Refutação do Capítulo 5:
A profissão de fé (primeira parte, seção 2, capítulo 3, artigos 10-12)
Gregg Allison enfatiza a associação do perdão dos pecados ao
batismo e à penitência. Isso é compreensível, já que é algo muito claro na
doutrina católica, é faz parte da apresentação do catecismo, com base bíblica
robusta, mas que é negado em praticamente todo o Protestantismo.
Em primeiro lugar, a avaliação de Gregg tende a considerar o
que chama de axioma da interdependência natureza-graça onde é necessário que a
graça seja conferida de maneira tangível.
Deve-se lembar que ordinariamente essa é a doutrina católica.
No entanto, a graça não é “necessariamente” conferida por meio tangível, pois o
próprio Catecismo ensina que Deus não está limitado por nada. Assim, alguém
pode ser salvo sem o batismo, como o ladrão da cruz, que morreu perdoado por
Jesus. Esse pormenor está totalmente de acordo com a doutrina católica, e
muitas vezes é lembrado na apologética protestante como se pudesse refutar algo
do catolicismo. Isso apenas indica a falta de conhecimento que se tem da
doutrina católica por parte dos teólogos e apologistas protestantes.
O outro axioma que é sempre lembrado por Gregg é o da
interconexão Cristo-Igreja, onde expressa a mediação entre os dois reinos, o da
natureza e o da graça. Como já respondido, essa é a pura doutrina bíblica,
indicada já na missão dada por Jesus como a ordem de ensinar e batizar.
A afirmação de que todos os discípulos foram enviados não é
correta. Os 120 discípulos batizados pelo Espírito Santo não recebera a mesma
missão dos apóstolos. É um fato bíblico que os apóstolos foram distintos dos
discípulos desde o início da missão. Todos os que pregavam o evangelho está
unidos aos apóstolos. Estêvão e Filipe eram diáconos, e portanto são parte da
hierarquia. Os demais podem pregar o evangelho, como sempre foi assim, já que
os leigos são igualmente anunciadores do reino dos céus.
Então, todos poderiam perdoar pecados? Isso não pode ser provado
biblicamente, mas é apenas uma interpretação ampla do que foi discutido acima.
Não se trata de algo que foi introduzido posteriormente, o
que Gregg chama de “realidades institucionais e hierárquicas”. Não foram todos
os cristãos que receberam a missão de perdoar pecados. Essa interpretação geral
do fato dos 120 discípulos recebendo o Espírito Santo evidência uma exegese
fraca diante da robusta doutrina católica.
O exemplo de uma mãe que partilha o evangelho de Jesus ao
filho perdido é o seguinte: a mãe prega o evangelho e o filho crê. Arrepende-se
dos seus pecados e ouve a confirmação de sua mãe: “Seus pecados estão
perdoados”. Sua mãe foi aquela que “perdoou” os pecados do filho, para usar a
linguagem católica e estar dentro do assunto referido por Gregg através desse
exemplo. Então, com a fé e conversão esses pecados que já foram perdoados por
Cristo.
Eis um exemplo que não tem nada a ver com o tema. De fato,
qualquer cristão pode partilhar o evangelho, e diante da aceitação pode
declarar que sua fé veio de Deus, que o perdão dos seus pecados foi alcançado.
Contudo, o que se está dizendo com o poder de perdoar pecados em João 20 não
tem nada a ver com essa realidade.
Naquele momento os apóstolos, e somente eles, receberam essa
missão. Eles podem perdoar e reter os pecados. Obvimaente, esse
pormenor não é entendido se não se admite o sacramento do perdão. O texto não
diz sobre a pregação, mas sobre o perdão que os apóstolos podem conferir em
Nome de Jesus a outros.
E o catecismo já refuta a interpretação de Gregg quando fala
do poder das chaves. Cristo envia os apóstolos a anunciar o arrependimento dos
pecados. É o ministério da reconciliação (2 Cor 5, 18). Então, nesse momento,
está provado que os apóstolos são ministros da reconciliação, o que é estritamente
ligado à salvação, entre Deus e os cristãos. Basta ler todo o capítulo de 2
Coríntios 5 para entender essa doutrina. Não se trata somente do anúncio do
perdão e da conversão, mas da comunicação do perdão e reconciliação pelo
batismo e o poder das chaves.
O batismo
As várias vertentes do Protestantismo concordam em parte com
a doutrina católica do batismo, e discorda em partes importantes da doutrina.
