terça-feira, 31 de outubro de 2023

Dia da Reforma Protestante: rezemos sempre pela unidade

É verdade que aquilo que a Reforma Protestante sempre desejou realizar, a Igreja Católica já realizava e continua realizando. São muitas as coisas que impedem tantos de ver isso, e não enxergam a floresta por causa da árvores.

Dessa forma, estamos mais unidos do que pensamos, embora na prática muitas vezes bem divididos, mais do que imaginamos.

Mas, é sempre bom rezar pela unidade, buscando e amando a verdade.

Durante um ano, nesta página os artigos lidaram especialmente com o tema da imortalidade da alma, no estudo que estou fazendo do livro A lenda da imortalidade da alma, e logo estará concluído. Dessa forma, provando biblicamente que a alma é imortal, desfazendo os mal entendidos, enfrentando as objeções, refutando cada argumento, vamos crescendo na fé.

Na véspera do Dia de Todos os Santos, temos de crer mais e mais nessa verdade, pois os santos estão no céu. Outros ainda estão em processo de santificação purgatório. A doutrina das indulgências, também, está ligada à verdade da imortalidade da alma, já que alcançamos graças para nós e para os falecidos.

Vale lembrar, que a doutrina do juízo pré-advento, ensinada no Adventismo, e que é baseada na doutrina da morte da alma, seria praticamente reformulada, no mínimo, se cressem na imortalidade da alma, pois veriam que o juízo ocorre a cada instante, quando o Senhor admite as santas almas nos céu, e purifica outras no purgatório, e já lança outras na condenação do inferno. O juízo está ocorrendo.

Tudo isso ocorre antes da vinda de Cristo. Assim, a doutrina da imortalidade da alma faz toda diferença, pois explica todas essas questões, como também a intercessão dos santos.

Portanto, para os que tendem a pensam que a alma morre, que o inferno não existe, que esses estudem o assunto, leiam a refutação postada em tantos artigos aqui, e verão que a doutrina da "mortalidade da alma" é bastante frágil e não pode ser harmonizada com muitas passagens bíblicas, enquanto que a imortalidade da alma é a única forma de entender o que muitos textos bíblicos ensinam.

Então, nesse dia da Reforma, que essa e outras doutrinas sejam redescobertas, estudadas, ensinadas, e que todos cresçamos na fé e na unidade.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

Gledson Meireles.

domingo, 15 de outubro de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma: resumo da refutação

Resumindo a questão, o livro pode ser refutado afirmando o seguinte:

Quando a Bíblia afirma que após o pecado viria a morte, isso não quer dizer que o ser humano pecador iria deixar de existir ontologicamente, como se a morte fosse voltar a inexistência, mas que não iria existir no mundo físico, ou seja, entraria em um estado diferente da inexistência, mas antinatural a ele, num estado indesejado, que é chamado de morte. Eis as trevas da morte.

A alma tem vários sentidos na Bíblia. Um deles é o de princípio vital, e a partir daí a Igreja utiliza esse termo para indicar o que sabemos na Bíblia sobre a parte do homem que não pode morrer, que é espiritual. Os demais sentidos do termo alma não nega essa realidade. Por exemplo, a alma pode indicar a pessoa, e nesse sentido material a alma pode morrer. Porém, no sentido de princípio de vida, é visto indo além, e não podendo perder a vitalidade em si.

O mesmo ocorre com o termo espírito, que tem vários sentidos. Um deles é o de respiração. Mas também, pode significar ser espiritual, como a alma e os anjos. Assim, é certo que a alma humana é às vezes referida com a palavra espírito.

A consciência humana é entendia estar na alma atuando por intermédio do órgão do corpo responsável por essa função, que é o cérebro.

Os mortos no Antigo Testamento estavam no lugar espiritual chamado sheol, que não pode ser entendido apenas no sentido de sepultura ou lugar de todos os mortos humanos, como uma mera metáfora, mas como lugar onde estavam as almas de todos os mortos no Antigo Testamento. Portanto, no AT os mortos não podem estar no céu, mas estão no sheol.

