São Paulo inicia o capítulo 9 mostrando sua tristeza e seu desejo pela
salvação dos judeus. O verso 3 trata dos
israelitas “segundo a carne”. Essa qualificação é importante, pois tem a ver
com todos os judeus ligados pelos laços da natureza física.
Em continuação, no verso 6 é feita a distinção entre os israelitas por
natureza e os israelitas por conta da promessa de Deus. Assim, é dito que “nem
todos os que descendem de Israel são Israel”, ou mesmo, como está no versículo
seguinte, “nem todos os descendentes de Abraão são seus filhos”. Tem-se assim
os que são parte do povo judeu e os que nele fazem parte da promessa, ou que
devem aceitar a promessa. Mais ainda. Todos são chamados a aceitar a promessa, pois a carne não é garantia de aceitação, mas a fé na promessa de Deus.
A promessa é aquela da descendência de Abraão e Sara, e Isaac e Rebeca.
(vv. 9-11) A escolha de um e de outro para a eleição antes do nascimento tem o
objetivo de mostrar a liberdade da escolha de Deus, que não depende de obras,
mas de Deus mesmo, da Sua misericórdia.
Em Gênesis 25,23 explica a esse respeito: “e Iahweh lhe disse: Há duas nações em teu seio, dois povos saídos de ti se separarão, um povo dominará um povo, o mais velho servirá ao mais novo”. Por isso o verso 12 afirma que “O maior servirá ao menor”. E o 13: “Amei a Jacó e aborreci Esaú”. Jacó representa a nação de Israel e Esaú a nação de Edom. Esse povo recebeu a ira de Deus, enquanto Israel a bênção. Deus escolheu Israel para preparar o povo do Messias.
Em Gênesis 25,23 explica a esse respeito: “e Iahweh lhe disse: Há duas nações em teu seio, dois povos saídos de ti se separarão, um povo dominará um povo, o mais velho servirá ao mais novo”. Por isso o verso 12 afirma que “O maior servirá ao menor”. E o 13: “Amei a Jacó e aborreci Esaú”. Jacó representa a nação de Israel e Esaú a nação de Edom. Esse povo recebeu a ira de Deus, enquanto Israel a bênção. Deus escolheu Israel para preparar o povo do Messias.
Essas bênçãos são materiais, tendo a ver com a formação do povo e seu
sucesso como nação. O mesmo já havia ocorrido desde o início, com o chamado de
Abraão. A serva de Sarai recebe a promessa de grande descendência: “Eu
multiplicarei grandemente a tua descendência de tal modo que não se poderá
contá-la.” (Gn 16,9)
No entanto, a Aliança seria feita por meio de Isaac, e não do filho de
Agar, Ismael. O Senhor diz a Abraão: “Não, mas tua mulher Sara te dará um
filho: tu o chamarás Isaac; estabelecerei minha aliança com ele, como uma
aliança perpétua, com sua descendência depois dele.” (Gn 17,19) E Ismael recebe
também uma bênção: “Em favor de Ismael também, eu te ouvi: eu o abençôo, o
tornarei fecundo, o farei crescer extremamente; gerará doze príncipes e dele
farei uma grande nação.” E Ismael foi circuncidado, junto com seu pai Abraão.
(v. 26)
Dessa forma, entende-se que a Aliança tem como fim a salvação de um povo
que irá aderir a Deus por meio da fé e não por meio de obras, ou por laços de
sangue. Deus está formando um novo modo de entrar na Sua comunhão. Ele não está passando por uns e os deixando de lado, ao passo que escolhendo outros para Si. Na verdade, Ele está estabelecendo para todos um caminho diferente daquele que o homem imagina.
Em Jacó e Esaú as duas nações foram divididas, e a última não teve as
bênçãos que também seriam perdidas pelos edomitas, não fosse a prece de Abraão.
Mas, não tem essa situação a ver com a salvação dos povos em questão nem em
particular de seus indivíduos.
Então, São Paulo mostra o exemplo do Faraó, em quem Deus mostrou Seu
poder, para que o Seu Nome fosse celebrado. Depois, usa o exemplo através das palavras: “farei misericórdia a quem fizer misericórdia
e terei piedade de quem tiver piedade”. (Rm 9, 15) E: “De modo que ele faz misericórdia a quem quer e endurece a quem quer.”
(v. 18)
Daí nascem os vasos para uso nobre e os vasos da ira. Essa separação tem
feito muitos refletir a partir dela sem olhar o contexto inteiro, não só do
capitulo 9, mas também dos capítulos 10 e 11. Em primeiro lugar, um oleiro faz vasos
para diversos usos, mas nenhum deles é feito para ser destruído, nem para ser
descartado. Quem seria louco o suficiente para trabalhar diligentemente em uma obra destinada a ser destruída assim que terminasse de ser produzida? Os vasos recebem diferentes atribuições, diferentes tratamentos,
mas a sua produção não é para serem quebrados, mas para servir a algum fim.
