nenhum lugar se trata de doutrina, mas de costumes culturais.

Vejamos: Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária (Atos 6, 1). Veja que se trata de algo prático, na distribuição diária referente às viúvas. Então, para resolver essa situação administrativa surge o cargo dos diáconos, estabelecido pelos apóstolos, sob a inspiração do Espírito Santo, que existe até os dias de hoje na Igreja Católica.

Então, o mesmo ensino era pregado por São Pedro, São Paulo, São Tiago, São Bartolomeu, São Mateus, e São Marcos, São Lucas, e os demais apóstolos. E a administração seguia o modelo que estabeleceram.

Imaginar que igreja petrinas, paulinas, joaninas, tiaguinas, bartolominas, etc., tinha perfins e ênfases diferentes como se fossem modernas denominações protestantes não é apenas um erro cronológico mas teológico. Não se pode aceitar tal noção. Ela não existe.

Seria como dizer que São Paulo ensinava uma doutrina diferente daquela de São Pedro. Assim, ser refutado pelo Novo Testamento que mostra os apóstolos ensinando o mesmo e unidos em concílio com os presbíteros que haviam ordenado, chegando a um consenso, na unidade do Espírito Santo. Então, admitir diferenças culturais, linguísticas, e etc., é uma coisa. Ensinar que havia diferenças teológicas é um erro.

 

Parte 5

As tensões mencionadas acima entre judeus de origem hebraica e judeus de origem helênica não tocou a doutrina. Isso é o que ensina a Bíblia.

O autor protestante fala de divisões na Igreja primitiva. Houve ou não houve? Sim, mas todas foram combatidas, reprovadas e condenadas pela autoridade apostólica. Nenhuma foi acatada, nem com a ideia de “unidade” em alguns pontos, como modernamente aconteceu. Naqueles primeiros dias, como já visto, não havia doutrina tolerada senão aquela ensinada por Cristo e pelos apóstolos.

Talvez as tensões de Romanos 14, 1-6 sejam lembradas como exemplo. Mas isso foi tratado por São Paulo como algo que não poderia dar origem a divisão. Comida, bebida e dias para serem guardados foram costumes que os apóstolos deram liberdade. Assim, é um exemplo que mostra a autoridade apostólica estabelecendo o que fazia parte da diversidade da Igreja. A história da Igreja Católica mostra que isso continua até os dias de hoje.

O apologista reconhece que o apóstolo São Paulo repreende os que introduzem divisões. Isso prova que a unidade era profunda, e somente os apóstolos julgavam aquilo que estava ou não conforme a unidade da Igreja deixada por Cristo e que deveria ser mantida.

Mas, e os partidarismos de Corinto? São Paulo fala que entre os cristãos de Corinto havia ciúmes e contenda. Em 1 Cor 3, 4 escreve: ...um diz: “Eu sou de Paulo” – e outro -: “Eu sou de Apolo” - , não é isso um modo de pensar totalmente humano.

Ou seja, o apóstolo repreendeu e reprovou como humano o pensamento de ciúme e rivalidade e apego aos líderes. De fato, Paulo e Apolo ensinavam o mesmo evangelho. No entanto, uns estavam criando um espírito de divisão ao apegar-se a uma autoridade apenas em detrimento de outras. São Paulo afirma que todos são da comunidade: Paulo, Apolo, Cefas, etc. Assim, ele mostra que todos estão unidos. O erro estava nos cristãos coríntios, e ali estavam sendo corrigidos.

Desse modo, nenhum exemplo de divisão tolerada. O que ocorreu ali é algo que testemunha da fraqueza humana e acontece em toda a história da Igreja Católica. Nenhuma divergência de doutrina, nenhuma diferença teológica, nenhuma denominação nova, nada de divisão em pontos de fé.

 

Parte 6

E depois o apologista menciona o campo das heresias. Pois bem. Haver dentro da Igreja ciúmes e contendas não mostra que há o tipo de divisão que cause o surgimento de outra denominação. Isso deve ter ficado claro.

