quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Livro sobre o Catolicismo: comentário - parte 1

Notas sobre o livro:

 

NOGUEIRA, Rafael. O Catolicismo Romano e a Bíblia. São João del Rei-MG, 2012.

 

Introdução

O autor é ex-católico que logo na juventude ouviu uma mensagem que o afastou da Igreja. Afirma que serve a Deus “em uma Igreja Evangélica”, e seu livro tem objetivo de dar oportunidade para os católicos escolherem no que querem crer.

Sua vontade foi de produzir um livro apologético para uso dos protestantes e também para leitura dos católicos, e acredita que o Espírito Santo o auxiliou em sua tarefa, o que mostra sua sinceridade. Nas páginas que seguem abaixo serão estudados os argumentos do autor e mostradas as verdades da doutrina católica.

Certamente, o que o autor afirma é uma verdade: difícil é tomar decisões e fazer escolhas. Imagine o próprio autor lendo as seguintes páginas e revendo sua base de fé e encontrando pelo menos um argumento que o deixe sem resposta, e que se torne ocasião para procurar responde-lo, e que dessa forma prepare sua entrada na santa Igreja Católica? É uma possiblidade. Muito difícil, porém. Para aqueles que não querem pensar e refletir, isso é um obstáculo quase intransponível. Humanamente falando não se pode esperar muito, mas o Espírito Santo sopra onde quer.

Entrar pela porta estreita para trilhar o caminho de Jesus (cf. Mt 7, 13-14) na Igreja Católica é a mais espetacular decisão. Não é fácil, certamente, porque exige carregar a cruz e seguir Jesus de uma forma singular: na Igreja que guarda o depósito da fé. Isso será mostrado no estudo a seguir.

Para os que lerem o breve estudo do livro O Catolicismo Romano e a Bíblia terão oportunidade de examinar os dois lados e certificar-se se está na fé (cf. 2 Cor 13, 5).

De fato, não é apenas uma leitura da Bíblia e de achados cruciais da doutrina salvação que irão decidir o futuro do leitor. Isso é fundamental, mas claramente todos concordam que haverá mudança de parecer e de vida para acomodar-se ao Evangelho. E cada um está certo de que não pode estar em qualquer religião e qualquer igreja. Muito menos permanecer na irreligião. Por isso, a atitude após conhecer a verdade mostra os frutos de arrependimento.

O leitor será capaz de perceber que a doutrina da Igreja Católica é a doutrina de Jesus, é a própria luz para o nosso caminho (cf. Sl 119, 105).

O autor afirma que confrontou a doutrina da Igreja Católica com a Bíblia de forma simples e humilde, e que o uso dos textos bíblicos feito pelos católicos está errado. O leitor terá oportunidade de verificar isso, de forma bastante resumida, mas que o Senhor Jesus queira que seja o suficiente para suscitar o desejo de continuar o estudo da Palavra de Deus.

Esses não são os títulos usados no livro, mas apenas indica o assunto.

 

Capítulo 1: A Sagrada Tradição

A Igreja Católica não ensina que a é permitido propor novas doutrinas, nem que a revelação continua, mas que com a morte do último apóstolo a revelação oficial de Deus foi encerrada e não há mais doutrinas a serem reveladas. Esse ponto é o primeiro que se deve ter em mente, e para quem leu o livro que está sendo analisado aqui verá que ele afirma que a Igreja ensina que tem autoridade de propor novas doutrinas, o que não é correto.

O que a Igreja Católica faz é estudar a Escrituras e tradição apostólica e definir as verdades já reveladas, em tempos que exigem isso, esclarecendo-as. Isso todas as outras igrejas protestantes também o fazem, de alguma forma, pois sempre estão trazendo novas luzes no entendimento de certas verdades. Um exemplo disso é a interpretação feita pelo dispensacionalismo. Algo recente.

Outra divisão é aquela de erros e heresias, onde os erros doutrinais não teriam a gravidade de afetar a salvação, o contrário das heresias. Também recente. Essas coisas não fariam da palavra de homens uma autoridade acima da Palavra de Deus?

Onde está na Bíblia a doutrina do dispensacionalismo que divide a Palavra de Deus aplicando versos bíblicos a Israel e à Igreja como sendo de diferentes dispensações? Onde está escrito que o batismo deve ser feito apenas a partir de certa idade, e que é um testemunho público de conversão? Não são esses entendimentos da tradição protestante? Pense nisso.

