sábado, 17 de novembro de 2018

Imortalidade da alma em Mateus 10,28

A linguagem usada por Jesus já é uma indicação, pelo menos, da imortalidade da alma. Jesus faz referência às duas partes: corpo e alma. Sabemos que na visão bíblica esses dois elementos são interligados, interconectados, formam uma única natureza. Assim, não podemos ler que o corpo é algo à parte, sendo uma natureza, e a alma outra parte independente constituindo outra natureza. Nada disso. Essa é a visão grega do dualismo.

Para nós, cristãos católicos, a alma e o corpo estão tão unidos que um depende do outro, e formam uma só natureza. Apenas distinguimos a alma como a parte mais elevada, que sobrevive na morte, mas perde muito de suas funções, que só podem desenvolver-se em união com o corpo. Dessa forma, a ressurreição é uma necessidade ontológica.

E Nosso Senhor afirma que os homens podem matar o corpo. É interessante essa especificação, pois Ele não diz que os homens podem matar o homem inteiramente, mas refere-se a matar uma parte da pessoa: o corpo. E sublinha que os homens não podem matar a alma.

Somente após isso é que introduz o temor a Deus, que é o único que pode lançar o corpo e a alma, juntos, na geena. Isso mostra que a condenação só pode ser dada por Deus, pois os homens atingem apenas a matéria, e não o espírito. Apenas Deus é capaz de influir nas partes mais recônditas, e condenar alma e corpo. Dessa forma, é já uma evidência de que a imortalidade da alma é ensinada por Jesus.

Dessa forma, para quem acredita na mortalidade da alma, não é possível deixar essa passagem despercebida. Aliás, ela certamente causa transtorno quando lida por alguém que creia nessa doutrina falsa. Assim, o Dr. Samuele Bacchiocchi, adventista do sétimo dia, interpretou essa passagem como se o termo alma fosse empregado aí como sinônimo de vida eterna.

Jesus estaria falando que não devemos temer os homens que podem matar o corpo, mas, não podem matar a “vida eterna”. Isso não faz sentido, mas é a conclusão que devemos considerar depois da lição do Dr. Bacchiocchi.

Certa vez, estudando profundamente o que o Dr. Samuele afirma, entendi que há um problema com sua interpretação. Ele considera o corpo como uma parte da pessoa, na primeira parte do versículo. Ou melhor, assumindo que seja o melhor da sua interpretação, o corpo denota a pessoa que pode ser morta. Isso eu diria para ficar melhor entendido, pois do contrário o corpo e a alma são partes do ser, enquanto que na segunda parte a interpretação muda de figura, já que a alma passa a ser o que foi concedido aos salvos por Deus, a vida eterna. Assim, o problema é que na segunda parte da passagem, a alma é considerada como o sinônimo de “vida eterna”. Dessa forma, os homens não podem atingir a vida eterna, ou seja, não podem condenar. Essa é a implicação do que é feito na segunda parte, e por isso deve ser o mesmo que foi dito na primeira, para manter a coerência. Até aqui é possível não ficar tão confuso, ou notar tanto o erro desse pensamento.

Contudo, ao analisar a segunda parte, notamos que isso implica que Deus pode jogar o corpo, que deve ser entendido como a pessoa inteira, para não causar maior problema, como foi dito, e a alma é a vida eterna, que é jogada ou lançada por Deus com o corpo no inferno. Pode isso fazer sentido¿ Não mesmo.

Portanto, essa concepção é uma tentativa fracassada. Mas, continuemos a pensar como o doutor Samuele indicou, e tenhamos em vista que Deus pode lançar o corpo e a “vida eterna” no inferno. Isso significa que o corpo não morrerá jamais, e o castigo será eterno. E com um agravante: com a vida eterna, dom de Deus, dada à pessoa. A devemos lembrar que a vida eterna é o dom concedido aos salvos. Absurdo bíblico-teológico!

