sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Rafael Pablo e o react ao Padre José Eduardo

O apologista protestante Rafael Pablo fez um vídeo para refutar a lógica da imaculada conceição apresentada pelo padre José Eduardo no programa Inteligência Ltda.

O presente artigo irá lidar com a argumentação do Rafael. Ele afirma que o padre foi extremamente lógico e extremamente errado, e que é possível uma coisa ser lógica e ir contra as Escrituras, contra o próprio Cristianismo. E afirma que o padre ensinou algo extremamente anti-bíblico e anticristão.

Em primeiro lugar o Rafael afirma que nem tudo o que é lógico está dentro do evangelho. A Bíblia estaria cheia de textos e paradoxos que não se enquadram na lógica humana.

Assim, apresenta 1 Coríntios 1, 18-21, onde a Palavra da cruz é loucura para os que se perdem. O que isso quer dizer? Que o evangelho é anti-lógico? Que a Palavra de Deus possui coisas ilógicas? Que o raciocínio sem lógica é encontrado na Bíblia?

O que o autor quer dizer é que há coisas que não se enquadram na lógica humana, não são levadas segundo o raciocínio humano. No entanto, como explicou, parece que está levando ao irracionalismo.

Sendo adepto do Sola Scriptura, o apologista afirma que a Escritura é que dará os argumentos e não se deve tirar os esquemas filosóficos da razão humana.

 

O paralelo entre Eva e Maria

 

O apologista afirma que a Bíblia não faz nenhum paralelo entre Eva e Maria.

Todo protestante, do leigo ao teólogo, entende bem essa afirmação, que simplesmente quer dizer que não há explicitamente o paralelo entre Eva e Maria como há entre Adão e Jesus. Sendo assim, a Bíblia não faz nenhuma vez esse tipo de comparação.

 

Princípio errado e princípio correto

 

Estudando academicamente a Bíblia, é possível encontrar afirmações, mesmo de católicos, de que a Bíblia não faz o paralelo entre Eva e Maria.  Isso diz respeito a um paralelo direto.

No entanto, o que o protestante precisa entender é que sua posição está fundamentada em um princípio subentendido de que se não há o paralelo explícito esse não existe. Assim, dessa forma, se o princípio é correto ele deve ser usado sistematicamente em toda a teologia.

Contudo, ao analisar outras questões, o próprio protestante irá encontrar inúmeras vezes exemplos de algo que não é diretamente afirmado na Bíblia mas está de um modo velado, em seus princípios, de forma tácita, e é importante para estabelecer uma doutrina. Esse sim é um princípio teológico correto.

Assim, está refutado aquilo que fundamentava a crítica de que a Bíblia não apresenta paralelo entre Eva e Maria.

 

A Bíblia não fala que Maria foi concebida sem pecado

 

Como o próprio apologista afirma, esse argumento está ligado ao anterior. Agora, como foi feita a refutação ao anterior, o mesmo princípio derruba essa tese.

Uma vez que a Bíblia diz expressamente que Jesus não tem pecado, mas não faz o mesmo em relação à virgem Maria, o protestante conclui que a Bíblia não ensina que Maria foi sem pecado.

Como esse princípio que requer uma afirmação explícita da Escritura sobre algo para que o mesmo seja correto não é um princípio correto, está refutada a tese.

 

A lógica de Jesus

O último argumento para destruir por completo a “falácia” do padre José Eduardo. Jesus tiraria conclusões totalmente diferentes daquelas que seriam tiradas pela lógica humana.

O primeiro exemplo é de Mateus 25, da parábola dos talentos. Não haveria lógica para condenar aquele que devolveu o talento recebido ao senhor. Não haveria motivo para punição. Então, pode-se dizer, não haveria justiça. Será mesmo que a lógica usada por Jesus contraria as leis da lógica humana? É possível entender o motivo da condenação do servo mau?

