O pastor presbiteriano, reverendo
Hernandes Dias Lopes, em sua apresentação sobre a “Idolatria: uma prática enganosa” (vídeo que pode ser acessado neste
link), afirma a
proibição de “prostrar-se diante de um ídolo”,
mesmo que imaginário, de tributar culto e veneração a essas obras como se fosse
o próprio Deus.
Consequências gravíssimas são advindas da
idolatria, pois quebra o primeiro e o segundo mandamentos de Deus, não terás
outros deuses e não farás para ti imagens de escultura. Nenhum cristão iria
opor-se a isso.
Nesse momento, ocorre a primeira
quebra do pensamento bíblico: o reverendo divide o primeiro mandamento em dois,
e afirma que o segundo é a proibição de imagens de escultura. Sendo assim, a
proibição torna-se absoluta: não se pode fazer, nem ter, nem expressar qualquer
gesto de reverência para com elas. Como calvinista, ele certamente pensa que
toda imagem é um ídolo. Calvino, por exemplo, tinha até mesmo um crucifixo na
conta de ídolo. É um absurdo, mas ele ensinou isso. De fato, embora afirmando
que a imagem não é nada, em si mesma, “há algo por trás dela”, ou seja, Satanás,
(ou um demônio) estará ali sempre enganando o cristão que à imagem se achegar. a)
No final, está anatematizando as imagens em seu uso, absolutamente, nas
igrejas. Não é isso que a Bíblia ensina.
Afirma ainda, o reverendo, que a
Igreja cristã foi “eivada, tomada e assaltada pela
questão da idolatria”, e passa a falar sobre os anos após 313. Afirma
que o paganismo entrou na Igreja, que essa “desviou-se
da sua fidelidade à Palavra de Deus, e distorceu o culto a Deus, que deva ser
espiritual”. Então, passa a falar da Reforma que veio para corrigir esse
desvio, que o culto deve ser bíblico, em espírito e em verdade. b) Em outras
palavras, não há espaço para nenhuma imagem nas igrejas protestantes, segundo o
parecer Reformado expresso pelo reverendo Hernandes.
Entre as provas da suposta “idolatria”,
ele cita o feriado de 12 de outubro, em que é venerada a imagem pescada no rio
Paraíba do Sul em 1717, e que essa imagem é padroeira do Brasil, ou protetora
do Brasil.
“E esta
imagem foi colocada dentro de um santuário, e esta imagem é chamada de
padroeira do Brasil. Em outras palavras, protetora do Brasil. A pergunta é:
será que uma imagem que é pescada dentro de um rio, e é colocada num santuário,
que foi feita por mãos humanas, perecível, que recentemente foi quebrada por um
iconoclasta, e depois restaurada, e colocada numa redoma de vidro, pode ser de
fato protetora da nação brasileira. Será que nós não estamos cometendo um
gravíssimo pecado contra Deus, abandonando a confiança no Deus todo-poderoso,
criador dos céus e da terra, sustentador da vida, o único Deus poderoso pra
salvar, e colocando a nossa confiança numa imagem que não pode proteger a si
mesma, colocando essa imagem como protetora do Brasil? Este é um grave erro,
este é um grave pecado, que atrai sobre a nação brasileira a ira de Deus, que
distorce a realidade bendita do culto espiritual que nós só devemos a Deus”.
O pastor afirma que o culto à padroeira Nossa Senhora Aparecida é dado “à
imagem”. Em toda a sua apresentação ele diz isso. Tratando-se de alguém versado
em Teologia, a afirmação é grave, e deve ser refutada.
Informação com o essa é feita por
Adelson Santos, em uma obra contra o Catolicismo, que afirma que as imagens têm
igrejas construídas para elas. Assim, os protestantes veem as imagens como
entidades separadas daquilo que elas representam, e as anatematizam. Primeiro,
reconhecem que são apenas matéria, mas que há algo influenciando-as, como os
demônios. Depois, afirmam que elas recebem “dos católicos” o culto em si
mesmas, as orações são “para elas”, os templos construídos são para elas, as
promessas são para elas, o culto é todo para elas. Enfim, em específico, é a
imagem que foi encontrada no rio Paraíba, em 1717, que é a “padroeira” – “protetora”
do Brasil, na mente dos protestantes, em considerável número, como está provado
nas opiniões do reverendo Hernandes Lopes e Adelson Santos. c) As imagens são
explicadas como realidades em si, por esse motivo, e não como representando os
protótipos. Essa posição não é aquilo que ensina o Catolicismo.
