sábado, 19 de agosto de 2017

Será que existe?

Um leitor pede ajuda para refutar um artigo publicado em página católica contra Lutero. Esse artigo foi “um soco no estômago” para o leitor.
 
A resposta do apologista é que o texto é tardio, escrito por um padre 300 anos depois da morte de Lutero, que é um falso diálogo, que não existe, a não ser em sites de apologética católica, que o autor é mentiroso, que a obra citada não existe, e, mesmo se existir, o diálogo não existe, pois se existisse iria ser muito citado pelos historiadores, mas que isso nunca aconteceu, ou seja, nunca foi citado Enfim, os “papistas” são mentirosos e desesperados.

Está na caixa de comentários: aqui. 

Mas, pelo que tudo indica, a conversa existe, a obra existe, é citada, está entre as obras de Lutero. Talvez o que pode diminuir a força do soco no estômago do leitor é que a explicação protestante para isso é que tal conversa é um artifício literário usado por Lutero, e não uma experiência que ele teve com o diabo. Só isso, porque o resto mostra como é comum apologistas tirarem conclusões precipitadas para sistematicamente negar um fato que não conhecem. Conferir aqui.

SAQUE DE ROMA


O Saque de Roma, 1527:

A seguinte afirmação é de que não há a mínima participação protestante no saque de Roma:
Essa é a razão pela qual o exército católico de um imperador católico decidiu saquear Roma, e que os papistas na maior desfaçatez atribuem caluniosamente aos protestantes, contra o consenso unânime de todos os livros de história já escritos pelo homem.” (aqui)

Talvez o que o historiador Martin N. Dreher explica aqui seja de interesse de muitos, e sirva de esclarecimento do motivo, certamente, de apologistas católicos mostrarem a participação dos protestantes nesse evento:

“A Reforma da igreja e os acontecimentos políticos estão intimamente relacionados. O trágico é que, nas guerras entre Carlos V e Francisco I, estiveram envolvidos dois governantes decididamente católicos. Suas tropas, tanto os soldados quanto os oficiais, eram, em grande parte, mercenários, lansquenetes alemães adeptos do pensamento de Lutero, ou suíços, igualmente “evangélicos”. Em 1527, lansquenetes invadiram Roma e perpetraram o Sacco di Roma, cantando hinos de Lutero e causando  terrível destruição.”

A situação de guerra fez com que Carlos V necessitasse constantemente de aliados. Ora, esses aliados eram, em boa parte, protestantes”. (DREHER, Martin. N. A Crise e a Renovação da Igreja no período da Reforma, 4ª Edição, vol. 3, 1996).

Essa é a razão. Dois líderes políticos católicos lutando, mas com exército recheado de protestantes que, saqueiam Roma, cantando hinos luteranos, etc. É suficiente para entender. (aqui)

Gledson Meireles.

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