sábado, 4 de maio de 2024

Livro: Do sábado ao domingo...: Estudo capítulo 5 - Jerusalém e a origem do domingo


Livro: Do sábado ao domingo...: livro do Dr. Samuele Bacchiocchi, adventista do sétimo dia - Estudo do capítulo 5 - Jerusalém e a origem do domingo.

O Dr. Samuele Bacchiocchi afirma que estudos de então apresentavam marcada tendência de atribuir à apostólica comunidade de Jerusalém a iniciativa e responsabilidade da mudança do sábado para o domingo.

A pesquisa de Bacchiocchi tenta ir contra a conclusão geral acadêmica, de que o domingo é de fato uma criação cristã, como citação de J. Danidlou afirma. Por exemplo, a citação da conclusão de C. S. Mosna sobre o assunto afirma expressamente que o domingo nasceu em Jerusalém.

Bacchiocchi cita P. K. Jewett, que se coloca contra a opinião de que São Paulo tenha ensinado o domingo, porque ele se pôs contra a observância de dias. Mas, podemos afirmar que, se assim o for, não haveria guarda de sábado nem de domingo, e um dos mandamentos, que são 10, teria caído. Por isso, a opinião de Jewett é evidentemente falha.

Outra afirmação de Jewett é de que os judeus acusariam os cristãos gentios de estarem contra a Lei, caso guardassem o domingo ao invés do sábado. Contudo, como podemos observar nesse pormenor, que os dias de sábado e domingo eram respeitados desde o início, e, portanto, não havia essa questão de substituição, como se a guarda do sábado fosse proibida. E o autor também compara com o caso da circuncisão, citando Atos 21, 21. Esse ponto é importante, pois a questão do sábado está embutida nesse tema, embora os adventistas tentem negar isso.

E o que está escrito em Atos 21, 21 é o seguinte: “Eles têm ouvido dizer de ti que ensinas os judeus, que vivem entre os gentios, a deixarem Moisés, dizendo que não devem circuncidar os seus filhos nem observar os costumes (mosaicos).

Essa passagem mostra que havia o boato de que São Paulo pregava contra a circuncisão e guarda da Lei. Note bem o leitor que essa consideração geral da guarda da Lei inclui o sábado. Temos assim que os judeus cristãos tendiam a conceber a necessidade de que os gentios fossem circuncidados e guardassem a Lei para permanecer na Aliança. Contudo, tal questão já havia sido definida pelo Concílio de Jerusalém.

Também que os judeus convertidos não abandonavam o zelo pela Lei (cf. Atos 21, 20). Desse modo, a posição de São Paulo estava sendo mal entendida. Mas fica evidente que o mesmo não ensinava o sábado aos cristãos convertidos que eram de origem gentia, aliás, a maioria do público que ouvia o apóstolo dos gentios. O boato tinha a ver com o fato do apóstolo ensinar os judeus que vivem entre os gentios.

Por outro lado, São Paulo concedia aos judeus cristãos continuarem a praticar muitos preceitos da Lei, como ele mesmo o fez para exemplificar sua posição. Por isso, não existe qualquer controvérsia que envolva sábado e domingo nos escritos paulinos e nem no conjunto do Novo Testamento. O que há é o ensino da liberdade dos cristãos em relação à circuncisão e à Lei, o que inclui o sábado.

Os apóstolos poderiam ter iniciado a guarda do domingo e a autoridade da Igreja de Jerusalém foi responsável pela adoção dessa prática em todos os lugares. Isso é negado pelos adventistas, mas, de fato, foi justamente isso que aconteceu.

Cristo deve ter dado instruções diretas aos apóstolos, ou o Espírito Santo pode tê-los iluminado quanto a esse costume. O fato é que o domingo é parte da tradição apostólica. O Dr. Bacchiocchi admitiu que o princípio é válido no que foi apresentado. Os cristãos só acatariam uma doutrina se essa viesse da autoridade apostólica. Basta ao adventista reconhecer esse princípio.

A citação de Eusébio sobre os ebionitas que guardavam o domingo como nós, pode indicar de fato que aqueles hereges adotavam o domingo por saberem que essa prática era de origem apostólica. Sendo assim, esse modo de expressão de Eusébio reflete a tradição apostólica da guarda do domingo. O caso dos ebionitas é importante de fato para entender toda a questão.

