Refutando o
Capítulo
9: O sacerdote tem poder para perdoar pecados?
A
resposta a essa pergunta é: sim. O sacerdote age como ministro de Jesus Cristo,
e pode perdoar pecados pronunciando o perdão em Nome de Jesus Cristo.
O
ministro (padre, bispo) não tem poder próprio, é claro, e nem pode perdoar seus
próprios pecados. No entanto, ele pode agir in
persona Christi, que é na pessoa de Cristo, para perdoa os pecados de
outros. E Cristo que perdoa.
A
doutrina protestante nega essa doutrina católica, e se opõe a essa prática de
confissão auricular. Essa prática faz
parte da doutrina, e não é a doutrina em si. Portanto, ao falar de uma coisa
não se deve confundir com outra.
É
verdade que a Igreja tem o poder para perdoar os pecados, e pode fazê-lo da
melhor forma que encontrar. Para que possa exercer esse poder, deve antes
conhecer os pecados e saber do arrependimento.
Conclui-se
que a confissão é a melhor forma. Ainda, para que a confissão não cause
escândalos, que seja feita reservadamente, de forma auricular. É mais indicada
do que a confissão pública. Tudo faz muito sentido.
Vemos
agora uma crítica a essa doutrina católica, feita no livro que está sendo
estudado. Notam-se muitos erros na apresentação do autor, que não consegue
fazer uma boa exegese bíblica e não conhece bem a doutrina católica.
Então,
o apologista protestante afirma que: “Existem
inúmeros problemas com a confissão auricular”. Afirma ainda que devemos
confessar somente a Deus.
Em
primeiro lugar, toda a confissão é feita a Deus. Mesmo a confissão ao sacerdote
é feita a Deus. De fato, cremos que o
sacerdote é ministro de Deus. No entanto, nessa confissão se faz por meio do
sacerdote, e por crer nesse ministério que Jesus outorgou-lhe. De modo que, a
confissão auricular é feita a Deus.
Ainda,
a Escritura não diz que devemos confessar somente diretamente a Deus. Talvez
essa distinção possa servir para entender melhor a questão. É preciso fazer
certas distinções para compreender mais a doutrina.
Quando
a Bíblia traz exemplos e mandamento de se confessar a Deus, ela não está
mostrando toda a doutrina, de modo que o leitor possa ler literalmente um texto
e concluir que somente a Deus deve
ser feita a confissão e a ninguém mais. Esse modo de entender é errôneo. A
confissão é somente a Deus. No entanto, não há mandamento que a confissão deve
ser feita somente diretamente a Deus seu o ministério da Igreja.
O
texto de Esdras é citado: Agora confessem
ao Senhor, o Deus dos seus antepassados, e façam a vontade dele (Esdras 10,
11). Também são citados outros textos: Sl 32, 5; 1 João 1, 1.9).
Assim,
o protestante conclui que somente a Deus deve ser feita a confissão de pecados
e que é errado confessar ao padre. No final, o apologista conclui que somente o
pecado que cometemos contra o próximo, esse pode perdoar, e os que cometemos
contra Deus, somente Deus pode perdoar.
Mais
uma vez, é preciso lembrar, que o padre perdoa como ministro de Cristo. Os
pecados feitos contra Deus são perdoados por Deus. No entanto, nesse
sacramento, ou nessa ordenança, como preferir, é Deus mesmo quem perdoa por
intermédio do sacramento instituído por Jesus. E o padre está pronunciando o
perdão que Deus está conferindo.
Não
se trata de pecado pessoalmente cometido contra alguém apenas, mas algo que é
pecado contra a Lei de Deus.
Pois
bem. Já tendo respondido a essa dificuldade, vejamos o que diz o apologista e
solucionemos os problemas que o mesmo coloca sobre o tema.
Eis
que então o autor tenta refutar a interpretação de Tiago 5, 16, que é o texto
que os católicos utilizam “Na esperança
de validar a confissão auricular”.
O
texto diz: “Portanto, confessem os seus
pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de
um justo é poderosa e eficaz.”
Primeiro
vejamos o que diz o apologista protestante, depois façamos a exegese do texto,
e solucionemos o problema que o apologista deixou.
Ele
afirma que o texto diz claramente para “confessarmos
uns aos outros” e não para um
sacerdote em específico. Afirma também que o ato de confessar aí é ajuda espiritual ao próximo, visando ajudá-lo a vencer o pecado. Não
seria o confessionário que os irmãos usam com poder para perdoar pecados
cometidos contra Deus.
Em
nenhum lugar no texto afirma que a confissão ali é o ato de ajudar o próximo
espiritualmente para que vença o pecado. É uma conclusão feita da doutrina
protestante já formulada e subentendida nessa interpretação, e não o que o texto
bíblico citado ensina.
O
apologista cita também 2 Coríntios 2, 10-11 onde ressalta o ponto: “Se vocês perdoam a alguém, eu também
perdôo.”
E
escreve depois: “Ele não disse: “se o
sacerdote perdoou, eu também perdôo”, mas sim: “se vocês perdoaram, eu também
perdôo”.
