segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Livro: Glórias de Maria, de Santo Afonso Ligório

 Continuando a comentar o livro de Santo Afonso Ligório, Glórias de Maria.

Maria é nossa mãe. Santo Afonso afirma que Maria é mãe de nossas almas e de nossa salvação. No mesmo instante continua afirmando que Jesus veio para restaurar a vida da graça pela Sua cruz. Ou seja, Jesus é o Salvador, e é Ele quem restaura a vida da graça pelo seu sacrifício na cruz. Então, já de início, pode-se pensar que chamar Maria de mãe da salvação tem um sentido diferente.

Isso não significa que o protestante irá reconhecer prontamente essa doutrina, mas que deve estar consciente que, para santo Afonso, a frase “Maria é mãe da salvação” não significa que ela é salvadora ou que tenham dado ao sacrifício de Cristo algo que estivesse falando.

Depois santo Afonso afirma: “Por nos reconciliar, Ele tornou-se Pai de nossas almas”, falando de Jesus, e cita logo em seguida Isaías 9, 6. E conclui: Se Jesus é o Pai das nossas almas, então Maria é a mãe. Isso é o modo de desenvolver a mariologia, muito bíblico e belo. É um verdadeiro devocional cristão católico.

E explica por meio das palavras de São Bernardino que quando Maria deu consentimento para ser a mãe de Jesus ela pediu por nossa salvação, por esse consentimento, e nos carregou no seu ventre. Dessa forma, Santo Afonso como que diz que fomos carregados no ventre de Maria na Pessoa de Cristo, o que é magnificamente bíblico e conforme a tradição da Igreja. E como Maria não teve outros filhos na carne, ela tem os filhos espirituais.

E citando Santo Agostinho, que viveu no século entre quarto e quinto, Maria se tornou nossa mãe também na cruz: Por cooperar na cruz no nascimento dos fieis para a vida da graça, ela se tornou mãe de todos os membros de Cristo”

A citação do Cântico dos Cânticos é muito oportuna: “puseram-me a guardar as vinhas, mas não guardei a minha própria vinha”, afirmando que o sentido dessa passagem é que Maria para salvar muitas almas expôs seu próprio filho à morte. É um modo de associar a virgem Maria ao sacrifício da cruz, pela fé, não como alguém que oferece algo ao infinito sacrifício de Jesus.

Falando da profecia de Simeão, onde uma lança traspassará a alma de Maria, diz Santo Afonso que a lança que traspassou o lado de Jesus também traspassou a alma de Maria. Somos filhos das dores de Maria. Isso nos coloca, como Igreja, associados com Maria no sacrifício nossa mãe de Jesus.

E quanto ao amor de Maria, São Boaventura afirma que o amor que ela teve por Deus Pai e por Deus Filho fez com que ela consentisse na morte do filho para que pudéssemos ser salvos. Mostra a fé de Maria, na sua profundidade, que vendo Deus amando o mundo e Jesus se entregando por amor dos pecadores, ela por amor a Deus consentiu na morte salvífica do próprio filho. Maneira bela de ensinar essa verdade do evangelho.

Mais à frente afirma que Jesus preparou Maria para cooperar na nossa salvação e se tornar Mãe das almas. Cita o fato de Jesus tê-la entregue como mãe de São João apóstolo, entregando Maria a todos os que são Seus discípulos. Como discípulos de Jesus somos filhos de Maria. Não é natural que um cristão não queira ser filho de Maria.

No Salmo 86, 16 Santo Afonso afirma que Davi se pôs sob Maria, antes que ela nascesse, em profecia: “salvai o filho de vossa escrava”.

Maria é nosso refúgio. Santo Afonso escreve: “Bendito seja Deus  que nos deu Maria como seguro refúgio em todos os perigos da vida”. É uma prova de que o sentido de nossa veneração a Maria está dentro do plano de Deus e serve para Sua maior glória, e não uma glória centrada em Maria. Por glorificar Maria o cristão está vivendo a graça dada por Deus para glorifica-Lo ainda mais. Esse é o sentido.

E na oração afirma: Depois de Deus vós sereis meu refúgio. Isso mostra a máxima veneração a Nossa Senhora, acima dos demais santos e anjos, como é costume na Igreja Católica desde sempre, para com a mãe de Jesus.

Dessa forma, trata-se de uma mariologia bastante bíblica e conforme a doutrina do evangelho, que coloca-nos em Cristo e por Ele, o Redentor e Salvador, como filhos de Sua mãe, associados a ela, como salvos por Cristo. Assim como ela associou-se na redenção, temos também que, salvos por Cristo, tem parte na redenção e salvação dos pecadores, quando anunciamos o evangelho, quando rezamos para conversão das almas, quando oferecemos a Deus sacrifícios para clamar por perdão dos pecados. É um belo devocional.

Gledson Meireles.

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