O Dr. Samuele considera os argumentos persuasivos, mas testa-os à luz da informação neotestamentária e patrística sobre a composição étnica e orientação teológica da comunidade de Jerusalém. Ou seja, se em Jerusalém há predominância de judeus cristãos, acredita que o argumento perderia valor. Somente se fosse encontrado um número expressivo de cristãos gentios é que tal cenário poderia dar origem à guarda do domingo.

Contudo, é essa consideração forte o suficiente para refutar os argumentos dados pelos estudos profundos a respeito do domingo? É o que veremos.

O primeiro dado citado é a expulsão dos judeus e cristãos judeus pelo imperador Adriano. Assim, Jerusalém teria se tornado insignificante demais para influenciar o resto da Cristandade. Porém, sabemos que, ainda que Jerusalém tenha se tornado menos expressiva, os apóstolos São Pedro e São Paulo lançaram as bases da fé cristã na cidade de Roma, para onde foi transferida a autoridade de Jerusalém. Desse modo, essa constatação histórica sobre Jerusalém explica a crescente influência de Roma.

Lendo Atos 2, 46 e Atos 5, 42, o Dr. Bacchiochi conclui que pelo primeiro texto teríamos sugestão de uma diferença entre a pregação evangelística e as reuniões privadas dos cristãos. Mas entende que o segundo texto não implica essa distinção formal. Em Atos 2, 46 vemos uma reunião dos cristãos já convertidos. De fato, eles partiam o pão nas casas. Não se trata de ir às casas levar uma refeição ou ir tomar refeição nas casas, mas celebrar a eucaristia. Isso não era feito no templo.

Mas, em Atos 5, 42 há a ideia de pregação evangelística nas casas. Eles ensinavam e pregavam o evangelho de Jesus Cristo no templo e nas casas. Isso não sugere que todas as pessoas no templo se juntavam aos cristãos judeus em seu culto cristão. O mesmo pode ser dito que não é esperado que todas as casas de judeus já realizavam o culto cristão com os cristãos convertidos. Portanto, a inferência que o Dr. Bacchiochi faz na comparação dos textos não está correta.

De fato, o Dr. Bacchiochi entende essa diferença, ao continuar sua apresentação, mas afirma que não há conflito entre as reuniões do templo em relação à reuniões privadas, onde os cristãos expressavam mais livremente e completamente o conteúdo de sua fé no Senhor ressuscitado. Esse ponto merece outra observação.

É natural que fosse assim. Os judeus acostumados a frequentar o templo e as sinagogas não foram proibidos por Cristo de continuarem a praticar a Lei de Moisés. De fato, o AT é seguido pelo NT como desenvolvimento natural. O Messias de Israel e o Cristo da Igreja.

Desse modo, Jesus é o messias profetizado nas Sagradas Escrituras. Não poderia haver conflito quanto aos cristãos frequentando o templo e as casas. Entretanto, permanece o fato que, nas casas havia a celebração da santa missa, o que não poderia ser feito no templo.

Cristo ensinava nas sinagogas, e também reunia-se com os discípulos, em outro lugar, para dar-lhes instruções do evangelho e explicar-lhes o sentido das parábolas. Os apóstolos seguiram esse modelo. Após a ascensão, eles pregavam primeiramente nas sinagogas. E depois disso, iam aos gentios. Apolo não foi reunir-se com cristãos na sinagoga, mas foi ali pregar o evangelho. Os cristãos que lá estavam, Priscila e Aquila, por exemplo, tinham ido com o mesmo intuito. O verso 27 mostra que a Igreja contava com organização própria, onde os irmãos animaram-no escreveram aos discípulos que o recebessem bem.

A questão de se a aceitação do Messias criou exigência de adotar novo lugar de adoração, parece já respondida. Os cristãos se reuniam, a sós, para celebrarem os mistérios próprios do Cristianismo, para batizarem, impor as mãos, etc., não no templo e nas sinagogas.

