quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Um artigo sobre a arca da aliança

A tradição católica ensina que a Arca da Aliança é um dos mais puros e ricos símbolos do Novo Testamento. E, para começar, deve-se apresentar que, a arca é, em

PRIMEIRO LUGAR: A Palavra de Deus encarnada: JESUS CRISTO.

Santo Tomás de Aquino, nascido  em 1225 ou 1227, afirma que a madeira da arca simbolizava o corpo santíssimo de Jesus; o ouro a sabedoria de Jesus; o vaso dourado dentro da arca a santa alma de Jesus; o cajado de Aarão o sacerdócio eterno de Jesus; as tábuas de pedra da Lei como Jesus o autor da Lei. De Santo Irineu a Santo Tomás tem-se mais de mil anos.

Um artigo sobre a interpretação dos antigos Padres da Igreja sobre a arca da aliança como símbolo da virgem Maria tem o objetivo de mostrar que existiram pais da Igreja que “contradisseram” “esta visão”. O artigo cita até Santo Agostinho, que não relaciona a arca a Maria.

Com isso, tende a desmerecer a interpretação comum na apologética católica.
O interessante é que o autor admite, em comentário, que há a interpretação (ao que lhe parece) já no século IV, de que Maria é a arca, mas faz a observação de que essa não é a interpretação “majoritária nem a mais antiga”. Não é a maioria que a ensina e nem foi a primeira que pode ser encontrada. Mas, deve-se perguntar: a Igreja Católica ensina agora somente  a interpretação minoritária e secundária? Não. Santo Agostinho apresentou a arca como a Igreja, e disse que alguns ensinam que é o Corpo de Cristo, sem com isso mostrar qualquer contradição. Da mesma forma, pode-se apontar outra interpretação, como Maria, sem problemas. Até aqui temos que a arca é Jesus, a arca é a Igreja, a arca é Maria. Várias figuras.

Afirma, ainda, que os católicos abusam de alegorias, metáforas e tipologias para apoiarem dogmas marianos.

Algumas observações:

1.   É verdade que apologistas católicos costumam citar a arca da aliança como símbolo da virgem Maria, e que isso é bastante comum.

2.   Deve-se saber que essa interpretação, reconhecida como bastante antiga pelo apologista protestante, sendo encontrada no século IV (anos 300), mostra que não é novidade fazer alusão a ela ou usá-la.

3.   Também que, isso não é contradizer outra interpretação alegórica do texto, que serve para enriquecer o sentido, pois admitem-se vários sentidos ao texto, desde que não negue dogmas cristãos. (Nesse ponto dirão, pelo menos, que a interpretação leva a isso)

4.   A interpretação de Apocalipse 12 incluindo a figura de Maria tem bastante base bíblica.

5.   A interpretação majoritária na Igreja Católica Apostólica Romana é a que o autor apontou, e que foi resumida acima, que mostra Jesus como primeiro sentido da Arca da Aliança.

6.   Muito importante ressaltar que essa interpretação, apresentada com profundidade por Santo Tomás, no século 13, mostra que ela prevalece na Igreja Católica, que tem esse teólogo como grande modelo para toda a Igreja.

7.   Isso vem a acrescentar contra a tese que considera a Igreja Católica apenas a partir de 1054, sendo o papa Vítor I o primeiro após o cisma e “primeiro” papa nessa tese, sendo então o século 11 o início da Igreja, o que faz com que a interpretação de Tomás de Aquino, quase 200 anos depois, seguindo a mesma da antiguidade, seja vista com mais cuidado ainda. A suposta “nova” Igreja (que agora é “romana” mesmo para quem comprou essa tese) ensina ainda depois de 200 anos que a arca é Jesus, para a interpretação primordial do texto.


A arca da Aliança: aqui.
Gledson Meireles.
 

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