Entende-se, dessa maneira, que o conceito de alma imortal foi expresso de forma diferente no judaísmo, e por isso há divergência com aquilo que o paganismo ensinava, mas não que houve influência pagã para introduzir esse ensino entre os judeus.

Assim, no Novo Testamento, igualmente, há o ensino da alma, mas agora as almas salvas estão com Cristo no céu.

Dessa forma, a alma imortal é a sede da consciência e da personalidade, e espera o momento da ressurreição para voltar à vida física com o corpo.

O mesmo que acontece no AT é encontra no NT em relação a outros escritos fora da Bíblia, pois a doutrina cristã expressa a imortalidade da alma de outras formas, não utilizando a mesma fraseologia encontrada em outras obras.

Assim, os padres da Igreja foram aos poucos elaborando a doutrina da alma conforme o entendimento cristão.

Na Idade Média a doutrina da imortalidade da alma é geral e consenso universal na Igreja.

O dualismo grego não é o mesmo que a dualidade cristã, vamos dizer, e por isso é necessário entendimento correto da doutrina cristã para uma prática ascética saudável, por exemplo, fundada na correta compreensão da natureza humana.

Por sua vez, sendo a alma imortal, os réprobos deverão sofrer eternamente no inferno. Assim não há lugar para o aniquilacionismo. Isso pode ser provado pela Bíblia e pela razão.

E quanto ao amor de Deus, tudo o que a Bíblia garante é que não há injustiça nenhuma na condenação dos ímpios, ainda que haja argumentos interessantes contra a eternidade das penas, nenhum consegue manter-se diante da Bíblia e da reta razão.

Por fim, isso mostra o motivo da doutrina da imortalidade da alma ser um consenso universal.

Gledson Meireles.

sábado, 14 de outubro de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma: A imortalidade da alma em Atos 23, 8-9. Refutação está no subtítulo que trata da pregação de São Paulo em Atenas

 

Na ocasião em que São Paulo fala aos membros do conselho judaico, vemos que há diferenças entre a crença dos fariseus e dos saduceus. O texto sagrado afirma que os saduceus não criam “nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus admitem uma e outra coisa” (Atos 23, 8). Alguém percebe aqui que há duas coisas que os fariseus negam, e que tem a ver com as realidades espirituais? Uma é a fé na existência de espíritos e outra na existência de anjos.

Pois bem. Pelo visto, é o mesmo que afirmar que os fariseus criam na alma humana, ou seja, que há espíritos, e por isso creem na ressurreição, enquanto os saduceus não creem nem em almas, que são os espíritos humanos, e também negam a ressurreição, nem em anjos.

De fato, o texto é enfático ao apontar que entre saduceus e fariseus há essas duas diferenças, a crença em anjos e espíritos.

Mas, o verso 9 é ainda mais claro, quando alguns se levantam e pensam consigo: “Quem sabe se não lhe falou algum espírito ou um anjo.” Isso mesmo, a revelação podia ter vindo de duas fontes, ou de espíritos ou de anjos. Essa, certamente, pode mais uma vez ser uma prova irrefutável da imortalidade da alma, que os mortalistas não podem negar.

Talvez afirmem que os espíritos são anjos em forma humana e os anjos são anjos em forma de “...”, ops, não há forma para os anjos, pois são espíritos invisíveis. Então, os espíritos, que Nosso Senhor explicou que não possuem carne e ossos, e, portanto, são fantasmas, são as almas dos mortos, e os anjos são os espíritos inteligentes que Deus criou para viverem nos céus e operarem para o bem dos que servem a Deus.

É muito claro que há diferenciação entre espíritos e anjos aqui, onde espíritos não podem ser “respiração, fôlego”, mas seres sem corpo e dotados de inteligência. Também não pode ser que espíritos sejam anjos, já que nas duas vezes que o pensamento é elaborado há distinção entre os dois. Assim, mais uma dificuldade bíblica para os mortalistas.