Agora, quanto às heresias, essas foram mais duramente criticadas e anatematizadas. O texto de Gálatas 1, 8 citado acima já mostra como os apóstolos eram intolerantes com as heresias.

Os judaizantes ensinavam que era necessária a circuncisão. São Paulo afirmou que os que assim circuncidassem estariam separados de Cristo (Gl 5, 4). Usaram da autoridade para desligar quem cresse e agisse contra o ensino apostólico, pronunciando um julgamento contra os hereges.

Os gnósticos, os que negavam a ressureição, os que negavam que Jesus veio na carne, todos foram anatematizados. Nenhuma dessas ideias foi acatadas, nenhuma diferença aceitável. Nenhuma divisão de fato.

 

Parte 7

O apologista adventista reconhece que havia uma só Igreja no tempo dos apóstolos. Ou seja, ele é obrigado é reconhecer o fato. Mas, ele introduz um elemento para que possa continuar com sua tese de aceitação das divisões na Igreja, o que não é aceitável no Novo Testamento, como estamos vendo.

Assim, ele afirma que havia uma só Igreja debaixo dos apóstolos, que administravam a Igreja universal. Vimos que esse é um fato inegável.

No entanto, o apologista afirma que com o tempo isso ficou impossível de manter uma administração muito centralizada. Em outras palavras, parece que os apóstolos deixaram uma organização enquanto viviam, mas com o crescimento da Igreja os sucessores foram “perdendo o controle” e a administração foi ficando cada vez menos centralizada. Errado.

A história eclesiástica mostra que o governo monárquico continuou. Isso está claro na patrística do século segundo, terceiro, quarto, quinto, etc., com um crescendo patente.

E as igrejas que surgiam com a pregação de cristãos em lugares que os apóstolos nem sabiam? Essas igrejas deviam ser instruídas por algum diácono, presbítero ou bispo que os apóstolos deixaram com essa incumbência. Assim, como aconteceu em Atos 8, quando sabiam de uma comunidade que faltava algum sacramento, como o da imposição das mãos, os apóstolos iam até lá, ministravam o sacramento, instruíam a comunidade, fortalecia os cristãos na fé. Obviamente todas as igrejas que surgiam estavam sob a autoridade apostólica.

Em tempo de pouca tecnologia, onde os meios de comunicação eram lentos, tudo muito demorado, como diz o apologista, o  governo da Igreja não foi descentralizando, como afirmou, mas centro cada vez mais centralizado, mais organizado no modelo monárquico, onde os bispos, os presbíteros e os diáconos eram as três ordenas da hierarquia apostólica. Por exemplo,  surgem depois os patriarcados.

No modelo que o apologista propôs, os apóstolos foram o governo mundial da Igreja em seu tempo, sendo depois seguido de uma descentralização rápida e organização de lideranças locais. Isso é falso. Não há esse modelo em nenhum lugar.

A própria admissão de que as cartas dos apóstolos e bispos eram lidas e copiadas e espalhadas por toda parte mostra como eram organizadas essas igrejas, em total unidade de doutrina e moral e obedientes a um conjunto de autoridade apostólica.

 

Parte 8

Mas o apologista tentou uma explicação, infeliz, por sinal, de que as igrejas estavam unidas por algumas doutrinas fundamentais. Perguntamos: “algumas”? Quais? Os apóstolos deixaram a Igreja unidade, e nunca ensinaram que havia um corpo de doutrina fundamental e outras doutrinas secundárias. Assim, afirmar que algumas doutrinas fundamentais que estavam nos escritos apostólicos é algo que foi bastante irrefletido afirmar. Os escritos apostólicos são os livros do Novo Testamento, inspirados, a Palavra de Deus, onde tudo é fundamental, tudo deve ser crido.

