Resposta ao capítulo 8 – Quando a imortalidade da alma entrou no
Judaísmo
O Antigo Testamento ensina a
imortalidade da alma, a ressurreição, o juízo e a vida eterna, mas de uma forma
menos clara que o Novo Testamento, porque a revelação é progressiva.
Assim, muito do que é dito
dos mortos se dá pela perspectiva dos vivos, pois os mortos não estão
conscientes como estão os vivos e em relação às coisas deste mundo, e não vivem
como se vive na terra, os planos e projetos cessam, e a vida entra nas trevas
da morte.
Isso não é o mesmo que
ensinar que os mortos não existem, pois o sheol
é a região espiritual dos mortos, no mais profundo abismo, debaixo da terra,
contrastado com o céu, o que não é apenas algo metafórico e simbólico, mas um
lugar onde o centro da personalidade, a alma espiritual, repousava no Antigo
Testamento. Isso pode ser ainda visto no Novo Testamento, quando se considera
que o inferno está nas profundezas.
Quando se diz que “os teólogos imortalistas mais conceituados”
ensinam que houve mudança sobre o assunto no Novo Testamento, isso está
restrito aos teólogos protestantes. Se um ou outro teólogo católico ensinar tal
tese, estará em divergência com a doutrina oficial e a tradição apostólica.
De fato, quando se diz que a
teologia católica não endossa tal tese, e que os maiores teólogos católicos em
toda a história ensinaram a imortalidade da alma, inclusive os a teologia
atual, se constata um fato. Em 1512 o IV Concílio de Latrão confirmou a
imortalidade da alma, e ali estavam os maiores teólogos corroborando a
doutrina.
Afirmar que os judeus
mudaram de fé na diáspora e em contato com a cultura helênica é uma explicação
bastante difundida no meio acadêmico, mas que não é o que se vê nas páginas do
Antigo Testamento, que mostram a forma com que a imortalidade da alma é
ensinada, diferentemente das doutrinas helênicas.
A Bíblia afirma que há um
único Deus, Javé, o Criador do céu e da terra, o Senhor dos Exércitos. Mas
também afirma que as nações possuem “seus deuses”, como aqueles que foram
adorados pelo rei Salomão após sua queda, como Astarte, dos sidônios e Melcom,
dos amonitas e Camos, de Moab (cf. 1 Reis 11, 1-8).
Embora não haja fatualmente
deuses em comparação com o único Deus, há espíritos que recebem adoração no
lugar de Deus, e os ídolos se tornam uma realidade no coração dos povos. Dessa
forma, os ídolos existem. Por isso, o Novo Testamento afirma que os demônios
recebem esse culto que é dado aos ídolos no lugar do Deus verdadeiro.
Dessa forma, como a
existência de Deus, a imortalidade da alma foi ensinada por todos os povos, sem
exceção, e isso é prova da intuição universal, que aceita sem controvérsia e
naturalmente que a alma é imortal, e isso não seria diferente com o povo de
Israel, o Povo de Deus.
Assim como todos os povos
são religiosos e afirmam a existência de Deus e de deuses, onde há sempre um
deus maior, mais poderoso, acima dos outros, o que leva aos poucos de volta ao
monoteísmo radicado no coração humano, também a imortalidade da alma está no
coração de toda a humanidade. Esses fatos são irrefutáveis. Um ponto a menos,
novamente, para o mortalismo.
Afirmar que a imortalidade
da alma foi “criada” com os órficos e popularizada por Platão (427-347 a. C.)
não é provar de onde veio a imortalidade da alma que todos os povos sempre acreditaram,
mas apenas mostrar como se deu a sistematização da doutrina, pois a mesma é
fundamentada também na razão humana.
Será mesmo que a Bíblia
afirmando que o homem é pó e cinzas está falando da essência toda da natureza
humana e negando a imortalidade da alma? Claramente não. Essa posição é
repetida mesmo por todos os cristãos que sabem, humildemente, da fraqueza da
natureza humana, que simbolizada na expressão pó e cinzas. Isso não caracteriza
a inexistência da alma imortal.
Santo Tomás adaptou o
pensamento grego com o Cristianismo, mas fazendo correção em todas as passagens
da filosofia grega que não concordavam com a revelação, visto que a Bíblia é
soberana. Assim, ensinou a criação, a natureza humana na dualidade corpo-alma
unidos e a ressurreição, o que não se encontrava no helenismo.