Gledson Meireles.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Livro: A lenda da imortalidade da alma: refutação sobre o tópico O ladrão morreu naquele mesmo dia?

 Refutação: O ladrão morreu naquele mesmo dia?

 

Pilatos ficou surpreso porque Jesus morreu tão depressa. Há algo interessante, porém, em todo o relato.

 

O primeiro, é o fato que o cadáver sempre é chamado de “corpo” e não mais pelo nome, como a pessoa. Por isso, quando se fala de mortos é comum é esperado que haja referência ao corpo do falecido, e não ao falecido.

 

Assim, o texto bíblico afirma que José de Arimateia pediu o corpo de Jesus (Mc 15, 43) e Pilatos mandou dar-lhe o corpo (v. 45).

 

E o texto de João 19, 31 afirma o seguinte: “Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado,  porquejá era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos quese lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.”

 

O contexto sugere que os ladrões estavam vivos, já que somente Jesus, já morto, não teve as pernas quebradas. Porém, o texto sugere que eles estavam bastante enfraquecidos, quase mortos, já que morreriam logo, e seus “corpos” ficariam na cruz durante o sábado. Assim, os judeus previam que eles morreriam rapidamente e não que passariam dias vivos na cruz, pois do contrário seria dito que eles passarima o sábado na cruz, quando o texto diz o contrário, que seus corpos passariam o sábado na cruz. Desse modo, é bastante provável que os ladrões morreram naquele dia.

 

A surpresa de Pilatos é usada como argumento de que os crucificados normalmente passavam dias na cruz. Mas aquele sinal no texto é mais forte do que isso, já que sugere que no sábado já seriam todos mortos.

 

É interessante a explicação para esse método de quebrar as pernas dos crucificados. Seria para que não fugissem. Mas, na ânsia de fortalecer essa explicação, o autor mortalista afirma: “Se a intenção fosse matar os outros crucificados, este certamente teria sido o recurso aplicado neles também.

 

Com isso, o soldado teria perfurado o lado de Jesus para confirmar a morte. No entanto, o texto é claro ao afirmar que eles viram que Jesus já estava morto, não quebrando-lhe as pernas. Assim, ele cravou a lança no coração de Cristo sem qualquer outra intenção. Por isso, o verso 34 inicia com um “mas” (em grego ἀλλ’). Ou seja, todos os soldados ali viram que Jesus “já” estava morto, e não necessitavam de fazer mais nada. Porém, um soldado resolveu ferir o corpo com uma lança. O texto, assim, mostra que esse ato não teve nenhuma intenção de confirmar a morte, já conformada pelo grupo de soldados.

 

Dessa forma, já temos dois indícios de que a interpretação mortalista não está correta. Primeiro, os judeus sabiam que no sábado os crucificados estariam mortos. Segundo, o fato dos outros crucificados terem as pernas quebradas pode ter sido para que morrerem mais rápido.

 

Pode-se afirmar que, se a supresa de Pialtos serve para formular a explicação de que os crucificados passariam vivos muitos dias na cruz, é também válido pensar que se os judeus não queriam que os corpos ficassem na cruz durante o sábado é porque eles morreriam entre a sexta e o sábado.

 

E se as provas mortalistas de que o ladrão não poderia ter entrado no paraíso no mesmo dia da morte de Cristo não foram suficientes até aqui, nem com essa explicação sobre a quebra das pernas dos crucificados, que supostamente não morreram naquele dia, nem mesmo essa explicação foi conclusiva. Ainda, ele esbarra em alguma dificuldade: a primeira é que se Pilatos ficou surpreso porque Jesus morreu rapidamente, isso não prova que pensasse que o mesmo passaria dias na cruz antes de morrer. Poderia ter morrido ao fim do dia.

 

Diante disso, faz também muito sentido que os crucificados tenham tido suas pernas quebradas para morrerem mais rápido. Faz sentido o que pensaram os judeus, que no sábado estariam mortos na cruz. E a surpresa de Pilatos não infere que a morte de Jesus demoraria tanto, mas apenas que foi muito rápida.