Há variedade “de teologias evangélicas”. Então o leitor protestante deve ficar
atento, pois se cada um segue o princípio sola
Scriptura e concorda sobre o fato do batismo, por que discorda sobre a
doutrina do mesmo? Está a doutrina clara na Bíblia? Se sim, por que a
discordância sobre algo claro? Se não, então a doutrina não é parte daquilo que
Deus quis revelar, pois segundo o que se diz da clareza da Bíblia é que aquilo
que é da vontade de Deus revelar, isso é compreensível.
Portanto, há uma Igreja que está corretamente ensinando o
batismo desde o início, e essa Igreja é a Igreja Católica Apostólica Romana.
Há muitos pontos de acordo entre católicos e protestantes
quanto ao batismo, mas a diferença é importante.
Primeiro, o autor aponta a questões de base bíblica para a
interpretação do batismo constituem uma das diferenças referidas acima. Também
a interpretação propriamente dita. E, por final, a importância do
desenvolvimento histórico para a teologia e prática do batismo.
Base bíblica
João 3, 5 mostra que é necessário o batismo para a salvação.
É preciso nascer de novo, da água e do Espírito. O Protestantismo em geral
tende naturalmente a negar essa afirmação.
Gregg admite que “vários segmentos da teologia evangélica”
ensinam algo semelhante quanto à água de João 3, 5. Assim, essa interpretação é
biblicamente admitida por aqueles que creem no Sola Scriptura.
Dessa forma, não pode ser julgada como algo tradicional, não
plausível, sem base bíblica, e etc. Por esse ângulo, vemos a solidez da
interpretação católica sendo vislumbrada.
Outro ponto importante é que, sendo a água uma referência ao
batismo, a necessidade do batismo está provada. Quando uma igreja protestante
admite que o batismo é o ensino de Jesus a Nicodemus em João 3, 5, fica difícil
uma posição que “minimize” a necessidade do batismo para a salvação. Trata-se
de um desequilíbrio na interpretação. E, assim, mais uma vez, a interpretação
católica mantem seu equilíbrio ao afirmar ambos os fatos: a água é o batismo e
sua necessidade para a salvação é evidente no texto.
Então, os que afirmam que a interpretação católica é
descabida precisam provar sua versão pelas Escrituras.
É certo que a doutrina do batismo teve desenvolvimento, mas a
censura de Jesus a Nicodemus se deve ao fato de que ele não se ateve ao sentido
espiritual das palavras, interpretando-as materialmente. A segunda objeção se
entende quando se admite que o batismo é tudo isso: obra do Espírito, obra do
Filho, obra de Deus, sendo feito pela fé. Então, não há necessidade de uma
doutrina pormenorizada ao falar da água.
O batismo é obra do Espírito, embora seja executada pela
Igreja. Assim, o que ocorre ao batizado é invisível. Assim, entende-se que o
Espírito sopra onde quer.
E a quarta objeção é bastante falha, pois o batismo é apresentado
no Novo Testamento sempre associado a efeitos espirituais, como perdão, novo
nascimento, salvação. Dessa forma, é preciso compreender o teor geral do ensino
do Novo Testamento, e não apenas as menções ao Espírito Santo e ao batismo.
Além do mais, é preciso partir de João 3, 5, que é o texto que claramente
associa água e Espírito Santo para o nascimento espiritual.
Quando Jesus associa o novo nascimento da água e do Espírito
para ver o Reino de Deus, ele está ensinando que o batismo é necessário para a
salvação.
O novo nascimento é o mesmo que nascer da água e do Espírito.
Disso provém a insistência de Jesus sobre o batismo, através das duas
expressões.
A profecia do Antigo Testamento que associa água e Espírito
cumpre-se no sacramento do batismo. Dessa forma, a interpretação protestante de
que o nascimento da água e do Espírito prescinde do batismo não é correta. A
purificação do pecado e renovação do ser interior por meio da obra miraculosa
do Espírito Santo é operada no batismo.
Quando o autor Gregg acha que a tradição é indigna de
confissão ao dar fundamento a chamar o batismo de iluminação, está atestando
que a teologia protestante, que procura ser muito bíblica, parece estar
exagerando ao evitar um nome porque o mesmo não tem “base bíblica”, ou um uso
bíblico direto, para seu emprego. Assim, ainda que a teologia mostre a
plausibilidade de denominar o batismo com iluminação, o protestante tende a não
aceitar, porque sua teologia o leva a tal.
A água no início da criação é entendida pelos escritores
espirituais como prefiguração do batismo. Isso não constitui a prova, nem é um
exercício de exegese formal, mas uma leitura espiritual, plausível, seguindo o
modelo bíblico de aplicar passagens da Escritura a seu cumprimento no Novo
Testamento.