Esses entendimentos e interpretações existentes no interior do Protestantismo mostram que todas as igrejas estão de certo modo propondo novas interpretações da Bíblia para os fieis, e que essas formulações têm influências na vida espiritual de salvação daqueles que creem nelas.

Uma correção: os sucessores dos apóstolos não são somente os papas, mas todos os bispos. Isso não significa que todos são apóstolos, mas que levam historicamente e doutrinariamente a mesma mensagem que Jesus e os apóstolos ensinaram.

Para o protestante a tradição está agora escrita na Bíblia e não existe mais outra fonte. Por isso, o que lê em 1 Cor 11, 2 e 2 Ts 2, 15 é entendido por “tradição” como o que já foi escrito. No entanto, toda a revelação suficiente para a salvação está na Bíblia, e o que foi deixando na tradição é uma luz interpretativa das Escrituras, mostrando que o que foi ensinado desde o início permanece hoje. A Bíblia não pode ficar à mercê da interpretação humana, e por isso a tradição mostra como ela foi entendida desde os primeiros dias. As heresias que surgem são facilmente detectadas quando se faz um estudo da fé cristã desde os dias apostólicos. Veja como a Igreja que Jesus fundou ensina o evangelho em todos os séculos. Pense nisso.

A verdade está completa e ao alcance de todos, mas os bispos devem zelar pelo rebanho (cf. Atos 20, 28). Aí está a necessidade do magistério.

Esclarecendo um mal-entendido. O caso do celibato não se trata de nova revelação. Não é uma doutrina recente, mas uma disciplina antiga da Igreja. O autor aponta a data de 1074 como instituição do celibato e pergunta por que não foi aplicado antes? Será que isso surgiu como revelação de doutrina nova em 1074? A resposta simples é não.

A verdade é fundamental, e está na Bíblia, desde o tempo de Jesus. O que a Igreja faz é fazer normas disciplinares que contemplem o ensino do evangelho. E para isso a Igreja tem autoridade, porque faz essas normas baseadas na verdade.

Dessa forma, como Jesus e os apóstolos foram celibatários, e existe o dom do celibato, principalmente para os que ocupam-se com as coisas do Senhor, como revelado nas Escrituras, a Igreja desde o início tem com grande afeição esse estado de vida, e a tradição mostra que a tendência foi de sempre optar pelo clero celibatário.

A Igreja tem autoridade para adotar certas disciplinas, como essa que tem respaldo nas Escrituras e ajuda a melhor servir a Jesus, como fez e aconselhou, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo São Paulo.

 

Sobre o carisma da verdade

Será que as igrejas protestantes reconhecem que a Igreja Católica possui a verdade do evangelho da mesma forma que elas? Se a resposta for sim, não há porque continuar a análise.

Se a resposta for não, então isso afirma que as igrejas protestantes possuem a verdade. Afirma que só essas igrejas estão cumprindo a missão de zeladoras da verdade cristã. Por isso, não podem afirmar que o Catolicismo é exclusivista.

Quanto à afirmação de que a revelação tem caráter gradativo. Essa afirmação é feita por estudiosos protestantes que estão interpretando documentos católicos, e não pelos próprios documentos católicos, pois a Igreja afirma que a revelação foi fechada com o Apocalipse, o último livro da Bíblia.

Mas, afirmam isso citando o seguinte trecho do documento Dei Verbum: “Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, [...] com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Isto é, a Igreja, no decurso dos séculos, tende contìnuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus.” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, parágrafo 8)

Vamos estudar esse parágrafo, fazer uma exegese dele, e depois voltar à interpretação acima e comparar, vendo se ela está correta ou não.

O documento Dei Verbum, no parágrafo 8, inicia ensinando que a “pregação apostólica” é expressa especialmente na Bíblia. Isso mostra que a verdade que os apóstolos ensinavam oralmente foi escrita! Isso mesmo, foi expressa na Bíblia de modo especial, porque está ali registrada por inspiração do Espírito Santo.

Então, afirma que tudo o que os apóstolos ensinaram contribui para o crescimento da fé do povo de Deus, e que a Igreja continua na sua doutrina, vida e culto a ensinar o que acredita. Muitas coisas que são tidas na liturgia e nos costumes, por exemplo, são de origem apostólica. Não foram escritas na Bíblia, mas praticadas desde o princípio, e foram assim consideradas. Os escritos patrísticos mostram, por exemplo, que o batismo perdoa os pecados, e que as crianças eram batizadas. Isso é um fato. Também é fato o reconhecimento de que isso é de origem apostólica. Portanto, a tradição de batizar os bebês, uma prática que foi deixada por correntes que interpretam diferente o texto bíblico.

