segunda-feira, 9 de maio de 2022

John Armstrong, O Mistério Católico, comentário do capítulo 1

Comentário do capítulo 1, do livro:


O Mistério Católico, John Armstrong, 2019.

 

Capítulo 1


A Santa Igreja Católica

 

Jonh Armstrong inicia seu primeiro capítulo abordando o credo apostólico, crido por católicos e protestantes. Afirma, um pouco adiante, que nem tudo está no credo, como por exemplo, a doutrina da graça de Deus e a autoridade da Escritura. Esse cristianismo simples, como chamou C. S. Lewis, expresso no credo, pode-se dizer, une então católicos e protestantes.

Nesse ponto, já se pode notar uma coisa importante. Aqueles que afirmam que a Igreja Católica afastou-se da verdade, que é uma “falsa igreja”, que coloca o magistério acima da Igreja, que tem a Bíblia como acessório, que os católicos não servem a Deus e não têm comunhão com Deus, que são afirmações tipicamente anticatólicas, o que é compreensível, mas que deve ser estudado, analisado, criticado, visto à luz da Bíblia Sagrada, e respondido a quem pensa assim, para que possa ser auxiliado em algo importante para a fé, que aprenda algo mais da verdade católica, e assim, talvez, se torne menos anticatólico, e, se Deus assim quiser, com Sua graça, se torne cristão católico.

Se o credo é rezado pelos católicos, crido com todo o coração, e é o resumo fiel da doutrina apostólica, o conjunto das verdades fundamentais da fé cristã, e que testemunha, nesse ponto, uma unidade básica dos cristãos católicos e protestantes, então as afirmações anticatólicas perdem sua razão. Ou perdem a razão pelo menos em grande parte. A não ser que os defensores dessa posição afirmem que “outras” doutrinas católicas façam do catolicismo outra religião, etc., e que anulem essa unidade que possuem nas doutrinas defendidas nos antigos concílios. Do contrário, já se percebe um problema com essa visão.

Mais, ainda, conforme o estudo da fé católica, vemos que as demais doutrinas católicas são todas bíblicas, cem por cento, e isso por si já mostra o quanto a Igreja que Jesus fundou continua no Caminho, que é o próprio Senhor Jesus Cristo.

Depois, John Armstrong explica a fé na santa Igreja Católica, que o protestante deve ter. De fato, o protestante se assusta com a linguagem, até mesmo se recusa a professar essa fé, e então isso deve ser aprendido, já que Cristo fundou a Igreja, para todos, e por isso ela é católica.

Enquanto há a ideia de que o termo católico começou a ser usado para distinguir a Igreja Católica apenas a partir de 1054, com o cisma entre a cristandade oriental e ocidental, o autor, John Armstrong, diferentemente, afirma que a palavra Católica foi a forma usada para distinguir-se do Protestantismo, depois da Reforma Protestante.

Mas, na verdade, não é exata nem uma coisa nem outra, pois o termo é antigo, e começou certamente a ser usado na era apostólica, e aparece em documento do início do segundo século, com Santo Inácio, na epístola aos Esmirnianos, referindo-se à Igreja como Igreja Católica. A história mostra que esse nome distinguia a Igreja fundada por Jesus de outros grupos, que se separavam dela, que eram as heresias, as seitas, e que não tinham comunhão com a Igreja, e não eram universais, também por isso. Essa qualidade da Igreja é também seu nome, em sua essência doutrinal.

O autor trata da unidade da Igreja desenvolvida nos primeiros cinco séculos, na igreja histórica. Certamente, está aludindo aos primeiros concílios ecumênicos que lançaram as bases da fé cristã, conforme a doutrina bíblica, diante das heresias que surgiam. Essa posição é compreensível, mas não deixa de ter certas nuances que devem ser conhecidas por aquele que deseja conhecer melhor a fé católica, ou mesmo, tornar-se católico, caso já que tenha o suficiente do conhecimento para tal.

