Resumindo a questão, o livro pode ser refutado afirmando o seguinte:
Quando a Bíblia afirma
que após o pecado viria a morte, isso não quer dizer que o ser humano pecador
iria deixar de existir ontologicamente, como se a morte fosse voltar a
inexistência, mas que não iria existir no mundo físico, ou seja, entraria em um
estado diferente da inexistência, mas antinatural a ele, num estado indesejado,
que é chamado de morte. Eis as trevas da morte.
A alma tem vários
sentidos na Bíblia. Um deles é o de princípio vital, e a partir daí a Igreja
utiliza esse termo para indicar o que sabemos na Bíblia sobre a parte do homem
que não pode morrer, que é espiritual. Os demais sentidos do termo alma não
nega essa realidade. Por exemplo, a alma pode indicar a pessoa, e nesse sentido
material a alma pode morrer. Porém, no sentido de princípio de vida, é visto
indo além, e não podendo perder a vitalidade em si.
O mesmo ocorre com o
termo espírito, que tem vários sentidos. Um deles é o de respiração. Mas
também, pode significar ser espiritual, como a alma e os anjos. Assim, é certo
que a alma humana é às vezes referida com a palavra espírito.
A consciência humana é
entendia estar na alma atuando por intermédio do órgão do corpo responsável por
essa função, que é o cérebro.
Os mortos no Antigo
Testamento estavam no lugar espiritual chamado sheol, que não pode ser entendido apenas no sentido de sepultura ou
lugar de todos os mortos humanos, como uma mera metáfora, mas como lugar onde
estavam as almas de todos os mortos no Antigo Testamento. Portanto, no AT os
mortos não podem estar no céu, mas estão no sheol.
Entende-se, dessa
maneira, que o conceito de alma imortal foi expresso de forma diferente no
judaísmo, e por isso há divergência com aquilo que o paganismo ensinava, mas
não que houve influência pagã para introduzir esse ensino entre os judeus.
Assim, no Novo
Testamento, igualmente, há o ensino da alma, mas agora as almas salvas estão
com Cristo no céu.
Dessa forma, a alma
imortal é a sede da consciência e da personalidade, e espera o momento da
ressurreição para voltar à vida física com o corpo.
O mesmo que acontece no
AT é encontra no NT em relação a outros escritos fora da Bíblia, pois a
doutrina cristã expressa a imortalidade da alma de outras formas, não
utilizando a mesma fraseologia encontrada em outras obras.
Assim, os padres da
Igreja foram aos poucos elaborando a doutrina da alma conforme o entendimento
cristão.
Na Idade Média a
doutrina da imortalidade da alma é geral e consenso universal na Igreja.
O dualismo grego não é
o mesmo que a dualidade cristã, vamos dizer, e por isso é necessário
entendimento correto da doutrina cristã para uma prática ascética saudável, por
exemplo, fundada na correta compreensão da natureza humana.
Por sua vez, sendo a
alma imortal, os réprobos deverão sofrer eternamente no inferno. Assim não há
lugar para o aniquilacionismo. Isso pode ser provado pela Bíblia e pela razão.
E quanto ao amor de
Deus, tudo o que a Bíblia garante é que não há injustiça nenhuma na condenação
dos ímpios, ainda que haja argumentos interessantes contra a eternidade das
penas, nenhum consegue manter-se diante da Bíblia e da reta razão.
Por fim, isso mostra o
motivo da doutrina da imortalidade da alma ser um consenso universal.
Gledson Meireles.
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