Porém, talvez o verbo apollumi possa ser traduzido aí por destruir. Assim, os homens não podem matar a alma, mas Deus pode destruir corpo e alma no inferno. Se o corpo é parte do ser, denotando de fato todo o ser, a alma deverá nessa interpretação ser considerada como a vida eterna. Então, Deus destrói a pessoa e a vida eterna no inferno. É um quadro ainda grotesco, pois Deus seria mostrado destruindo uma pessoa e o dom da vida eterna junto com ela no inferno. As duas opções revelam o erro, a heresia da doutrina defendida pelos adventistas, sob influência maior da senhora Ellen G. White.

Então, temos que entender a passagem naturalmente. De fato, o corpo é parte da pessoa, e a alma também. Os homens podem matar a pessoa, atingido apenas seu corpo, mas não sua alma. Deus, porém, pode condenar lançando o corpo e a alma no inferno. De fato, o verbo apollumi no grego significa matar, e também possui o sentido de atormentar. Assim, Jesus mostra que a alma é imortal. Deus poderia destruir todo o ser, de fato. Mesmo a alma poderia deixar de existir, se fosse da vontade de Deus. Contudo, o verbo apollumi não significa necessariamente a destruição, como deixar de existir, mas apenas a condenação. E é justamente essa a doutrina bíblica. De fato, o verbo apollumi é a “ruína, a perda, não do ser, mas do bem-estar”, de acordo com W. E. Vine.[1]

Fica claro também que se a alma não fosse imortal não haveria lugar para ressaltar que os homens não podem matar a alma, como se a cada morte Deus devesse dar um fim à alma que a morte em si não teria dado. E isso não é o que o texto afirma, pois o sentido é que Deus é Aquele que pode condenar. Se na morte perecesse tanto o corpo como a alma, os homens matando o corpo também estariam pondo fim à alma, que seria a forma invisível do corpo, conforme explica o próprio Dr. Samuele. Assim sendo, os homens poderiam matar corpo e alma. A única coisa que não poderiam fazer, e que não podem mesmo, sendo esse último sentido correto, se fosse o caso, o que não podem é exercer o poder de condenar alguém ao inferno.

Nessa leitura, teríamos que corpo e alma seriam realmente os constituintes da natureza do homem. Assim, Deus é o que poderia levar ao inferno o corpo e a alma, completando o sentido para o motivo de somente Deus ser temido. Mas, o problema permanece, e apareceria com força aqui: se os dois elementos são referentes à constituição do homem, então os homens teriam matado a alma também. Mas o texto afirma que eles não podem. Os homens não podem matar a alma. Se pudessem, a segunda parte do verso, referente a Deus, perderia grande parte do sentido. Está provado que essa hipótese é manifestamente falsa também.

Vemos que qualquer que seja a opção introduzida pela visão mortalista, essa causa problema. Por uma outra ótica podemos passar essa doutrina pelo crivo das Escrituras, argumento no texto sagrado. Se os homens já possuem vida, então algum pode tirá-la. E sabemos que temos vida, e então os homens podem tirar essa vida. Temos então, aqui, que a alma é entendida como vida terrena, a vida que é desfrutada na Terra. Assim, os homens podem matar essa vida.

É problemático, também, pois temos que ler isso através de uma outra linguagem, pois Jesus não afirma que os homens podem matar a vida “alma”, mas podem matar o corpo. Voltamos ao que já foi previsto, ou seja, que o corpo é o mesmo que a alma no sentido de vida física. Assim, os homens matam o corpo, que é o corpo vivo, que usufrui da vida dada por Deus.