Assim, a travessia do Jodão, embora Gregg não aceite a
interpretação, ele admite que autores protestantes reconhecem essa leitura.
Ao afirmar que o batismo, conforme Rm 6, 3.4 e Gl 3, 27 se
refere à verdade posicional do indivíduo salvo que não deve andar mais no
pecado, mas que isso não tem a ver com purificação nem com justificação e
santificação “conforme perspectiva da Igreja Católica”, é uma afirmação
bastante inapropriada. De fato, se o pecador é salvo no batismo e se reveste de
Cristo, isso se refere à justificação. Toda a diferenção que Gregg, segundo a
teologia protestante mais influente, que separa batismo com água e batismo com
Espírito, não tem base bíblica, mostrando a fraqueza da sua interpretação.
A respeito do texto de 1 Pedro 1, 23, Gregg afirma que o
contexto é a regeneração por meio da Palavra, mas não associa isso ao batismo.
Somente a instrumentalidade da Palavra pregada para a salvação é enfatizada,
sem qualquer associação ao batismo, afirma o teólogo.
No entanto, uma exegese bem feita mostrará que a regeneração
que se dá por meio da Palavra acontece no momento do batismo, o que retoma o
tema de João 3, 5.
A ideia do sacramento não é o poder da Palavra comunicando
força à água para produzir um efeito, mas o poder da Palavra agindo por meio
desse símbolo, que é a água e a Palavra pronunciada. Talvez isso seja o que o
protestante não consegue compreender. Ao pensar na capacidade da água
transmitir graça, e acreditar que tal é a posição católica, e entender que não
é isso que a Bíblia está ensinando, o protestante tende a negar essa doutrina,
que é uma compreensão errada da verdadeira doutrina.
É a Palavra de Deus que opera no momento do sacramento, que é
o sinal visível. A água é o sinal do que ocorre naquele instante. Não se trata
de apenas metáfora para o “lavar com água”, mas uma realidade espiritual.
Assim, se o axioma natureza-graça foi provado correto, resta
a correção do pensamento de Gregg Allison sobre o batismo e sobre a própria
doutrina ensinada por Santo Agostinho.
Desenvolvimento histórico
Deve-se questionar que tipo de desenvolvimento a teologia
protestante considera indigna.
O batismo era conferido imediatamente após a conversão. Mais
tarde, foi necessário um período de catequese antes do batismo.
A razão de questões pragmáticas romperem o padrão bíblico de
conversão seguido pelo batismo é, certamente, a autoridade da Igreja. As
conveniências exigem assim, e a Igreja tem o direito de encontrar práticas mais
adequadas, usando o poder das chaves.
Quando a Igreja entrou em contato e fez aliança com o Estado,
os imperadores tornaram-sem cristãos e participavam dos debates teológicos. No
entanto, nenhum imperador impôs qualquer doutrina. De fato, os bispos eram os
detentores das chaves, e os membros da Igreja deviam seguir as orientações dos
líderes. Os imperadores eram leigos na Igreja.
A Igreja tornou-se mais tarde oficial religião do Estado.
Assim, outros credos foram banidos. Eram os costumes comuns dos tempos antigos
e medievais. Mesmo na era moderna a situação foi assim durante algum tempo.
O batismo infantil teria se iniciado no segundo século, em
sua última parte, e se estabelecido no quinto século. No entanto, vemos que a
doutrina do batismo leva à certeza de que a Igreja sempre batizou crianças.
Basta ver que a circuncisão era feita no oitavo dia. Os judeus tinham o costume
de apresentar os infantes no templo, e da circuncisão dos bebês de sexo
masculino, como entrando na aliança com Deus. Então, caso os cristãos fossem
contrários ao batismo de crianças, pela falta de fé deles, isso deveria ser
ensinado claramente na Bíblia, por ser um rompimento com o padrão usado pelo
povo de Deus de incluir os filhos na aliança do Senhor.
Quando se fala da água do batismo como tendo poder, isso se
deve a um entendimente errôneo sobre a bênção da água. De fato, o batismo
ocorre segundo a fé da Igreja, quando se pronunciam as palavras do batismo, com
intenção de realizar o que Cristou ensinou, e utilizando água. Então, todo o
conjunto de coisas é necessário para haver o batismo. Isso se chama matéria e
forma do batismo.
