Lendo os artigos sobre Marcos 3, 21, no debate entre Dave Armstrong e Lucas Banzoli, resolvi estudar os textos e compartilhar um comentário, completo, sobre o seguinte artigo: Maria e os irmãos de Jesus achavam que ele estava louco? (Resposta a Dave Armstrong) ~ Lucas Banzoli.
Isso ajuda mostrar os
pontos fortes e fracos do debate, o nível das argumentações, o quanto um
debatedor está de fato entendendo o lado contrário. É um começo.
Para os protestantes a
virgem Maria pecou, e isso eles tentam mostrar pela Bíblia, em raciocínios que
procuram falhas e pecados na vida daquela que eles afirmam que foi santa, mas
que tão pecadora como todos os demais homens e mulheres.
Essa forma de pensar
não é tradicional entre os cristãos, mas surgiu aos poucos, certamente dentro
do Protestantismo, que se esforça para negar os dogmas marianos. Os antigos
escritores cristãos, que ainda não entendiam a doutrina da imaculada conceição,
não criam da forma que é expressa hoje, pois o dogma não havia sido proclamado,
e os debates em todo do tema não haviam sido resolvidos, esses eruditos viam em
Maria uma mulher perfeita, a segunda Eva, sem pecado, purificada em algum
instante do início da sua vida, e que viveu a partir daí sem cometer pecado,
não ofendendo a Deus, não ofendendo a Cristo.
No entanto, para os
protestantes a coisa é totalmente contrária, pois Maria teria sido uma serva de
Deus, igual em patamar a todos os servos de Deus, e que pecava como todo santo
peca. Por aí já se depreende que se trata de uma doutrina que não tem respaldo
histórico, não flui naturalmente da razão e não está, portanto, em consonância
com os dados bíblicos, interpretados em toda a história da Igreja.
Então, agora podemos
ver se de fato há indícios bíblicos de pecados de Maria ou se isso é apenas uma
elucubração protestante. O protestante parte da suposição de que todos pecaram, e Maria está incluída, e que portanto, ainda que não tenha nenhum pecado dela registrado na Bíblia ela pecou e ponto final. O católico entende que todos pecaram e Maria foi salva e preservada do pecado, não cometendo nenhum, e portanto não há nenhum pecado dela na Bíblia, e nem podia ter, por não existir. Essa é a intepretação bíblica tradicional.
Lendo Marcos 3, 21 é
plenamente possível que os que diziam que Jesus estava louco era o povo, que
chamou a atenção dos familiares, que preocupados foram até Jesus. É uma
intepretação plausível. O povo dizia que o Senhor Jesus estava louco e os
judeus afirmavam que estava possuído.
De qualquer forma, os
irmãos de Jesus não criam nele, mas isso não pode ser dito de Maria. Se os
irmãos de Jesus, ou seja, seus parentes, pensavam que estivesse louco,
certamente isso não era a opinião de Sua mãe, que havia crido em Sua santidade,
divindade, e sabido de Sua missão, desde os tempos do anúncio do anjo Gabriel,
embora ela não soubesse cada detalhe do que se passaria. Assim é que ao ouvir
de Jesus que ele devia estar na casa do Seu Pai, o templo de Jerusalém, José e
Maria “não compreenderam” aquela afirmação, mas a virgem Maria “guardava” todas
aquelas palavras em seu coração, como atesta Lucas 2, 51.
Afirmar que Maria
pensou que o Senhor estivesse louco, portanto, não é plausível, não é do bom
senso, não é uma interpretação bíblica coerente, não tem respaldo histórico,
não é fruto da hermenêutica e exegese cristã católica nesses vinte séculos. É
apenas uma “interpretação” protestante que prescinde de tudo isso, e que supõe que os
parentes de Jesus, todos eles, inclusive Sua mãe, pensasse tal coisa dele. Eis
a única força do argumento. É uma força bastante fraca. Essa leitura "natural" é também superficial.
Portanto, se os
parentes de Jesus pensavam que Ele estava fora de si, isso não inclui Sua mãe necessariamente. Não há essa conclusão necessária.
E, por último, pode mesmo ter sido o povo que pensou isso de Cristo, forçando
seus familiares a irem até onde Ele estava, preocupados com sua segurança
diante dos dizeres do povo e dos escribas. Essas duas interpretações são
fortes. A primeira é formidável, correta, acredito, a segunda é plausível.
Vejamos agora o que o Lucas disse a respeito
do ponto de vista do Dave.
