Cessação da existência
É verdade que os ímpios serão “destruídos”, mas apenas no sentido de condenados, não significando que deixarão de existir.
Deixam de existir na terra, enquanto os salvos duram
para sempre. Eis que os ímpios não habitarão a nova terra, mas somente os salvos.
Os condenados estarão no lago de fogo, o inferno, espiritual, que não estará na
nova criação.
Mas, os salvos irão para o céu, e também habitarão a
terra. Por isso o Apocalipse afirma que a Nova Jerusalém é a esposa do
Cordeiro. Assim, temos que essa é a Igreja celestial. Portanto, a Igreja é
simbolizada pela Cidade Santa de Jerusalém. Ela desce para a terra, tendo Deus
com Ela. Isso não pode significar que os salvos irão habitar somente a terra,
pois também significaria que Deus iria para sempre habitar a terra, esvaziando
por completo o céu.
Por isso, Jesus ensinou que dos pobres em espírito é o
Reino dos Céus e os mansos possuirão a terra (cf. Mateus 5, 1-8). Assim, temos
que os salvos possuem o Reino dos Céus e também a terra. Magnífico. Viveremos
para sempre com Deus no céu, mas também teremos a terra como nossa, podendo
usufruir de todo bem que Deus nela criou.
Contudo, as Escrituras usam palavras fortes que
denotam inexistência, aniquilamento dos ímpios, afirmando que deixam de
existir, como o citado Sl 104, 35. Mas isso tem a ver com a existência na
terra, e também na nova terra.
Uma explicação para a frase “como se nunca tivessem
existido” talvez seja o sentido adquirido da perspectiva dos salvos, pois os ímpios
serão como se nunca tivessem existido, não estarão no céu, e também não estarão
na terra. Por isso diz o texto de Isaías citado: “Ainda
que você procure os seus inimigos, você não os encontrará.”
Morte
na Bíblia significa “separação”?
Para o mortalismo a morte eterna é igual à morte física porque morte significa fim da existência. Assim, todos os que morrem caem na inexistência. A primeira morte e a segunda morte é igual em natureza na perspectiva mortalista. A diferença estaria na duração, na qual a primeira morte é desfeita na ressurreição e onde a segunda morte não tem fim.
Mas a Escritura afirma
que a segunda morte é o lago de fogo e enxofre. Isso é curioso, porque a
primeira morte não é outra coisa que o fim da vida física. Então, a segunda
morte é algo espiritual, uma condenação, um lago de fogo e enxofre, o inferno.
Por isso, a segunda
morte não é separação da alma e do corpo, pois a Bíblia afirma que a segunda
morte é o lago de fogo e enxofre.
A morte dos animais é a
separação da alma e do corpo, no sentido de que o princípio vital dos animais
sai do corpo e perece, desaparecendo, caindo em inexistência. O ser humano
possui algo diverso, por isso o livro do Eclesiastes sugere que o espírito do
homem sobe a Deus, enquanto que o dos animais desce à terra.
Se o espírito aqui
fosse apenas a energia vital que torna todos vivos, então seria que essa
energia retornaria a Deus também. Mas, em algum sentido, Deus toma o espírito
do homem para que o ressuscite no último dia, enquanto que isso não é feito com
relação aos animais. Assim, Deus não guarda essa força vital que reunirá a alma
e o corpo dos seres humanos. Dessa forma, os animais caem em inexistência.
O que Ecl 3, 19-20 está
afirmando é que os animais e os homens morrem igualmente e sofrem a corrupção
voltando ao pó, da mesma forma. Também, afirma que o espírito que vivifica
ambos é o mesmo, ou seja, essa força vital de Deus que dá vida á criação.
No entanto, como
explicado, o livro em Ecl 12, 7 afirma que o espírito do homem retorna a Deus.
Isso mostra que há algo no homem que o diferencia do animal, fazendo com que o
ser humano possa ter existência após a dissolução do corpo.
Então, afirma o sagrado
livro do Eclesiastes: “Quem sabe se o
sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto e o sopro de vida dos
animais desce para a terra?” (cf. Ecl 3, 22).
Isso mostra que ninguém
sabia responder a isso. Ninguém poderia afirmar diferença essencial entre
homens e animais. Não se poderia saber o que acontece com o espírito de ambos.
Mas, eis que em 12, 7 isso é respondido, como já ficou claro no tópico que
trata diretamente desse assunto do Eclesiastes.
Por isso, a alma do ser
humano permanece, e será reunida ao corpo pelo espírito de Deus na ressurreição.
As almas dos animais são criadas com seus corpos, a partir de seus corpos, e
não como o homem, que teve seu espírito criado dentro do corpo. Os animais que
não possuem alma imortal, e que têm o espírito de vida cessando de existir com
eles, pois esse espírito “desce à terra”, não podem ressuscitar. Isso é
hermenêutica e exegese bíblica.
Então, os mortalistas
que criticam a imortalidade da alma e citam bastante o conceito platônico para
alma e para a morte, gostam de afirmar que a alma “se liberta” do corpo na morte, o que não é
conceito cristão, mas da filosofia grega.
Assim como Samuel
aparece à necromante, como subindo da terra, em seu espírito, e em Isaías 14
vimos que a alma do rei desceu para o sheol e o corpo ficou fora da sepultura,
e na parábola do rico e Lázaro ambos morrem e o mendigo é dito ser levado ao
seio de Abraão, algo que ocorre antes do juízo final, e portanto, antes da
ressurreição geral, temos que a morte significa separação do corpo e da alma.
Gledson Meireles.
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