quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma, no tópico "Paulo insiste que Jesus está vivo"

Paulo insiste que Jesus está vivo

Ninguém que acredita a imortalidade da alma afirma que os mortos estão vivos. Não no sentido de que a morte não existe. É óbvio que em “certo” sentido afirma-se que a morte, não dando fim à existência, não põe fim à vida, e acredita-se que de certa forma os mortos estão vivos em espírito. Mas isso não muda em nada a realidade em que estão mortos aqueles que deixaram a vida física, com os corpos que vão à corrupção e que não participam de mais nada sobre a terra.

Dessa forma, São Paulo nunca iria contender com Festo para provar que Jesus estava vivo em outro lugar e de outra maneira, como vivo em sua alma, mas estava afirmando algo que ninguém concebia até os dias de Cristo, ou seja, que Cristo ressuscitou, venceu a morte, não conheceu a corrupção, e estava vivo para sempre.

 Essa ressurreição da carne é que está em pauta, e não a existência consciente em qualquer outro lugar. O próprio fato de, certamente, ser acreditado por Festo que a alma é imortal deixa claro que é a ressurreição física que faz toda a diferença aqui, e que é a fé dos cristãos que se distingue das demais.

 A afirmação: “Isso corrobora o fato de que, para Paulo, é só através da ressurreição que alguém que já morreu vive, não através de uma alma imortal que passa ilesa à morte.”, não contem prova alguma. Vamos repetir: Festo acreditava na imortalidade da alma, e ficou perplexo ao saber que se dizia que Jesus estava vivo, ou seja, que tinha ressuscitado. Então, a crença da imortalidade da alma não estava em discussão e não tinha qualquer peso nessa questão. Portanto, o que São Paulo pregava não toca nesse ponto.

 Caso Festo cresse que os mortos estão vivos, ao afirmar que Jesus está vivo ele poderia naturalmente dizer que isso era o mais normal que poderia existir. Mas, Festo ficou curioso a respeito disso. Isso está nas próprias palavras de Festo: “um certo Jesus, já morto”, ou seja, na concepção de Festo e de toda a humanidade, o morto estava morto. Era preciso saber algo mais, ou seja, conhecer o fato da ressurreição.

Mas foi afirmado: “Mas isso é inverter a proposição pela causa da proposição.” Não procede. Ao dizer que Jesus está vivo todos sabiam que se tratava em afirmar que estava fisicamente vivo, já que não havia a crença de que não existia a morte. A imortalidade da alma não nega a morte, mas é a própria explicação da morte, ou seja, de que há a separação da alma e do corpo, constituindo a morte.

De fato, se se diz que alguém está vivo já significa que não morreu fisicamente, e não que esteja consciente em sua alma. É o mais natural possível isso.

Se se diz que “a vida após a morte que estava em jogo”, que era discussão o “estar vivo”, então Festo não cria a imortalidade da alma também, e não conhecendo a ressurreição, não cria em nada, sendo total materialista. Isso é o oposto do que certamente ocorria, ou seja, Festo por certo cria na imortalidade da alma, e conhecia essa doutrina. Assim, esse arrazoado está errado.

Gledson Meireles.

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