Depois, o texto do documento Dei Verbum explica que a tradição apostólica progride. Como entender? É só continuar a ler o documento, que mostra que se trata da progressão da percepção dos crentes, através da contemplação e estudos, por exemplo, dentre mais outras coisas. A plenitude da verdade divina tem a ver com a compreensão da Igreja, e não com o progresso da revelação. Tudo está revelado, mas a Igreja vai crescendo no conhecimento. Alguém nega isso?

Como entender então o dispensacionalismo ensinado por tantos grupos, que não era assim ensinado século atrás? A própria doutrina da salvação pela fé recebeu tantos enfoques e cresceu tanto em entendimento que não é possível que os primeiros cristãos tivessem noção dessa verdade como tem um teólogo protestante, fazendo distinção entre justificação – forense e santificação, por exemplo.

Então, ensina a Constituição Dogmática Dei Verbum que pela tradição conhecemos os livros sagrados, a Bíblia. De fato, para esse conhecimento perfeito foi necessário muito tempo. Não há como negar. E continuar: “e a própria Sagrada Escritura entende-se nela mais profundamente”. Ou seja, a Bíblia é mais entendida enquanto a Igreja caminha na história.

Assim, quando se diz que “introduz os crentes na verdade plena” não se fala de outra revelação, de nova doutrina, mas na maior compreensão de passagens bíblicas.

Muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo, há os que creem que os dons do Espírito Santo como foram revelados em Pentecostes continua na Igreja, enquanto outros, usando a Bíblia, afirmam que não. Isso porque seguem tradições diferentes. Se o texto bíblico fosse totalmente claro, não teriam dúvidas. Mas, afirmam que essas coisas não afetam a salvação, mas que as diferenças com o catolicismo afetam! Quem separou as doutrinas que podem ser divergidas, que são erros e não afetam a salvação ou que são heresias e que afetam a salvação? Foram intérpretes, pois a Bíblia não possui tal lista.

Em quem você crê, na Bíblia e na tradição apostólica que mostra o que é importante e o que não é, ou em tradições recentes que interpretam a Bíblia da outra forma como exemplificado acima? Isso serve para mostrar que devemos seguir a Bíblia em sua imutável verdade.

Os cristãos em geral interpretando a Bíblia não possuem a infalibilidade. Assim, caem em muitos erros. Dessa forma, devemos ter maior certeza, como Jesus quer que tenhamos.

Respondendo aos argumentos. O número 1 não é forte, já que o cânon judaico, historicamente comprovado, foi fechado em fins do século 1.

O argumento 2 também não conclui nada, já que para alguém que não crê nas Escrituras, qualquer que seja o livro, encontrará “argumentos” contra supostas lendas, erros e etc.

O argumento 3, de que o anjo mentiu, isso não está conscrito nos parâmetros bíblicos, que não tem a passagem como mentira. De fato, o anjo revela sua identidade depois. Homens de Deus também mentiram, embora não tenham pecado por isso, como Abraão, que mentiu sobre Sara, temendo a morte. Ver as circunstâncias e como fato é tratado pela Escritura. Os demais argumentos são respondidos em bons sites apologéticos (ver: apologistas católicos).

A tradição é o único meio para conhecer o cânon. Como julgar a tradição de ter inserido livros apócrifos quando se adota a tradição para defender um cânon mais restrito?

A respeito da intepretação da Bíblia, é sabido que não há lugar no Protestantismo para interpretar a Bíblia contra o sentido dos cinco solas, por exemplo. Não há como um protestante interpretar a Bíblia e ser aceito se ele vier a ensinar doutrinas que contrariam o Protestantismo histórico.

A Bíblia em si não depende de nada para se manter, pois é a Palavra de Deus. Para a entendermos bem é que a tradição e o magistério funcionam. Assim, a tradição e o magistério protestante estão sempre explicando as Escrituras para os fieis.

 

 

Capítulo 2: Sobre o papado

 

A pedra da Igreja é Cristo. O papa é a pedra em um sentido diferente, e ele não tem pessoalmente o dom da infalibilidade em tudo o que diz. Também não é um apóstolo, nem é inspirado como os apóstolos foram para escrever a Bíblia. Então, a questão do papado é bem diferente do que muitos pensam.