Mas,
deve-se ter em mente que o sacerdote ali é o próprio São Paulo. Ele é apóstolo,
ministro do evangelho. Ele é o sacerdote.
Ainda,
o contexto não é de confissão de pecados contra Deus, não é do sacramento da
confissão, mas trata-se de um ato disciplinar da Igreja contra alguém que
estava se colocando contra o apóstolo.
Então,
o pecador arrependido desse ato devia ser acolhido novamente na comunidade. Se
todos perdoaram, São Paulo também o perdoou. E diz o apóstolo: foi por amor de vós, sob o olhar de Cristo (2
Cor 2, 10). Isso não é o mesmo que é tratado na epístola de São Tiago.
Ademais,
o apologista afirma que Jesus nunca pediu indulgências quando perdoou pecados e
logo escreve sobre rezar 25 Ave-Marias para ser perdoado.
O
erro, porém, está na confusão entre o perdão e a satisfação. O pecador perdoado
faz uma penitência, não para ser perdoado, mas para satisfazer a Deus. O perdão
é dado antes da penitência. O perdoado deve cumprir a penitência.
Então
cita o texto de Tg 5, 15: “E a oração da
fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados,
ser-lhe-ão perdoados.”
E
afiram: “Aqui claramente quem cura e
perdoa é Deus.” De fato, como dito acima, Deus perdoa por intermédio da
Igreja, através do ministério da Igreja.
Depois
escreve o apologista: “e a única condição
exposta para isso é a oração da fé”. Cita depois Mt 5, 34. E contrapõe fé e
penitência. Isso não faz sentido, já que a própria fé não salvou o doente
sozinha, mas foi o instrumento de Deus para curar. Em Mt 5, 34 Jesus cura uma
pessoa que exerceu fé. Não estava no mesmo contexto de São Tiago que trata da
unção dos enfermos.
E
escreve: “O único pecado que um irmão
cristão tem o poder de perdoar, são os pecados cometidos contra a pessoa dele.”
Essa
é a doutrina protestante, resumida, é claro, para contrapor-se à doutrina católica.
No entanto, está completamente equivocada, não é extraída da Bíblia.
Agora,
façamos a exegese do texto de Tiago 5, 13-16 e refutemos cada uma das objeções
que o apologista apresentou. Há muita confusão aí.
Os
versículos 13-14 afirmam que se há algum doente na Igreja, chame os sacerdotes da Igreja, e esse façam oração sobre ele, ungindo-o
com óleo em nome do Senhor. Pois bem. Não é qualquer membro da Igreja que
deve fazer o que está aí, mas devem chamar os sacerdotes (presbíteros).
Ou
seja, devem chamar os sacerdotes (presbítero) para orar pelo doente e ungi-lo
com óleo em nome de Jesus. Isso é o rito da unção dos enfermos, que é feita
pelos ministros. Eles o fazem em nome do Senhor.
O
versículo 15 diz: A oração da fé salvará
o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Ou seja, a oração feita pelos
sacerdotes sobre o doente “ salvará o
enfermo” e o Senhor o restabelecerá.
Isso
mostra que Deus foi Quem realizou a cura, mas o fez através do rito que
instituiu na Igreja.
E
continua o texto sagrado: Se ele cometeu
pecados, lhe serão perdoados. Essa é a explicação do que aconteceu no rito.
Ou seja, não diz que se cometeu pecados contra os sacerdotes ou contra alguém
da comunidade, nem diz para chamar o ofendido para perdoar, e etc., o que não é
o assunto, já que se trata da unção dos enfermos pelos presbíteros. Então, na
unção há cura e perdão. E quem o faz é o sacerdote.
E
o texto sagrado continua: Confessai os
vossos pecados uns aos outros. Isso mostra como foi realizado o rito do
perdão.
O
doente confessa ao sacerdote (uns aos outros) que fez a oração sobre ele e o
ungiu com óleo.
Veja
que o texto já havia falado da cura e do perdão, e agora esclarece que esse
perdão veio após a confissão uns aos
outros, que no contexto é doente e sacerdote e não à comunidade inteira.
De
fato, no início foi dito que chamassem os presbíteros. Assim, o doente confessa
seus pecados aos sacerdotes (presbíteros). No fim, Deus é que perdoa, pelo
ministério instituído por Ele.
Depois
o texto deixa mais claro essa verdade: e
orai uns pelos outros para serdes curados. Todo o contexto mostrou que quem
ora pelo doente para a cura são os sacerdotes. Essa é “a
condição exposta” que Deus institui no sacramento e que é feito pelo sacerdote (não
a oração de qualquer pessoa, naquele momento, pois o contexto é da oração feita
pelos presbíteros).
Conclui-se
que a oração e a unção e a confissão são realizadas
pelo ministério dos sacerdotes. É bastante claro.
E
diz ainda o texto de São Tiago: “A oração
do justo tem grande eficácia.”. Isso se refere à oração do sacerdote, como mostra
o contexto.
Por
tudo isso, deve-se crer na Bíblia que Deus cura e perdoa pelo ministério da
Igreja. Portanto, o sacerdote em poder para perdoar pecados.
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