Então, continuamos a ver que os homens não podem matar a alma. Se a alma tem o sentido de “vida eterna”, nesse texto ela é posse do ser, ontologicamente falando. Deus então poderia “matar” o corpo, como fazem os homens, e “matar” a alma dessas pessoas, coisa que os homens não podem fazer. Assim, a alma-vida eterna seria de todos, mas Deus deveria intervir para tirar de muitos homens, que perderam o direito por ela. Isso torna a doutrina totalmente alheia ao que vemos na Bíblia, que mostra a vida eterna como dom da graça, com algo que será dado e não que será tirado do homem que já a possui. Mais uma prova da falsidade dessa doutrina mortalista.

O texto de Lucas 12,4-5 tem o mesmo sentido que o de Mateus 10,28. Está escrito: “Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer. 5 Eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a esse”. (Lc 12,4-5)

O texto de Lucas afirma que após matar uma pessoa o homem não pode fazer mais nada, mas Deus pode lançar a pessoa no inferno. Observe essas duas possibilidades. Isso supõe uma alma imortal, ou deveria exigir a ressurreição, embora o texto não suponha isso. Fica o problema para os mortalistas, pois a morte física, ou primeira morte, seria apenas do corpo, enquanto que a morte eterna, a segunda morte, seria do corpo e da alma. Como resolvem isso?

A passagem tem uma fraseologia diferente de Mateus 10, 28, que fala do mesmo assunto. Assim, segundo o Dr. Bacchiocchi afirma que Lucas teria evitado falar de corpo e alma para não parecer estar ensinando o imortalismo. Mas, a passagem é em todo sentido igual a de Mateus 10, 28 nesse sentido também.

Um estudo de ambas das passagens pode lançar luz sobre a mesma. E o cristão católico ou protestante que esteja disposto abandonar a doutrina da imortalidade da alma por falta de conhecimento, estará mais solidamente ancorado nessa verdade após ler mais essa parte do estudo.

Leiamos Mateus 10, 28 e logo após Lucas 12, 4.5




 
Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena.
 


 
Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer. 5 Eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a esse
 


 Ambas as passagens afirmam que os homens podem matar o “corpo”. O que isso tem de importante¿ É que com essa afirmação implica-se que há algo que os homens não podem matar. Ou seja, há no homem uma parte de sua natureza que não pode ser atingida pela violência dos homens.




A segunda parte do versículo afirma que os homens “não podem matar a alma”, em Mateus, e “nada mais podem fazer” em Lucas. As duas frases estão no mesmo lugar no sentido, uma explicando a outra ou sendo sinônimo uma da outra. Não poder matar a alma equivale e não poder fazer mais nada. Isso mostra que o alcance do corpo material é igual aos homens e a Deus. Por isso, os versos afirmam que Deus pode destruir (apolesai) o corpo e a alma na geena ou que, depois de matar,  tem autoridade para lançar (embalein) na geena.

O ensino comparativo das duas passagens mostra que Deus pode fazer mais que os homens aos homens que merecerem o castigo. O texto de Mateus usa a palavra apolesai que é explicada em Lucas por embalein, ou seja, que a “destruição” é o “lançamento” no inferno, que redunda em última instância no conceito de condenação.

Mas, há ainda mais a ser entendido. A morte do corpo que, é possível aos homens impetrar, é no entender dos mortalistas a própria extinção do ser. A pessoa morta cai no sono da morte que é a inexistência total.

Sendo assim, por esse viés, o texto estaria afirmando que não tenham medo dos que matam o corpo – que equivale a matar tudo, pois a alma nada mais seria que a força vital – mas não podem matar a alma, o que segundo o Dr. Bacchiocchi seria o sentido novo de vida eterna adquirido pelo Novo Testamento.

O erro desse arrazoado, porém, é que o homem teria a vida eterna sendo destruída por Deus na geena, o que é um absurdo.  Se o homem fosse apenas corpo e a alma a vida eterna, não faria sentido a vida eterna ser lançada no inferno.

Outro motivo que faz com que essa interpretação do texto seja errônea é que o texto de Lucas afirma que ‘depois de matar’, ou seja, na linguagem mortalista, depois de dar fim à existência total do ser, o réprobo seria lançado na geena. Mas, como¿ Se a morte é inexistência não há meio de fazer nada mais após isso, o que confere à interpretação sua falha radical.

