terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Santo Agostinho e a imaculada conceição de Maria

O Dr. Joe Mizzi argumenta que santo Agostinho não cria na imaculada conceição de Maria. Isso pode ser visto no artigo Immaculate Conception and the Church Fathers. O artigo foi traduzido em um blog protestante reformado, especializado em Catolicismo Romano, e que avalia o Catolicismo a partir da perspectiva bíblica conforme entendida pela teologia Reformada. A tradução pode ser lida no artigo  Agostinho e a imaculada conceição de Maria.
O tradutor escreveu uma nota para mostrar que a afirmação dos apologistas católicos quanto ao fato de Santo Agostinho crer na imaculada conceição não procede, pois o mesmo “cria que Maria não pecou durante a vida, porém, ela não foi preservada do pecado original, compartilhando com toda a humanidade da necessidade da redenção que há em Jesus Cristo.
O artigo faz justiça ao fato que Santo Agostinho ensinou que a virgem Maria não cometeu pecado em toda a sua vida o mesmo que é ensinado também por Santo Tomás de Aquino, que afirma que Maria não cometeu pecado nenhum, nem mortal nem venial. Temos, assim, uma verdade de fé de dois dos maiores expoentes da teologia cristã católica, um do século quarto e outro do décimo terceiro século, que testemunham uma verdade bastante crida em toda a Igreja.
Em termos básicos podemos afirmar que essa constatação está de acordo com a fé na imaculada conceição. Apenas a doutrina em si não havia sido elucidada, devido ao argumento de que isso poderia implicar na exclusão de Maria no plano da redenção, o que não pode ser acreditado. Por isso, Santo Tomás é explícito em negar a imaculada conceição, e Santo Agostinho pode ter também negado, embora não explicitamente.
Embora, também, certamente tenha sido essa a posição de Santo Agostinho e Santo Tomás, eles ensinam aí duas verdades: Maria não pecou, mas necessitou da redenção de Cristo. Esses dois postulados são bíblicos e defendidos pelo Catolicismo. Por isso, escreve Mark Bonocore: “No entanto, o que NÃO era uma matéria de debate era a impecabilidade de Maria[1]. E afirma que o debate tinha a ver quanto ao momento em que essa impecabilidade começou. De fato, Maria nasceu de pais que tinham o pecado original, diferentemente de Cristo que foi gerado pelo Espírito Santo nela, que já havia sido redimida. Cristo é o único absolutamente SANTO, por Sua própria natureza de Deus, e por Sua geração e nascimento virginais. A virgem Maria teve outro motivo para isso, e a respeito do momento dessa santificação foi o que durou séculos para ser definido.
Cremos no desenvolvimento da doutrina. Desenvolvimento não quer dizer invenção ou nascimento de uma doutrina depois da era apostólica. De fato, os apóstolos ensinaram a imaculada conceição, em princípio, ainda que nunca tenham, por certo, usado o termo ou falado dela diretamente. Assim, a doutrina é apostólica por estar no depósito da fé deixada pelos apóstolos.
O mesmo pode-se afirmar sobre a trindade. Não esperaríamos ver nas páginas sagradas os apóstolos ensinando o conceito completo da trindade, ou pronunciando o termo trindade, pois certamente não fizeram isso, conforme os modelos de hoje. No entanto, no registro santo de Deus na Bíblia essa doutrina é de origem apostólica, e foi definida no ano 325, enquanto a imaculada conceição veio a ser definida em 1854. As circunstâncias históricas explicam os motivos desses pronunciamentos.
Poderíamos pensar também da seguinte forma: não há na Bíblia nenhum ensino contrário à trindade, como fazem muitos esforçando-se por mostrá-lo, e ninguém encontrará os apostólos pregando um sermão sobre isso, da mesma forma que não verão qualquer apóstolo negando essa verdade. Aliás, ainda assim isso não é o argumento do silêncio, pois a doutrina pode ser vista nas afirmações que a Bíblia faz a respeito do assunto.
Igualmente, nenhum leitor encontrará na Bíblia um sermão completo sobre a imaculada conceição, mas, por outro lado, não achará um só apóstolo negando esse ensino. Também aqui não há espaço para o argumento do silêncio, pois das asserções feitas na Bíblia é entendido que a doutrina está lá.
Diríamos que, da forma como a entendemos hoje, nenhum apóstolo nem Santo Agostinho e Santo Tomás, nega a doutrina da trindade ou da imaculada conceição Maria.

Glória seja dada a Deus para todo o sempre.

Gledson Meireles.


[1]

Um comentário:

  1. Poderia aborda esse artigo?

    http://respostascristas.blogspot.com.br/2016/05/os-pais-da-igreja-e-imaculada-conceicao.html?m=1

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