Êxodo 9,7
O
faraó era obstinado, e não concedia liberdade ao Povo. Para puni-lo, Deus
endurecia, ainda mais, o seu coração (v. 12). Está escrito: “O Senhor endureceu o coração do faraó, que,
como o Senhor havia predito, não ouviu Moisés e Aarão”.
Isso
não feria seu livre-arbítrio. Estamos vendo o motivo pelo qual o Senhor fazia
com que o faraó ficasse com o coração endurecido, pois ele era desobediente,
não ouvia Moisés e Aarão. Isso quer dizer que o coração do faraó era endurecido
desde o início, mas podia deixar de sê-lo se ele ouvisse as palavras de Moisés
e Aarão, e obedecesse, assim, a Deus.
No
entanto, pelo contrário, o faraó obstinava-se. Como Deus conhecia essa
realidade desde o início, Ele castigou o faraó de muitas formas, e uma delas
foi endurecê-lo ainda mais, mandando as pragas, os castigos de todos os tipos.
No
v. 27 o faraó reconhece que pecou, e também que Deus é justo. Porém, não havia
temor de Deus nele, como afirma Moisés no v. 30. Uma prova de que o
endurecimento do coração do faraó não tinha a ver com sua salvação, é também
que os seus servos também são denunciados por Moisés como não tendo o temor do
Senhor Iahweh. Não estavam predestinados para agir assim, mas agiam por culpa
própria.
Outra
grande constatação disso é que o faraó estava recebendo esses castigos de Deus,
e ainda assim pôde reconhecer o seu pecado. Além disso, ele reconheceu também o
poder e a justiça de Deus, e pediu a Moisés que rogasse a Deus para que a praga
cessasse. É tremenda essa verdade.
O
faraó estava com o coração mau, e Deus o puniu deixando-o na maldade,
endurecendo ainda mais, e castigando todo o reino egípcio. Porém, ainda que
tudo isso estivesse ocorrendo, acontece que o faraó reconhece as grandezas de
Deus, e sabe que estava agindo contra a vontade de Deus. Ele amolece seu
coração diante de tudo o que estava acontecendo. O livre-arbítrio do faraó
estava preservado. Note que Deus previu e disse que o faraó faria tudo aquilo.
Ele não fez o faraó agir mal, mas soube que ele iria agir mal.
Mas,
tristemente, assim que Moisés roga a Deus e as pragas cessam, ele novamente “continuou a pecar e endureceu seu coração”
(v. 34). Ele viu o bem que Deu fez e pecou assim mesmo, pois voltava à sua
maldade de antes. Tanto o faraó com os seus súditos endureceram seus corações,
aprisionando os israelitas.
Em
sentido metafísico não se pode adotar princípios contrários ao que está
revelado. Deus não endurecia o coração do faraó em primeiro lugar, como se isso
estive no Seu decreto, mas fazia isso como punição. O faraó foi desobediente,
merecendo esse castigo.
Obviamente
a doutrina reformada concorda com essa posição, mas afirma que o faraó fazia
tudo isso por ter uma natureza corrupta, e não poderia agir senão dessa forma,
já que não tinha a graça de Deus, e nem poderia ter, e estava predestinado a
agir como agia. Ainda, afirma que mesmo essa predeterminação das suas ações não
o tornava irresponsável, mas continuava a manter a responsabilidade por seus
pecados. Tudo isso, porém, não está conforme o que lemos em todo o contexto.
A
verdade é que o faraó pecou livremente, sem estar determinando, e Deus o punia
com o endurecimento do seu coração e com pragas, mas mesmo assim ele podia
rever sua posição e converter-se. De fato, quase que isso ocorreu, como visto
acima, mas logo que as coisas melhoraram no Egito ele volta a pecar, endurece o
coração, e Deus continua sua obra de salvação. O reformado dirá que ele não
converteu-se porque não podia, e estava predestinado a isso. Mais uma vez, essa
asserção não provem do contexto bíblico.
Claramente
todos esses fatos eram conhecidos por Deus, não como causador deles, mas
mostram que Deus deixou a criação seguir o livre-arbítrio que recebeu, ofereceu
oportunidades para a conversão, e assim suas ações eram conhecidas pelo Senhor.
Desse modo, Deus agia para libertar os hebreus usando mesmo a maldade dos
homens, pois Ele tira o bem até mesmo do mal.
Gledson Meireles.
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