Por isso, o “meta to apokteinai” (depois de matar) não faria sentido para o mortalista. A menos que ele tenha em mente a ressurreição e posterior condenação à geena temporária nessa parte do verso, que em si não contém esse intervalo de tempo para efetuar a ressurreição.

Nesse caso, Lucas 12,5 é mais um baluarte da imortalidade da alma, já que afirma que após a morte Deus tem o poder de condenar ao inferno. Se o mortalista não concorda com essa leitura, deverá introduzir no texto o sentido de que “depois da morte, e ressurreição, tem o poder de lançar na geena”, o que não está no texto.

Mas, ainda assim o problema para o mortalista continua insolúvel. E só piora cada vez mais. Vejamos.

Se a morte é o aniquilamento do ser, o homem morto já estaria aniquilado. O mesmo que a primeira morte faz a segunda também o faria: levar o ser à inexistência. Assim, o que os versículos estão afirmando se tornaria sem sentido. Contudo, ainda assim tentemos uma leitura mortalista respondendo a essa questão.

O mortalista poderia afirmar que os homens podem matar o corpo (=matar de verdade levando à inexistência), mas não para sempre, porque Deus haveria de ressuscitar o salvo para viver para sempre. Eis uma leitura possível, dentro do erro doutrinal, mas não plausível, visto que não confere o sentido bíblico. De fato, o texto não diz que os homens matam, e matam para sempre, e não tem o poder para ressuscitar, mas afirmam que eles não têm o poder de matar mais do que isso!

Ainda, continua o texto sagrado, Deus tem o poder de matar (apolesai) o corpo e a alma no inferno. Se matar o corpo é aniquilar, o que seria matar a alma senão aniquilar da mesma forma¿ O véu que o mortalismo coloca sobre o texto tende a ser retirado. Os homens podem matar o corpo mas não a alma. Eles não podem por fim à alma. Deus pode matar o corpo e também a alma, no sentido de condenar. Esse sentido fica claro na comparação dos dois textos: Deus pode destruir corpo e alma na geena, em outras palavras, depois de matar depois Deus pode lançar na geena.

O homem não pode condenar, Deus pode. Estamos afinando o pensamento. A questão que fica está em torno do sofrimento. A primeira morte, em hipótese, infligida homens, seria um sofrimento terrível seguido da morte. Inexistência no sentido mortalista.

A segunda morte seria possível apenas após a ressurreição, onde Deus lançaria o ressuscitado (corpo e alma) na geena para após certo tempo e, após certo grau de sofrimento pelos pecados, ser novamente morto, ou seja, entrado na inexistência. Ficam assim dois sofrimentos: um dos homens e outro impetrado por Deus. Os homens não poderiam ser temidos pelo sofrimento que geraria a morte, mas Deus deveria sê-lo por causa do sofrimento que levaria à morte. A primeira sendo a inexistência, e a segunda também. Sobraria então o sofrimento primeiro, julgado menor, diante do segundo, mais intenso e terrível, e duradouro certamente, mas ainda assim temporário. Os homens estariam temendo o castigo maior, o sofrimento mais longo, que Deus poderia levar a sofrer. Eis a única diferença.

Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena.

Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer. 5 Eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a esse.

O problema, já apontado, é que essa doutrina não tem a ver com a Bíblia, e contradiz os textos acima. Nenhum deles os explicam satisfatoriamente, mas chegam ainda a negá-los.

A posição do Dr. Samuele Bacchiochi introduz a leitura que nega que corpo e alma no texto de Mateus sejam duas partes do ser humano. Apenas corpo o seria, e a alma estaria no sentido metafórico de vida eterna, o que não condiz com a passagem.