Assim, não se deve negar a ligação da Igreja de Jerusalém com os costumes religiosos judaicos, mas apenas entender que, ainda assim, havia momentos de reunião especialmente cristãos, havia prática da doutrina cristã, como foi admitido pelo Dr. Bacchiocchi quando diz que nessas ocasiões eles expressavam sua fé mais livremente e completamente. Isso é admitido. Havia reuniões privadas complementares. E essa admissão contradiz o que o autor inferiu dos textos.

É interessante que o doutor Bacchiocchi reconhece a influência da sinagoga entre os cristãos. Isso explica muito a liturgia da Igreja Católica. Não houve abandono das sinagogas pelos cristãos, pois esperavam que todos abraçariam a nova fé. Esse ponto é pacífico e está de acordo com a doutrina católica.

A escolha do domingo seria para diferenciar dos judeus, segundo O. Cullmann, citado. C. S. Mosna afirma que os cristãos se separaram do templo e da sinagoga muito cedo devido as perseguições dos líderes religiosos. Cita At 8, 3 e 9, 2, o que faz muito sentido. Mas o Dr. Bacchiocchi afirma que isso não aconteceu drasticamente nem imediatamente. Sua tese é de que os cristãos em Jerusalém continuaram a ser zelosos pela Lei.

De fato, o eram. Mas não ensinavam a Lei aos cristãos gentios. Apenas dos cristãos judeus se esperava que continuassem com seu zelo pela Lei judaica.

Menciona a tese de que os helenistas podem ter introduzido a guarda do domingo, que é destituída de fundamento. E logo após, afirma que há muitas indicações de que os cristãos de Jerusalém guardavam o sábado regularmente.

É óbvio que o domingo veio a ser guardado pelos cristãos ao mesmo tempo em que guardavam o sábado, ainda que o sétimo dia já fosse entendido como sombra da Antiga Aliança.

Assim como os cristãos judeus batizavam e também circuncidavam seus filhos, sem notarem qualquer discrepância entre as duas práticas, sem ver qualquer tensão entre batismo e circuncisão. Também, como tinham suas reuniões em outros lugares, e frequentavam o templo e as sinagogas. Mas, não levavam os cristãos gentios ao templo. Todas essas coisas eram motivo de controvérsia somente caso se quisesse impor sua observância aos cristãos gentios.

Afirma o dr. Samuele que a Igreja de Jerusalém, ou seja, a comunidade cristã da cidade de Jerusalém, originou-se do núcleo dos doze apóstolos. Isso está correto. A atitude dos cristãos de Jerusalém, onde grande maioria era de origem judaica, era de observância das leis religiosas judaicas, segundo o entendimento do Dr. Bacchiocchi.  E cita Atos 21, 20.

É certo que São Paulo fez uma promessa a ser cumprida no templo, para que os cristãos de Jerusalém vissem que também tu guardas a Lei. Obviamente, nada disso podia ser exigido dos que creram dentre os gentios (v. 25), pois eles deviam seguir apenas as orientações do Concílio de Jerusalém quanto a esses pormenores judaicos.

Quanto aos judeus, podiam seguir prescrições legais, onde até mesmo votos, no fim dos quais devia oferecer um sacrifício a favor de cada um deles.

Lendo essas passagens isoladamente, poderia alguém afirmar que São Tiago e os anciãos de Jerusalém, e São Paulo, com eles, guardava toda a lei, como a circuncisão, os votos, as purificações, os sacrifícios. No entanto, lendo Gálatas, Romanos e Hebreus fica evidente que não era essa a mensagem da Igreja. Essa constatação já refuta drasticamente a leitura do Dr. Bacchiocchi.

Note bem o leitor que os cristãos gentios não criam nem praticavam essas prescrições. Também não podiam entrar no templo. Dessa forma, não se pode pensar que a Igreja se reunia no templo para cultuar a Deus. Veja que nos versos 28 e 29 está escrito que os judeus acusaram São Paulo de ser contra o povo e contra o templo, e de introduzir até gregos no templo, profanando o lugar santo. “É que tinham visto Trófimo, de Éfeso, com ele na cidade, e pensavam que Paulo o tivesse introduzido no templo.”. Assim, os cristãos gentios não podiam praticar a Lei sem que fossem circuncidados.