Certamente não é isso que o autor quer passar com sua argumentação, como se ensinasse a irracionalidade, mas é preciso trazer esse pormenor para que o leitor saiba como funciona a lógica de Jesus.

A parábola está em Mateus 25, 14-30. No verso 19 está escrito que o senhor daqueles servos pediu-lhes contas.

Isso supõe que era necessário trabalhar com os talentos, e não apenas devolver o que foi recebido, pois do contrário não é lógico pedir contas aos servos. A tarefa não parece ter sido apenas guardar o dinheiro. Ainda, o contexto mostra que aquele trabalho indicava fidelidade.

Então, no verso 27 aquele senhor afirma que o servo preguiçoso deveria ter levado seu dinheiro ao banco para que o mesmo rendesse juros.

Dessa forma, a parábola mostra o motivo do servo ter sido castigado, o que não fere em nada a lógica humana. E o motivo é atestado por inferência, como mostrado: ele deveria lucrar com o que recebeu do senhor até que o mesmo voltasse.

Assim, se o resumo da parábola é: um senhor viajou e deixou seus servos cuidando dos seus bens, para que lucrassem com seu dinheiro e entregasse o dinheiro e os juros ao senhor na sua vinda. Um dos servos não fez o que era para ser feito. Quando o senhor voltou, o servo foi punido.

De fato, a lógica de Jesus segue as leis da lógica que Deus criou para a inteligência humana. Jesus é o próprio Logos, a Razão. Portanto, mais uma refutação ao argumento protestante.

A outra parábola é a dos trabalhadores da vinha. Os trabalhadores que trabalharam mais recebem mais. Isso é lógico. Isso é justo. Mas Jesus subverte a lógica, diz o apologista.

No entanto, tudo é muito lógico, tanto para Jesus, como para a lógica humana, basta entender o que Jesus disse: O senhor, porém, observou a um deles: ‘Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti.

De fato, por esse ângulo, ninguém poderia objetar, porque Jesus usou a lógica: a contratação foi feita com cada um, e o salário contratado foi de um denário. Quando o senhor pagou um denário, estava fazendo que o prometeu.

Assim, não adiantaria olhar para o trabalho dos demais, porque não foi outro o valor que o senhor propôs como salário.

Ainda, a parábola está mostrando a bondade daquele senhor. Isso se refere à bondade de Deus. É justo que quem trabalha mais recebe mais. No entanto, Deus pode fazer o que quiser com seus bens, e dar o mesmo salário a quem trabalhou menos.

Sendo assim, ele garante que até os trabalhadores que entrem no trabalho da vinha na última hora receberão o mesmo salário.

Nesse caso, a salvação está sendo mostrada como o salário igual a todos. A lógica permanece, pois Jesus se baseia na permissão que tem o dono de usar dos bens como lhe apraz, o que é justo e lógico.

Assim, como explicou o padre Eduardo em seu react ao react, Jesus revelou a lógica superior, mas não afirmou nada contra a lógica humana.

Jesus não ensinou que todos devem trabalhar, uns mais e outros menos, e todos devem receber o mesmo salário. Pelo contrário, ele afirmou que naquele momento o senhor estava sendo bom, e assim revolveu dar ao que trabalhou menos o mesmo que tinha pago ao que havia trabalhado desde cedo. Então, continua usando a lógica.

Diante disso, deve-se reconhecer que há lógica na Bíblia para a doutrina da imaculada conceição.

 

Vejamos a lógica bíblica

 

No Gênesis 3, 15, Deus põe inimizade entre a serpente e a mulher. Essa passagem é considerada o proto­-evangelho. Então, ela fala de Jesus, mas ao mesmo tempo a mulher tem aí referência importante.

No Apocalipse 12, o Filho que nasce da mulher é levado para junto de Deus. É fácil identificar o Filho, e por consequência a sua mãe.

De forma geral, a Bíblia permite concluir que há um paralelo implícito entre Eva e Maria.

Assim, está refutada a argumentação protestante.

 Gledson Meireles.

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