Quanto à intepretação do texto de Mateus 16, 18, ele é bem claro quanto a tratar-se da Pedro. Não há como negar. Por isso, as refutações breves dos argumentos: Jesus não disse “sobre ti edificarei a minha Igreja” porque Ele estava dando um novo nome da Simão, e esse nome era Pedro, que na língua falada por Jesus é Kepha, o mesmo que pedra. Jesus pronunciou duas vezes a mesma palavras: Tu é Kepha e sobre esta Kepha... O grego traduz Petros e Petra, inspirado pelo Espírito Santo, sem introduzir qualquer novidade, apenas modificando Petros para adequar-se à regras gramaticais para nomes em grego, que terminam em regra por as, es, is, os, us. E o termo Petros tem o mesmo sentido de petra em muitos contextos. O termo kephas não está no texto grego porque é uma palavra aramaica, mas está na passagem, porque é o original que Jesus utilizou, que por isso foi algumas vezes transliterado para o grego como Cefas, como está em outros livros do Novo Testamento. Jesus falou em aramaico, e somente depois o evangelho foi escrito em grego trazendo os termos petros e petra para traduzir kephas. Esse argumento é irrefutável.

Jesus é a Pedra em sentido diverso, mais profundo, fundamental, absoluto. Pedro é pedra como chefe da Igreja em seu aspecto ministerial.

O contexto imediato mostra Jesus referindo-Se somente a Pedro, e não a pequena ou grade pedra, já que Ele falava aramaico e somente um termo foi usado no idioma original. Já no grego também tudo se refere a Pedro naquelas palavras de Jesus.

Pode haver duas pedras? Sim, se forem em contextos diferentes. Assim, os apóstolos são o fundamento da Igreja em Ef 2, 20, ao mesmo tempo que Jesus é o fundamento da Igreja em 1 Cor 3, 11, e Pedro é o fundamento da Igreja em Mt 16, 18. São contextos diferentes.

Na interpretação do livro, Pedro seria pedra no sentido de representar os demais cristãos. Isso de alguma forma mantem o fato de que Pedro é pedra, pois contra fato não há argumento. No entanto, o contexto mostra que Jesus chamou Simão de Pedro para edificar Sua Igreja, e não apenas para fazê-lo primeira pedra ou pedra de representação. Tudo isso pode ser entendido a partir do fundamento pedra, que na passagem de Mateus 16, 18 é Pedro.

As chaves do reino são símbolo de autoridade espiritual para governar a Igreja como chefe visível. Pedro, em primeiro, depois o colégio apostólico junto dele. Não se trata de chaves literais para admitir ou expulsar, mas para bem governar a igreja.

O autor reconhece que o Papa não pode fazer doutrina e impor à Igreja. Correto. Reclama, porém, que o poder do papa não pode ser questionado. Claro, pois Jesus afirma que Pedro é o pastor das ovelhas e carneiros, o que mais poderia ser esperado dos cristãos obedientes a Cristo? Se o papa não impõe novidade, ele tem poder na verdade. E assim, deve ser obedecido. Não pode ser obedecido se ensina algo contrário ao que Jesus ensinou. O poder vem de Cristo, mas é exercido pelo colégio apostólico com Pedro, ou seja, os bispos em união como papa.

O papa não pode ensinar nada que não seja bíblico e que tenha respaldo na tradição. Os cristãos nunca foram permitidos escolher o que crer, pois isso é ser herege. Então, analisar tudo e ficar com o que é bom tem a ver com revelações particulares, profecias particulares, e não com a doutrina bíblica pregada pelos apóstolos. Assim, os bereanos de Atos 17, 11 não eram cristãos ainda quando examinavam as Escrituras, mas judeus que ouviam a pregação a respeito de Cristo. Quando converteram-se criam tudo o que os apóstolos pregavam, com obediência.

A infalibilidade da Igreja é entendida como a promessa de Cristo de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela. O erro e a heresia são do inferno, e por isso não pode entrar na Igreja Católica e ser estabelecido por ela para todos crerem. Assim, a Igreja é infalível porque está ancorada em Jesus Cristo.

Agora, uma resposta rápida às questões finais do capítulo: o Catolicismo segue o original bíblico para fundamentar a doutrina do primado de Pedro; o apóstolo Pedro inegavelmente tinha primazia entre os apóstolos; o papa tem poder sobre a Igreja como ministro, incumbido dessa missão por Jesus, na pessoa de Pedro; as indulgências não foram consideradas pecado, mas o abuso das indulgências, a venda delas, é que foi pecado grave; a Igreja é infalível, por promessa de Cristo, os apóstolos eram infalíveis, para escrever e pregar o evangelho. Não eram impecáveis, o que é outra questão; o poder das chaves é autoridade de governo espiritual na Igreja.

