domingo, 5 de março de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma: sobre a essência do ser humano ser pó e cinzas

Será que o ser humano é essencialmente pó e cinzas? 

Diferentemente de Deus e dos anjos, o ser humano é formado da terra, mortal, e portanto volta ao pó da terra, é pó e cinzas. Isso não afeta em nada a doutrina da imortalidade da alma, já que se refere à separação da alma e do corpo, o que não acontece com Deus e com os anjos.

A doutrina católica não ensina que o homem é uma alma imortal presa em um corpo mortal, pois isso é doutrina grega, da filosofia platônica, e não a doutrina cristã. A doutrina católica ensina que o homem é formado de corpo e alma, uma única natureza, mas que é possível a separação dessas duas partes, constituindo a morte.

O que ocorre no Salmo 119, 25 onde a alma está apegada ao pó e no Salmo 7,5 onde, segundo o livro mortalista a alma é sinônimo de de vida e pó nessa passagem, o que não parece estar correto, já que o paralelismo é alma, vida e honra. Por isso, é dito que a honra, algo imaterial, que é concebível apenas no pensamento, já que não se pode ver a honra em si e nem manuseá-la, a honra é lançada no pó. Uma linguagem metafórica que não diz nada contra a imortalidade da alma, mas apenas diz da mortalidade e fraqueza humana.

Pegar a alma, jogar a vida na terra, e a honra no pó, é a ideia do Salmo 7,5. O livro mortalista frisou erradamente alma, vida é pó, quando deveria ver alma, vida e honra que são pegas e lançadas no pó. Tomar a alma, ação relacionada à alma, ou seja, à vida da pessoa, pisar a vida, outra ação contra a vida, lançar a honra no pó, uma ação contra a honra, tudo indicando a ação contra a pessoa em diferentes ângulos. Nada que beire a negar a imortalidade da alma.

 O argumento mortalista usou o verbo hebraico dabaq no verso 25 do Salmo 119 no intuito de ensinar que a alma é ligada à terra assim como o corpo, supondo materialidade da alma também. Mas eis que o mesmo verso no Salmo 63, 8 afirma que a alma está ligada ao Senhor, unida a Deus (דָּבְקָ֣ה  נַפְשִׁ֣י – dabeqah napsi), o que já poderia supor sua espiritualidade. Não são as passagens próprias para tratar de explicar a essência da alma, mas apenas para mostrar que não se pode apegar-se muito a certos trechos para criar argumentos que podem trazer esses problemas.

 Essa passagem do Salmo 63, 8 apenas significa que “eu estou” unido ao Senhor: “Minha alma está unida a vós, sustenta-me a vossa destra”, ou seja, eu estou unido a Vós, sustenta-me a vossa destra”, o que pode ser percebido no paralelismo no verso, onde alma equivale e eu(me), ou seja, a união da alma a Deus está dizendo do sustento que Deus dá ao servo. Nada aqui fala contra a imortalidade da alma, mas apenas uma passagem onde o verso usa o termo alma no sentido de pessoa, o que mostra que assim pode-se perceber o perigo de vida da pessoa, como no Sl 119, 25, que pode unir a alma ao pó, como também na relação espiritual com Deus, que pode unir a alma ao Senhor.

Gledson Meireles.


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