O apologista protestante Rafael Pablo fez um vídeo para refutar a lógica da imaculada conceição apresentada pelo padre José Eduardo no programa Inteligência Ltda.
O
presente artigo irá lidar com a argumentação do Rafael. Ele afirma que o padre
foi extremamente lógico e extremamente errado, e que é possível uma coisa ser
lógica e ir contra as Escrituras, contra o próprio Cristianismo. E afirma que o
padre ensinou algo extremamente anti-bíblico e anticristão.
Em
primeiro lugar o Rafael afirma que nem tudo o que é lógico está dentro do
evangelho. A Bíblia estaria cheia de textos e paradoxos que não se enquadram na
lógica humana.
Assim,
apresenta 1 Coríntios 1, 18-21, onde a Palavra da cruz é loucura para os que se
perdem. O que isso quer dizer? Que o evangelho é anti-lógico? Que a Palavra de
Deus possui coisas ilógicas? Que o raciocínio sem lógica é encontrado na
Bíblia?
O
que o autor quer dizer é que há coisas que não se enquadram na lógica humana,
não são levadas segundo o raciocínio humano. No entanto, como explicou, parece
que está levando ao irracionalismo.
Sendo
adepto do Sola Scriptura, o
apologista afirma que a Escritura é que dará os argumentos e não se deve tirar
os esquemas filosóficos da razão humana.
O paralelo entre Eva e Maria
O
apologista afirma que a Bíblia não faz nenhum paralelo entre Eva e Maria.
Todo
protestante, do leigo ao teólogo, entende bem essa afirmação, que simplesmente
quer dizer que não há explicitamente o paralelo entre Eva e Maria como há entre
Adão e Jesus. Sendo assim, a Bíblia não faz nenhuma vez esse tipo de comparação.
Princípio errado e princípio
correto
Estudando
academicamente a Bíblia, é possível encontrar afirmações, mesmo de católicos,
de que a Bíblia não faz o paralelo entre Eva e Maria. Isso diz respeito a um paralelo direto.
No
entanto, o que o protestante precisa entender é que sua posição está
fundamentada em um princípio subentendido de que se não há o paralelo explícito
esse não existe. Assim, dessa forma, se o princípio é correto ele deve ser
usado sistematicamente em toda a teologia.
Contudo,
ao analisar outras questões, o próprio protestante irá encontrar inúmeras vezes
exemplos de algo que não é diretamente afirmado na Bíblia mas está de um modo
velado, em seus princípios, de forma tácita, e é importante para estabelecer
uma doutrina. Esse sim é um princípio teológico correto.
Assim,
está refutado aquilo que fundamentava a crítica de que a Bíblia não apresenta
paralelo entre Eva e Maria.
A
Bíblia não fala que Maria foi concebida sem pecado
Como
o próprio apologista afirma, esse argumento está ligado ao anterior. Agora,
como foi feita a refutação ao anterior, o mesmo princípio derruba essa tese.
Uma
vez que a Bíblia diz expressamente que Jesus não tem pecado, mas não faz o
mesmo em relação à virgem Maria, o protestante conclui que a Bíblia não ensina
que Maria foi sem pecado.
Como
esse princípio que requer uma afirmação explícita da Escritura sobre algo para
que o mesmo seja correto não é um princípio correto, está refutada a tese.
A
lógica de Jesus
O
último argumento para destruir por completo a “falácia” do padre José Eduardo.
Jesus tiraria conclusões totalmente diferentes daquelas que seriam tiradas pela
lógica humana.
O
primeiro exemplo é de Mateus 25, da parábola dos talentos. Não haveria lógica
para condenar aquele que devolveu o talento recebido ao senhor. Não haveria
motivo para punição. Então, pode-se dizer, não haveria justiça. Será mesmo que
a lógica usada por Jesus contraria as leis da lógica humana? É possível
entender o motivo da condenação do servo mau?
Certamente
não é isso que o autor quer passar com sua argumentação, como se ensinasse a
irracionalidade, mas é preciso trazer esse pormenor para que o leitor saiba
como funciona a lógica de Jesus.