O Novo Testamento foi praticamente escrito para fortalecer a fé, confirmar o ensino apostólico, combater heresias, de modo que esse estilo apologético explica o motivo de algumas doutrinas não serem afirmadas claramente, pois não eram motivos de divergência no primeiro século.

 

Parte 9

A Igreja teria perdido parte da sua pureza doutrinal em algum momento, podemos concluir pelo que diz o apologista. A Igreja não seria centralizada, centralizadora, mas seria semelhante aos batistas, de tipo congregacionalista, que obedece as regras de uma convenção, que mantem as igrejas nos princípios batistas.

Assim, as igrejas subapostólicas seriam lideradas por um grupo para mantê-las unidas nos princípios fundamentais? Quais princípios?  Os deixados pelos apóstolos.

Sabemos que esses líderes foram os bispos, os presbíteros e os diáconos. Também foram reunidos sínodos e concílios nos séculos dois e três, e concílios ecumênicos a partir do século quarto. Isso refuta o que o apologista explicou.

Obviamente, montanistas, donatistas, e outros foram excomungados pela Igreja. Desse modo, vemos que a autoridade apostólica estava em pleno vigor, não tolerando o mínimo de divergência em termos de doutrina e moral cristã.

O apologista admite que havia autoridade central na Igreja, mas tenta fazê-la parecer uma convenção batista com igrejas locais autônomas. A história mostra o contrário, que havia o modelo monárquico, cada vez mais eficazmente organizado.

Com a destruição de Jerusalém e a perda de sua importância simbólica surge outra sede de governo da Igreja. O apologista afirma que foi por motivo de ser a capital do Império. Mas isso não é correto. O motivo primordial é aquele da origem apostólica do governo da Igreja de Roma, estabelecido pelos apóstolos Pedro e Paulo. Tal ponto o apologista relegou para segundo plano, o que é um equívoco. Ele parece não conhecer bem essa fase da história.

Claramente o poder do papado foi crescendo ao passar dos anos. No entanto, esse poder crescente é quase exclusivo à esfera temporal, pois a espiritual já está em pleno vigor no primeiro século, com expressões no século, terceiro e etc., aumentando sua expressão ao passo que o poder temporal aumenta.

Depois, afirma que havia igrejas que discordavam de Roma. De fato, mas foram todas consideradas heréticas. Mas ver a autoridade dos primeiros concílios.

 

Parte 10

 

Orígenes afirma que heresias surgem de coisas importantes para a vida humana. Assim, no Cristianismo surgiram várias heresias, mas isso não depõe contra a veracidade do mesmo (cf. Contra Celso, Livro III, 12).

Assim, as heresias sempre surgem da Igreja Católica. Dela saíram gnósticos, judaizantes, montanistas, donatistas, paulicianos, apolinarianos, ebionitas, arianos, nestorianos, monofisitas, valdenses, albigenses, wiclifitas, hussitas, luteranos, presbiterianos, anabatistas, e tantos outros.

Até mesmo essas divisões apontam para a origem santa da Igreja Católica Apostólica Romana. Dela saíram igrejas após o concílio de Calcedônia, e outras, como a Igreja Ortodoxa em 1054. Há também heresias que não aceitaram as decisões de Éfeso em 431. É certo que muitas voltaram à comunhão com a Igreja Católica, daquelas separadas em 451 em Calcedônia, não sendo absorvidas, mas enxertadas novamente na comunhão, sendo que atualmente há vinte e três igrejas católicas sui juris orientais de cinco ritos diferentes.

O papa Vítor, bispo de Roma, já demonstra poder papal ao ameaçar de excomunhão igrejas da Ásia. A divisão nunca foi a norma para a Igreja internamente, mas como um todo o Cristianismo, como todos os grupos humanos, sempre sofreu divisões.

Mas, entre as divisões que surgem a Igreja Católica mantem sua mesma doutrina e estrutura desde o primeiro século, como foi provado acima.

