Sola Scriputra e divisões no Protestantismo
Uma
análise do vídeo do pastor adventista Thomas
Avanço nos estudos
O
pastor tem mostrado avanços no entendimento da doutrina católica. Isso é algo
que nasce do estudo que o mesmo vem fazendo do Catolicismo.
Um
exemplo é quando alguém alude à sua conversão, e ele afirma já estar
convertido. Até aqui não seria algo incomum um protestante fazer tal afirmação.
Mas, logo adiante ele diz que caso se tornasse católico não seria uma
conversão, pois o mesmo já é convertido, e a Igreja Católica reconhece o seu
batismo. Esse ponto é importante e mostra como o estudo da doutrina cristã
católica tem feito bem ao pastor, pois ele fala desse ponto de uma forma já
bastante familiar, e tal é um ponto desconhecido de muitos protestantes.
Outro
exemplo é quando reconhece que Lutero não quis deixar a Igreja Católica, o que
é um avanço pequeno, pois logo de início quem conhece a reforma luterana
percebe o fato, mas quando afirma que a Igreja Católica melhorou após o
Concílio de Trento, sendo assim uma melhora após Lutero, isso mostra que os
estudos estão fazendo muito bem, pois muitos não percebem essa realidade. O
pastor está caminhando rumo à verdade completa. A questão política auxiliou
muito a reforma protestante.
Interpretação coletiva
A
questão da interpretação coletiva é algo importante e muito boa a explicação.
Alguém descobre algo novo na IASD. Apresenta à Igreja, no seu representante
oficial. O assunto, fazendo sentido, sendo acolhido, pode ser discutido pelo
Instituto de Pesquisa Bíblia, por exemplo, e fazendo mesmo sentido isso pode
ser levado à Assembleia Geral, que é uma associação geral, que é como um
concílio adventista, que discutirá o tema em comunidade e sendo isso aceito
haveria uma revisão na doutrina.
Com
isso, está explicado que não existe uma interpretação particular, pois o estudo
é avaliado coletivamente. Pode-se dizer, coletivamente pela igreja
estabelecida, pela sua liderança, de modo oficial e sério.
E
quanto ao Catolicismo, como isso seria feito? Vejamos essa situação hipotética.
Um
cristão católico tem uma interpretação da Bíblia, e apresenta à Igreja para uma
avaliação. O padre avalia a questão, leva ao bispo, caso o tema seja entendido
de grande relevância.
Se
isso for algo que também esteja sendo percebido pela comunidade de fé, sensus fidelium, indicando ser algo
relativo à fé revelada, e que encontra circunstância para o seu estudo e
aprofundamento, mostrando que é algo que de fato merece uma apreciação da
autoridade eclesial, no seu magistério, esse ponto pode ser levado a um sínodo,
e dependendo da grandiosidade da questão, ser realizado um concílio ecumênico.
Esse é o concílio onde toda a Igreja se reúne para dirimir geralmente uma
questão de fé e moral.
A
interpretação deve ser de fato bíblica, encontrar apoio dos teólogos fieis à
doutrina cristã, estar de acordo com os princípios já estabelecidos e
reconhecidos pela tradição, como doutrina revelada, não contrariar nenhum
dogma, pois cada dogma passa pelo mesmo escrutínio, e estar em comunhão com o
parecer dos bispos reunidos em Concílio em união com o papa. Acontecendo tudo
isso, pode haver a proclamação da uma verdade de fé. Essa, porém, não é
novidade, já que se tratou de uma nova luz sobre aquele assunto, sendo a mesma
revelada na Bíblia, pelo menos implicitamente, e de certo modo encontrada na
tradição apostólica.
Liberdade religiosa
Não
é tão simples afirmar que os protestantes lutaram para a liberdade religiosa
que os católicos hoje possuem. E quando católicos são minoria? E quando não
possuem poder político em determinada região? Como foi citado os Estados Unidos
da América, basta estudar um pouco sobre a colônia de Maryland que rebelou-se
contra o governo britânico. A região possui boa parte de cristãos católicos,
mas sob o governo protestante. Veja como foram tratados para conseguirem
liberdade. Hoje a Igreja Católica individualmente, segundo a Wikipedia, é maior
que todas as outras: 23%. Igreja Batista 18%, Metodista 11%, Luterana 5%, e
outras denominações 22%. Há certo equilíbrio. Veja como os católicos lutaram
por liberdade religiosa.
Corrupção
O
pastor ainda precisa melhor avaliar sua posição que está sendo simplista nesse
ponto. Em primeiro lugar, reconhece que os culpados por corrupção devem ser
tratados pela justiça. No entanto, quando compara a corrupção mencionada em
comentário a respeito da IASD, afirma que não é uma corrupção “descarada” do
tipo... e passa a mostrar certos pecados graves de cristãos católicos ao longo
da história.