A
parábola está em Mateus 25, 14-30. No verso 19 está escrito que o senhor
daqueles servos pediu-lhes contas.
Isso
supõe que era necessário trabalhar
com os talentos, e não apenas devolver o que foi recebido, pois do contrário
não é lógico pedir contas aos servos. A tarefa não parece ter sido apenas
guardar o dinheiro. Ainda, o contexto mostra que aquele trabalho indicava fidelidade.
Então,
no verso 27 aquele senhor afirma que o servo preguiçoso deveria ter levado seu
dinheiro ao banco para que o mesmo rendesse juros.
Dessa
forma, a parábola mostra o motivo do servo ter sido castigado, o que não fere
em nada a lógica humana. E o motivo é atestado por inferência, como mostrado:
ele deveria lucrar com o que recebeu do senhor até que o mesmo voltasse.
Assim,
se o resumo da parábola é: um senhor viajou e deixou seus servos cuidando dos
seus bens, para que lucrassem com seu dinheiro e entregasse o dinheiro e os
juros ao senhor na sua vinda. Um dos servos não fez o que era para ser feito.
Quando o senhor voltou, o servo foi punido.
De
fato, a lógica de Jesus segue as leis da lógica que Deus criou para a inteligência
humana. Jesus é o próprio Logos, a
Razão. Portanto, mais uma refutação ao argumento protestante.
A
outra parábola é a dos trabalhadores da vinha. Os trabalhadores que trabalharam
mais recebem mais. Isso é lógico. Isso é justo. Mas Jesus subverte a lógica,
diz o apologista.
No
entanto, tudo é muito lógico, tanto para Jesus, como para a lógica humana,
basta entender o que Jesus disse: O
senhor, porém, observou a um deles: ‘Meu amigo, não te faço injustiça. Não
contrataste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este
último tanto quanto a ti.
De
fato, por esse ângulo, ninguém poderia objetar, porque Jesus usou a lógica: a
contratação foi feita com cada um, e o salário contratado foi de um denário. Quando
o senhor pagou um denário, estava fazendo que o prometeu.
Assim,
não adiantaria olhar para o trabalho dos demais, porque não foi outro o valor
que o senhor propôs como salário.
Ainda,
a parábola está mostrando a bondade daquele
senhor. Isso se refere à bondade de Deus. É justo que quem trabalha mais recebe
mais. No entanto, Deus pode fazer o que quiser com seus bens, e dar o mesmo
salário a quem trabalhou menos.
Sendo
assim, ele garante que até os trabalhadores que entrem no trabalho da vinha na
última hora receberão o mesmo salário.
Nesse
caso, a salvação está sendo mostrada como o salário igual a todos. A lógica
permanece, pois Jesus se baseia na permissão que tem o dono de usar dos bens
como lhe apraz, o que é justo e lógico.
Assim,
como explicou o padre Eduardo em seu react
ao react, Jesus revelou a lógica
superior, mas não afirmou nada contra a lógica humana.
Jesus
não ensinou que todos devem trabalhar, uns mais e outros menos, e todos devem
receber o mesmo salário. Pelo contrário, ele afirmou que naquele momento o
senhor estava sendo bom, e assim revolveu dar ao que trabalhou menos o mesmo
que tinha pago ao que havia trabalhado desde cedo. Então, continua usando a
lógica.
Diante
disso, deve-se reconhecer que há lógica na Bíblia para a doutrina da imaculada
conceição.
Vejamos
a lógica bíblica
No
Gênesis 3, 15, Deus põe inimizade entre a serpente e a mulher. Essa passagem é
considerada o proto-evangelho.
Então, ela fala de Jesus, mas ao mesmo tempo a mulher tem aí referência
importante.
No
Apocalipse 12, o Filho que nasce da mulher é levado para junto de Deus. É fácil
identificar o Filho, e por consequência a sua mãe.
De
forma geral, a Bíblia permite concluir que há um paralelo implícito entre Eva e
Maria.
Assim,
está refutada a argumentação protestante.
Gledson Meireles.
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