Livro:
Conselhos de Ellen White sobre Sola Scriptura: o que a mensageira adventista realmente disse sobre o tema. Autor: Davi
Caldas, 2021:
Estudo
do Capítulo 6
Reconhecendo
a mensageira
No estudo desse
capítulo, será analisada a doutrina protestante adventista que ele apresenta, e
uma contribuição para o entendimento da doutrina católica para o público
adventista.
Para tanto, far-se-á
uma comparação, que para muitos pode parecer estranha, mas que há muito
significado e auxilia no entendimento da doutrina da Tradição divina ou
Tradição apostólica para o Catolicismo, ao passo que se entende melhor a relevância
da mensageira Ellen Gould White no Adventismo.
A mensagem defendida no
livro “Conselhos de Ellen White...”, para fazer conhecer melhor a posição
adventista sobre Ellen White, sua profetisa “não-canônica”, afirma entretanto
que a mesma (1) não traz nenhuma regra que já não esteja na Bíblia, (2) não
serve de base para doutrinas, (3) não é fundamento e centro de sermão.
Ela é usada por muitos
como se fosse uma “resolvedora de
questões bíblicas”, base para determinadas práticas, centro e fundamento de
sermão e especialistas em todas as áreas, e etc. Isso não deveria ocorrer,
afirma o livro. Portanto, pode-se acrescentar, Ellen White não é comparável ao magistério da Igreja. Para o adventismo,
ela estaria como que em um patamar inferior ao da Bíblia em termos de
autoridade, mas em igualdade em termos de inspiração.
Isso porque entende-se
que o que Ellen White traz para a IASD já está na Bíblia, e leva à busca dessa
verdade na Bíblia, de modo que ela é uma luz menor que leva à luz maior. No
entanto, como veremos, sua importância é tão grande na IASD que ela está em
termos práticos, pelo menos, como a Tradição divina está para a Igreja Católica.
Voltando ao que o
capítulo 6 do livro apresente, esses usos da mensagem de Ellen White, como
mencionados, são desvios do que a mesma ensinava. Isso significa que se os
críticos afirmam que tudo isso é posição que deve ser tomada pela Bíblia
somente, estão certos, e devem saber que a profetisa Ellen White ensinava o
mesmo.
Essa questão nos leva a
entender mais o papel de Ellen White para a Igreja Adventista do Sétimo Dia –
IASD, e comparar com o que a Tradição Apostólica tem em relação com a Igreja
Católica Apostólica Romana – ICAR.
Isso mesmo. É muito
interessante o que essa profetisa tem em termos de autoridade para o
Adventismo, chegando a ser como que a tradição para o Catolicismo. Talvez isso
ajude a quem estuda a doutrina católica e seja de origem adventista. Os demais
protestantes precisam entender melhor o que é a tradição divina para a ICAR e o
que significa a mensagem de Ellen White para a IASD. Os adventistas, por sua
vez, já bem entendidos sobre Ellen White, precisam saber o que é a tradição
divina para a Igreja Católica e perceber as semelhanças com aquilo que sua
mensageira significa para sua igreja.
Pois bem. Alguém
poderia citar Ellen White como se fosse a Virgem Maria na Igreja Católica, por
ser tão admirada e seguida. Mas isso não tem lugar no Adventismo, já que ali
não há culto de veneração a Ellen White, embora “venerem-na” (a respeitam, a
amam, a honram, etc.) de fato pela sua doutrina e em sua memória. Mas, não é
essa a questão, e se referir desse modo seria algo muito superficial. Ela não tem
no adventismo o tratamento comparável a uma santa católica.
Também, Ellen White não
poderia ser o Magistério da Igreja para a IASD, pois isso é uma comparação superficial,
pois nenhuma vez ela se colocou para ensinar questões de fé e prática, com
autoridade como se fosse outra instância com a Bíblia, nem foi consultada para
dirimir questões nesse âmbito, com essa ênfase, não teve esse papel e não é
admitida como sendo o lugar onde se procura para resolver assuntos de fé e
prática para os adventistas. Então, também ela não é semelhante ao magistério
da Igreja Católica. E o protestante adventista faria bem conhecer bem o que significa
o magistério católico, caso queira entender melhor a comparação que se faz aqui
com relação a sua mensageira.
Agora, entendendo bem o
papal de Ellen White no Adventismo e da Tradição no Catolicismo, temos de
admitir que há pontos semelhantes, que levam a afirmar que de fato a profetisa adventista
não-canônica é como que a tradição
para IASD. Não crer em Ellen White impossibilita ser um adventista.
Dito doutro modo, o
adventismo possui uma tradição. Essa de alguma forma influi na sua
interpretação bíblica, etc. Mas, Ellen White é maior que a tradição adventista,
pois ela funciona para a Igreja Adventista como a tradição católica é para a
Igreja Católica. Assim, Ellen White tem autoridade maior para o adventista que
sua própria tradição.
Não se trata de
afirmações categóricas de Ellen White nesse sentido, nem do Adventismo, como se
o mesmo a reconhecesse assim, em suas afirmações oficieis, pois é sabido que a
posição protestante geral é oficialmente o Sola
Scriptura, assim como a persuação adventista o é, e portanto não poderia
haver outra fonte doutrinal infalível para a Igreja a não ser a Bíblia.
O que se está aqui
demonstrando é que de fato Ellen White
tem papel semelhante àquilo que a Tradição Apostólica tem na Igreja Católica.
Para termos essa ideia é preciso conhecer o que é a Tradição Apostólica como
regra de fé católica e o que Ellen Gould White significa para o Adventismo como
profetisa não-canônica. Fazendo isso, é possível perceber a afirmação acima.
O livro faz uma
apresentação do que é uma profetisa não-canônica e afirma que isso não rivaliza
com o princípio Sola Scriptura. Esse
ponto é interessante, pois na Igreja Católica o entendimento da Tradição Apostólica
e sua função na Igreja também não cria rivalidade com a Bíblia. No entanto, não
há na Igreja Católica o princípio que exige que tudo o que é relativo à fé e aos
costumes seja resolvido pela Bíblia. Voltemos ao ponto em questão: o papel de
Ellen White no adventismo está conforme o Sola
Scriptura assim como a Tradição se harmoniza com a Bíblia no catolicismo.
Em seus respectivos campos, há harmonia.
É importante notar,
agora, que no Catolicismo é oficialmente reconhecido que há três regras de fé,
sendo a Bíblia, a tradição e o magistério, o que já supõe que é pacífico que
essas regras estão em plena harmonia. A Bíblia e a Tradição são duas fontes ou
dois modos pelos quais a doutrina cristã flui na Igreja Católica, e o
Magistério é um organismo que regula as fontes. Se o termo fonte de doutrina não
for o melhor, quando se sabe que há uma só fonte da doutrina, que é Deus,
poderia ser usado modo de apresentação da doutrina, sendo dois, um escrito e
outro oral. Mas, na prática não faz diferença.
Por isso, ao fazer a
comparação com Ellen White e o Sola
Scriptura não se está fazendo comparação com o Protestantismo como um todo,
mas com a Igreja Adventista do Sétimo Dia, em particular, que tem oficialmente
Ellen White como profetisa e entende que está em perfeita harmonia como
princípio protestante Sola Scriptura.
A prova sobre a
continuidade do dom de profecia é bastante clara, e nisso o autor adventista acertou
e refutou visões contrárias. Essa posição está conforme a doutrina católica.
E nisso, ao entender
que o dom de profecia tem a ver com o testemunho de Jesus na Igreja, e tendo em
vista a compreensão do dom de profecia com a verdade presente apresentada por
Ellen White como não acrescentando à Bíblia, temos também que esse pormenor é
possível entender em relação à Tradição e a Bíblia no Catolicismo, onde as
doutrinas da tradição estão de algum modo, explícito ou implícito, na Bíblia,
não tendo o papel de introduzir nenhuma novidade teológica em termos de
salvação para ser crida como doutrina obrigatória para toda a Igreja.
É preciso saber que há
uma diferença crucial. De fato, a Igreja Católica oficialmente afirma que há
três autoridades, a Bíblia, a tradição e o magistério. Desse modo, havendo
alguma doutrina que seja encontrada somente na tradição oral, isso não invalida
sua admissão no credo católico, já que não há necessidade que a mesma tenha sua
expressão clara no texto bíblico. Mas, isso é bastante interessante, pois é
notável que todas as doutrinas
católicas possuem fundamentação bíblica profunda, de modo que é possível
percebê-las, mesmo que por seus princípios, e às vezes por fatos em passagens
bíblicas, e que é possível prová-las pela Bíblias somente.
É, por isso, oportuno
notar que Ellen White é uma profetisa que, de acordo com o autor adventista, possui
um papel onde sua mensagem não acrescenta algo à doutrina que deve ser crida, e
é subserviente à Palavra de Deus. Assim, seguindo o princípio protestante,
todas as instâncias doutrinais são testadas à luz da única instância infalível,
que é a Bíblia.
Para a Igreja Católica
não há necessidade que outras instâncias como a Tradição e o Magistério sejam
testados à luz da Palavra, pois se entende que há harmonia entre Bíblia e
Tradição e que há o carisma da infalibilidade do Magistério quando o assunto é
fé e prática.
Ellen White tem o
ministério de “exortar a congregação à
fidelidade bíblica”, através dos seus escritos, ajudar no crescimento
espiritual dos irmãos e prepará-los para o futuro.
A Tradição católica tem
a função, comumente percebida no decorrer dos séculos, de fazer entender melhor
a Palavra de Deus. Traz alguns traços que lhe são próprios, como certos
costumes e certas doutrinas ou ênfases ou interpretações consensuais sobre
certas passagens bíblicas, de modo que é luz para a vida cristã. É a própria
tradição que apresenta o cânon bíblico. Desse modo, a tradição é Palavra de
Deus. Ela foi a pregação apostólica, portanto inspirada.
Dessa forma, Ellen White
é tida no adventismo como profetisa, mensageira, inspirada. É uma pessoa que
traz consigo tamanha autoridade. No caso da tradição apostólica, temos que os
apóstolos foram inspirados a ensinar e escrever, e assim o que ensinaram
oralmente é de autoridade divina. Então, a tradição apostólica é de autoridade
máxima na Igreja com a Bíblia. Embora Ellen White seja apresentada como luz
menor, ela possui uma autoridade no adventismo imensa, por ser tida como
inspirada, e tendo confirmado doutrinas.
O caso de Guilherme
Miller pode ajudar a entender a questão de Ellen White. De fato, Miller cria na
Bíblia, foi um estudante aplicado e sincero, convenceu-se de sua interpretação,
pensou estar sendo guiado por Deus. E ainda assim, errou em certos pontos. Um
adventista não diria o mesmo sobre Ellen White e a doutrina adventista por ela
confirmada.
O próprio fato de
muitos “marcarem datas” para a volta de Jesus mostra o equívoco tremendo que
tinha o movimento, pois a Bíblia é explícita ao afirmar que sobre esse dia e
hora não há revelação.
Caso Miller fosse
católico, e estivesse trazendo uma mensagem nova, uma interpretação
inigualável, algo que estivesse fazendo alvoroço na Igreja, e isso levasse
mesmo a um concílio, seria preciso que a mensagem de Miller estivesse de acordo
com toda a doutrina cristã pregada e crida durante dos todos os séculos, que
fosse acatada pela opinião geral dos fieis católicos em todo o mundo, sem que
nada contradissesse qualquer passagem bíblica nem o consenso dos Santos Padres
e Concílios que versaram sobre o tema ou que tiveram algo definido que de
alguma forma baliza a interpretação surgida dos estudos daquele homem. Seria
impossível que a doutrina de Miller entrasse no rol de doutrinas da Igreja.
Uma vez não encontrada
uma ligação doutrinal clara com a Bíblia e a tradição, certamente a doutrina, a
interpretação, a mensagem, a revelação, seria refutada. E por quê isso? Porque
a revelação foi fechada, não há nenhuma doutrina que possa ser revelada para
toda a Igreja após o fechamento da revelação. Isso é pacífico. Católicos e
protestantes creem nisso. Assim, os adventistas estão de acordo.
E, então, como a
mensagem de Miller foi, de alguma forma, aceita? Isso se dá porque o a IASD é
protestante, e no Protestantismo há espaço para essas mudanças. No entanto,
nesse caso particular, as revelações a Ellen White tiveram maior peso.
Assim, isso teve a ver
com o levantamento de um “profeta” ou “profetisa”. Diante disso, dizemos que
tal coisa é compreensível em tempos do Antigo Testamento, quando a revelação
estava sendo dada, mas não em questões de fé nos tempos do Novo Testamento.
Toda revelação precisa estar em consonância com aquilo que a Igreja
oficialmente tem pregado em toda a sua história. E a interpretação de Guilherme
Miller não cumpre os critérios católicos.
Então, e o que dizer de
restaurar verdades bíblicas? Ou seja, há alguma doutrina que não havia sido
descoberta por ninguém e, como no caso de Miller, a partir de certo período foi
“restaurada”? No caso da Igreja Católica e de como as coisas funcionam, não há
espaço para introdução de novidades assim. Serve para a reflexão do leitor.
Assim também, a visão
de Hiram Edson levou à adoção da interpretação da purificação do santuário
celestial. E a visão levou ao estudo da Bíblia. Pois bem.
Isso, pelo dito antes,
não é suficiente para que uma doutrina seja adotada na Igreja Católica, pois
podem existir visões que apresentam doutrinas e textos bíblicos que parecem
favorecer a visão, e sinceridade nos estudos, que supõem concordar com as
revelações. No entanto, uma vez que a doutrina não é parte do patrimônio
cristão e contradiz alguma definição dogmática, em um estudo mais acurado, é
possível, e de forma cabal, mostrar onde está o erro da interpretação.
E a partir de 1844: “Nos anos posteriores, Ellen White teria
muitas visões que confirmavam pontos já estudados e resgatados por diferentes
membros do movimento, incluindo o sábado.” O problema aqui já foi
comentado. O sábado, no sentido moral e religioso, dia santificado para o
repouso e culto a Deus, é claramente um mandamento que é cumprido no Novo Testamento
com a guarda do domingo.
Dessa forma, ainda que
existam interessantes interpretações sobre o sétimo dia, e essas foram
corroboradas e confirmadas por visões
de Ellen White, em relação ao sábado isso contradiz a doutrina dos santos
Padres e a doutrina dos concílios, o que mostra que a guarda do sétimo dia, o
sábado, não é doutrina da Igreja. Dessa forma, basta um estudo da doutrina
bíblica para certificar-se que o domingo cumpre o preceito divino.
Então, o convencimento
por estudos bíblicos seguidos de visões não é suficiente para a introdução e
doutrina no conjunto de doutrinas da Igreja. É necessário que esteja conforme a
tradição.
Então, no Adventismo,
se o sábado foi estudado, e os estudos concluíram que o sétimo dia deveria
continuar a ser observado como no Antigo Testamento, e teve revelações de Ellen
White confirmando as conclusões dos estudiosos do movimento adventista sobre o
tema, isso torna o sábado parte integrante das doutrinas da IASD, de modo
infalível e irreformável, certo e dogmático.
Para aquele que crê no
dom profético de Ellen White é impossível
que não creia na obrigatoriedade da guarda do sábado do sétimo dia conforme
está na doutrina adventista, pelas bases bíblicas apresentadas na interpretação
adventista, o que já cumpre o princípio Sola
Scriptura, e pela confirmação da profetisa, é impossível que não creia e
ainda seja um adventista do sétimo dia. Não há estudo bíblico para averiguais
essa questão novamente, pois para o adventismo isso deverá estar encerrado.