Por isso, sabemos que os cristãos judeus eram zelosos da Lei, mas não impunham as observâncias legais aos cristãos gentios. Era um modo de sepultar a lei que há tanto tempo praticavam.

Esses cristãos celebravam a ceia, batizavam, impunham as mãos (que hoje é a crisma), ungiam os doentes com óleo (a unção dos enfermos), pregavam que Jesus é o salvador, celebravam ressurreição, que são doutrinas cristãs. Portanto, guardavam o domingo.

E como judeus que eram, guardavam outras obrigações legais, como circuncisão, purificações, votos, sacrifícios, festas, que são parte do judaísmo. Não podiam fazê-lo como algo obrigatório, mas livremente. Dessa forma, igualmente guardavam o sábado, sem impô-lo a ninguém mais.

São Tiago, chamado irmão do Senhor, era um dos apóstolos. De fato, ele foi chamado de Tiago menor. Era parente de Jesus, talvez um primo Seu, ou filho de São José de um casamento anterior.

Se os judeus cristãos de Jerusalém se preocupavam com as instituições judaicas como a circuncisão, não se pode por isso afirmar que estivessem guardando a Lei da mesma forma. Também não se pode afirmar que não praticavam os sacramentos e tudo o que é próprio da nova Lei de Cristo. Dessa forma, essa afirmação sobre a ligação dos cristãos de Jerusalém à lei de Moisés harmoniza-se com a guarda do domingo, pois não havia tensão entre as duas práticas, entre o que havia restado da Lei antiga e o que já estava em vigor na Lei do Evangelho.

Dessa forma, a estrita preocupação com a lei não é contrária à abolição do sábado como dia de guarda. O mesmo era praticado, mas não mais imposto aos novos convertidos, assim como tudo mais citado acima. Era uma sombra que já tinha passado.

Assim, não deve causar espanto que o sábado fosse guardado nesses termos. O sábado não havia sido substituído, pois o domingo era guardado juntamente também. Assim, entende-se o silêncio sobre controvérsias, que nesse quesito não havia.

São Paulo também celebrava o Pentecoste judaico e os pães ázimos (cf. At 20, 16. 6). Essas práticas nunca foram ensinadas na Igreja. Entretanto, isso não indica que os cristãos regulavam suas vidas pelo calendário judaico, como pensa o autor adventista, mas como visto, que os cristãos judeus ainda cumpriam preceitos da lei, sem ensiná-los aos convertidos.

O apóstolo de fato ensinava que os cristãos não deviam circuncidar os seus filhos e nem observar a Lei (cf. Atos 21, 21). No entanto, pessoalmente era zeloso da lei, como judeu fariseu que sempre foi, mas agora convertido.

A observação feita, citando R. C. H. Lenski, de que os cristãos viviam como judeus, circuncidavam seus filhos, comiam kosher, guardavam o sábado, etc., é verdadeira. No entanto, como já observado, esses eram os cristãos judeus, que também celebram tudo o que Cristo ensinou, evangelizando, crendo na salvação no Nome de Jesus, o Messias, batizando, celebrando a eucaristia, etc. Tudo isso mostra as circunstâncias de que guardar o sábado estava de acordo com a guarda do domingo também. Supor o contrário não condiz com os dados trazidos pelo autor.

São Paulo afirma que o que considerava ganho, teve-o por perda (Fl 3, 7). Isso mostra que era judeu fariseu, mas cristão acima de tudo.

As sombras representam o transitório. Essa explicação do Dr. Bacchiocchi está correta. Nada do que foi mostrado pode provar que o apóstolo tenha continuado a guardar o sábado e ensinado o mesmo aos cristãos. Doutra forma, dever-se-ia concluir que ensinasse tudo mais o que estava na Lei.

O Dr. Bacchiocchi conclui: “É portanto impossível assumir que um novo dia de culto foi introduzido pela Igreja de Jerusalém antes da destruição da cidade em 70 d. C..”. Mas isso não foi provado. Foi pressuposto que, sendo os cristãos judeus excessivamente ligados à Lei, não poderiam guardar o domingo, o que foi mostrado ser um equívoco. Basta lembrar que os mesmos cristãos judeus guardavam tudo o mais do evangelho.