O
problema é que a IASD é bastante nova. É fruto de um amadurecimento teológico e
na doutrina moral protestante para criar uma comunidade una e santa. Esse é o
objetivo de toda denominação, mas em especial os adventistas procuram isso com
muito esforço.
E
ainda assim, após os exemplos de tantos séculos de Igreja Católica e com os
exemplos das diversas denominações protestantes, há espaço para esses
acontecimentos corrompidos em seu meio. Portanto, os 162 anos da IASD é quase
nada em comparação com a Igreja Católica Apostólica Romana com séculos e
séculos de existência em períodos da história os mais diversos possíveis e em
regiões e lugares difíceis, em meio bárbaro e etc., onde muitos absorvidos pela
corrupção geral em que viviam, principalmente em determinados séculos
medievais, acabaram por cometer muitas atrocidades.
É
fácil ver que uma denominação tão jovem, nascida na América, com uma diferença
importante comparada à experiência católica, é fácil que não tenha caído em tão
grandes males. É preciso reconhecer as proporções.
O
mesmo ocorre dentro do Catolicismo, por exemplo, uma comunidade católica jovem,
surgida há pouco tempo, não terá em seu meio problemas sérios se comparados à
Igreja Católica como sistema em toda a sua história. Então, a comparação é
bastante superficial. O fato é que não se deve aderir ou deixar uma igreja
apenas por erros de seus membros. Confiar na doutrina é o correto.
Quem mais fala de Ellen White?
Os
não-adventistas falam muito sobre Ellen White. Isso é bem comum. Por exemplo, os
protestantes falam de infalibilidade papal. Grande parte dos católicos não
saberia explicar sobre isso, não pensa a respeito. É um assunto católico, obviamente,
mas que é colocado em voga pelos protestantes.
Os
protestantes costumam citar o imperador Constantino em suas críticas à ICAR. Em
geral, nenhum católico conhece Constantino e nunca ouviram falar sobre ele. Certamente
nunca ouviram um padre mencionar esse imperador em uma homilia. Só os que
estudam teologia, apologética, história, são acostumados como tema. E os
protestantes, uma parte considerável, de todas as denominações, de modo
especial os adventistas, conhecem algo sobre esse imperador.
Agora,
um exemplo mais próximo. Ellen White é uma profetisa e pessoa muito venerável,
no sentido de respeito, afeto, admiração, autoridade, entre os adventistas. Mas
os que mais falam sobre elas são os críticos.
Na
Igreja Católica a questão das imagens é muito atacada pelos protestantes, em
geral. No entanto, no dia a dia católica a veneração prática em relação às
imagens nas igrejas locais é tão pequena que em comparação com o que percebemos
nas críticas protestantes é de uma diferença enorme.
Os
protestantes citam o fato da veneração, que chamam de adoração de imagens, como
se todos os católicos passassem o tempo inteiro de suas devoções venerando uma
imagem. Na prática é comum ver pessoas passando ao lado das imagens e nem
olharem para elas, entrarem e saírem da igreja sem tocarem em nenhuma imagem. É
apenas uma constatação interessante, pois parece que os de fora escolhem temas
e colocam ênfase exagerada neles, quando os próprios fieis às vezes não lembran
do tema.
Mas
há um razão para isso. Os católicos veneram as imagens com muita ênfase nas
procissões, nas festas dos santos, nas peregrinações aos santuários, que são
vistas pelos de fora. Esses concluem então que sempre é assim na vida diária da
igreja. Trata-se de um equívoco dos espectadores.
É
bastante comum que nas missas muitas e muitas vezes nenhum santo é citado nas
pregações, não tendo nenhum tratamento especial, e nenhuma imagem é venerada. É
a vida normal da Igreja Católica.
Assim
também com a senhora Ellen White, que é mencionada nos documentos oficiais da
IASD, aparece em todos os debates apologéticos, tem seus livros lidos pelos
adventistas, os adventistas são batizados após também aceitarem o dom profético
de Ellen White e etc., como se em todos os cultos adventistas o nome de Ellen
White fosse reverenciado e os temas de seus livros fossem tratados. Mas esse
não é o caso, já que muitas vezes a mesma não é mencionada nos cultos.
Os
cristãos católicos veneram as imagens, com muita fé. Isso é um fato. Mas a
veneração prática é muito menos do que os críticos imaginam.
A
respeito da consideração católica em relação aos protestantes como “irmãos
separados” não significa que não há divisão. Apenas há consideração de que
estamos de certa forma unidos em Cristo: fé em Cristo, em Deus, na Bíblia, nos
mandamentos, etc., o que une a todos.