Ao falar de filosofia, é
certo o lugar de Aristóteles, o maior dos filósofos antigos, o que explica ser o
mais citado. Na teologia, a revelação bíblica, é claro, ilumina tudo o mais.
Então, a tese de que os
judeus da diáspora aprenderam dos gregos a imortalidade da alma, assim como
afirma “qualquer historiador que se preze”, é uma tese bastante crida entre os
acadêmicos, mas não é a que se sustenta diante dos argumentos. Quando se
demonstra que outros estudiosos negam essa afirmação, dirão que não é opinião
do povo judeu, e que os eruditos citados não valem, não são dos melhores.
Contudo, um fato natural já foi mencionado, a imortalidade da alma constante em
todas as culturas. Dificilmente se poderá provar que os judeus não criam como
os demais.
A citação da Enciclopédia
Judaica diz que é especulação a crença da imortalidade da alma, que não é
doutrina de fé, que não é ensinada nas Escrituras Sagradas “expressamente”, ou
seja, de forma clara, direta, explícita. Mas então, pode-se objetar, é ensinada
pelo menos de forma vaga.
Essa crença teria sido
adotada por meio do pensamento grego, continua a enciclopedia, com Platão, que
teve tal entendimento através dos ‘mistérios órficos e eleusianos’ que existiam
na Babilônia e Egito.
O livro de Sabedoria
ensinaria a imortalidade da alma, estranhamente, e até a “preexistência” das
almas, como sugere alguns autores, interpretando erroneamente Sabedoria 8, 20.
De fato, isso não é um ensino do livro, mas interpretações de autores sobre o
mesmo.
Então, continua a
Enciclopédia, retirando o espírito, a alma desce ao sheol, tendo vida nas
sombras, ou melhor, existência sem vida e consciência. Para isso, cita Jó 14,
21; Salmo 6, 6; 115, 17; Isaías 38, 18; Eclesiastes 9, 5.10.
A crença na vida contínua da
alma, que fundamentada o culto dos ancestrais e a necromancia, praticada mesmo
em Israel, em tempos antigos, como cita 1 Samuel 28, 13ss, e Isaías 8, 19,
teria sido desencorajada nos tempos pós-exílio.
Afirma, ainda, dessa fé na
imortalidade implícita nos Salmos, e o desejo de Jó pela vida após a morte, o
que não era uma fé real nessa verdade, mas um desejo para isso, citando Jó 14,
13.
O livro do Eclesiástico,
escrito muito depois de Platão, como a tese mortalista tende a afirmar como
sendo o momento em que a imortalidade da alma teria sido introduzida entre os
judeus, esse mesmo livro continua a usar mesma linguagem, mostrando que a
região dos mortos é o destino do homem (cf. Eclesiástico 14, 12). Mas eis que a
tese diz que nem todos os judeus tinham sido influenciados, e que o
Eclesiástico estaria mostrando isso.
Contudo, a Encliclopédia
afirma que foi com a “esperança messiânica” e com as “ideias persas” que a
crença na ressurreição forneceu a base para a contínua existência da alma sem o
corpo, citando Isaías 25, 6-8 e Daniel 12, 2, textos que tratam da ressurreição.
O livro inspirado da
Sabedoria nos textos Sabedoria 1, 5; 3, 4; 4, 1; 8, 13.17; 15, 3 é interpretado
como se ensinasse algo novo. De fato, os textos serão mostrados abaixo, para
provar que os mesmos continuam a ensinar a mesma doutrina com os demais livros
bíblicos.
Sabedoria:
1, 15: “porque a justiça é
imortal”.
3, 4: “Se os olhos dos
homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de
imortalidade”.
4, 1: “Mais vale uma vida
sem filhos, mas rica de virtudes; sua memória será imortal”.
8, 13.17: “Por meio dela
obterei a imortalidade, e deixarei à posteridade uma lembrança eterna.” E
“Meditando comigo mesmo nesses pensamentos, e considerando em meu coração que a
imortalidade se encontra na aliança com a sabedoria”.
15, 3: “Porque conhecer-vos
é a perfeita justiça, e conhecer vosso poder é a raiz da imortalidade”.