 

 

Parte 11

 

Cristo fundou uma Igreja, visível. Essa instituição prega Sua mensagem de salvação, batiza, instrui na fé, organiza, supervisiona, etc. Assim, essa única Igreja espalhada pelo mundo, como deveria ser, é a Igreja Católica.

Não havia no primeiro século muitas instituições, mas uma só. São Paulo e São Pedro, por exemplo, ensinaram a mesma doutrina. Assim, quando São Pedro agiu de modo não conforme a ética do evangelho ao evitar sentar-se à mesma com os gentios, foi logo admoestado por São Paulo. Havia sido questões de atitudes pessoais quanto a uma determinada questão, e não uma doutrina na qual divergissem.

Quando se diz que não havia uma só igreja há o erro fundamental já apontado acima. Mas vamos exemplificar mais.

Os apóstolos pregavam o evangelho em todas as partes possíveis. Os cristãos judeus começaram a reivindicar certos preceitos para serem observados pelos cristãos vindos do paganismo.

Foi decidido no Concílio de Jerusalem que certas observâncias não eram mais obrigatórias. A decisão do concílio deveria ser acatada por cristãos em toda parte e não somente em Jerusalém. Foi lida a carta conciliar em Antioquia e levada a toda a Igreja. Isso mostra a unidade da Igreja, estando sob uma autoridade comum, sendo uma só instituição. Não havia cristãos que não estivessem obrigados a aceitar a autoridade do concílio.

Por exemplo, se os judaizantes se opuserem à decisão dos apóstolos, seriam considerados hereges e postos fora da comunhão. Nasceria assim uma dissidência sem aprovação de Cristo e Sua Igreja.

Essa mesma Igreja cresceu e tornou-se grande o suficiente para chegar a uma certa hegemonia na Europa Ocidental, como reconhece o apologista. Outras igrejas que se separaram estavam na mesma categoria que os antigos judaizantes, gnósticos, ebionitas e etc., não sendo reconhecidas pela autoridade legítima.

 

Parte 12

Comparemos agora a Igreja Católica Apostólica Romana a uma denominação protestante, e não ao Protestantismo inteiro. Escolhamos a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

A ICAR surge no século primeiro, com Cristo e os apóstolos. A IASD surge de um movimento protestante no século dezenove interpreta a Bíblia de uma forma nova com o intuito de reformar a Igreja e anunciar verdades antes desconhecidas.

Como instituição, a ICAR tem igrejas locais, governadas por presbíteros. No seu conjunto essas igrejas estão sob a supervisão do bispo. As paróquias lideradas pelos padres formam a diocese governada por um só bispo. Todas as dioceses estão unidas ao papa, bispo da cidade de Roma. Se um concílio ocorrer todos os católicos devem aderir à sua decisão, assim como foi no Concílio de Jerusalém.

Quando à IASD, uma conferência adventista não obriga os batistas, nem os congregacionalistas, nem os luteranos, nem os anglicanos, nem os assembleianos, nem os católicos, nem os ortodoxos, etc, e não pode reivindicar autoridade semelhante à do concílio de Jerusalém.

Alguém poderia afirmar que um concílio da ICAR não obriga ortodoxos, luteranos, presbiterianos, anglicanos, batistas, metodistas, adventistas, etc.

No entanto, pode-se dizer que, como a respeito do concílio de Jerusalém, os que não acatam a autoridade dos concílios católicos recusam-se a obedecer à autoridade legítima.

Foi assim que após o concílio de Jerusalém surgem heresias, como também dissidências após os sínodos locais dos séculos posteriores, e principalmente após os Concílios Ecumênicos, como o de Niceia I, de Éfeso, de Calcedônia, de Constantinopla e outros. Sempre haverão dissidências, mas essas não são legitimadas pelo Novo Testamento.

Se Ellen Gould White ficasse obediente à autoridade da Igreja Metodista, não poderia desassociar-se da instituição e não seria co-fundadora da IASD.