As passagens afirmam algo de terrivelmente maior a ser feito por Deus no caso da condenação, e a morte como inexistência não faz juz a essa leitura. Pode ser que atenue tanto a questão que, se lidos novamente sob essa “luz”, ou mais exatamente, sob esse véu, o texto diz que os homens não devem ser temidos, mas Deus, que mata corpo e alma na geena. Os homens levam à inexistência que pode voltar e Deus impõe a inexistência eterna. Os réprobos deveriam temer não poderem mais voltar à vida. Aqueles que não creem na ressurreição estariam aliviados por essa leitura, considerando que os sofrimentos da condenação fossem instantâneos, mesmo que mais intensos e dolorosos. No fim, nenhuma diferença restaria.

Caso os sofrimentos sejam tidos por duradouros, não sabendo somente quanto tempo levariam, a coisa não muda muito, pois a esperança da morte para levar o fim do sofrimento teria fundamento. Essa interpretação é evidentemente falsa.

Agora, que tudo está resolvido, voltando ao texto e lendo-o naturalmente, tendo a alma como espírito imortal, tudo retorna ao seu sentido natural.

Ninguém deve temer os homens, que matam apenas o corpo, mas não a alma. O corpo e a alma separam-se na morte, mas a alma continua a existir conscientemente, e não pode ser atingida pelos homens. Mas, todos devem temer a Deus, que pode, condenar o corpo e a alma ao inferno, ou, como sugere a leitura de Lucas, além de infligir a morte do corpo, tem poder de lançar a alma no inferno, já no período entre a morte e a ressurreição. Embora ambos os textos tenham em vista a condenação final dos réprobos após a ressurreição e o juízo.

Quando ao sofrimento, essa visão torna as coisas ainda mais claras ao considerar o motivo de temer a condenação divina. Os homens podem conferir sofrimento e morte, mas após isso nada mais podem fazer. Deus pode. O texto não apenas diz que os homens não podem matar a alma, como se Deus pudesse, mas afirma que Deus pode lançar no inferno, o que é visto como pior.

De fato, se a morte do corpo não deveria ser temida, mas a da alma, o homem estaria temendo apenas a inexistência, pois a alma seria essa garantia. Mas não. O que é temido é a geena. Se a morte é infligida por homens, nada mais podem esses fazer. Mas se for por Deus, ele pode lançar no inferno. Só isso faz sentido.

Para reforçar essa lição, e termos mais força na defesa da verdade, retomemos a reflexão e concluamos com os raciocínios bíblicos. De fato, como os mortalistas ensinam, a morte é a extinção do ser, já que o corpo seria vivo por causa da energia de vida, que seria a alma, e não por essa ser uma parte espiritual ontológica. Assim, a morte não poderia ser senão a inexistência. Quando os homens matam o corpo estariam imediatamente extinguindo a alma, e a pessoa caindo na inexistência.

Porém, o texto afirma que Deus pode fazer ainda mais. Ele pode lançar no inferno. Se a morte corporal é a inexistência, após, na maioria das vezes, um sofrimento causado pelo ferimento mortal, então o lançar no inferno seria a mesma morte após o sofrimento causado pelos castigos da geena.

A hipótese de que o hades tem o sentido de túmulo, como teria nessa mesma tese o sheol, lugar de inconsciência e inexistência dos mortos, e a geena o lugar que ainda não recebeu nenhum condenado, e que terá esse fato executado somente após o fim do mundo, deve ser examinado com uma passagem já comentada: a parábola do rico e Lázaro.

Em Lucas 16,23 o rico é atormentado, antes da ressurreição, no lugar que é chamado no original grego de hades. Dessa forma, o hades é o inferno, já para as almas, e o termo geena indica o mesmo, mas talvez com o acrescido grau de sofrimento, para a alma e corpo após a ressurreição. Assim, o hades é lugar de tormento, conforme a Bíblia. Por isso, Jesus afirma que o corpo e alma podem ser lançados na geena, que é o inferno, de fogo eterno.

