Uma expressão muito problemática, difícil de ser explicada por alguém que crê no mortalismo, é o texto de 2 Coríntios 5, 8. Para quem não se detém em reflexão, tal coisa passa despercebida, ou as explicações dadas são suficientes. Mas há de fato problema.
São Paulo afirma que
estar ausente do corpo e presente com o Senhor. O adventismo
observa essas afirmações como não sendo imediatas uma da outra. Ou seja, estar
ausente do corpo não levaria a estar presente com o Senhor. Isso poderia levar
um tempo.
E o que dizer do
intervalo entre a morte e a ressurreição? A doutrina católica sempre ensinou
que a alma fica em estado consciente, os mortos descansavam à espera do Senhor,
na graça, no tempo da Antiga Aliança, onde o céu, na presença imediata de Deus,
ainda não havia sido aberto por Cristo.
No Novo Testamento, a
presença dos salvos se dá após a morte ou após a purificação, que não se sabe
quanto temo dura. O fato é que a alma permanece após a morte, à espera da
ressurreição, e pode ir à presença do tribunal de Cristo e à alegria do céu
antes de voltar à vida corporal.
Os adventistas creem
que os mortos podem estar presentes com o Senhor apenas na ressurreição, quando
a mortalidade será desfeita pela vida (cf. 1 Cor 15, 23).
Mas, a mesma expressão
considerada pelo mortalismo como indicando o período de morte, é essa mesma
afirmação que denota a imortalidade da alma. O homem não deseja morrer, mas ser
encontrado vivo na vinda de Cristo (2 Cor 5, 3-4). Se São Paulo estivesse
pensando na ressurreição e não na imortalidade da alma, também, a respeito do
período entre a morte e ressureição, não poderia referir-se à vinda de Cristo
podendo encontrar uns despidos e
outros vestidos.
Os despidos são os
mortos, que ressuscitarão na parusia,
e os vestidos são os que ainda estiverem vivos e terão o “revestimento” com o
corpo glorificado. Essa é a esperança natural de todos. Portanto, o período
pós-morte e antes da ressurreição é possível estar com Cristo pela permanência
consciente da alma.
A exegese adventista
fez um trabalho interessante ao frisar a importância da ressurreição, que de
fato está no contexto, a considerar o contexto para explicar a afirmação
bíblica, mas possui certas falhas que não podem ser corrigidas por estar
compromissada com o dogma da mortalidade da alma, que não pode ser mudado no
adventismo, porque isso implicaria em afirmar um erro doutrinal sério de Ellen
White. E 2 Cor 5, 8 requer que isso seja revisto.
Não se trata de um
adventista apenas afirmar que o entendimento bíblico da IASD sobre o tema é
profundo e bem estabelecido, pois com novas luzes e maiores estudos isso
poderia ser mudado, caso provado alguma falha de interpretação, de acordo com o
Sola Scriptura. Mas, uma vez que a interpretação
adventista chegou ao fim com a confirmação de uma visão sobre a mesma pela
profetisa Ellen White, afirma-se que a interpretação é decisiva. Portanto,
provando-a errônea, é necessário fazer ajustes em outras áreas também.
Considerando, para o
artigo acima, o livro Questions of
Doctrine, Question 41.
Gledson Meireles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário