A liturgia – obra da Santíssima Trindade
(seção 1, capítulo 1, artigo 1)
Gregg Allison afirma que a teologia evangélica praticamente
não tem nada em comum com a teologia católica no que diz respeito ao conceito e
à prática dos sacramentos. As semelhanças estariam na adoração a Deus, nos
participantes (líderes e congregação), nos ritos, mas não no significado.
Assim, no Protestantismo não há os sacramentos. As duas teologias estão
separadas na doutrina dos sacramentos, muito
longe uma da outra. Se assim o é de fato, então a teologia protestante
necessita de reforma.
E o ponto que a teologia protestante nega é a continuidade da
salvação em Jesus Cristo, a “representificação”, a atualização da cruz. No
entanto, o que a teologia católica está ensinando, em outras palavras, é que
Cristo continua a salvar com base no Seu sacrifício, quando o evangelho é
ouvido e crido, quando os sacramentos são realizados, como o Espírito Santo age
no coração do pecador. Isso está sempre ocorrendo pelo ministério da Igreja, e
é inegável. Quando o teólogo protestante afirma que a obra de Cristo como
atrelada à atemporalidade não tem
garantia alguma, parece não ter entendido bem o conceito. Parece que ele
volta a criticar o que anteriormente disse ter entendido.
De fato, a teologia católica ensina que a cruz ocorreu
historicamente uma só vez, e está no passado. No entanto, seus efeitos são
eternos. Não se pode negar isso. De fato, o Catecismo explica que o efeito da
cruz está na eternidade de Deus. Assim, podemos exemplificar que os que morrem
antes da Cruz são salvos pelo sacrifício de Jesus, pois esse não é um evento
singular, espirutal.
Cristo não morre novamente na cruz, pois isso ocorreu uma
única vez. Também o sacrafício não pode ser repetido. Ele é celebrado. Assim, a
graça e a bênção que têm por base o sacrifício tornam-se misticamente atuais,
salvando. Essa salvação é para todos os que creem. Assim, afirmar que a economia sacramental
católica em geral e da eucaristia em particular não é muito plausível, é algo que sugere esse mal entendimento.
De fato, não há como negar as afirmações do catecismo de que
a obra de Cristo na cruz fundamenta toda a obra da Igreja Católica. Cristo nos
salvou pela cruz, e enviou a Igreja a pregar e a batizar. É a isso que se
refere a obra da Igreja. O Espírito Santo continua a obra de Cristo. Esse é o
núcleo de todo o conceito.
Como o axioma Cristo e a Igreja é verdadeiro, tudo está
equilibrado. Cristo está presente nos sacramentos. No batismo, por exemplo,
somos batizados em Cristo. E como poder dos sacramentos não é humano, e o mesmo
não pode ser um mero rito sem sentido, então sua graça é de origem divina e seu
significado e efeito são espirituais.
A crítica protestante é a seguinte: “Cristo não está presente agora na igreja como cabeça e corpo”. De fato, a teologia católica afirma o
mesmo. Assim, o protestante pensa ter um motivo para negar um ponto da fé
católica, mas esse motivo não existe por não existir o aludido ponto doutrinal.
A Igreja Católica não ensina que ontologicamente
Jesus Cristo está na Igreja como cabeça e corpo, mas está presente de uma forma
espiritual, mística. Talvez até seja uma forma metafórica de expressar essa
união dos salvos com Cristo.
Afirmar que Cristo está em sua natureza humana no céu é
correto. No entanto, negar que Cristo possa estar no sacerdote é um erro. O
Espírito Santo está na terra, na Igreja, e Cristo afirmou que Ele mesmo está
com a Igreja até o fim dos tempos. Essa doutrina não pode ser negada.
Cristo está na pessoa do sacerdote, que age em Seu nome, como
Seu ministro, Ele está presente como disse que está com a Igreja em todos os
tempo. Ele também está misticamente presente, de um modo único, literal, vamos
dizer, na eucaristia. Isso não significa que todos comem carne e bebem sangue
humanos literiais e materiais com efeitos biológicos idênticos aos alimentos.
Não se trata disso, já que o alimento é espiritual, nutrindo o salvo com a
graça de Deus, esse poder de Deus que age no salvo.