A ressureição que todos terão, justos e ímpios, é uma indicação de que o homem possui alma imortal, e por isso todos reviverão. Se todos terão novamente a vida corporal, nesse sentido todos teriam a vida eterna garantida, na suposição mortalista quando objetam contra a doutrina da imortalidade da alma, como foi aludido acima em uma das refutações. Assim, Deus já haveria dado a todos a vida eterna para, então, na tese aniquilacionista, na ressurreição matar os maus, os condenados. Isso não faz sentido nenhum. Os maus deveriam temer porque teriam suas vidas eternas retiradas deles! Mas o fato é que os ímpios não terão nunca a vida eterna. Isso é o que foi refutado acima. Na verdade, todos terão vida, mas segundo a Bíblia, uns levantarão da terra para a glória e outros para a condenação. Não faria sentido os maus reviverem para ouvir um veredito e sofrer por determinado tempo e voltar a morrer no sentido de deixar de existir. Isso prova que a vida é eterna, mas o sentido de vida eterna é a vida já na glória, na felicidade e visão beatífica, e que o inferno é também eterno, que é uma vida de tormentos sem fim. E nesse sentido não é realmente vida, mas morte.







Resposta a objeções no livro A imortalidade da alma:

Resumindo a interpretação mortalista de Mateus 10,28, apresentada no livro A Lenda da imortalidade da alma, ela ensina que o texto só pode significar que o corpo é mesmo corpo e a alma significa a vida eterna. Assim, os homens poderiam por fim à vida terrestre e Deus poderia por fim à vida terrestre e futura. Nessa leitura também é importante que hades tenha o sentido diferente de geena. O primeiro seria a sepultura da humanidade e o outro o lugar de castigo temporário. Então, quando depois de matar Deus pode jogar na geena significaria que não há estado intermediário, mas inexistência, depois ressurreição e lançamento na geena.

Se a alma pode ser destruída em Mateus 10,28: Se a alma é imortal, e destruir é aniquilar, então há uma incógnita aqui. Entretanto, é o mesmo que se puser o sentido de vida eterna, pois a vida é algo impessoal, uma energia que vivifica um ser, e sendo de natureza eterna não poderia ser jogada separadamente nem menos ser destruída por seu caráter eterno e bom. E aqui não se trata de parábola. Portanto, destruir é tradução de apolesai, e significa condenar nessa passagem. Ao referir-se aos homens o verbo é matar, mas a Deus o verbo é condenar. O sentido é de perdição. Deus condenará.

Se apollumi é destruir em Mateus 10,28: O sentido de apollumi como aniquilar é que não pode ser o significado do verbo nesse texto, como provado acima.

 

Se alma como elemento da natureza refuta a própria imortalidade da alma: Se fato não, pois somente assim é que a passagem tem sentido, já que o verbo apollumi pode naturalmente ter o seu significado.

 

Se o homem é alma ele não pode ter alma: Essa objeção é gratuita. O fato de algo no homem ser chamado pelo termo que ele recebeu para o seu ser inteiro não impede que o um elemento seu receba o mesmo nome, como por exemplo a vida. Quando Jesus afirma que os homens podem matar o corpo e não a alma o termo alma é algo que o homem possui, e não que ele é em sua plenitude. Por isso, nessa passagem o termo não tem o sentido de Gn 2,7. Naquele sentido os homens podem matar a alma, que redunda no mesmo que ou inclui o corpo, pois significa pessoa.

 

Se alma quer dizer vida eterna em Mateus 10,28: Não pode, e essa objeção está respondida totalmente no texto acima.

 

Se o Hades é diferente de Geena: hades é o mesmo que geena, já que na parábola do rico e Lázaro o hades é lugar de tormentos. Isso prova que é sinônimo de geena.

