Feliz Páscoa a todos.
Apocalipse
2
Jesus tem os sete
candelabros em Sua mão direita. Isso mostra que todas as igrejas citadas são
Suas, estão sob Sua autoridade. De fato, o número sete é simbólico, e indica a
totalidade da Igreja. Mesmo que no historicismo, onde cada Igreja representaria
uma determinada fase história da Igreja, cada uma representa a Igreja inteira.
Na interpretação
adventista, a Igreja de Éfeso simbolizaria a Igreja do período até o ano 100 ou
até a morte do último apóstolo.
É preciso notar que
devemos acompanhar a Igreja em todas as suas fases, olhando para o lugar
correto, e não confundindo elementos. Então, a Igreja de Éfeso, na era
apostólica, simbolizaria a Igreja inteira desse período, e não uma só
comunidade literal e histórica.
Desse modo, a Igreja desejável, pois ainda está no período
onde os apóstolos vivem. A revelação está acontecendo, a Bíblia está sendo
escrita para o fechamento do Novo Testamento, e os apóstolos e bispos por eles
ordenados estão pregando o evangelho em toda parte. São Pedro é o primeiro
papa. Após 64 d. C. sucede o papa Lino. Até o fim do século, governa a Igreja o
papa Evaristo (97 d. C. a 105 d. C.) Temos assim, no período apostólico, cinco
papas. Todos foram mártires da fé.
A doutrina pura da
Igreja era espalhada em todos os lugares. E Cristo está entre os candelabros que são as sete Igrejas. Então, Cristo está na
Igreja de Éfeso, está em toda a sua fase, guiando-a pelo Espírito Santo.
Naqueles tempos
existiam heresias, como a dos nicolaítas, que certamente eram cristãos que
pregavam um relaxamento moral, contra a doutrina apostólica, contra a doutrina
oficial da Igreja, mas não havia ainda divisão séria entre os cristãos. Assim,
devemos olhar para a Igreja de Éfeso como a representante dos verdadeiros
cristãos, e os nicolaítas como cristãos hereges.
Quando se diz que a
Igreja no período apostólico testava os falsos apóstolos, investigava seu
caráter e descobria quem eram os mentirosos, isso indica a autoridade dos
apóstolos, bispos e presbíteros daqueles tempos.
De fato, quando surgiu
a questão sobre a circuncisão, por volta do ano 49 d. C., como deveria ser
considerada pela Igreja, foi necessário um Concílio,
onde participaram os apóstolos e os anciãos, e que teve autoridade sobre todos
os cristãos da época, e a mensagem foi levada a outros lugares através da carta
conciliar.
Outro exemplo, desse
período histórico, na igreja de Corinto surgiu um cisma, e o papa Clemente (88
d. C. a 97 d. C.), que era o bispo de Roma, escreve a essa comunidade, entre os
anos 93 e 97 d. C. Foi um ato do magistério papal em fins do século primeiro.
É o modo da Igreja Católica
resolver questões de fé, pelo seu magistério autêntico, estabelecido por Jesus
Cristo.
Assim, o anjo da Igreja
é o bispo local. Contudo, considerando a interpretação historicista, onde Éfeso
representa toda a Igreja entre a ressurreição de Jesus até o ano 100, temos que
o anjo simboliza todas as autoridades desse tempo, sendo o ministério do
período apostólico.
A Igreja de Esmirna é a
Igreja Católica da fase da perseguição. Durante esse período, considerado pelo
adventismo como indo do ano 100 até 323 d. C., a Igreja passou por diversas
perseguições no Império Romano, onde morreram milhares. Tertuliano chegou a
dizer que o sangue dos cristãos era como uma semente, pois a Igreja crescia
cada vez mais. Enfrentadas foram várias heresias, muitas controvérsias, mas o
magistério manteve o depósito da fé intacto.
O texto sagrado fala
dos falsos judeus. Isso indica que os verdadeiros judeus são aqueles da
promessa, da circuncisão do coração. De fato, essa interpretação está correta.
Como disse o papa Pio XI: somos
espiritualmente semitas. Aqueles que se declaram judeus e não são, na
Igreja de Esmirna, considerando sua fase local histórica ou como período de
séculos (100 a 323 d. C.), simbolizam os hereges daqueles tempos. Outra vez, a
Igreja de Esmira é a Igreja Católica
desse período, e os falsos judeus são as heresias.
Fiel
até à morte. E há uma promessa aos cristãos e
Esmirna: Sê fiel até à morte, e dar-te-ei
a coroa da vida. Essa coroa pode ser da, de fato, no estado intermediário,
já que os anciãos, que são os santos do céu, estão com coroas na cabeça. Essa
leitura é correta. Mas, há a coroa da justiça (2 Tm 4, 8) que será dada na
ressureição, como simbolizado o galardão.
Tribulação
de dez dias. Interpretação interessante,
considerando a perseguição de Diocleciano, entre 302 a 312 d. C., perfazendo
dez anos.
A
recompensa do vencedor. E um fato que os cristãos
entendiam as promessas de Cristo já em cumprimento na morte. Os mártires já
estavam no céu.
A IASD acredita que
somente na ressureição essa promessa seria cumprida. Mas não. Os santos já
estão na glória, já participam do Reino dos Céus, e já está participando do
julgamento do mundo (cf. 1 Cor 6, 2).
Esmirna
– mirra, igreja do tempo da perseguição. Essa interpretação
é curiosa e é bastante coerente com a doutrina católica, se se considerar os
pontos observados segundo a são doutrina.
A Igreja Pérgamo
simbolizaria o período de 323 d. C. até 538 d. C. Aqui teria havido influências
maléficas, onde “erros e males começaram se infiltrar na igreja”.
O leitor que acompanha
desde o início está observando que se trata da mesma Igreja Católica, desde os
dias de Jesus Cristo até o ano 100 d. C., depois até 323 d. C., e agora até 538
d. C. Teria ela mudado de figura e agora não
era mais Igreja de Cristo?
Pérgamo significando altura, elevação. O texto adventista
afirma que “os verdadeiros servos de Deus”
precisaram lutar contra os erros desse tempo. E justamente isso foi o que a
Igreja Católica fez.
Assim, é preciso notar
que esses servos eram a própria Igreja Católica desse período, com sua
hierarquia, seus papas, bispos, presbíteros, agindo através de seus sínodos,
concílios, doutrinas, liturgia, etc. Aliás, já em 325 d. C. dois anos depois,
acontece o Concílio de Niceia, com a Igreja já em liberdade no Império, podendo
realizado o concílio convocado pelo Imperador, autenticado pelo papa Silvestre.
Esse concílio defendeu a doutrina da divindade de Jesus contra as heresias.
Nesse período foram
realizados os Concílios de Niceia I (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431),
Calcedônia (451).
Se pelos critérios
adventistas, a Igreja nesse período caiu em heresias, e “cristãos” tiveram que
“lutar contra um espírito de práticas,
orgulho e popularidade mundanos entre os professos seguidores de Cristo e
contra a operação virulenta do mistério da iniquidade, que resultou, por fim,
no desenvolvimento do homem da iniquidade papal.”, onde estavam esses
“servos de Deus”? Eles já haviam se separado da Igreja Católica, que agora não
era mais ilegal no Império, e que havia sido libertada pelo Edito de Milão em
313 d. C.?
Ou eles ainda estavam
dentro dela, e participaram dos concílios acima mencionados, que defenderam a
fé cristã a todo custo?
Se eles estavam fora da
Igreja, certamente não poderiam ser os verdadeiros servos de Cristo, pois não
estariam lutando pela verdade nos concílios, contra o arianismo, nestorianismo,
etc. Se eles eram os próprios arianos, etc., então está respondido que não são
a Igreja fundada por Jesus.
A outra possibilidade é
que eles estariam dentro da Igreja ainda. Então, estariam lutando pela
conservação da fé cristã original contra as heresias citadas, e estavam fazendo
isso em união com o papado, pois a forma ordinária da Igreja para resolver
essas questões é o Concílio Ecumênico, que só é validado pelo papa, em comunhão
com os bispos. Sendo assim, esses servos de Deus eram católicos fieis, e disso
não temos dúvidas. Portanto, ou o leitor é convencido de que a Igreja Católica
permanece fiel em todos os períodos, como nesse em consideração, e que a
interpretação adventista está equivocada, por não adequar-se ao texto sagrado
do Apocalipse 2, 12-17, e contam com essas incoerências doutrinais e
históricas.
Se esses cristãos
reconhecidamente verdadeiros eram a Igreja Católica, então sabemos que criam em
Cristo, na sua divindade, na trindade, na maternidade divina, e cultuavam os
mártires, os santos, a Maria, e celebravam a missa, e rezavam pelas almas, etc.
Todos esses participam ou estavam de acordo com as decisões conciliares. Se os
cristãos aludidos como “servos de Deus” que lutaram contra as iniquidades, estavam
fora da comunhão católica, então estavam entre os arianos, nestorianos,
simbolizados pelos balaítas, nicolaítas, e etc. Então não participaram de
nenhuma das grandes defesas das doutrinas bíblicas dos concílios, e não podem
ser os fieis servos de Deus.
