Quem glorificou a Deus?
O rei que disse ser incapaz de curar, porque só Deus pode fazer isso? Ou o
profeta que colocou-se na frente da questão e disse: “Que ele venha a mim e
saberá que há um profeta em Israel”?
Muitos atualmente, com
falsa modéstia, e falsa humildade, determinados por falsa doutrina, agem como o
rei, afirmando que não aceitam a honra e a glória, e que entregam toda honra e
glória somente a Deus. Diferentemente, o homem de Deus aceitou a honra de ser considerado
o homem e profeta do Senhor que pode realizar aquele prodígio.
O desenrolar da
história tornará muita coisa às claras. Primeiramente, Eliseu age por meio de
um mensageiro. Ao invés de ir pessoalmente falar com Naamã, ele envia um
porta-voz dizendo o que Naamã deve fazer. (2 Reis 5, 10)
Naamã expressa sua fé tanto
no profeta como em Deus, quando diz o que pensavam que deveria ser feito, e o
que esperava que acontecesse:
“Naamã se foi,
despeitado, dizendo: “Eu pensavam que ele
viria em pessoa e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no
lugar afetado e me curaria da lepra. Porventura,
os rios de Damasco, o Abana e o Farfar não são melhores do que todas as águas
de Israel? Não me poderia eu lava neles e ficar limpo?”. (2 Reis 5,11-12)
Naamã sabia que o poder
do profeta provinha de Deus. Sabia que ao invocar o Senhor e colocar a mão
sobre ele, por esse gesto poderia obter a cura. Assim, Naamã estava
glorificando a Deus e ao profeta de Deus. De fato, a glória do profeta é devida
à glória de Deus, e ao crer no profeta estava ele crendo em Deus.
Muitos agem
erroneamente pensando que atribuir qualquer honra a um homem tiraria a honra de
Deus, e que isso seria idolatria, e fazendo assim estão imitando a postura do
rei. Deviam, antes, tirar de exemplo a verdade mostrada pelo profeta, e imitar
seu bom exemplo.
Naamã pediu a Eliseu a
permissão de continuar a acompanhar seu senhor ao templo do deus pagão Remon,
mas o faria apenas para ajudá-lo, e não para adorar com ele aquela divindade
pagã.
Então disse: “Entretanto, que o Senhor perdoe ao teu servo
o seguinte: Quando o meu soberano entrar no templo de Remon para adorar,
apoiando-se no meu braço seja-me
permitido também me prostrar no templo de Remon. E que o Senhor
perdoe-se esse gesto ao teu servo. Eliseu respondeu: “Faze-o tranquilamente”. E
Naamã o deixou.”
A atitude de Eliseu é
de uma lucidez incrível, tanto mais para o tempo em que isso aconteceu. Diante
das intrigas entre Israel e as nações pagãs, e da proibição do Êxodo e do
Deuteronômio, como de toda a doutrina bíblica, contra as divindades pagãs, e da
prostração diante delas, permitir que um homem que reconheceu o Deus de Israel
frequentar o templo pagão e ainda prostrar-se diante de um deus estrangeiro é
de uma grande profundidade teológica. Essa passagem mostra que mesmo o ato de
prostrar-se pode mudar de significado segundo o que passa-se no interior da
pessoa, e é isso que constitui a verdadeira adoração. O determinante da
adoração acontece no espírito do adorador, e é mostrado no ato físico.
Assim, o sírio sabendo
o valor do ato de prostração, pede perdão quando isso ocorrer, pois não tinha
mais a intenção de adorar o deus Remon: “E que o Senhor perdoe esse gesto ao
teu servo”, sendo isso aceito pelo profeta Eliseu: “Faze-o tranquilamente”, que
significa: “Vai em paz”, conforme nota da Bíblia Ave-Maria. Naamã iria
prostrar-se sem adorar.
Gledson Meireles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário