O Dr. Joe Mizzi argumenta que
santo Agostinho não cria na imaculada conceição de Maria. Isso pode ser visto
no artigo Immaculate
Conception and the Church Fathers. O artigo foi traduzido em um blog
protestante reformado, especializado em Catolicismo Romano, e que avalia o Catolicismo a partir
da perspectiva bíblica conforme entendida pela teologia Reformada. A tradução
pode ser lida no artigo Agostinho
e a imaculada conceição de Maria.
O tradutor escreveu uma nota para
mostrar que a afirmação dos apologistas católicos quanto ao fato de Santo
Agostinho crer na imaculada conceição não procede, pois o mesmo “cria que Maria não pecou
durante a vida, porém, ela não foi preservada do pecado original,
compartilhando com toda a humanidade da necessidade da redenção que há em Jesus
Cristo.”
O artigo faz justiça ao fato que
Santo Agostinho ensinou que a virgem Maria não cometeu pecado em toda a sua
vida o mesmo que é ensinado também por Santo Tomás de Aquino, que afirma que
Maria não cometeu pecado nenhum, nem mortal nem venial. Temos, assim, uma verdade
de fé de dois dos maiores expoentes da teologia cristã católica, um do século
quarto e outro do décimo terceiro século, que testemunham uma verdade bastante
crida em toda a Igreja.
Em termos básicos podemos afirmar
que essa constatação está de acordo com a fé na imaculada conceição. Apenas a
doutrina em si não havia sido elucidada, devido ao argumento de que isso
poderia implicar na exclusão de Maria no plano da redenção, o que não pode ser
acreditado. Por isso, Santo Tomás é explícito em negar a imaculada conceição, e
Santo Agostinho pode ter também negado, embora não explicitamente.
Embora, também, certamente tenha
sido essa a posição de Santo Agostinho e Santo Tomás, eles ensinam aí duas
verdades: Maria não pecou, mas necessitou da redenção de Cristo. Esses dois postulados
são bíblicos e defendidos pelo Catolicismo. Por isso, escreve Mark Bonocore: “No entanto, o que NÃO era uma matéria de debate era a
impecabilidade de Maria”[1].
E afirma que o debate tinha a ver quanto ao momento em que essa impecabilidade começou.
De fato, Maria nasceu de pais que tinham o pecado original, diferentemente de
Cristo que foi gerado pelo Espírito Santo nela, que já havia sido redimida. Cristo
é o único absolutamente SANTO, por Sua própria natureza de Deus, e por Sua
geração e nascimento virginais. A virgem Maria teve outro motivo para isso, e a
respeito do momento dessa santificação foi o que durou séculos para ser
definido.
Cremos no desenvolvimento da
doutrina. Desenvolvimento não quer dizer invenção ou nascimento de uma doutrina
depois da era apostólica. De fato, os apóstolos ensinaram a imaculada
conceição, em princípio, ainda que nunca tenham, por certo, usado o termo ou
falado dela diretamente. Assim, a doutrina é apostólica por estar no depósito
da fé deixada pelos apóstolos.
O mesmo pode-se afirmar sobre a
trindade. Não esperaríamos ver nas páginas sagradas os apóstolos ensinando o conceito
completo da trindade, ou pronunciando o termo trindade, pois certamente não fizeram
isso, conforme os modelos de hoje. No entanto, no registro santo de Deus na
Bíblia essa doutrina é de origem apostólica, e foi definida no ano 325,
enquanto a imaculada conceição veio a ser definida em 1854. As circunstâncias
históricas explicam os motivos desses pronunciamentos.
Poderíamos pensar também da
seguinte forma: não há na Bíblia nenhum ensino contrário à trindade, como fazem
muitos esforçando-se por mostrá-lo, e ninguém encontrará os apostólos pregando
um sermão sobre isso, da mesma forma que não verão qualquer apóstolo negando
essa verdade. Aliás, ainda assim isso não é o argumento do silêncio, pois a
doutrina pode ser vista nas afirmações que a Bíblia faz a respeito do assunto.
Igualmente, nenhum leitor encontrará
na Bíblia um sermão completo sobre a imaculada conceição, mas, por outro lado,
não achará um só apóstolo negando esse ensino. Também aqui não há espaço para o
argumento do silêncio, pois das asserções feitas na Bíblia é entendido que a
doutrina está lá.
Diríamos que, da forma como a entendemos
hoje, nenhum apóstolo nem Santo Agostinho e Santo Tomás, nega a doutrina da
trindade ou da imaculada conceição Maria.
Glória seja dada a Deus para todo o sempre.
Gledson Meireles.
Poderia aborda esse artigo?
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