Dessa forma, Deus como o oleiro não fez alguém para ser reprovado, mas
usa seus vasos para diferentes fins. Deus dá ao homem liberdade
para agir por diferentes meios, e andar em diversos caminhos. Somente assim
entende-se a paciente espera de Deus para agir em juízo contra esses vasos da
ira. Todos são feitos por Deus, mas uns estão como vasos de uso nobre, e outros como vasos de perdição.
Mas, algumas palavras tendem a descobrir, ou melhor, tirar o véu para a
compreensão do assunto que está sendo desenvolvido. O verso 22 fala que Deus
“suportou com muita longanimidade”, ou seja, suporta pacientemente, “os vasos
de ira, prontos para perdição”. Essa atitude de Deus coloca Sua ação fora do
âmbito do primeiro endurecimento, já que Ele “suporta” o que já estão endurecidos. A ação de Deus está sobreposta a essa primeira atitude do homem.
É verdade que os vasos do oleiro são obras suas. Contudo, o Senhor usa
dessa comparação para mostrar que há entre Sua obra aqueles que serão como os
vasos da eleição e outros como os vasos da ira. Assim, os vasos da misericórdia
são todos os que são convertidos, tanto entre judeus como entre os gentios,
assim como está no verso 24.
Para lembrar daquela distinção do início, de que entre o Povo inteiro
segundo a carne há um Povo segundo a eleição da graça, isso é reafirmado no
verso 29: “E ainda como Isaías havia
predito: “Se o Senhor dos Exércitos, não nos tivesse preservado um germe,
teríamos ficado como Sodoma, teríamos ficado como Gomorra.” Deus faz assim para não ter o Povo inteiro em queda. Assim, a ação de Deus segundo o Seu santo beneplácito é sempre para salvar. O juízo não é o seu desejo primordial, mas a consequência da resposta do homem.
Deus está revelando que a Sua promessa irá ser cumprida. Ela foi feita
desde Abraão, passando por Isaac e por Jacó, e assim para sempre. Ismael e Esaú
ficaram fora dessa eleição, não para serem condenados, mas porque não quis Deus
que fosse assim, ou seja, que todos os descendentes físicos do patriarca Abraão
estivessem destinados à formação do Povo eleito, mas somente aquela parte que
viria pela promessa. Deus faz o que quer, e Suas obras são santíssimas. E o faz assim para incluir outros, ou seja, todas as nações, nesse plano que iniciou com o Povo Eleito.
Essa semente da promessa, também, inclusive, tem a parte relativa à
carne, pois Isaac é filho legítimo e descendente físico de Abraão. Mas não só
isso. É por ele que os demais descendentes terão parte no povo pela promessa da
qual esse descendente igualmente natural veio a existir. Não é por ser
descendente por meio de Isaac que alguém pode fazer parte do preservado germe,
mas pela promessa que tocou a ele.
Entendido isso, leiamos o
versos 30 a 32: “(30)Que diremos, então? Que os gentios, sem
procurar a justiça, alcançaram justiça, isto é, a justiça da fé, (31) ao passo
que Israel, procurando uma lei de justiça, não conseguiu esta Lei. (32) E por
quê? Porque não a procurou pela fé, mas como se a conseguisse pelas obras.
Esbarraram na pedra de tropeço.”
Dessa forma, explica-se o
modo pelo qual devemos atingir a justiça, e encontrá-la: por meio da fé. Israel
como povo não procurou dessa forma, e isso fez com que as nações pudessem
cumprir o que Israel não pode fazer.
De quem fala São Paulo? Do
Povo de Israel inteiro ou dos eleitos nele? Para responder isso, continue a
leitura no capítulo 10.
Em primeiro lugar, não se pode falar tão absolutamente de alguns eleitos dentre o povo, como se tal estivesse fechado à inclusão de outros, já que a promessa é aberta a todos, e o germe preservado no presente tem como fim manter a promessa, visando à conversão da inteira nação.
De fato, São Paulo deseja que sejam salvos, e afirma que eles têm um zelo não esclarecido, não conhecendo a justiça de Deus, mas procurando estabelecer a própria. (vv. 1-3) Isso é o mesmo que está em Rm 9, 32, que apontou a pedra de tropeço, e em 10, 11 afirma: “Com efeito, a Escritura diz: “Quem nele crê não será confundido.”
Em primeiro lugar, não se pode falar tão absolutamente de alguns eleitos dentre o povo, como se tal estivesse fechado à inclusão de outros, já que a promessa é aberta a todos, e o germe preservado no presente tem como fim manter a promessa, visando à conversão da inteira nação.
De fato, São Paulo deseja que sejam salvos, e afirma que eles têm um zelo não esclarecido, não conhecendo a justiça de Deus, mas procurando estabelecer a própria. (vv. 1-3) Isso é o mesmo que está em Rm 9, 32, que apontou a pedra de tropeço, e em 10, 11 afirma: “Com efeito, a Escritura diz: “Quem nele crê não será confundido.”