Os textos sagrados da
Sabedoria afirmam que a justiça é imortal, que a esperança dos homens é
portadora de imortalidade, que a memória de um justo é imortal, que a
imortalidade se dá por meio da lembrança eterna, que a imortalidade está na aliança
com a sabedoria, e que conhecer o poder de Deus e a raiz da imortalidade.
Difícil é ver aí qualquer
doutrina diferente do que se encontra nos demais livros. Nem mesmo a linguagem
assemelha-se à filosofia platônica. A Enciclopédia afirma ainda que não se sabe
se os saduceus negavam a imortalidade da alma.
Quanto ao texto de Sabedoria
3, 1-3, esquecem de citar o verso 7, que fala da ressurreição como toda a
Escritura que menciona a realidade da alma e a ressurreição.
Na mesma enciclopédia, o
artigo sobre a alma, do autor Kaufman Kohler, que escreveu o texto sobre a
imortalidade da alma, com Isaac Broydé e Ludwig Blau, é afirmado que textos
como Provérbios 20, 27, Jó 22, 8 e Eclesiastes 12, 7 são exemplos a doutrina da
imortalidade da alma, da ideia de uma alma desencarnada tendo sua própria
individualidade, o que seria proveniente do contato dos judeus com o pensamento
dos persas e gregos. Isso já havia sido mostrado no estudo da primeira versão
do livro A lenda da Imortalidade da alma, refutando suas alegações nesse sentido.
Por exemplo, o texto de
Provérbios diz: “O espírito do homem é
uma lâmpada do Senhor: ela penetra os mais íntimos recantos das entranhas”.
Portanto, espírito aqui não é respiração, não é energia, não é vento, não é
anjo, mas é algo no homem que “penetra” em partes mais recônditas do ser
humano, até o fundo do ser humano, sendo a inteligência, a alma do homem.
É algo que de fato mostra a
alma humana como parte distinta do corpo. É uma menção da alma imortal.
Concordando ou não com a interpretação da enciclopédia, é um fato que a mesma
admitiu a existência da alma no livro de Provérbios e outros. E, ainda, que se
houve a tal influência, esses livros teriam sido escritos nesse período.
Com isso, prova-se que a
própria enciclopédia judaica admite que no texto bíblico aparece a doutrina da
imortalidade da alma. Isso refuta o que diz o livro mortalista:
“Uma vez que Platão escreveu no século IV a.C e o
último livro do AT (Malaquias) data de um século antes, o que se conclui é que
durante todo o período de revelação do AT os judeus permaneceram mortalistas,
já que só vieram a adotar o pensamento grego mais tarde, por influência da
filosofia platônica.” De
fato, depreende-se que a enciclopédia considera os livros escritos no período
em que houve tal influência persa e grega.
Primeira refutação é,
portanto, que a própria enciclopédia admite que a doutrina da imortalidade da
alma, que teria vindo do pensamento pagão de persas e gregos, está
exemplificada em livros como Provérbios, Jó e Eclesiastes, o que o livro
mortalista nega.
Ainda que o mortalismo
concorde que a crença na imortalidade da alma entrou no pensamento judaico por
fontes tardias e pagãs, nega que isso tenha entrado no texto bíblico, pois crê
que os judeus eram mortalistas e a imortalidade da alma não seria a doutrina
correta. Assim, vê-se que a enciclopédia que afirma que a crença veio de origem
persa e grega tem sua expressão na Bíblia. Primeira refutação.
Obviamente, como mostra a
doutrina católica, a imortalidade da alma está na Bíblia, desde o início, o que
foi admitido pela enciclopédia judaica, e não tem como fonte nem o pensamento
persa, nem o grego, nem o de qualquer outro povo, mas concorda com todos os
povos nesse ponto, porque é uma verdade universal admitida em todas as culturas
e civilizações, o que contraria a posição da enciclopédia. Então, com isso
refuta-se a posição mortalista, e é corrigido esse ponto do texto citado.
Desse modo, a fé católica
corrige esse equívoco de muitos historiadores e teólogos e mostra que nas
expressões típicas da Bíblia se encontram a fé na alma imortal. Para ser mais
preciso, a Bíblia mostra que a alma continua a existir após a morte.