  

Capítulo 3: Sobre a Igreja

Se o reino de Deus está, hoje, dentro de nós, identificando os cristãos já se tem acesso onde está o reino. Jesus afirmou que esse reino não é temporal, mas espiritual.

Não se pode afirmar que a Igreja seja apenas um sistema, mas que é uma sociedade, pois se trata de pessoas. Isso mesmo. No entanto, há um corpo de verdades que essa sociedade tem, e que deve ser guardada. Quando se fala de Igreja Católica há uma sociedade que professa uma fé, e essa deve ser crida, preservada e anunciada.

Por isso, é inócuo afirmar que não é membro de sistemas, instituições, mas da Igreja viva de Cristo, pois todos temos um credo para professar, regras para viver, e etc., que fazem parte dessa vida cristã.

Por isso, fazer parte do corpo espiritual de Cristo é ser Igreja viva, visível, operante, que vive o evangelho, os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus, nesta dispensação final da Igreja de Jesus.

A Igreja é aquela que se submete à Palavra de Deus. Correto, pois sabemos que a única Igreja foi fundada por Jesus Cristo.

Por que não há uma Igreja de placa, física, visível? A resposta está simplesmente porque a Igreja é única, e sendo assim não há necessidade de placa etc. Nomes servem para identificar, entre iguais, mas a Igreja não recebeu um nome próprio porque é única. Ela tem notas, como a universalidade (católica), santidade (doutrina santa pelo fundador Santo), apostolicidade (pela pregação dos apóstolos) e unidade (unida na mesma fé). As notas são mais eficazes que os nomes. Fazer parte da Igreja de Cristo já é estar na religião de Cristo, no cristianismo histórico, no sistema religioso cristão, na instituição Igreja, etc.

Por isso, quando Jesus deixou a Igreja, que deve aprender do Seu evangelho, ser batizada, orar sem cessar, reunir-se em Seu Nome, celebrar a Ceia do Senhor, obedecer os mandamentos, zelar pelo próximo, cuidando dos órfãos e viúvas, viver em comunhão, esperar a consumação do reino, e etc., já estava mostrando o que era a Igreja: uma sociedade espiritual. Basta entender a pequena semente de mostarda se tornando grande árvore. Aí está o sistema religioso Jesus Cristo. É muito simples.

 

Capítulo 4: Sobre a oração aos santos

Os protestantes não oram aos santos. Caso entendido. No entanto, o que entendem sobre isso? O livro tem a afirmação de que os mortos deixam de fazer parte do corpo de Cristo, mas não da Igreja. O que é problemático é que a expressão corpo de Cristo não quer dizer algo temporal, físico, natural, mas algo sobrenatural, e que significa a Igreja. Então, a afirmação está errada.

Falando de Jeremias 15, 1  e Ap 6, 9, afirma, desse último texto, que os ali referidos não são santos, mas os que chegaram da grande tribulação. Na verdade, o autor esqueceu que todos os cristãos são santos, e de modo especial os que morreram por Cristo. Então, o texto fala de santos.

De forma breve pode-se afirmar que a intercessão dos santos no AT não pode ser igual à do Novo porque os santos estavam no sheol, e não no céu, como estão agora. A morte tinha um destino diferente, por isso o Apocalipse afirma que felizes os que de agora em diante morrem no Senhor. Outra coisa, se não aparece os apóstolos orando aos santos que já haviam falecido no Novo Testamento não é prova contrária, é apenas um silêncio, e do silêncio não se pode formular uma lei. Outros fundamentos na Bíblia mostram a intercessão dos santos.

Para que mais intercessores? Essa pergunta é como se a ajuda dos santos do céu fosse supérfluo. Os santos não são ídolos, mas servos do Deus Altíssimo.

A ideia de que o corpo de Cristo é apenas para os cristãos na terra não tem respaldo bíblico. Da mesma forma a Igreja é chamada de noiva de Cristo, e no Apocalipse a noiva que subiu ao céu desce à terra transformada. Essas imagens e metáforas para se referir à Igreja são válidas, esteja a Igreja na terra ou no céu. Parece que esse argumento usado no livro não é bíblico.

Pelo que foi visto até o momento, o autor ignora muitas coisas da doutrina bíblica, e por isso não as compreende.

Gledson Meireles.

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