É preciso notar, que esses concílios que defenderam a fé, estão em um tempo em que a maioria dos protestantes afirma que a Igreja estava afastando-se da verdade, adotando heresias, imagens, veneração a relíquias, santos, Maria, uso de incenso, velas, crença no purgatório e etc.. Obviamente, essas são todas doutrinas bíblicas, mas que não são aceitas no Protestantismo, e que eram todas cridas nesses primeiros séculos, o mesmo período onde a verdade foi firme e luminosa, combatendo erros e heresias.

Ainda que os protestantes não creiam em todas essas doutrinas, o autor afirma que Deus, por Sua providência, estava governando a Igreja naqueles concílios, que combatiam erros e heresias internas, visto que a Igreja zelava por sua unidade essencial em ensino e vida, conforme termos usados pelo autor. O fundamento foi estabelecido pelos concílios e credos. Entretanto, todas as demais doutrinas da fé cristã também estavam ali ensinadas.

Contudo, como afirma o autor, muitos têm adotado, nos últimos anos, outras doutrinas, e negado partes do credo, referindo-se mesmo a ministros católicos. Ele aponta essas mudanças em relação a doutrinas tão fundamentais que unem católicos e protestantes. Isso é verdade, faz parte das influências das doutrinas modernas, nesse caso, e da perda da fé.

Em uma tentativa de comparação entre a unidade protestante com a unidade católica, citando Mark Noll, historiador protestante, que afirma que o catolicismo tem unidade estrutural, e usando apenas essa qualidade da unidade católica, basta pensar que os apóstolos e anciãos, com sede em Jerusalém, mantinham a unidade em toda a Igreja, que estava unida na fé apostólica. Isso continua na Igreja Católica. É bastante simples.

Obviamente, como Noll afirma, é possível que muitos católicos encontrem outros católicos com os quais possuem pontos de divergências tão sérios que se tornam mais divididos do que em relação a certos protestantes. Mas, ainda assim, a unidade católica é superior, basta dar uma olhada.

Quando os protestantes reconhecem, pelo menos, os primeiros concílios, estão em unidade, nesses pontos, com a Igreja Católica, que foi a responsável por eles, pela defesa da fé, inclusive naqueles concílios ou sínodos regionais ou locais que trataram do cânon da Bíblia.

O conselho que John Armstrong dá aos católicos, que devem entender que os evangélicos continuam a crer na antiga fé da Igreja, como os reformadores quiseram manter-se firmes na fé dos concílios e da Igreja antiga, é bastante compreensível, mas é verdade, porém, que muitas diferenças existem, e que são sutis, muitas vezes, como entre a doutrina católica e a reformada, como mostram muitos artigos desse blog. E, mais. Os protestantes precisam entender de fato que doutrina apostólica está na tradição, e que é crida na Igreja Católica desde os dias de Cristo.

Os reformadores quiseram continuar “católicos”, pois acreditaram estar no caminho certo, que a reforma que propunham era a única solução. O autor tenta mostrar, em outras palavras, é o que estava em disputa, o que mudou, se ainda importa o mesmo a ser questionado, e como o diálogo pode ser feito, com maior compreensão e tolerância.

Pelo que foi dito acima, o protestante já pode preparar-se para refletir sobre a unidade da Igreja nos primeiros dias, como deixada por Cristo na terra, como governada pelos apóstolos, sob a luz do Espírito Santo, e como os primeiros concílios estabeleceram os fundamentos que fazem parte do tesouro da fé cristã, e que são concílios cridos pelos protestantes, enquanto que agem diferentemente em relação ao cânon da Bíblia, às imagens, à virgem Maria, aos santos, às relíquias, aos mortos, etc., coisas que foram igualmente ensinadas nas obras dos padres da Igreja e até mesmo em sínodos e concílios dos primeiros séculos. É o preparo para início do estudo.


Gledson Meireles.


Um comentário:

  1. Olá, Gledson!

    Parabéns por se dedicar à propagação da fé católica!

    Pena que seu blog tenha poucos comentários...

    Abraços.

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