O livro mortalista citou a
Enciclopédia Judaica para reforçar seu argumento de que a doutrina da
imortalidade da alma foi absorvida tardiamente pelos judeus, o que a
enciclopédia afirma equivocadamente, como mencionado antes, mas não tomou conta
de que a mesma fonte considera, e com razão, que o texto bíblico já propõe essa
verdade.
Isso deve fazer com que o
autor do livro mortalista discorde desse ponto da enciclopédia, atendo-se a
outra interpretação para os textos bíblicos citados. É uma possibilidade, mas
também essa está refutada em todo o presente texto que considera cada argumento
do livro, pois a Bíblia ensina a imortalidade da alma.
Para o mortalismo a
influência pagã entre os judeus teria ocorrido após o século VI a. C., e os
livros bíblicos teriam sido escrito antes dessa influência. Mas há divergência
entre eruditos sobre o período de composição dos livros bíblicos. Os acadêmicos
não dirimem a questão.
Entretanto, Malaquias teria
sido escrito em 425 a. C., ou, conforme outros, em 443 a. C. O livro de
Provérbios é datado de 700 a. C., Eclesiastes entre 444 e 331 a. C., e Jó é
tradicionalmente considerado como escrito 16 séculos a. C., ou ainda no tempo
de Salomão, no século X a. C., encontra datações de que foi escrito no exílio
ou no pós-exílio.
Quanto ao Dr. Paul J.
Achtemeier, deve-se lembrar que não era católico. E a afirmação do jesuíta John
Mackenzie de que a imortalidade da alma em Sabedoria, como produto do judaísmo
alexandrino, estranha à crença e psicologia judaica, trata-se de uma opinião
equivocada de um filho da Igreja, que não se compara à erudição tamanha do
consenso doutrinal e teológico de toda a Igreja em toda a história, o que faz
dessa afirmação apenas mais um exemplo de opiniões de católicos que não estão
entre as afirmações católicas oficiais.
E de fato, ele errou nesse
ponto, já que o que se depreende da doutrina do livro da Sabedoria sobre a alma
é o mesmo de todos os demais livros da Sagrada Escritura.
Interessante também as
citações do Eclesiástico e Baruque, feitas no livro, já que são
deuterocanônicos, e o autor do livro concorda que eles ensinam a mesma doutrina
bíblica de sempre, e que é um testemunho de que entre os judeus da Palestina
conservou-se a doutrina da natureza humana original, que na concepção do autor
é conforme o parecer “mortalista”. Esse ponto é portanto um equívoco.
É claro que os livros
bíblicos todos ensinam a mesma doutrina, e não seria diferente Eclesiástico,
Baruque, Sabedoria, 1 e 2 Macabeus etc. No entanto, eles afirmam a existência
da alma imortal também.
A afirmação de que mesmo no
período helenístico a influência não foi total, corrobora a doutrina católica
de que os judeus não adotaram como um todo o paganismo, e por isso a tese de
que teriam adotaram a imortalidade da alma, caso isso fosse algo errôneo, sem
nenhuma controvérsia, é falha.
Ainda, mesmo que se afirme
que no século 1 da era cristã as coisas mudaram, isso não prova nada, porque as
passagens bíblicas estudadas, todas elas, estão confirmando que há dualidade no
ser humano, e os argumentos mortalistas, mesmo os melhores, ou são neutros no
debate, ou seja, as passagens são pacíficas na leitura imortalista, ou possuem
força menor, pelo menos. Muitos, porém, são fracos.
Mas, uma afirmação
mortalista contraria o que se afirmou aqui, a saber, a de que todos os povos
creram na vida após a morte, no estado intermediário, na alma imortal. A
citação é a seguinte: “Na verdade,
quase todos os povos antigos antes dos gregos e egípcios desconheciam a ideia
de uma alma imortal.”
Mas a própria citação mostra
o que já está provado aqui, e que foi mostrada acima. A crença antiga,
primitiva, era que as almas viviam no sheol,
o que é explicado não como uma “vida”, comparada à que se vive na terra, mas
uma espécie de não-vida, “sem vida e consciência”, como diz a citação, mas, o
que é importante, mantendo a existência: “a
alma desce ao Sheol ou Hades, para lá ter uma sombria existência, sem vida e consciência”.
