domingo, 15 de outubro de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma: resumo da refutação

Resumindo a questão, o livro pode ser refutado afirmando o seguinte:

Quando a Bíblia afirma que após o pecado viria a morte, isso não quer dizer que o ser humano pecador iria deixar de existir ontologicamente, como se a morte fosse voltar a inexistência, mas que não iria existir no mundo físico, ou seja, entraria em um estado diferente da inexistência, mas antinatural a ele, num estado indesejado, que é chamado de morte. Eis as trevas da morte.

A alma tem vários sentidos na Bíblia. Um deles é o de princípio vital, e a partir daí a Igreja utiliza esse termo para indicar o que sabemos na Bíblia sobre a parte do homem que não pode morrer, que é espiritual. Os demais sentidos do termo alma não nega essa realidade. Por exemplo, a alma pode indicar a pessoa, e nesse sentido material a alma pode morrer. Porém, no sentido de princípio de vida, é visto indo além, e não podendo perder a vitalidade em si.

O mesmo ocorre com o termo espírito, que tem vários sentidos. Um deles é o de respiração. Mas também, pode significar ser espiritual, como a alma e os anjos. Assim, é certo que a alma humana é às vezes referida com a palavra espírito.

A consciência humana é entendia estar na alma atuando por intermédio do órgão do corpo responsável por essa função, que é o cérebro.

Os mortos no Antigo Testamento estavam no lugar espiritual chamado sheol, que não pode ser entendido apenas no sentido de sepultura ou lugar de todos os mortos humanos, como uma mera metáfora, mas como lugar onde estavam as almas de todos os mortos no Antigo Testamento. Portanto, no AT os mortos não podem estar no céu, mas estão no sheol.

Entende-se, dessa maneira, que o conceito de alma imortal foi expresso de forma diferente no judaísmo, e por isso há divergência com aquilo que o paganismo ensinava, mas não que houve influência pagã para introduzir esse ensino entre os judeus.

Assim, no Novo Testamento, igualmente, há o ensino da alma, mas agora as almas salvas estão com Cristo no céu.

Dessa forma, a alma imortal é a sede da consciência e da personalidade, e espera o momento da ressurreição para voltar à vida física com o corpo.

O mesmo que acontece no AT é encontra no NT em relação a outros escritos fora da Bíblia, pois a doutrina cristã expressa a imortalidade da alma de outras formas, não utilizando a mesma fraseologia encontrada em outras obras.

Assim, os padres da Igreja foram aos poucos elaborando a doutrina da alma conforme o entendimento cristão.

Na Idade Média a doutrina da imortalidade da alma é geral e consenso universal na Igreja.

O dualismo grego não é o mesmo que a dualidade cristã, vamos dizer, e por isso é necessário entendimento correto da doutrina cristã para uma prática ascética saudável, por exemplo, fundada na correta compreensão da natureza humana.

Por sua vez, sendo a alma imortal, os réprobos deverão sofrer eternamente no inferno. Assim não há lugar para o aniquilacionismo. Isso pode ser provado pela Bíblia e pela razão.

E quanto ao amor de Deus, tudo o que a Bíblia garante é que não há injustiça nenhuma na condenação dos ímpios, ainda que haja argumentos interessantes contra a eternidade das penas, nenhum consegue manter-se diante da Bíblia e da reta razão.

Por fim, isso mostra o motivo da doutrina da imortalidade da alma ser um consenso universal.

Gledson Meireles.

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