Respondendo ao tópico: A punição precisa ser eterna porque Deus é um ser eterno?
O autor afirma que esse argumento é ainda mantido por alguns “embusteiros” que se passam por filósofos. A punição poderia até mesmo ser eterna, mas não como tormento. Por que Deus não poderia escolher a morte eterna? Então, o argumento é que Deus decidiu aniquilar os réprobos.
A premissa que é atacada seria que a punição pelo pecado estaria ancorada na idade ou magnificência do ofendido.
Outra coisa atacada é a proporcionalidade das penas no inferno. É preciso dizer que não há necessidade de tentar relativizar o período eterno, que não é possível.
Se diz, antes, das penas de cada condenado, que são eternas na duração, mas não iguais na intensidade. Portanto, é algo que já está respondido sem cair nesses problemas.
Isso já responde a objeção de que se a base é a eternidade de Deus todos deveriam receber mesma punição, o que não ocorre. A punição é de duração infinita, por ser pecado não perdoado, eterno, por ofender a Deus que é eterno, mas proporcional à falta cometida.
Afirmar que Deus decide pela aniquilação, e que a filosofia medieval não pode se impor contra isso, careceu de maiores argumentos.
Não é que a punição varie segundo a idade e magnificência do ofendido, mas essa é uma das explicações da eternidade da punição no inferno.
Obviamente, quando a teologia fala da punição como um “tormento com fogo” não se parte do nada, de alguma ideia racional apenas, mas vem já da autoridade da Bíblia, da revelação, que fala do fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos.
A teologia católica estudou esse argumento sobre a aniquilação. A principal razão para não aceita-lo é a revelação que fala da punição eterna (cf. Mt 25, 46). Mas, os mortalistas esforçam-se por mostrar inúmeros textos bíblicos que sugerem aniquilação.
Santo Tomás responde que a punição corresponde à falta em respeito à desordem na falta, não na dignidade da pessoa ofendida (S. T. Q. 99. A. 1, VI). O pecado não merece em si a aniquilação, poder-se-ia dizer.
Isso porque, continua, a intensidade da punição deveria então ser dada a todo pecado. O homem não perde o ser ou a existência por causa da desordem que há no pecado cometido, e a perda do ser não é devida a essa desordem do ato.
Explica, então, que o ser é pressuposto ao mérito e ao demérito. Certamente, o que significa que a punição é dada ao ser, e não privando o ser da existência, não aniquilando o ser. Portanto, termina concluindo que a privação do ser não pode ser punição para nenhum pecado.
Em Mt 25, 46 o “castigo eterno” e contrastado com a “vida eterna”. Isso é muito emblemático. A palavra usada nesse verso não é morte eterna, mas castigo, que pode ser tormento, privação de algo, correção.
No verso 41 Jesus fala do fogo “eterno” que foi preparado para o diabo e seus anjos, que são espíritos. Então, trata-se de um fogo espiritual, que faz sofrer mesmo os anjos, e os réprobos ressuscitados, que vão para a morte eterna, no sentido de castigo eterno. Nas duas passagens é descrito o fogo eterno e o castigo eterno como sinônimos. Então, o fogo castiga sem consumir e levar à inexistência.
Em Judas 13 está escrito que está reservado aos anjos a escuridão das trevas para toda a eternidade, e não que os anjos serão destruídos. Sabendo que Jesus fala do fogo eterno reservado para os anjos, se trata da existência dos anjos por toda a eternidade.
O mesmo afirma Apocalipse 20, 10, onde há tormento “dia e noite” pelos séculos dos séculos. Isso é patente prova da doutrina do inferno.
Gledson Meireles.
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