A doutrina da
mortalidade da alma é outra que o adventismo adota, e que foi estudada no
movimento e teve revelação de Ellen White confirmando a interpretação
adventista. Esse último fato torna a doutrina um dogma adventista.
No entanto, essa
doutrina antiga, que o metodista George Storrs apresentou no século dezenove ao
movimento milerita, que tinha estudiosos citados no livro como Henry Grew e
Carlos Fitch, é totalmente refutada biblicamente. Se o leitor quiser comprovar
isso, basta ler o livro A imortalidade da alma não é lenda, de mais de
seiscentas páginas, que está em fase de conclusão, e possui argumentos
irrefutáveis, refutando todas as importantes
objeções mortalistas.
Isso mostra que ainda
que o mortalismo tenha seus pontos fortes na argumentação, e que a doutrina foi
confirmada por Ellen White, ela não pode manter-se de pé diante de um estudo
bíblico profundo. Também não encontra-se na doutrina dos santos Padres e dos
concílios, que mais de uma vez condenaram a doutrina da morte da alma. E, por
fim, o consenso universal cristão católico sobre a imortalidade da alma. Isso
mostra que é uma doutrina bíblica e presente na tradição apostólica e definida
pelo magistério. Nenhuma outra interpretação nem revelação particular pode
introduzir outra doutrina.
Para o adventismo, que
crê no Sola Scriptura e em Ellen
White, o papel da profetisa selou a convicção da interpretação da mortalidade
da alma, tornando impossível que um adventista seja convencido de que a alma é
imortal e permaneça adventista.
É basicamente assim:
nos escritos de Ellen White há a doutrina da morte da alma, da inconsciência
dos mortos, e, portanto, essa doutrina é dogma adventista. É uma confirmação de
que a interpretação bíblica em questão não pode ser reformada. É o mesmo que
encontrar uma definição conciliar sobre o tema. Se o catolicismo definiu que a
alma é imortal, isso é dogma de fé, crido por todos os católicos. Se Ellen
White escreveu que a alma morre, os adventistas só poderão ser mortalistas.
No entanto, ela não
passa no crivo cristão católico: biblicamente todos os argumentos do mortalismo
são refutados. Não há nenhum que seja superior aos argumentos imortalistas.
Entretanto, a
interpretação católica é profunda, sólida e irrefutável. Ainda,
tradicionalmente a Igreja já pronunciou-se contra a doutrina mortalista, mostrando
que a imortalidade da alma é um dado revelado. Isso acaba com a possibilidade
de que o mortalismo esteja correto. Aqui é preciso entender, conforme o assunto
do presente estudo: ou a Bíblia e a tradição ou a Bíblia e Ellen White. O
cristão católico estudo a Bíblia e encontra a interpretação autêntica de que a
alma é imortal. O adventista só poderá concordar com a interpretação adventista
de que a alma é mortal. O católico não pode negar a imortalidade da alma, assim
como o adventista não pode aceitar essa doutrina. O fato é que a tradição
católica é imortalista, Ellen White é mortalista. Que o leitor compreenda a
comparação.
Mais uma comparação
torna isso mais claro. Vamos à doutrina do purgatório. Para o catolicismo, essa
doutrina possui bases bíblicas, no Antigo Testamento e no Novo Testamento, e
foi proclamada na tradição como doutrina revelada. Não há como negar.
No entanto, Ellen White
afirma que a alma deixa de existir na morte, o que confirmava o estudo de
vários grupos protestantes daquele tempo, e dos grupos que estudavam a Bíblia
no movimento adventista, de modo que para o adventismo não pode haver purgatório.
Mais uma vez, ou a
tradição apostólica que prova que existe o purgatório, e, portanto, a doutrina está
na Bíblia, ou a autoridade da interpretação adventista corroborada por Ellen
White sobre o estado inconsciente dos mortos. Então, leitor adventista, é necessário
ler o livro que refuta biblicamente as argumentações mortalistas. Há vários
artigos do mesmo no blog.