Quem são esses “que
diziam”, em Marcos 3, 21? De fato, o texto afirma que os familiares “ouviram”
falar algo de Jesus. Não pode ser que se trata da opinião popular, que
“diziam”: Ele está fora da si? É, como dito acima, possível.
Portanto, não é preciso
provar que os que disseram de Jesus no verso 21 é diferente daquilo que os
mestre disseram, no verso seguinte. Isso está correto. O que não se pode ter
certeza absoluta é que todos os familiares de Jesus pensavam isso dele. E, pela
exegese bíblica, pelo bom senso, a virgem Maria absolutamente não pensaria isso de Jesus. Poder-se-ia terminar o
comentário aqui, mas convém ir mais a fundo.
Então, ou a maioria dos
familiares, com exceção de Maria, pelo menos, disseram que Jesus estava louco, ou isso foi dito pelo povo que chegou ao
conhecimento dos familiares, que ficaram preocupados com Jesus. Certamente
parte do povo era hostil a Jesus, pois grande parte cria em Jesus e estava
maravilhada com Ele. Essas duas possibilidades dirimem a questão.
Por isso, Marcos 6, 4
nunca incluiria Maria. Os parentes de sua própria casa poderiam desprezar
Jesus. Porém, isso nunca é dito, nem esperado, nem minimamente imaginado da
virgem Maria.
Outra prova é que em
João 7, 2-5, onde Maria e os irmãos de Jesus estavam presentes, o texto afirma,
no final, que “nem os seus irmãos criam nele”. Diferentemente da Sua mãe.
Assim, quando Jesus
inclui sua própria casa, isso exclui Maria, pelas razões acima. Até o texto
bíblico, onde contextualmente havia citado Maria, quando fala da descrença
mostra que somente “seus irmãos” eram os sujeitos. Em nenhum lugar se diz ou se
infere isso de Maria.
Até mesmo o autor do
artigo ao pensar que Maria era “totalmente” crente, quando os irmãos de Jesus
não eram, já prepara a resposta concordando com o que se disse acima. Deveria
pensar nisso.
A conclusão que o autor
do artigo chega, a partir da intepretação da gramática grega, supõe que o povo
fala bem de Jesus, estava aplaudindo suas ações, e ouvindo isso seus familiares
saíram para prendê-lo, afirmando que Ele estava louco. Isso leva a crer que os
familiares de Jesus eram mais incrédulos que o povo.
Isso está em
contradição com Marcos 6, 4, onde os patriotas, os familiares, e os que viviam
na própria casa são ditos como desprezadores do profeta, ou seja, uma alusão ao
que estavam fazendo com Jesus.
Dessa forma, a análise
grega não ajudou e inseriu um dado que contradiz o contexto maior. Assim, a
frase pode ser corrigida da seguinte maneira, pensando que o povo, os da
pátria, estavam denegrindo a imagem de Jesus e falando coisas negativas sobre
Ele. Ouvindo isso, seus familiares foram até ele. Muitos dos familiares, com
certeza, tinham opinião negativa sobre Sua missão, mas não Sua mãe, como vimos.
A interpretação mantem esse dado intacto, pois está usando linguagem geral, sem
que incluía toda e qualquer pessoa, pelos motivos estabelecidos.
Eles ouviram o que?
Algo positivo ou negativo? Parece que ouviram algo negativo.
Ouviram e saíram para o
pegar. Pode ser que ouviram que “ele estava fora de si”, e muitos pensaram ser
esse o fato, saindo para prendê-lo.
Ao invés de ouvirem bem
de Jesus e pensarem que estava louco, ouviram algo grave e concordaram, saindo
para deter-lhe na Sua missão. Faz sentido? Parece que sim. E se não faz, diante
da explicação do grego, onde disseram que Jesus estava fora de si para
justificar sua saída para prendê-lo (Chegamos
à conclusão que foram “os seus”, os mesmos que ouviram seu discurso e saíram
para o prender. )? Permanece o fato que Maria, com certeza, não pensava
isso do Filho, e saiu com os parentes, não crentes, porque, como mãe,
naturalmente estava aflita pelo que poderia acontecer com Ele, temendo por sua
integridade diante do que diziam uns e outros, talvez. O mais provável é a
conclusão anterior, ou seja, que grande parte do povo, que desprezou Jesus,
diziam coisas ruins dele. Isso desmonta a interpretação do artigo.
Na suposição de que os
familiares não foram até Jesus para ajudá-los, mas para ir contra ele
juntamente com o povo, isso torna a interpretação mais descabida ainda,
tornando a posição dos familiares igual à dos mestres em gravidade. É novamente
um sinal de que não é a interpretação correta. E, portanto, torna plausível a
interpretação do Dave Armstrong.
Imaginem a virgem
Maria, prendendo Jesus, e autorizando e concordando com os que pensavam em
fazer isso, no sentido: “o de prender alguém,
tomando-o à força e violentamente.”? Pode uma coisa dessa? Pode, pelo
pensamento protestante. Não pode, pelos motivos acima elencados. Alguém pode
refutar esses motivos, um por um? Esteja à vontade.
De qualquer, forma,
entenda que a interpretação de que os familiares de Jesus pensaram em
prendê-lo, à força, não é descartada. Apenas é afirmando que isso não foi o
pensamento de Maria.
Jesus usou da ocasião
para estabelecer que o mais importante são os laços espirituais. Não é dito que
não foi até Sua família lá fora. Isso o evangelho não quis reportar, deixando
apenas o essencial, ou seja, aquele que faz a vontade de Deus é parente de Jesus,
ou seja, como irmão, irmã e mãe. Alguém duvida que Maria tinha fé em Jesus e
fazia a vontade de Deus? É óbvio que essa não é uma postura cristã.
Agora, mais uma vez,
alguém duvida que muitos dos parentes de Jesus não criam nEle e certamente
queriam prendê-lo? Conforme Mc 6, 4 e Jo 7, 25, isso está claro. Isso está de
acordo com a interpretação defendida aqui.
Então, passemos agora às partes onde o autor analisa as traduções, os comentaristas protestantes e católicos e passa à conclusão do artigo. Vejamos se o que diz pode demover o que foi estabelecido acima.
Ainda que o artigo do
Lucas Banzoli seja bem detalhado, mostrando várias versões para a passagem de Mc 3, 21, apontando para a
falta da palavras “pessoas” no original grego, que aparece nas traduções em
inglês, há mais detalhes que o mesmo não verificou.
O texto também não tem
a palavra “família”, que é traduzida por “amigos” em versões de grande peso,
como é o caso da KJV, a Bíblia do Rei Jaime, ou rei Tiago, considerada por
muitos como versão perfeita, em inglês, algo como que uma tradução inspirada do
texto original, tamanha a sua reputação. É bom considerar isso, já que não tendo
a palavra “família” no original, a introdução dela em inglês, nas traduções em
geral, é um caso de “interpretação”, válida por sinal, e que está conforme o
bom senso. Resta os estudos mostrarem se ela é plausível ou não.
O grego traz “οἱ” “παρ’” “αὐτοῦ”, o que traduzido é: “aqueles”
“pertencendo a” “ele”. Ou seja: os seus. Quem são? Certamente seus familiares.
Outras versões trazem seus amigos. O termo “ἔλεγον” é traduzido como “eles estavam
dizendo”. Pode ser traduzido “disseram” também.
Quando se lê o texto,
não se encontra a palavra família, nem pessoas, nem amigos no original.
Portanto, se trata de uma tradução que está dependendo muito do contexto para
verificar o sentido, para identificar essas pessoas.
A Fleming Bridgeway
Bible Commentary concorda que somente os parentes de Jesus pensaram que ele
estivesse louco. Não cita Maria nessa acepção, por motivos óbvios.
A Adam Clarke
Commentary é mais vaga e diz “seus parentes” apenas. Talvez também não incluía Maria
nesse pensamento. Caso sim, foi um erro do comentário.
No comentário Dr.
Constable´s Expository Notes, a ideia é que a família de Jesus teve a melhor
das intenções, que o verbo kratesai é
tomar custódia ou assumir comando, e não a prisão de alguém, nesse contexto. Aí
está um estudo sério que contradiz a conclusão do Lucas Banzoli, que tanto
criticou esse sentido do verbo usado pelo Dave Armstrong. Enfim, o sentido cabe
no contexto de Mc 3, 21. As palavras duras do apologista protestante contra o
apologista católico nesse quesito não seriam necessárias.
No Gill´s Exposition of
the Entire Bible, de John Gill, são usadas as palavras parentes e amigos, para
o que está no original. Lembre-se que as palavras em si não estão lá, mas pelo
visto o expositor considerou que muitas pessoas próximas a Cristo foram citadas
ali. Concorda que eles, familiares e amigos, tinham a melhor das intenções.
Isso concorda com a interpretação do Dave Armstrong, tanto criticada no artigo.
No Henry´s Complete Commentary
on the entire Bible, de Matthew Henry, entende que se trata de “seus parentes”,
citando para isso Jo 7, 5, o que certamente entende o comentarista que não se
aplica a Maria. Por isso, escreve: “Seus parentes, muitos deles...”. Mais um
ponto favorável à interpretação católica, bastante robusta.
No Ellicott´s
Commentary for English Readers, de Charles John Ellicott, é mostrado que o
original, que está “aqueles dele”, se refere aos seus “amigos”, ou, como diz
adiante, “aqueles de sua casa”, e explica, sua mãe e irmãos, como são citados
adiantes, são alguns dos que pensavam que Jesus estava fora de si: “devemos ver neles alguns que eles enviaram com o mesmo
objetivo”. Portanto, mais uma vez o comentarista
não vê esse pensamento para a pessoa de Maria. Mais um que concorda com a
interpretação católica, que está conforme a Palavra de Deus e o bom senso.
O Cambridge Bible for
Schools and Colleges, de John Perowne, parece entender que Maria pensou que
Cristo estava fora de si, como havia pensado os demais. Sendo assim, pelo
exposto acima, que ficou bastante claro, esse comentário é superficial,
contendo esse equívoco. Pelo visto, até agora, tudo reforça a interpretação católica.
Craig Evans afirma que
era opinião da família de Jesus e não do povo, de que estava fora de si. Se
pensou em incluir Maria nessa, errou.
A opinião de Ray
Stedman mostra que a família de Jesus teve boas intenções ao pensar que Ele
havia elouquecido. William L. Craig pensa que a opinião era dos familiares de
Jesus. Será que pensou isso de Maria também? Sendo assim, Craig equivocou-se.
E a opinião geral dos
católicos sobre quem disse “ele está fora de si” é que foi a família de Jesus.
Não foi Maria, mas muitos dos seus, dos familiares e amigos, dos próximos a
Ele, como fica claro pela leitura do grego original.
Os comentários
católicos que parecem incluir Maria como tendo opinião de que Jesus tinha
perdido a cabeça está em falha nesse ponto. Os motivos já foram expostos acima,
que parecem ter estabelecido que essa leitura não é compatível com oi ensino da
Bíblia sobre a virgem Maria.
E o comentário de
Teofilato corrobora a posição católica, de que muitas pessoas, amigos,
parentes, compatriotas, podem estar naquela expressão “os seus”, que está no
original. Não se fala que Maria tenha tido tal opinião.
Por tudo isso, quando
se diz que não é totalmente certo de que aquelas pessoas que estavam próximas a
Jesus fossem identificadas como sua mãe e irmãos. É um ponto que o comentário
que o Dave cita traz à tona, ponto criticado severamente no artigo, mas que tem
seu valor, pelo exposto antes.
Se outros saíram junto
com os irmãs e mãe de Jesus, isso não é necessário que fique expresso cada vez
que essas pessoas sejam aludidas. Na passagem onde se que que sua mãe e seus
irmãos estão lá fora, isso é mostrado porque a ocasião é utilizada por Jesus
para falar da relação espiritual entre Ele e seus discípulos. Não é uma prova
contra tudo o que foi dito acima. Mas, de fato, também não se nega, nenhuma
vez, que os familiares de Jesus estejam relacionados no cerne da questão. O que
não se pode ter em mente é que Maria tenha pensado que Seu filho estava louco.
Longe disso.
Os seus, no original,
inclui a família biológica, mas não é certo totalmente que é restrito a ela.
Por isso, grandes tradutores e equipes de tradução viram “amigos” nessa
expressão, explicaram como compatriotas, mesmo sabendo que era um semitismo
para familiares também.
Contexto bíblico: não
inclui Maria como tendo opinião errada sobre Jesus. Já explicado, repita-se.
Gramática: ainda assim traz problemas se interpretado como feito no artigo,
como já demonstrado. Grego: inclui até amigos e compatriotas, o que está
conforme Mc 6, 4. Consenso acadêmico: não inclui Maria como tendo opinião
errônea sobre o Senhor Jesus. Católicos em geral irão concordar.
E, no fim: “Ele diz que, mesmo que eu estivesse certo na
minha forma (e de todo mundo) de interpretar o texto, isso ainda não incluiria
Maria (porque Maria precisa ser imaculada, ou o dogma romano é falso):”.
Preste atenção que tudo
exclui Maria do contexto dessa opinião, sem tratar diretamente da doutrina da
imaculada conceição, mas mostrando que a Bíblia, os comentários em geral, não
colocam Maria nesse quesito. E, sabendo que Maria foi imaculada, não poderia
mesmo estar nesse meio. E quanto à opinião protestante, falhou na tentativa de contá-la
como concordando com ideias equivocadas da sua família. Essa também foi a
opinião do Dave.