Por sua vez, a Igreja Metodista, que surgiu de um movimento de avivamento da Igreja Anglicana, não poderia torna-se denominação se se submetesse à autoridade da Igreja Anglicana.

Assim, se a Igreja Anglicana, ou seja, a Igreja da Inglaterra continuasse sob a autoridade da Igreja Católica, não seria hoje uma denominação protestante.

Parte 13

Mas, o protestante dirá que se submete apenas à Bíblia, e assim está autorizado a opor-se às autoridades eclesiásticas. Porém, essa postura leva colocar a própria interpretação contra a da Igreja, o que incialmente não é legítimo.

Nenhum cristão do primeiro século opunha-se à autoridade apostólica como direito legítimo, assim como não se pode opor-se aos sucessores dos apostólicos que conservam mesma autoridade em matéria de fé e prática.

A Bíblia afirma: “É necessário que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (1 Cor 11, 19). A unidade é a norma. A divisão não é norma, mas algo permitido por Deus para exercitar os sinceros. Vemos que desde o princípio os que se mantem sob a autoridade eclesiástica conservam a doutrina e a desenvolvem com princípios bíblicos claros, ao passo que os que se colocam contra as autoridades muitas vezes dão origem a novos movimentos, denominações, heresias, como demonstram os dados da história.

Cristo não afirmou que a unidade da Igreja seria apenas espiritual e invisível, mas mostrou ser a unidade do rebanho visível: Quem vos ouve a mim ouve (Lucas 10, 16). Seguir o modelo apostólico leva a considerar esse princípio e rever as posições.

O apologista afirma que quando se nega doutrinas fundamentais então surge a necessidade de desligamento. Mas, na historia esse desligamento é feito pelas autoridades competentes e não dos membros dissidentes.

Assim, os apóstolos pregavam e exigiam a fé na sua pregação. No decorrer da história foi ocorrendo o contrário. Por exemplo, os donatistas, embora em grande número, foram condenados por sua doutrina no Concílio de Arles, em 314. Deveriam submeter-se, mas conservaram-se fora da comunhão católica, formando uma denominação que durou até o século sétimo. A autoridade legítima não era donatista, mas católica.

 

 

Parte 14

No fim, o apologista afirma que as brigas que os protestantes tinham entre si foram diminuindo e houve amadurecimento, de modo que atualmente há melhor relação entre os protestantes.

Mas, do mesmo modo houve amadurecimento entre os católicos, que consideram os protestantes como irmãos em Cristo e esforçam-se por uma unidade cada vez maior.

O apologista critica a posição católica onde a Bíblia estaria abaixo do magistério e da tradição. Mais adiante ele fala da Bíblia no mesmo patamar da tradição e do magistério, o que geraria distorções doutrinais.

Contudo, de maneira simples é fácil notar que o modelo Bíblia, tradição e magistério gera menos distorções que o Sola Scriptura. É uma refutação radical.

Ainda, as passagens fáceis de serem interpretadas são pontos de unidade entre todos os cristãos. Um exemplo é o Credo Apostólico. No segundo exemplo seriam as doutrinas fundamentais do Protestantismo, que geram a unidade fundamental entre os protestantes.

Em comparação com a ICAR, essas doutrinas uniriam as diversas denominações. Por outro lado, o autor criticou essa comparação da ICAR com o Protestantismo inteiro por serem diferentes categorias.

Quando São Paulo falou do irmão fraco na fé em Romanos 14, a questão envolvia membros da mesma Igreja, sob a autoridade do próprio apóstolo. Não se pode ler isso como se se tratasse, por exemplo, de dizer que uma denominação é vegetariana, como a IASD e outra come carne como a ICAR, pois a autoridade que está afirmando a permissão das duas práticas é a mesma, contrariamente ao que ocorre hoje, onde a autoridade da ICAR é uma e da IASD outra.

O princípio de unidade demonstrado na Igreja Católica desde o início está provado.

Gledson Meireles.

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