segunda-feira, 14 de março de 2022

Estudando a série de artigos: A invenção do catolicismo e do protestantismo - parte 3

 A invenção do catolicismo e do protestantismo – Parte 3

1.      Sobre o tripé e a Sola Scriptura

Uma observação sobre a afirmação de que a Igreja primitiva é “autora” dos livros do Novo Testamento e por isso deveria ter autoridade sobre a própria obra é inexata. É errônea, pode ser descartada. O Autor da Bíblia é Deus.

Também não é correto afirmar que a Igreja escolheu os livros da Bíblia é por isso possui a mesma autoridade da Bíblia por tê-la formado.

Ainda que essas afirmações foram frutos de experiência em debates com católicos, deve-se afirmar que as mesmas não estão corretas. Prosseguir com o estudo é o mais aconselhável.

Portanto, a análise dessas afirmações não é uma análise da doutrina católica, mas daquilo que foi entendido da mesma a partir de certa experiência. Isso pode ajudar no estudo.

 

3.1. A precedência da tradição oral

Um texto muito usado por todos os protestantes, para provar o Sola Scriptura, é o de Atos 17, 11, onde os judeus de Bereia são considerados crentes que examinavam as Escrituras para certificarem-se da mensagem que lhes fora pregada.

No entanto, eles não eram crentes ainda, mas recebendo a Palavra de bom coração, liam as Escrituras, do Antigo Testamento, comparando as pregações dos apóstolos com as profecias que tratam de Cristo. E assim muitos se converteram.

De fato, foi uma atitude aberta e merecida de elogios, mas não é um exemplo de cristãos colocando apóstolos à prova, o que seria um absurdo, já que os apóstolos foram inspirados, e sua mensagem é infalível.

A oralidade só teria perdido seu tempo de vigência, no tempo apostólico, caso não fosse inspirada por Deus. Mas, até o fim do primeiro século o que foi ensinado e realizado pelos apóstolos, ainda que não escrito na Bíblia, permaneceu na tradição, por obra do Espírito Santo.

 

3.2. A autoria do NT

Essa argumentação de que a Igreja tem autoridade igual ou maior que a Escritura não procede. De fato, a Igreja recebe sua autoridade de Deus, e isso é ensinado na Escritura. Assim, a Bíblia é a Palavra de Deus que está acima da Igreja.


3.3. O fechamento do Cânon

Citado os concílios de Hipona e Cartago, reconhece-se, e assim deve ser, que a Igreja formalizou o cânon através de sua autoridade, aos poucos, por meio desses concílios, que são feitos pelos bispos das regiões mencionadas. Todas as listas finais concordam com o cânon católico atual, mostrando que a questão havia alcançado o fechamento, ainda que apenas em Trento é que foi dogmatizado.

Afirmar que não era possível haver engano quanto ao cânon é ir contra os fatos, já que muitos erraram em relação a livros canônicos, lançando dúvidas sobre eles, e tendo outros escritos não inspirados como se fossem. Talvez isso seja de ajuda para o que o autor deseja expressar.

Portanto, nem todo mundo sabia, nos séculos 2, 3, 4, já que havia dúvidas, como dito acima.

Enfim, os concílios fecharam o cânon, identificando os livros santos, que vinham do período apostólico.

 

3.4. Conclusões

A tradição material guiando a Igreja nos seus acertos, somente na perspectiva material, é claro, pois Deus guiava todo processo para que a Igreja não errasse, pois um erro poderia introduzir ou tirar um livro da coleção.

Afirmar que o tripé como modelo de autoridade maior que o Sola Scriptura é o responsável por erros, não é exato.

De fato, existe certo escrutínio para averiguar a verdade doutrinal na Igreja, mas isso se dá sempre de forma guiada pelo Espírito Santo, não contradizendo a Escritura nem a tradição.

O próximo artigo estudado tratará da infalibilidade da Igreja, e comentários serão feitos sobre isso.

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