Naquilo que Ellen White
ensinou em conformidade com a tradição católica, não há o que objetar, como a
doutrina da trindade, e da instrução a não marcar datas para a segunda vinda de
Cristo e do cuidado com a saúde. Essas posições fazem parte da doutrina da
Igreja e estão corretas.
Diga-se de passagem que
se é verdade que a saúde dos adventistas testemunha a correção dos seus modos
de vida para o cuidado com a saúde, é verdade que os cristãos católicos que
vivem melhor os princípios católicos possuem também saúde acima da média,
bastando olhar para os religiosos católicos, onde padres, bispos, cardeais,
estão trabalhando com idades superiores aos 90 anos. Aliás, uma freira está
entre as três pessoas mais idosas do mundo.
A cidade onde há muitos
adventistas possui expectativa de vida de 79 anos. Para fazer uma comparação
simples, o estado do Vaticano, de maioria absoluta católica, e que seguem mais
de perto as doutrinas da Igreja, possui expectativa de vida de 84 anos.
É digno de nota a
passagem que menciona um tema em que na IASD começou-se a ver a “tradição” e
“Ellen White” como “resolvedores” de divergências bíblicas e teológicas,
ganhando assim “vícios católicos”.
É claro que se assim
ocorresse, o movimento adventista teria de adotar uma tradição mais rígida e as
revelações de Ellen White não teriam o papel que possuem.
Quando se diz que mesmo
os reformadores não acertaram em tudo, é preciso concordar e repetir que é
verdade que mesmo os “grandes cristãos do passado” não acertaram em tudo porque
é somente a Igreja em seu magistério que, conforme a Divina Providência, quando
toma a dianteira para resolver questões de fé e moral é que, nesse caso e
somente nesse caso, é infalível, acerta em tudo. Não há na Igreja Católica
nenhum indivíduo que tenha acertado no ensino em tudo em termos de fé e
prática.
Se se questionar se
Ellen White errou em doutrina e prática em seus escritos, o adventista deverá
dizer: não. Assim, também, como na tradição apostólica não há nenhuma doutrina errônea.
E quanto ao estudo
bíblico e a adoção das doutrinas: “O
processo de assimilação não é simples e varia de indivíduo para indivíduo.”,
escreve o autor. De fato.
Para um adventista
crer, por meio de estudo bíblico, que a alma é imortal, é, como já dito acima,
deixar de ser adventista. O motivo é simples: o estudo foi confirmado pela
profetisa e, uma vez que se crê que ela é infalível na doutrina, não se pode
adotar uma interpretação que negue o que foi confirmado.
E mesmo com a noção
protestante da falibilidade da Igreja, o adventista terá de crer que
determinada doutrina foi corretamente interpretada e por isso alcançou a graça
de uma confirmação da profetisa Ellen White, levando com isso a reconhecer tal
doutrina como verdadeiro dogma.
Mas, quanto à
imortalidade da alma, cada argumento que forma a doutrina desfaz todos os
argumentos mortalistas. Portanto, o mortalismo não pode estar correto.
Dessa forma, a seguinte
afirmação: “E manter essa noção é
essencial para que o movimento não se julgue infalível, mas procure, pelo
estudo constante e com humildade, sempre consertar seus erros e chegar mais
próximo da verdade.”, essa afirmação significa que “outras doutrinas” podem
ser reformadas etc., mas não aquelas já confirmadas,
como a doutrina do sábado, da inconsciência dos mortos e do santuário, por
exemplo, que já passaram pela confirmação da profetisa, o que equivale a dizer
que é como se fosse um dado da tradição da Igreja, portanto, doutrina revelada.
Assim, o que está em Ellen White é tradição, posterior à Bíblia em termos
lógicos e cronológicos.
De fato, nenhum
adventista se colocará a rever a doutrina da mortalidade da alma em estudos
bíblicos, pensando ser possível estar errada e que poderá chegar mais próximo
da verdade.
Mas, é um convite para
aquele que deseja estudar biblicamente sobre a imortalidade da alma, que leia o
livro indicado acima.