 
 
 
 
 
 

5 comentários:

  1. Olá Gledson Meireles

    Boa tarde

    Realmente a Bíblia em especial o Novo Testamento que é muito importante e essencial na Religião Cristã fundada por Jesus favorece e muito a crença na imortalidade da alma sem dúvida.

    E analisando a questão da crença mortalista tal crença não se sustenta pois como pode um fôlego de vida inconsciente gerar vida consciente em um corpo inconsciente? Isso não tem lógica e outra quando o fôlego de vida mortalista entra no corpo para dar vida de acordo com a crença mortalista há aí uma geração de vida de consciência no caso do ser humano mas aí temos uma questão pois o fôlego de vida mortalista interage de forma ininterrupta no corpo logo se "misturaria" com a consciência que ele gera e aí tal fôlego seria consciente e isso entraria em contradição com o aspecto inconsciente do fôlego de vida mortalista que por definição pelo que eu entendi é inconsciente.

    Um outro ponto é que em Eclesistes o fôlego volta para Deus porém se analisarmos isso na visão mortalista como o fôlego de todos os seres humanos salvos ou naõ-salvos podem voltar para Deus se os fôlegos dos não salvos participaram ativamente dos pensamentos e ações dos não-salvos durante a vida? Então ou o fôlego de vida mortalista quando esteve em contato com o corpo adquiriu consciência e interagiu com o corpo ou então o fôlego de vida mortalista permaneceu inconsciente e a consciência é um elemento somente do corpo que seria a visão materialista ou ainda como a visão mortalista cre na ação espiritual para que o corpo tenha vida, logo se tal fôlego permanece inconsciente então teríamos que admitir um outro elemento espiritual consciente que seria a alma imortal.

    E biblicamente só é possível a ressurreição em um corpo glorioso se existir um elemento em glória para que isso realmente aconteça e alma no Céu está em glória junto a Deus por isso é possível a ressurreição em um corpo glorificado é esse entendimento que o Novo Testamento ensina. Então a Igreja Católica Apostólica Romana está coerente com o ensino contextual biblico da crença na imortalidade da alma parabéns ao entendimento Católico Romano.

    Um abraço

    Luiz

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  2. A bíblia é bem clara quando mostra que a alma não é imortal.
    Também, eu vejo muitos defenderem a imortalidade da alma e a crença de um inferno eterno (isso é antibíblico). Se O Senhor, conhecido como Deus de amor, deixasse o povo queimar eternamente no inferno, nao seria tão mau quanto satanás? Dessa forma, eu preferia ser atéia. Por isso que essa teoria da imortalidade da alma é satânica e contraria ao caráter do Nosso Deus de amor.
    Mas quando alguém fala com uma entidade, estará falando com quem morreu? Claro que não, pois estará interagindo com um demônio, que se apresenta para confirmar a teoria da imortalidade da alma.
    "E não é de admirar, porque o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não deveria surpreender que os seus próprios ministros se disfarcem em ministros de justiça. O fim deles será conforme as suas obras" (2Coríntios 11:14‭-‬15).

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    1. Olá, obrigado pelo comentário, é bom expressar opiniões.
      No entanto, não houve nenhuma prova contra o artigo acima.
      No comentário apenas está a afirmação de que a Bíblia "é clara" quando fala que a alma "não é imortal", mas sem nenhuma prova.
      E também afirma que o inferno eterno é contra a doutrina do amor de Deus, mas sem qualquer explicação.
      Há outros artigos sobre o tema, procure lê-los, estudar a questão, e tentar entender o todo.
      Se pude, responda ao artigo acima.
      Obrigado novamente.

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  3. Agora, de acordo com as escrituras, vamos entender se a alma é imortal!
    “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (Gênesis 2:7).

