Debate sobre o cânon. Abaixo, um pouco, o que o católico e o protestante trataram sobre o cânon, e algumas observações.
Concílio
de Roma, em 382 e o concílio de Trento e o cânon bíblico
O católico afirma que no
concílio de Roma é o cânon da Bíblia é fechado. O protestante nega isso.
Vejamos os fatos e o
que se pode aprender deles.
Como o protestante
resume a história da formação do cânon, nesse debate? Assim: A Igreja começou a
discutir quais eram os documentos apostólicos.
Os primeiros pais da
Igreja usaram constantemente os livros que os protestantes têm como Bíblia
Sagrada, no testemunho informal.
O testemunho formal são
as listas de livros inspirados que começaram a ser propostas na Igreja.
Menciona Marcião, o cânon Muratoriano, Eusébio, Orígenes, que citaram listas.
Pelo século 4, acontece
que na Igreja, há a busca pela definição
do cânon, “de forma orgânica a concordar
acerca da lista que nós temos hoje no Novo Testamento”.
FATO: Havia divergência
acerca de quais eram os livros bíblicos.
Então, o cânon bíblico
não estava fechado entre os cristãos, não era de conhecimento geral, não havia
uma certeza sobre o assunto ainda. A Igreja não conhecia o cânon bíblico com
toda a certeza como a conhece hoje.
E a decisão, como foi
feita, para encontrar o cânon?
O protestante afirma “que não foi uma decisão centralizada”,
não havendo “uma instituição definindo qual
era o cânon do Novo Testamento”, mas “vários
grupos separados, chegando às mesmas conclusões acerca do que era o cânon”.
Pois bem, esses grupos
cristãos, essas igrejas locais, que estavam estudando a questão do cânon,
sempre chegavam, de forma bastante unânime, na lista que a Igreja Católica tem
hoje.
Parece que esse é o
segundo FATO.
Se nesse período os
cristãos estavam lidando diretamente com a questão do cânon e chegando à
conclusão de que o cânon católico é o correto, o que se pode concluir disso?
O cânon se impôs sobre
a Igreja, conclui o protestante. Correto. O cânon não é criação, mas uma
definição que vem de uma constatação.
Os crentes chegaram a
essa conclusão, mas, através de CONCÍLIOS, de decisões oficiais, ainda que
locais. Olha aí a autoridade da Igreja.
Então, ao afirmar que a
Igreja chegou ao cânon de “forma muito
orgânica, muito natural, sem nenhuma força impositiva sobre elas, sem nenhum planejador
central definindo qual era o cânon do Novo Testamento”, mas isso não foi
feito pelos pais da Igreja em documentos separados, mas por decisões
conciliares. E todas elas estavam demonstrando o cânon que a Igreja Católica
utiliza hoje.
E o caso do Concílio de
Roma? Qual o problema? Acreditar que ali fechou-se o cânon, argumenta o
protestante.
É FATO que de forma
decisiva, conhecida, certa, geral, o cânon não foi fechado ali, já que ainda
surgiram divisões acerca do mesmo, e a Igreja não fez um concílio ecumênico
para tratar disso. Mas, o Cânon Bíblico da Igreja de Roma era idêntico ao de Hipona
e Cartago, que foi feito mais tarde, uma concordância incrível, e do de outros
concílios também.
Assim, o fato de
existirem concílios tratando do cânon prova mais uma vez que o mesmo não era
suficientemente conhecido a ponto de fechá-lo, e ainda, que as listas que
estavam sendo produzidas são idênticas ao que a Igreja aceitou definitivamente.
Chegamos então a outro FATO importante, o cânon de Trento é o mesmo dos
concílios locais de Roma, Hipona e Cartago, por exemplo.
Ser concílio local
então não é o problema. Os vários concílios locais concordam sobre o cânon de
Trento.
Sobre chamar de papa o
bispo de Roma, Dâmaso, é “fé católica”, afirma o protestante. Mas o que muda?
Ele era um homem que estava à frente da Igreja local de Roma, como bispo, ainda
que não fosse chamado com o título exclusivo de papa. Ele tinha autoridade
reconhecida, uma certa influência singular, uma notoriedade tal que só pode ser
notada nos bispos de Roma em relação até mesmo com as outras grandes sedes.
Não há necessidade de
leitura retroativa. Basta ver a evolução do papado. Somente isso.
Não houve fechamento
total e absoluto do que era o cânon, mas quando houve, as listas eram iguais às
que esses concílios tinham definido, provando a exatidão delas. Esse é o ponto.
Não foram os documentos de escritores eclesiásticos separados que chegaram a
listas mais consensuais, embora esses documentos sejam importantes, mas os concílios.
O que Yves Congar e a
Enciclopédia falam do Concílio de Trento muda alguma coisa? É verdade que o
Concílio de Trento, respondendo ao Protestantismo, que estava introduzindo
mudança no cânon, teve de definir mais uma vez, agora dogmaticamente para toda
a Igreja, o cânon bíblico, igual às listas de autoridade antigas, de Roma,
Hipona, Cartago, etc.
Tudo o que está acima
prova qual era o cânon bíblico, e que não era o dos judeus, para o Antigo
Testamento.
São Jerônimo distinguiu
entre livros, mas isso não foi sua opinião final, e Santo Agostinho, seguindo o
parecer geral da Igreja, prova isso.
De fato, Lutero não
tirou o livro de Tiago.
E a decisão
Protestante, de Lutero, que pensou que a Igreja havia deturpado o cânon, foi
uma inovação, tirando livros. Por isso, o Concílio de Trento definiu o que os
antigos concílios haviam definido.
Quando se diz que o
concílio de Roma definiu o cânon se deve ao fato de que a partir daí não mais
mudou a lista. Não foi somente o Concílio de Trento que reconheceu os
protocanônicos e deuterocanônicos.
Mas, se os concílios não
criam novas coisas, o que é verdade, e o protestante reconhece aqui, então
Trento estava concordando com o que havia sido ensinado antes e etc.
Qual foi o concílio que
errou? Qual o que chegou a uma lista de livros inspirados de forma errada? Onde
começa o processo de afastamento? Não há tal fato.
Nunca ter tido decreto
oficial em concílio ecumênico quanto aos livros bíblicos até Trento é o
PROBLEMA que o protestante quer se apegar.
O fato é que os 72 ou
73, segundo diferentes forma de contar, eram usados por toda a Igreja,
unanimidade oficial, ainda que não houvesse tido uma definição dogmática. Um ou
outro cristão que discordasse foram vozes isoladas, e não o consenso geral.
Hoje pode haver quem discorde de tantas doutrinas católicas, mas o consenso geral
mostra o que é a fé da Igreja e não as vozes isoladas.
O cânon dos concílios
regionais é o cânon que os protestantes seguem?
Parece que o pastor
Yago não tratou essa questão claramente.
“Romanismo retroativo”: não. Deve-se considerar o desenvolvimento da
Igreja.
Vídeo: RESPONDENDO CATÓLICOS SOBRE
O CÂNON (React ao Santa Carona ) - YouTube
Essas questões são para
aprofundar o debate.
Gledson Meireles.
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