Está tratando de Israel, que
não creu no Cristo, o Messias, e que esbarrou na pedra de tropeço, que tem
esperança de que sejam salvos, que eles tem zelo por Deus, “mas não é zelo esclarecido”, que não
conhecem a justiça de Deus, mas estabelecem a própria.
Qualquer um, lendo esse
texto de forma isolada poderia concluir que está falando de Israel que está
fora da eleição, não tendo como ser salvo. Pois, que proveito teria o grande
esforço espiritual para salvar a esses, como São Paulo mostra em Romanos 9, 1-3
e 10,1-3, se esses já fosse do número preparado para a salvação?
Ainda, se esses israelitas
estivessem fora do descendente eleito, não haveria porque ter esperança de que
fossem salvos.
Desse modo, o assunto é um
tanto diferente do que se pode extrair dessas duas hipóteses acima.
A Bíblia afirma que Israel
ouviu a pregação do Evangelho, e que não obedeceu. (vv. 15-19) Esse é o texto
que prepara para entender a natureza desse endurecimento e qual o objetivo
dele.
De fato, em Romanos 11,1 é
mostrando novamente que Deus não rejeitou Israel. É o mesmo Israel descrito
acima, na mesma situação espiritual.
São Paulo faz a distinção
entre o Israel que ainda está endurecido e o Israel que já encontrou a
salvação, afirmando que ele também é israelita, descendente de Abraão. Assim, o
assunto tem a ver com o Israel natural, e sua salvação.
Com isso, novamente temos o
assunto da eleição de um grupo, no verso 4, que será preservado entre os
judeus. É “o resto segundo a eleição da
graça”.
Como vemos, foi mostrada a
situação de Israel e das nações. E agora chega-se ao remanescente judaico.
Em Romanos 11,7 está
escrito: “E se é por graça, não é pelas
obras; do contrário, a graça não é mais graça.”
E no verso 8: “Que concluir? Aquilo a que tanto aspira,
Israel não conseguiu: conseguiram-no, porém, os escolhidos. E os demais ficaram
endurecidos.”
Está vendo? Aqui há a
comparação entre Israel como povo inteiro, e os escolhidos israelitas. O
primeiro, o Povo de Israel, não conseguiu encontrar a graça, e o segundo grupo,
“os escolhidos” conseguiram. Assim, o Israel permaneceu no endurecimento.
Alguém, dirá: então, tem-se aí os eleitos e os que estão fora da eleição. Não.
Leiamos o verso 9: “Como
está escrito: Deus-lhes Deus um espírito
de torpor, olhos para não verem, ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje.” E
o verso 11: “Então, pergunto: teriam eles
tropeçado para cair? De modo algum.”
A totalidade de Israel foi
endurecida apenas para provocar o ciúme do povo, e tornar possível a entrada
das nações na Aliança com Deus. Isso está escrito nos versos 11 a 15.
E Romanos 11,14 é muito
instrutivo nessa questão: “na esperança
de provocar o ciúme dos de meu sangue e de salvar alguns deles.”
São Paulo está tratando
daqueles que, dentre os judeus ainda não convertidos, que estão endurecidos, e
mostra que há esperança de salvação.
A partir daí, usa sempre o
condicional: “se perseverares na bondade”, para os que já estão enxertados na
Oliveira, e “se não permanecerem na incredulidade”, dos que estão longe da fé,
e que fazem parte do povo judeu, podendo ser novamente colocado na Aliança de
salvação, enxertados na Oliveira novamente.
Por isso, o verso 28 afirma
que os dons e o chamado são irrevogáveis, referindo-se ao Povo de Israel.
De tudo o que foi mostrado
na Palavra de Deus, nesses capítulo 9, 10 e 11 da Epístola aos Romanos, no que
se refere à salvação, temos alguns ensinos, como:
1) O
Povo de Israel continua no plano de Deus.
2) Que
parte de Israel foi endurecida, por não receber o Messias Jesus nosso Senhor, e
para que os gentios fossem salvos.
3) Que
há uma parte eleita pela eleição da graça, como no tempo do profeta Elias Deus
preparou 7.000 homens que não dobraram o joelho a Baal. Essa parte recebe o
Evangelho agora.
4) Que
a parte endurecida agora, irá no fim receber o Evangelho, pois agora são
inimigos por causa do Evangelho, mas amados por causa da Eleição. Está tratando
do povo de Israel em geral.
5) Os
pagãos foram desobedientes, em geral, e agora encontram misericórdia, enquanto
que os judeus, em geral, estão na desobediência graças à misericórdia de Deus
para com os gentios, para que os judeus “também
obtenham misericórdia no tempo presente”, que é o tempo até a vinda de Jesus.
6) Todos
foram encerrados por Deus em desobediência, para fazer misericórdia com todos.
(Rm 11,32).
Assim, Deus endurece aqueles
que rejeitam o Evangelho, mas que isso tem como fim salvar e não condenar. Se
alguns são condenados é porque não acolheram e foram desobedientes ao
Evangelho.
Gledson Meireles.