Então, o domingo era guardado juntamente com o sábado, assim como a circuncisão era praticada ao lado do batismo. Mas, os cristãos gentios guardavam apenas o domingo, e batizavam seus filhos. Não havia tensão sobre a prática em si. O problema se deu quanto à obrigatoriedade dessas práticas como parte da doutrina do evangelho. Assim, nem o sábado nem a circuncisão foram ensinados pelos apóstolos aos gentios.

Os cristãos judeus de Jerusalém podiam observar as festas da Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos, ser circuncidados, guardar o sábado e as regulações alimentares mosaicas. No entanto, nada disso contrasta com o que ensinavam e praticavam como parte do evangelho. Assim, também guardavam o domingo harmoniosamente com o sábado.

Quando Eusébio afirma que os ebionitas guardavam o sábado e o domingo, isso é evidência maior de que a Igreja observava o domingo, de modo que essa seita cristã mantinha costumes cristãos e judaicos.

Quais são as suposições gratuitas da tese que nasce do caso dos ebionitas? A primeira seria supor que os ebionitas que observavam o domingo representavam os seguidores da prática original do cristianismo judaico. Isso é de fato muito significativo, como já provado acima, e não parece nada com suposição gratuita.

E quanto ao que Santo Ireneu (130-200) afirma dos ebionitas? O Dr. Bacchiocchi não cita todo o texto de Santo Ireneu a respeito dessa seita, nem mesmo na nota. O que Santo Ireneu escreveu é importante, pois afirma que os ebionitas repudiam São Paulo, por considerá-lo apóstata da lei. Isso significa que conheciam bem que São Paulo não ensinava a lei aos cristãos.

A nota 67, citando São Justino, afirma tudo o que já está provado acima. O Dr. Bacchiochi nota que não é dito que os judeus cristãos guardassem o domingo. Mas isso não era necessário, e o contexto mostra que também não diz que praticassem quaisquer outras doutrinas cristãs. Mas sabemos que as praticavam. Do contrário, não seriam cristãos. O assunto em questão era a prática da lei pelos cristãos judeus.

Na verdade, o domingo e o sábado não estavam em oposição, e por isso São Justino não contrasta os dois dias em sua apologia.

Se São Justino não refere os judeus cristãos como guardadores do domingo, e ao mesmo tempo mostra a superioridade do domingo sobre o sábado, pressupõe isso que no seu tempo os judeus cristãos não guardavam o domingo? Isso seria um estranho demais. De fato, esses judeus cristãos seriam uma seita, e são Justino iria denunciá-los como hereges, assim como denuncia os ebionitas.

Os nazarenos seriam, aos olhos dos adventistas, herdeiros diretos da comunidade cristã de Jerusalém. No entanto, contra isso, os escritos antigos afirmam que se trata de uma seita cristã. E assim, os nazarenos ensinavam a circuncisão, o sábado e etc.

A guarda do sábado pelos nazarenos significaria que o sábado seria o dia de culto cristão em Jerusalém, conforme pensa o autor adventista.

Dificilmente poderia ser. Essa seita não praticava a mesma doutrina que os demais cristãos. Esse era o ponto de discordância, e o que os fazia ser hereges.

Que os cristãos judeus iam às sinagogas, isso ficou claro e não há nada que prove que os mesmos não guardassem o domingo. De fato, como cristãos, não eram mais bem-vindos nas sinagogas, como afirma o tópico sobre a maldição dos cristãos.

Quanto ao imperador Adriano, esse proibiu o estudo da Torá, a circuncisão e a guarda do sábado. Isso mostra mais uma vez como essas coisas estão interligadas.

E a indicação de que havia distinção clara entre os bispos de origem judaica e os bispos de origem gentia é considerada pelo Dr. Bacchiocchi não apenas em consideração ao fator racial, mas também, em relação à orientação teológica, como por exemplo, em referência à páscoa e ao sábado.

No entanto, como vimos, isso não pode ser um fator de divisão, pois os bispos judeus, assim como São Paulo, não impunham a circuncisão e o sábado aos cristãos gentios.

Desse modo, tudo o que foi estudado no capítulo, avaliando cada linha de argumento, mostra que a origem do domingo em Jerusalém está estabelecida.

Gledson Meireles.


Nenhum comentário:

Postar um comentário