sábado, 19 de dezembro de 2015

Tertuliano e a tradição

Tertuliano viveu na segunda metade do século 2º, e primeiras décadas do século 3º. Portanto, estamos em uma época bastante próxima da era apostólica. Escrevendo contra as heresias, Tertuliano deixa algumas indicações quanto a forma de combater as heresias, e o entendimento da tradição católica.

No capítulo 20 de sua obra Prescription Against the Heretics, Tertuliano afirma que a tradição é uma das características das igrejas, as quais, todas elas, que formam uma única Igreja. Os apóstolos: “Eles então, da mesma maneira, fundaram igrejas em cada cidade, das quais todas as outras igrejas, uma após a outra, derivaram a tradição da fé, e as sementes da doutrina, e estão todo dia derivando-as, para que elas tornem-se igrejas”. Entende-se, portanto, que a tradição é fechada com os apóstolos, e que as igrejas subsequentes não são fontes, ou criadoras de tradição, mas que derivam a tradição das igreajs apostólicas, como órgãos de transmissão dessa tradição ao longo do tempo. E continua, no capítulo 21, que: “Disso, portanto, nós elaboramos nossa regra”, referindo-se à regra de fé.
No capítulo 28 temos uma das mais claras de suas asserções quanto à tradição apostólica. Ele afirma: “Erro de doutrina nas igrejas deve necessariamente ter produzido várias questões. Quando, no entanto, aquilo que é depositado, entre muitos, é encontrado como um e o mesmo, não é o resultado do erro, mas da tradição. Pode alguém, então, ser descuidado o suficiente para dizer que estavam em erro quem transmitiu a tradição?” Quem ousa afirmar, segundo Tertuliano, que um dado da fé está errado, daquilo que é legitimamente aceito na Igreja, esse é descuidado, em outras palavras, imprudente.
Vemos que Tertuliano mostra que a Igreja tem a possibilidade, desde o seu início, de ter em seu meio erros de doutrina, e que muitos desses erros foram ocasiões de debates, de controvérsias, das “várias questões”, como escreve. No entanto, há uma regra elementar para reconhecer entre as várias tradições antigas aquela que é a tradição apostólica, a qual é Palavra de Deus e transmite necessariamente a verdade. Segundo Tertuliano, quando há uma concordância geral, em questão de doutrina, na fé da Igreja, esse resultado não é um erro. De fato, com esse pensamento Tertuliano exclui a possibilidade de que no consenso da Igreja possa haver erro. E conclui que esse resultado é o da tradição. Essa é a tradição apostólica, que entre muitas opiniões que pode ter surgido, entre debates de discussões teológicas, quando algum item doutrinal tem o sentido único reconhecido, e é idêntico na interpretação geral da Igreja.
Desse ensino de Tertuliano, nessa pequena porção de sua obra, pode-se ver que a tradição é regra de fé, tem o fundamento nas igrejas apostólicas, que formam uma só Igreja, e que o sinal de sua identidade é o consenso geral, quando “aquilo que é depositado, entre muitos, é encontrado como um e o mesmo”.
 
(traduções com auxílio do google translator)
 
Prescipion against heretics. Disponível em: newadvent.org
 
Gledson Meireles.

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