Agora é enfrentar as argumentações
finais do Lucas contra essa asserção. Ainda que saibamos que ficou clara a
prova de que a virgem Maria não teve qualquer erro de opinião sobre Jesus.
João Batista pode até
mesmo ter tido dúvidas quanto a Jesus. Mas o que pensar daquela que soube desde
o início que a geração daquela criança em seu ventre se Deus de fato pelo poder
de Deus, e que aquela criança era FIHO DO ALTÍSSIMO, o SALVADOR? Como poderia
ela pensar que Jesus estivesse fora de Si quando estava em Sua vida pública,
uma vez que quando não compreendia bem alguma coisa guardava tudo em seu
coração, assim como as palavras que outros diziam dele, como guardou as
palavras do velho Simeão? É impensável que se possa comparar uma possível
dúvida de João Batista com a de Maria. Veja que no evangelho o pai de João
Batista foi castigado por Deus por falhar na fé, enquanto Maria aparece como
exemplo de fé, quando se compara as duas cenas da anunciação da concepção de
João e da encarnação de Jesus. Pense nisso.
Pensar que Jesus
tivesse passado do ponto indica que Suas atitudes tivessem sido muitíssimo
diferentes daquelas adotadas desde quando criança, e que Sua mãe não O conhecia
tão bem ainda, já aos trinta anos, que pensasse algo que não coaduna bem com a
missão do Messias, que ela já conhecia tão bem.
As comparações com a
descrença dos discípulos que ouviam as pregações de Jesus também são fracas.
Maria não apenas ouvia o que Jesus
pregava, mas, como já dito antes, sabia que Ele era de fato quem era, e sabia
bem o que podia realizar. Veja que em Caná ela sabia do poder que tinha para conseguir
o vinho para a festa. Os “irmãos” de Jesus não vislumbravam nada disso.
Assim, é impossível,
praticamente impossível, que Maria tenha tipo “descrença momentânea”, “incerteza”,
“suspeita”. Quando não compreendia algo, guardava tudo no coração. Impensável
que saísse desesperada para prender o filho pensando que estivesse louco. Cena
deplorável dessa interpretação errônea.
O Dave diz que não há
prova de que Maria estivesse entre os descrentes. O Lucas Banzoli acha
possível que Maria tenha tido descrença, incerteza, suspeita. Mas, no final das
contas, afirma que o evangelista coloca Maria entre os que achavam que Jesus
havia enlouquecido.
Supõe que ali só havia
a mãe e os parentes de Jesus, quando a Bíblia entrevê que pode ter sido muito
mais pessoas. Também pensa que todos ali pensavam o mesmo sobre Jesus, e
queriam, “POR ISSO”, prendê-lo, no sentido de levá-lo para casa e prendê-lo lá.
Já está provado neste
artigo que Maria é exceção entre os que pensavam que Jesus estava louco. Está
provado pela Bíblia, contextualmente, pelo bom senso, pelos comentaristas
bíblicos, pelo consenso geral dos comentários bíblicos, pela fé da Igreja em
peso. De fato é novidade por Maria entre esses que pensavam na “insanidade” de
Jesus.
Se Maria estivesse com
a mesma ideia dos demais, as palavras de Jesus de que são seus familiares os
que fazem a vontade de Deus poderia ser usada para afirmar que, no contexto,
pelo exposto, Maria fazia a vontade de Deus, não tinha essa relação espiritual
com Cristo, e portanto era descrente, infiel, pecadora, etc.
É praticamente ir contra tudo o que a Escritura Sagrada, a Bíblia, mostra a
respeito de Maria, inclusive a distinguindo na fé quando a questão é tratada
diretamente, como João 2, no milagre de Caná, e João 7, onde os “irmãos” são
apresentados como descrentes, nunca a virgem Maria. E o evangelista Marcos não coloca Maria em nenhum momento como estando em dúvida, incerta, e muito menos sem fé, diante de Cristo.
Não há, portanto, nada
que leve a pensar que Maria tenha cometido pecado. As interpretações desse tipo
são fracas, baseadas na hipotética identificação de Mc 3, 21 com 3, 31, como se
todos os citados em um texto forem com certeza todos do outro texto, com mesma
opinião e atitude. Tudo o que foi mostrado vai contra essa interpretação, que
nega o consenso exegético da mesma, o bom senso, as argumentações bem fundadas,
os comentaristas protestantes citados no artigo, em geral, e o parecer católico
consensual sobre o tema. Parece que não ficou um só argumento importante sem
resposta. Os familiares são mostrados nesse âmbito pelos evangelhos, mas nunca a virgem Maria. Pelo contrário. Isso também é uma prova robusta. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
Gledson Meireles.
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