Há protestantes que batizam crianças. Assim, há quem creia no
Sola Scriptura e encontre respaldo
bíblico para a doutrina e para a prática. Mas Gregg tenta justificar os
protestantes afirmando que sua justificativa evangélica é diversa da usada pelo
catolicismo.
Os católicos creem que o batismo apaga o pecado original.
Gregg afirma que a teologia batismal evangélica, com suas muitas variedades, é
bastante diferente. E, mais adiante, ao explicar a teologia de Zwuínglio e de
Calvino, ou seja, a teologia reformada, afirma que essa discorda que o batismo
purifique a criança de seu pecado original, não ensinando a regeneração.
No entanto, Gregg não diz uma única palavra sobre a teologia
batismal luterana, que é anterior à reformada zuingliana e calvinista, e que
ensina a regeneração. Os protestantes mais antigos, os luteranos, creem
basicamente na mesma doutrina católica sobre o batismo, e o teólogo batista não
cita essa importante teologia protestante.
Com isso, a posição defendida por Gregg é enfraquecida ainda
mais. De fato, ele cita os anabatistas e mostra como os batistas criaram sua
teologia batismal, mostrando o caso negativo no Novo Testamente, onde não há
exemplo explícito de crianças sendo batizadas, e o argumento positivo, onde os
que se convertiam eram batizados, agregado ao fato de Jesus ter ordenado o
ensino e o batismo os que crerem. (P. 249).
Há indicações bíblicas do batismo de crianças, muito mais do
que imaginam os protestantes credobatistas. De fato, a doutrina tem uma sólida
base escriturística.
Famílias inteiras eram batizadas. Esse fato indica a
probabilidade de que crianças tenham sido batizadas.
Essa implicação está na afirmação de que a casa inteira foi
batizada. O texto não apenas afirma que aqueles que ouviram o evangelho foram
batizados, mas que a família foi batizada. Isso inclui as crianças de todas as
idades.
Dessa forma, há um padrão bíblico de batismo de famílias: Foi batizada juntamente com a sua família e
fez-nos este pedido: “Se julgais que tenho fé no Senhor, entrai em minha casa e
ficai comigo”. E obrigou-nos a isso (Atos 16, 15).
Também, como visto, o carcereiro e sua casa foram batizados
(Atos 16, 33). Não há menção de exceções a esse padrão.
Em todos os casos, a fé antecedeu o batismo, pois Lídia e o
carcereiro creram, e certamente aqueles que podiam ter fé aceitaram a pregaram
também. Contudo, ao afirmar que todos os familiares foram batizados, sem
nenhuma exceção, indica que as crianças dessas famílias receberam o batismo.
Portanto, os casos em que os que creram e foram batizados não
implica em nada contra o batismo de crianças. Pelo contrário, os exemplos de
famílias batizadas é um padrão que evidencia a doutrina do batismo para todos,
incluindo as crianças.
Outra evidência é que o batismo é associado à circuncisão,
que era praticada em geral nas crianças, sendo os adultos exceção no judaísmo.
Assim, os judeus cristão não negariam o batismo aos filhos de pais cristãos,
como não negariam a circuncisão de filhos de famílias judias.
E, lembrando a regra geral para o batismo, Jesus ensinou que
todos devem ser batizados. Em Mateus 19, 14 está escrito: “Então disse Jesus: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam;
pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”.
Em Lucas 18, 15 vemos que pesssoas traziam criancinhas para
que fossem tocadas por Jesus, mostrando com isso que eram pequeninas,
certamente bebês, que precisavam ser trazidas a ele: Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isso,
os discípulos as repreendiam. Jesus, porém, chamou-as e disse: “Deixai vir a
mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deusé daqueles que se
parecem com elas. Nas palavras de Jesus temos o fundamento de que o batismo
de crianças está estabelecido.
Fé e batismo
Quando Gregg critica a necessidade da Igreja e do batismo
para a salvação, não percebe que o axioma aí é o mesmo que está na verdade de
que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. Assim, tem-se a necessidade de
pregar o evangelho para que os pecadores sejam salvos. Cristo estabeleceu esse
critério geral ordinário na Igreja.
Afirmar que Pedro, Filipe outros são servos responsáveis e não
representantes de uma igreja que confere fé, é apenas uma tentativa de diminuir
a realidade de que a Igreja de Jesus é o instrumento para o anúncio do
evangelho que é o poder para salvação daqueles que crêem. São Pedro, São Filipe
e outros são representantes da Igreja de Jesus.