Afirma, ainda, que veneração e
adoração são sinônimos; que Deus proíbe o povo fazer imagens de escultura, e
não aceita um culto por intermédio da imagem. O culto precisa ser espiritual
porque Deus é espírito. Dessa forma, não aceitam que haja diferença de culto no
coração do fiel, nem que há imagens lícitas, pois no final afirmam o que vemos
com frequência: Deus proíbe imagens. Há a possibilidade de que, ainda, quando
refutados pelos argumentos bíblico-teológicos e da razão, apelam para alguma
revelação, um sonho, uma visão, afirmando que imagens são do demônio.
Outra fonte em que as imagens
sagradas são atacadas, é o artigo que tenta refutação dos argumentos católicos,
encontrado aqui,
e merece uma atenção também.
Prostrar-se diante de uma pessoa, tudo bem.
De imagens, não!
“... os
católicos fazem amplo uso das passagens veterotestamentárias onde uma pessoa se
curva diante de outra em sinal de reverência, como se isso fosse a mesma coisa
de se prostrar aos pés de uma imagem de pau e pedra e cultuá-la ...”
Era penas cultura, não “prestação de culto”
Se o costume antigo dos
cumprimentos eram feitos com a prostração, por que Pedro rejeitou o que fez
Cornélio? Estaria rejeitando ser cumprimentado? Pois, uma vez que a forma usual
era aquela, não teria motivo opor-se a ela. Como foi feita a distinção por
Pedro entre o mero cumprimento e o gesto de adoração?
De Cornélio afirma o artigo: “Ele
se prostrou pensando que aquilo era simplesmente um gesto respeitoso, uma
“veneração”, como diriam os católicos.” Certamente, não.
Para explicar isso, devemos ter
cuidado para não contradizer o texto bíblico, nem introduzir princípios que ele
não tem. Assim, São Pedro deve ter entendido, por algo que Cornélio fez e – ou falou,
pois logo afirma que ele também era homem. Cornélio certamente ultrapassou o
simples gesto de honra para um homem de Deus, um apóstolo, e fez o que só
poderia ser dirigido a Deus. Tendo percebido isso, São Pedro pode teria
rejeitado sua veneração exagerada. Assim, “não foi simples cumprimento”, “nem
foi uma veneração correta”, que é justificável. Assim, Cornélio pode não ter
tido Pedro como um “deus”, pois era piedoso, justo, temente a Deus, monoteísta,
mas pensou-o em termos que não são aplicáveis aos santos, mas só a Deus, e foi
corrigido por Pedro.
O que importa é o que “se faz” com as
imagens, e não elas em si
Deus curava quando alguém olhava
uma imagem. (cf. Nm 21,8) Sabendo que aquela bênção da cura vinda através de um
gesto para com uma imagem de escultura era um “perigo” para aquele povo tão
inclinado à idolatria, ainda assim Deus não evitou usar desse artifício. É a Sabedoria
infinita que devemos imitar. Sabemos que, mais tarde, houve realmente idolatria
diante da serpente de bronze, mas isso somente ocorreu quinhentos anos depois,
ou seja, mais de dez gerações após o tempo de Moisés. Antes daquilo, os povos
mantiveram a serpente de bronze, conservaram-na no acampamento. Ela foi objeto
de instrução durante gerações, lembrando o que havia ocorrido. Isso é
veneração.
Então, vem a afirmação: “Os
católicos cultuam as imagens que representam os santos? Sim. Os católicos se
prostram diante dessas imagens? Sim. Então estão praticando idolatria.”
Adoração pode ser até “sem intenção”
“... pois, como vimos,
Cornélio adorou Pedro sem intenção e João adorou o anjo sem intenção... ”
E para ficar mais claro esse
sentido, vemos o seguinte: “qualquer imagem que seja objeto de culto e que se prostrem diante
dela, o que biblicamente é considerado adoração”.
(ênfase no original)
O caso de Pedro foi explicado
antes. Quanto ao caso de São João e o anjo, certamente o anjo percebeu
perfeitamente, por ser espírito, que São João estava ultrapassando a medida
certa da veneração. Pode ter também querido mostrar humildade, elevando São
João em honra, por ser servo de Deus, como ele.
“A gente morre de medo se parecer com qualquer coisa que cheire e
que tenha algum ranço de Catolicismo, não é verdade?” (Mauro Meister.
Pode ser conferido aqui.)
Considerando as imagens como
coisas que estão fora da Palavra de Deus, refere-se ao “medo da idolatria”.
Mas, afirma que a idolatria não está na imagem, nem no santo. Está no idólatra.
Correto.
Mas, ainda assim, um típico
protestante não irá querer uma imagem de jeito nenhum! Se afirma que entendeu o
princípio, então está aí a sua auto-refutação! Ele afirma ter aprendido para
negar, que esse foi o caso, logo em seguida.
Gledson Meireles.
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