O texto de João 21, 25 e o Sola
Scriptura
O
que está registrado é suficiente para a salvação. E a questão de 2 Tm 3, 16-17 para
não precisar de nada além do que está escrito na Bíblia para tornar-se
habilitado, o texto precisa ser lido em seu contexto bíblico geral. Há um
estudo do mesmo no blog. O Sola Scriptura
aponta para a necessidade da Igreja. E a necessidade é bem mais importante
do que a doutrina protestante ensina. O texto de 1 Tm 3,15 é um texto, mas há
mais, que mostra o mesmo ensino.
O
caso dos bereanos também é bem estudado no blog. É um texto muito erroneamente
interpretado pelos teólogos protestantes.
O
Protestantismo não é mais apostólicos que o Catolicismo, como afirmado no
vídeo. Isso é algo profundo. Vamos estudar juntos.
E o cânon existia?
Já
existia a ideia. Muito bem. Mas o cânon foi definido apenas no século quarto.
E as conversões de católicos ao
adventismo?:
Acontece.
Não é algo incomum. Há cristãos que deixam de ser cristãos e passam ao
paganismo, ao ateísmo. São coisas que podem acontecer. Isso não quer dizer que
a Bíblia e a Igreja não sejam verdadeiras, nem que seu ensino não foi
suficiente para aquela pessoa, mas trata-se de um erro do indivíduo que veio
por algum motivo.
O
que é certo é o seguinte: aquele que busca a verdade de modo sincero e com o
auxílio de Deus, abrindo-se à verdade, ainda que contra suas próprias opiniões,
e vai aceitando os princípios verdadeiros para a compreensão da fé em geral, é
certíssimo que crerá em Deus, em Cristo, na Sua Igreja, e na doutrina correta.
E o magistério é infalível?
Sim.
A Igreja é infalível.
Mas
o pastor afirma que o apostolado se mantém firme “desde que” se mantenha fiel à
Palavra, sendo uma condicional.
Essa
opinião do pastor não está na Bíblia. Nenhum versículo. É preciso saber como o
mesmo crê nisso.
O que é a tradição?
Existem
várias tradições. Tertuliano combatendo a virgindade perpétua de Maria? Onde?
Era um combate mesmo? Ou foi uma citação que mostra um erro interpretativo do
autor? Ninguém ensinava a doutrina no seu tempo? Onde está isso?
Que
o leitor saiba que a tradição reconhecia pela
Igreja é a tradição apostólica. Para isso, para certificar-se disso, temos
que ir à Bíblia, perceber, entender, e aprender a autoridade da Igreja, ouvir a
Igreja, e saberemos o que é a tradição apostólica.
Os
padres da Igreja individualmente não são infalíveis e não escrevem somente o
que é tradição apostólica. Realmente há que fazer a resta distinção das coisas.
O critério é muito confiável. É preciso estudar bastante. Entre os protestantes
não há quem entenda bem essa questão, porque uma vez que se entende deixa-se de
ser protestante. E o motivo é que o Protestantismo não ensina corretamente esse
ponto.
A Igreja sustenta a verdade?
Sim.
É a verdade ensinada por Jesus Cristo e pelos apóstolos.
A
Igreja não perde o papel de coluna, como diz o pastor. A Bíblia afirma nesse
momento de modo absoluto, como algo dito para reforçar a fé de Timóteo, falando
de algo conhecido e crido, que a Igreja é coluna e sustentáculo da verdade.
Não
existe a ideia de que a Igreja é coluna “se” caso ela for fiel e etc., mas a
afirmação é certa. Não há condicional.
Por
que o pastor ainda não entende isso? Porque crê que se assim for a Igreja
poderia criar verdades, se colocar no lugar de Cristo, ser fundamento e etc., o
que são equívocos sérios.
Cristo
ensina pela autoridade da Sua Palavra que está na Bíblia, guardada também na
tradição, ensinada pela autoridade da Sua Igreja, com a Sua promessa de ensinar
toda a verdade.
Qual a melhor interpretação?
A
questão do cristão católico, que seria “o método católico”, como diz o pastor,
não é apenas porque o padre falou, basta aceitar, porque o magistério não erra
etc.
Quando
o pastor ir aprofundando-se mais perceberá que não é esse o método católico de
estudo, e que a profundidade do estudo é muito grande.
E a guarda do domingo?
De
fato, a doutrina da Igreja Católica é para guardar o domingo e a maioria parece
não se preocupar com isso. Vamos então à doutrina e se posicionar diante de
Deus com o que aprendemos.
Houve um tempo em que a Igreja desencorajava a leitura da Bíblia. Hoje é bastante aconselhado. O pastor Thomas e qualquer pessoa que procure a verdade a encontrará. Continuando o estudo da Bíblia, seja qual for o assunto, chegará à verdade e verá que a mesma é ensinada na Igreja Católica. O estudo bíblico o levará a toda a verdade. É uma consequência dessa busca: tornar-se cristão católico.
Gledson Meireles.