Isso é o mesmo que a teologia protestante está afirmando de
outro modo, quando diz que Cristo não está ausente, mas presente na Igreja,
pois Ele reveste a Igreja de poder na sua mobilização missional, no exercício
da disciplina e para abençoar a ministração da ceia ou julgar sua observação. A
presença de Cristo é mediada pela ação do Espírito Santo e pela Escritura,
afirma Gregg. O mesmo que a doutrina católica ensina.
Também afirma que a presenta de Cristo é mediada pelas
ordenanças da nova aliança, que são o batismo e a ceia. Obviamente, a mesma
doutrina ensinada pela teologia católica, mas incompleta, pois ainda faltam os
demais sacramentos.
Assim, essa presença espiritual de Cristo na Igreja não é
idêntica à Sua presença em corpo humano no céu.
A crítica de Gregg de que o Espírito Santo confecciona os
sacramentos é algo um tanto estranho. Não se sabe o que o mesmo está afirmando
quando refere-se à confecção dos sacramentos. Certamente está se referindo à afirmação
do Catecismo de que o Espírito Santo é o “artífice” das obras-primas de Deus.
Esse seria uma afirmação católica não aceita pela teologia evangélica
protestante. Deve-se entender o que isso quer dizer.
A presença do sacrifício de Cristo “aqui e agora na igreja”
seria outra coisa não de acordo com o Protestantismo. Mas essa presença
espiritual com o poder, a graça, o Espírito Santo, etc., já mencionada acima, é
fato inegável. Trata-se de um mal entendimento do tema.
Negar que o Espírito Santo estimula “certas disposições” para
receber a graça é algo notável. Não há como negar que a conversão, o perdão dos
pecados, etc., são obra do Espírito Santo no coração do pecador. É isso que a
Igreja Católica está ensinando.
Enfim, negar que a Igreja seja memória viva do mistério da salvação
também é inacreditável. De fato, a presença da Igreja está sempre lembrando a
presença de Jesus Cristo, agindo em Seu Nome, evangelizando o mundo inteiro. E,
como o catecismo ensina, o Espírito Santo lembra toda a verdade à Igreja (cf.
João 14, 26).
Quando Cristo disse que o pão e o vinho são Seu corpo e
Sangue, isso sugere a ação de Deus que faz desses elementos algo diferente
nesse contexto religioso. Antes de usar o termo transubstanciação há a
realidade explicada pelo termo.
A teologia católica afirma que há sinergia entre Deus e o Seu
povo. A teologia protestante nega veementemente essa ideia. Por outro lado,
afirma que há “dupla dimensionalidade” na adoração da Igreja. De um lado Deus,
segundo conveniência de sua ação divina, Deus é ativo, e por outro lado, o
clero e os leigos são ativos, o que é dizer o mesmo em outras palavras. Mas Gregg
afirma que a teologia protestante atribui
um papel muito diferente ao clero do que faz a teologia católica.
Quando a Igreja Católica afirma que o Espírito Santo e como
Ele concede compreensão da Palavra de Deus, a teologia evangélica teme que isso
possa se tornar “um código para
interpretações equivocadas que vão além do sentido
gramatical-histórico(salvífico)-tipológico da Escritura”. E afirma que há
uma dúvida, da afirmação de que o Espírito dá vida à Palavra de Deus. A Palavra
é viva e eficaz em Si mesma, mas há esse perigo de torná-la infrutífera, não
entendendo corretamente seu sentido. Especificamente o catecismo afirma que o
Espírito Santo lembra o sentido do acontecimento
salvífico aos fieis. Então, o Espírito ilumina as mentes para que
compreendam a Palavra. A Palavra de Deus que é vida em si mesma, e tem o
Espírito que abre o coração dos fieis para que a compreendam. É a isso que a
afirmação da teologia católica se refere.
O que o autor explicou mostra que não há esse distanciamente
que mencionou, mas há um entendimento errôneo da teologia católica, como o modo
de pensar protestante sobre o sentido que o sacrifício de Cristo está presente,
não entendo bem o que diz a teologia católica, e sobre os demais elementos
analisados acima.
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