A própria explicação de que
a alma desce ao sheol, quando o
corpo, certamente, fica na sepultura, e depois sofre corrupção e deixa de
existir como corpo, enquanto a alma mantem-se em existência sombria, prova algo
contra a mortalismo. Esse ponto importante não foi entendido pelo autor do
livro, e isso não é sem importância, mas fundamental.
A Enciclopédia Britânica
afirma que muitas culturas reconhecerem “algum princípio incorpóreo de vida
humana ou existência correspondente à alma” e mesmo nos povos pré-história
havia a crença “em um aspecto distinto do corpo e residindo nele”.
Se isso não é a doutrina
totalmente elaborada da alma consciente, com mente e vontade, existindo fora do
corpo, como encontra-se no platonismo, e se isso for o que o mortalismo está
tentando negar, é óbvio que nem todos os povos criam na alma dessa forma, mas
acreditavam que havia algo incorpóreo e que esse era distinto do corpo e
continuava a existir após a morte.
A enciclopédia afirma isso
expressamente quando estuda a imortalidade da alma no Cristianismo, afirmando
que todos os seres humanos sempre tiveram alguma noção “de um duplo sombrio que
sobrevive à morte do corpo”. No entanto, como ser mental com qualidades
intelectuais e morais, isso não se encontra em todas as culturas, mas deriva de
Platão. Afirma que essa noção passou ao judaísmo no último século antes de
Cristo.
Se todos os povos antigos
desconheciam a ideia de uma alma imortal, eles sabiam de algo no ser humano que
permanece após a morte. É esse fato que refuta o mortalismo. Não se requer que
a ideia de alma imortal esteja desenvolvida plenamente em todas as culturas,
mas é suficiente admitir que todos tinham a noção de uma parte incorpórea do
ser humano. Quando se diz que muitos povos desconheciam a imortalidade da alma
não se pode dizer que cressem que o ser humano deixava de existir com a
dissolução do corpo, mas que havia uma sombra que continua em mitigada
existência.
O sheol bíblico
assemelhava-se ao mundo subterrâneo babilônico, afirma a enciclopédia
britânica. Nada acontece lá, esse lugar assustador. Afirma então que é difícil
determinar quando a noção de alma emergiu nos escritos dos judeus. Haveria uma
doutrina Yavista, primordial, onde a não haveria uma noção de vida após a
morte, e um desenvolvimento dessa, já presenta no livro de Jó e etc.
Afirma que o problema é
parcialmente filológico, já que alma significava pescoço e garganta, depois
vindo a ser o princípio vital. O espírito era o vento, mas depois veio a
referir-se à inteligência, vontade e emoções da pessoa humana, e mesmo aos
fantasmas.
A ressurreição teria sido
desenvolvida no período helenístico. As ideais órficas e platônicas teriam
influenciado do judaísmo sobre a morte. Essas são algumas noções da complexa
história dos povos sobre a questão da morte e da imortalidade da alma.
Assim, de alguma forma, há
prova de que todos os povos creram na imortalidade da alma, ou em outras
palavras, que é o que se propõe provar aqui, que todos os povos creram na
existência da alma sem o corpo, na contínua existência de parte da
personalidade depois da morte, ainda que na escuridão da morte, no mundo das
sombras, numa existência em trevas, sem verdadeira vida, sem comunicação, como
explicou Josef Ratzinger, mas com existência, o que é diferente do mortalismo
que prega a extinção da alma com o corpo, pois não concebe que a alma possa ser
separada do corpo e menos ainda que possa existir fora dele e sem ele, e,
portanto, não concebe que possa sobreviver a isso.
Assim, temos mais uma
refutação para a posição mortalista, feita com auxílio da Enciclopédia Judaica.
Isso é um fato histórico, e não questão de opinião.
Portanto, no Antigo
Testamento não é tão claro o estado da alma após a morte, não se explica
expressamente o que se experimenta no sheol,
apenas que se trata de lugar longe de Deus, em escuridão, de repouso, sem
verdadeira vida, mas de existência. Isso é um fato inegável. Está refutado o
capítulo 8.
Então, no Novo Testamento
tudo se torna mais claro, mas explícito, e que Jesus e os apóstolos, em várias
ocasiões, mencionam essa verdade da existência e imortalidade da alma.