Onde
está o trono de Satanás. Segundo o adventismo a Igreja foi
corrompida nesse período. Isso já foi
provado falso. Aqui teria sido lançado os fundamentos do papado. Mas, como
visto antes, desde os tempos de Cristo há papas, que são os bispos de Roma, que
exercem poder espiritual na Igreja, e são simbolizados pelo anjo de cada Igreja.
Falando à Igreja de Pérgamos,
então, que é interpretada como sendo a igreja do período de 323 a 538, Jesus
afirma que ela conserva o Seu Nome de não negou a fé. Portanto, não foi
corrompida.
Dessa forma, Antipas, que é uma fiel testemunha morta
no primeiro século, certamente, e que simboliza os que foram mortos nesse
período, para fins de melhor entendimento da interpretação historicista, essa
testemunha não pode ser um “anti-papa”, como quer fazer entender a IASD com
essa interpretação. E os motivos serão dados a seguir.
De fato, assim sendo,
teria havido uma saída da Igreja Católica de muitos católicos, após o ano 323,
e se tornaram antipapas, e foram perseguidos pela Igreja. Os que desertaram, ou
seja, os que apostataram da fé oficial, seriam esses os “verdadeiros” cristãos,
segundo esse entendimento. Porém, isso não faz sentido.
Como visto, pois o
Senhor Jesus está na Igreja (entre os
candelabros), não permite que ela caia (conforme promessa de estar com a Igreja
sempre, cf. Mt 28, 19-20), e o texto afirma que Esmirna finalmente “conservas o meu nome e não negaste a minha
fé”, e que Antipas foi morto entre vós, ou seja, em Pérgamo, e em comunhão
com a Igreja.
Voltando ao texto do
Apocalipse, vemos que dentro da Igreja havia os que sustentavam a doutrina de
Balaão, e outros adeptos da doutrina dos nicolaítas. Esses são os que
simbolizam a heresia desse período. Portanto, a Igreja de Pérgamo é símbolo da
Igreja verdadeira, e os que sustentam a
doutrina de Balaão e os que sustentam
a doutrina dos nicolaítas são os
hereges.
Antipas é servo fiel,
unido a Pérgamo, portanto, fiel católico.
Dessa forma, não cabe
no texto a interpretação de que a Igreja tenha sido corrompida. O cenário não
é: a igreja de antes (desde Cristo a 323)
tornou-se corrompida por erros, e passou a perseguir os sinceros servos de Deus
que dela saíram, ou que ensinavam contra sua doutrina oficial. Essa
interpretação encontra refutação teológica e histórica.
Pois, nesse texto, os
que seguem a doutrina de Balaão e a doutrina dos Nicolaítas são os que estão contra a doutrina pregada na Igreja de
Pérgamo. Por isso, é fácil concluir que a iniquidade não está na Igreja que
adentra esse período, mas em grupos que estão dentro dela e que são denunciados
como “os que sustentam a doutrina de Balaão”
e os que “sustentam a doutrina dos nicolaítas”.
Jesus não destitui a Igreja, mas a exorta a que lute contra essas heresias
citadas.
Essas doutrinas
certamente eram idolatria espiritual, uma conexão ilícita entre a aqueles
cristãos (e não a Igreja em geral) e o mundo. Assim, temos a correção: a Igreja
de Pérgamo (Católica), de 323 a 538, lutou contra heresias (de Balaão e dos
Nicolaítas). Ela é mostrada como fiel, e é exortada por Jesus.
Em nenhum momento é
dito que ela se juntou ao poder civil, como algo pecaminoso, coisa que teria
dado origem ao papado. Primeiro, porque a união com o poder civil não é mau por
natureza, mas pode trazer benefícios e malefícios. Segundo, o papado é de
origem divina, religiosa, e não de origem política. Essa interpretação não
coube no texto da carta à Igreja de Pérgamo.
Voltando a olhar a
partir da correta perspectiva, quando o autor afirma, da Igreja “Disciplinando ou excluindo aqueles que
defendem essas doutrinas perniciosas.”, deve-se entender da autoridade
legítima da mesma Igreja oficial, que vem sendo considerada, desde os dias de
Jesus até o ano 100, até 323, até 538. Não houve mudança de Igreja, não houve
destituição, não houve tirada de candelabro.
Dessa forma, se Antipas
simbolizasse grupos que se voltaram contra a Igreja oficial, deveria ser
mostrado em ação contra Pérgamo, e não como membro fiel.
Ainda. Os cristãos que
teriam se separado da Igreja de Pérgamo deveriam disciplinar ou excluir os infieis dos quais eles haviam se
separado. Algo estranho.
Antipas é uma
testemunha que foi martirizada em Esmirna, membro daquela Igreja fiel. Pérgamo
e Antipas estão de um lado, os de Balaão e dos nicolaítas de outro. Portanto, o
magistério católico autêntico está em Pérgamo.
Gledson Meireles.
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