A crítica parece não entendido bem a questão. Ao dizer que ser
servo é ser instrumento da fé e não repositório da mesma. De fato, essa é a
doutrina católica. Sabemos que a Igreja é a guardião do depósito da fé. No
entanto, os ministros pregam a fé dada por Jesus, e anuncia o evangelho como
ministros, como responsáveis, como instrumentos. Nada há mais do que isso.
Portanto, não há a questão de que o pregador seja fundamento da fé de alguém.
No entanto, quando se fundamenta a fé da Igreja para o
batismo de crianças, essa é a mesma verdade que fundamenta a circuncisão na
Antiga Aliança.
A teologia católica não ensina que o dom da fé é dado pela
Igreja, como entnedeu Gregg. Ele critica algo que não está no Catecismo, mas
foi uma má compreensão sua. O dom da fé é dado diretamente por Deus. A Igreja
tem papel instrumental e não fundacional. Está correto. Mas é justamente essa a
doutrina católica.
Gregg entendeu que a Igreja seria o repositório da fé
salvadora do indivíduo, a doadora do dom da fé, como fundamento para a fé e
salvação, como dispensadora da fé salvífica, o que não se encontra em nenhuma
parte do Catecismo. Esse ponto afastou Gregg de reconhecer mais uma verdade
católica, que é importante para a conversão.
A doutrina católica ensina que a fé é dom de Deus, uma
virtude sobrenatural que Deus infunde no ser humano, para que creia e se
converta (CIC, 153). Mesmo a preparação do pecador para receber a graça é uma
obra da graça (CIC, 2001). Desse modo, quando se fala da fé da Igreja, a
referência é ao depósito da fé, do conjunto de doutrina, que a Igreja mantem e
ensina aos fieis.
Quando Gregg afirma que a teologia evangélica não inventa,
mas condena o “batismo de sangue”, isso só pode ser considerado como um ataque
ao conceito, a um nome, que não faz diferença. De fato, os mártires que morrem
por causa de Cristo são salvos, e isso a Igreja considera que foram salvos como
que pelo batismo de sangue, algo mais metafórico do que literal. A realidade
diz respeito a que a salvação não dependeu do rito do batismo, mas da fé do
mártir e da promessa de Jesus.
O mesmo de diz do “batismo de desejo”, que é lamentado pela
teologia evangélica. Essa expressão é apenas a realidade de alguém que seria
batizado, por sua fé em Cristo, mas morreu antes que o fato ocorresse. Não é
louvável lamentar por algo tão correto.
A expiação de Cristo é a única base objetiva para a salvação.
No entanto, para os que não conheceram Cristo, a Igreja crê que Deus tem Seus
meios de salvar, que são baseados no sacrifício de Jesus. A teologia
protestante, como a que Gregg defende, nega essa verdade. Assim, um aborígene
que não conheceu o evangelho estaria perdido, independemente de sua vida de fé
e prática.
Gregg afirma que isso é uma especulação da teologia e nega
oitocentos anos de tradição católica, embora não exponha qualquer argumento
sobre isso.
O caso das crianças mortas sem batismo, a Igreja Católica
sempre teve uma hipótese teológica, a do limbo. Os protestantes estão divididos
em suas doutrinas. Isso mostra que a Bíblia não dirime a questão, e é
necessário uma interpretação correta do ensino bíblico.
A Igreja Católica crê na misericórdia divina para a salvação
das crianças. Acredita que certamente elas não podem sofrer a pena eterna. Como
é algo não revelado explicitamente, essa é a melhor resposta de acordo com os
princípios bíblicos.
Na teologia protestante há os que ensinam que todos os bebês
mortos estão condenados ao inferno, o que fere a justiça e misericórdia de
Deus. Outros dizem que todos estão salvos, o que contraria a doutrina bíblica.
Ainda, há os que nada dizem sobre isso. Esses estão mais próximos da fé
católica, pois a Igreja crê na justiça e amor de Deus e pede a salvação das
crianças mortas sem o batismo.
Alguns tipos de teologia evangélica introduzem a distinção
entre o batismo como fundamento ou como instrumento da salvação. O primeiro
caso seria a fé no batismo como causa eficiente da salvação, e no segundo como
causa instrumental. São tentativas de ensinar a doutrina do Novo Testamento, e
quanto mais se aprofundam, mas estão próximas da fé católica.
De fato, o batismo é necessário à salvação por que foi
ordenado por Jesus Cristo e está fundamento no Seu sacrifício na cruz. Assim, o
batismo é, na doutrina católica, o sacramento da fé, um meio pelo qual a
salvação é aplicada.
Por tudo isso, se vê a coerência da doutrina católica,
respondendo a todas as objeções.
Gledson Meireles.
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