Será mesmo que os
movimentos que são citados na reforma cristã são de fato “reformadores” e levantados
por Deus para levar a Igreja à verdade, apresentando com esses uma mensagem para
aquele tempo? Parece que não.
De fato, esses
movimentos parecem mais a permissão de Deus para levar a Igreja a reformar-se, sendo
heresias que são inevitáveis: “Porque é necessário
que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre
vós”. Assim, com as muitas opiniões protestantes, a Igreja Católica saiu
fortalecida com o Concílio de Trento, que formou clero santo, abriu escolas,
monastérios, publicou catecismo, deu novo ímpeto a missões, favoreceu a vida
religiosa renovada, aumentou a prática piedosa de boas obras, mais construção
de igrejas arquitetonicamente belas, florescimento da teologia e etc.
Há uma frase
interessante no livro: “Pelo contrário, é
vergonha pretender infalibilidade quando não se tem.” Certamente se refere à
doutrina católica da infalibilidade da Igreja. Mas a Igreja a possui, então não
é vergonha ensiná-la.
E, continuando, o autor
afirma que um profeta, chamando atenção para o ministério de Ellen White, não
tem a missão de dar ao movimento uma interpretação correta de todas as
passagens bíblicas e doutrinas. Isso é formidável.
É basicamente o mesmo
que é afirmado da tradição da Igreja Católica, ou mesmo do magistério, que não
comentário infalível da Bíblia, nunca fez definição de todas as passagens
bíblicas, pois tudo o que é revelado é de fé, e não há necessidade de nenhuma
explicação infalível para cada passagem bíblica.
E mais: o profeta seria
para o movimento não se desviar da missão. De fato, Deus pode levantar pessoas,
como os santos, na Igreja Católica, para evitar que seu povo se afaste da verdade.
No entanto, quando é necessário resolver questões de doutrina, o meio utilizado
por Deus é o concílio.
A Igreja é inerrante,
pois como ocorreu no concílio de Jerusalém, o que foi decidido foi a vontade do
Espírito Santo, que não pode errar, e foi acatada por todos os cristãos.
Ainda, a relevância de
Ellen White é “contínua” para a IASD. Isso mostra mais uma vez o quanto se
assemelha à tradição apostólica, que é sempre relevante para a fé católica.
Ellen White foi
profetisa, e muito mais uma mensageira da IASD. Isso é interessante. Também,
suas doutrinas levam a Cristo, à Bíblia, e são fieis à tradição protestante. É
também correto afirmar isso.
Mas, quando se diz que
a doutrina do sábado e da mortalidade da alma, o juízo pré-advento, a
escatologia historicista, a reforma da saúde, são corretas, isso está
equivocado, e basta um estudo bem feito para certificar-se do fato. São coisas
que podem surgir do estudo bíblico, mas que não refutam a doutrina original.
Para ver isso, leia o livro que prova a imortalidade da alma refutando através
da Bíblia todos os argumentos mortalistas. Vários artigos já estão no blog.
E usando as palavras do
livro, de que a Bíblia valida Ellen White, por serem as doutrinas adventista
oriundas dos estudos bíblicos e corroboradas por Ellen White, sabemos que a
Bíblia valida a tradição apostólica: guardai
as tradições (2 Ts 2, 15).
Sem Ellen White, na
perspectiva interna da IASD, as heresias teriam prosperado no adventismo,
afirma o autor. É praticamente a relevância da tradição apostólica, que
garantiu a verdade na Igreja Católica, contra erros e inovações.
Lembremos que a
tradição mostra como foi formado o próprio cânon bíblico, apontado para a
verdade da Bíblia, e afirma a inspiração da Bíblia, garante que a Bíblia é a
Palavra de Deus. E a Bíblia, por sua vez, atesta a veracidade da tradição. Ou
seja, pela tradição conhecemos que livro foi inspirado por Deus. É como Ellen
White no adventismo, que aponta doutrinas que devem estar na Bíblia.
Temos então que na IASD
a relevância de Ellen White seria como a tradição para a Igreja Católica.
Gledson Meireles.