Segue refutação do respectivo tópico.
Entender como mais uma evidência a imortalidade da alma na aparição de Moisés é utilizar o verso fora do contexto? Não, por tudo o que já está sendo provado nesta refutação.
Mesmo que sabendo que Elias antes estava no céu, o apóstolo São Pedro, sem pensar bem no que estava propondo, sugeriu construir tendas, inclusive para Elias. Então, ainda que pensasse em Moisés como apenas uma alma aparecendo ali, não é prova contra a existência da alma o pensamento de construir uma tenda, já que se tratava de um momento singular, e onde os pensamentos não estavam fluindo muito claramente, de forma a não raciocinar sobre esses pormenores, ou seja, construir algo material para abrigar espíritos e corpos glorificados através com a materialidade comum das coisas terrestres.
Assim, da mesma forma que seria absurdo pensar em abrigar uma alma, é igualmente desnecessário construir abrigo para um homem glorificado, que não está preso ao mundo físico. São Pedro não pensou nisso, então, não há qualquer objeção contra a imortalidade da alma, como não há contra a glorificação dos corpos. Não se exige na passagem a ideia de que Moisés estivesse ressuscitado.
Terá sido Moisés ressuscitado, como ensinam os adventistas? O autor tenta provar isso por meio da Bíblia, numa inferência formidável. Será que consegue? Vejamos.
Pelo que foi afirmado, parece sugerir que o arcanjo Miguel veio ressuscitar Moisés, desenterrando-o, após não se sabe quanto tempo, e que o Diabo veio para tentar impedir isso, querendo para si o corpo de Moisés. Pensando dessa forma, não parece ter sido muito após o sepultamento. Talvez até, segundo pensamento hebraico, fosse antes dos quatro dias, entre o primeiro e o terceiro.
Dessa forma, Deus teria sepultado Moisés para esconder sua sepultura, e no mesmo dia mandando ressuscitá-lo, ou um ou dois dias após. De fato, ao se pensar que a ressurreição semelhante à de Lázaro, que ainda tinha seu corpo no sepulcro. Do contrário, tratar-se-ia da ressurreição como se dará no juízo final, recriando o corpo já desfeito no pó da terra. Tudo isso é bastante estranho, não é inferência do texto bíblico, mas suposições das explicações mortalistas.
Diga-se de passagem que a ressurreição de Maria é símbolo da ressurreição da Igreja em geral, pois foi a primeira criatura glorificada com Jesus. O seu fato é encontrado em obras dos primeiros séculos e concorda com os dados bíblicos.
A própria aparição de Moisés é praticamente prova da imortalidade da alma. Não é de se esperar outra coisa. A suposta ressurreição de Moisés é uma explicação quase obrigatória para quem nega a existência da alma imortal. E possui muitos inconvenientes.
Também não há nenhuma passagem bíblica que indique que Moisés ressuscitou. O livro afirma que “grande soma de passagens” falam disso, mas não há nenhuma. Nenhuma que indique que Moisés ressuscitou. Não há nem mesmo indicação.
Por outro lado, da ressurreição de Maria há passagens que indicam, fortemente, e uma teologia bastante desenvolvida que ultrapassa a doutrina da ressurreição de Moisés. Baseando-se na fraseologia do autor do livro, a doutrina da assunção de Maria possui indícios que a demonstram sem deixar dúvida.
É óbvio que não há necessidade de que todas as crenças bíblicas tenham de ser “explicitamente” afirmadas. Por isso a Igreja Católica crê na assunção de Maria e outras doutrinas. Assim, nenhuma delas é invenção, não são criadas pela tradição.
Interessante que a simples aparição de Moisés, que qualquer um leitor da Bíblia entende que se trata da alma de Moisés, é dito que esse entendimento é ultraje às Escrituras, ou que endosse o espiritismo.
Há duas formas bíblicas de estar com o Senhor diretamente, nesse caso, antes da ressurreição, a saber: a ressurreição ou a alma ir ao céu.
Elias e Moisés aparecerem por serem os representantes da Lei e dos Profetas. A argumentação de que isso se deve ao fato de que estariam vivos, um arrebatado e o outro ressuscitado, não é um fato, nem há como ter essa informação exegeticamente.
Assim, Jesus não trouxe mais ninguém, não porque não existiam outras pessoas no mundo dos mortos (e não no céu, como supôs o autor), pois ele poderia ter chamado Enoque, caso fosse uma ocasião em que estariam todos os mortos conscientes. Portanto, essa única constatação invalida esse exemplo que o autor utilizou para reforçar sua posição.
Em outras palavras, da mesma forma que Jesus não invocou o panteão de santos do céu, como disse o autor, desconhecendo a doutrina católica que afirma sempre que ninguém entrou no céu antes de Jesus, então prossegue afirmando que apareceram dois que não eram almas sem corpo. Isso indica que Jesus teria chamado mais outros, caso estivessem conscientes na morte. Mas, essa implicação não existe, visto que Enoque, que também foi arrebatado, não aparece na cena.
Outro problema é afirmar que Jesus foi o primeiro a ter o corpo glorificado para habitar permanentemente na glória, uma explicação que parece ter sido forjada para fundamentar a ressurreição de Moisés, que teria corpo não glorificado, mas que há milênios habita a glória de forma imortal, com todas as características dos corpos glorificados, como aparecer e desaparecer, e etc. É uma explicação fraquíssima em termos bíblicos.
Ou Moisés teria sido ressuscitado como Lázaro, por exemplo, para aparecer a Jesus, e voltado a morrer, se esse é o objetivo da explicação. É o que parece sugerir a mesma. Mas, como já refutado, se é essa a explicação, então não há como comparar a suposta ressurreição de Moisés com a de outros antes de Cristo, já que ninguém foi recriado fisicamente do pó da terra antes.
Contudo, se Moisés já havia sido ressuscitado há milênios para um dia aparecer a Cristo como representante da Lei, e Elias arrebatado para ser o representante dos profetas, não se explica como Moisés poderia ter sido ressuscitado como os outros que o foram antes de Cristo. Explicação que não se sustenta de uma forma ou de outra.
O que é conclusivo no texto é compará-lo com as outras inúmeras provas de que a alma é imortal. O texto apenas corrobora esse fato.
Gledson Meireles.
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