    A aritmética bíblica da criação do homem está descrita no verso acima. Pó da Terra + Fôlego de Vida = Alma ou ser vivente. Observe que o homem passou a “ser uma alma vivente” e não “ter” uma alma vivente. Essa compreensão faz toda a diferença. Em outras palavras, o homem é uma alma vivente (ou ser vivente), e não possui uma alma, pois ele é “alma vivente” (Gênesis 2:7).

    A ideia de que existe uma entidade independente do corpo, chamada de alma, que sobrevive à morte do corpo, provém do paganismo e do platonismo. Ao contrário disso a Bíblia apresenta o conceito de que o ser humano é um todo indivisível (corpo, alma, espírito). Portanto, na morte ocorre o processo inverso da vida. Após perder o fôlego de vida (espírito), o coração deixa de bater e ocorre a morte cerebral. Não há uma entidade independente do corpo que resiste à morte. O ser como um todo deixa de viver, pois morreu.

    Note que a Bíblia diz que o homem foi feito do pó da terra (Gênesis 2:7) e para lá ele volta quanto morre (Gênesis 3:19). O corpo é matéria que é composto de vários elementos químicos que encontramos na terra. O espírito não é outra coisa senão o fôlego de vida que volta para Deus que o deu (Eclesiastes 12:7). Quando morremos o fôlego volta para Deus que é o doador da vida e na ressurreição ele nos dará de volta igual da primeira vez quando nos criou. Não se deve confundir esse fôlego como uma entidade espiritual e imaterial que volta para Deus. É tão somente o poder vital que Deus possui e usa para nos conceder vida.

    Em nenhum lugar a Bíblia se refere à alma como uma entidade imortal, capaz de viver independentemente de nosso corpo. Nem fala do espírito como uma entidade que possa existir à parte de nossa natureza física. Não fomos criados com partes independentes temporariamente interligadas, mas com um corpo, alma e espírito em um todo indivisível.

    No Antigo Testamento, a palavra hebraica ruach aparece 377 vezes e é traduzida como “vento”, fôlego” ou “espírito” (Gênesis 8:1), “princípio vital” (Gênesis 6:17; 7:22), “coragem” (Josué 2:11), “vitalidade’ ou ‘força’ (Juízes 15:19), ‘disposição” (Isaías 54:6) e ‘caráter moral’ (Ezequiel 11:19).

    O ‘espírito’ ou ‘fôlego’ de uma pessoa é o mesmo que o ‘espírito’ ou fôlego’ dos animais (Eclesiastes 3:19 e 20). Esse fôlego volta para Deus por ocasião da morte, e o corpo retorna ao pó, de onde veio (Jó 34:14; Eclesiastes 12:7). No Novo Testamento a palavra grega pneuma é igualmente traduzida como ‘espírito’ ou ‘respiração’.

    Nem no Antigo nem no Novo Testamento ruach ou pneuma referem-se a alguma entidade inteligente capaz de existir independentemente do corpo. Na Bíblia, a palavra alma significa literalmente o “ser” por inteiro, como quando Adão passou a viver, ou quando Jesus disse que Sua alma ou Ser por inteiro estava triste.

    Portanto é importante ressaltar que no estado de morte não existe mais consciência de nada, nem recordação de Deus, conforme nos ensina a Bíblia (veja Eclesiastes 9:5, 6, 10; Salmos 6:5). Contrário à ideia de que ao morrer alma vai para Deus, Jesus ensina explicitamente que a alma é mortal e que a recompensa para os mortos só ocorrerá quando Ele voltar e ressuscitá-los: “…a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.” (Lucas 14:14). Dessa forma, temos em Cristo e em Sua segunda vinda a nossa grande esperança de vida eterna.

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    1. Muito interessantes as explicações, com muitos textos bíblicos. Esses textos são tratados em outros artigos, com muitos argumentos, inclusive esses, respondidos. Mas ver que outros artigos estudam esses versículos que são citados no comentário.
      No artigo acima somente é tratado o tema referente a Mt 10, 28, que é bastante claro e irrefutável.
      Obrigado.

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