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

As raízes judaicas da Igreja Católica Apostólica Romana: qual a diferença com a Igreja Adventista do Sétimo Dia?


Esse é um assunto interessante, e muito. De fato, a Igreja Católica começa com a pregação e Jesus Cristo, que era judeu, e foi continuada pelos apóstolos, todos judeus, e mais outros líderes importantes dos primeiros séculos, os bispos, em maioria judeus também.

A sede da Igreja Católica foi primeiramente Jerusalém, a cidade de Davi, portanto, o centro judaico do mundo.

E o que a Igreja de fato possui de suas raízes judaicas? E o que a Igreja Adventista, nascida no século dezenove, após o movimento milerita, o que essa Igreja possui de judaico, e quais as suas prerrogativas para reivindicar estar correta sua posição?

É preciso entender como o judaísmo desenvolveu-se durante os séculos, até chegar ao nascimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e como foi esse processo todo, vivido pela Igreja Católica Apostólica Romana. Entendendo isso, já se pode essencialmente resolver a questão.

De fato, a Igreja Católica sucede o Judaísmo, não como substituição, mas como desenvolvimento. Os judeus que aceitaram o Messias, o Cristo, permaneceram na mesma religião, agora chamada cristã.

No entanto, o que deveriam fazer? Deveriam continuar iguais em sua fé, em suas práticas, apenas adotando a pregação do evangelho? Poderiam continuar com os sacrifícios antigos? Isso não.

Então, poderiam continuar a circuncisão e ensinar que esse sinal é para todos os que deverão servir a Deus? Também não. Isso sugere que há diferenças a partir da vinda de Jesus.

Mas, o que muitos pensam, é que se deveria continuar com muitas coisas que os judeus faziam, como a guarda do sábado, mesmo a circuncisão, entre os que assim quiserem, com a distinção entre alimentos puros e impuros, e outras observâncias.

Se assim fosse, as igrejas deveriam ser chamadas ainda de sinagogas, e a arquitetura continuar idêntica, assim como a forma de culto antigo, pois não há ordens expressas para mudanças nessas áreas.

Será mesmo que com exceção da circuncisão, os cristãos continuaram plenamente com a fé judaica? Em certo sentido, como explicado acima, sim, já que o desenvolvimento da religião judaica até a vinda de Cristo exigia muitas mudanças, do tipo ao antítipo, etc. Se for pensado que tudo o mais continuou idêntico, ou deveria continuar, como a guarda do sétimo dia, no sábado semanal, a proibição de carne de porco, de peixes de couro, de animais com casco não fendido, etc, isso não é simples assim.

Portanto, não é simples afirmar que a fé dos cristãos era plenamente judaica, quando se excetua a circuncisão.

De fato, em Atos 15 a circuncisão é entendida em Concílio como não obrigatória aos gentios, mas em Atos 16 São Paulo acha oportuno circuncidar Timóteo, “por causa dos judeus”, para não causar mais divisões, embora o rito em si estivesse abolido.

Outro fato era que os cristãos não se reuniam nas sinagogas como se nada tivesse mudado, mas iam aos sábados nas sinagogas para falar de Jesus. E em várias passagens bíblicas é sugerido que suas reuniões cristãs se davam em outros momentos e seguiam moldes novos. Também, os ritos já eram outros, como o batismo, a imposição das mãos, etc. Mesmo nas práticas que antes eram bastante claras, como não comer na casa dos gentios, nem mesmo lá entrar, foi deixado de lado, o que sugere fortemente que os cristãos já estavam livres para alimentarem-se de do cardápio oferecido por cristãos de origem gentia, sem problema. Basta ler as implicações de Atos 10.

Por isso, a guarda do sábado não era mais enfatizada, mas também não havia oposição a ela, a não ser que se tratasse o sábado do sétimo dia como algo perene. Então, deve-se ler o que ensina Cl 2, 16. Assim, os cristãos podiam frequentam o templo, ir às orações judaicas nas horas de costume, ir às sinagogas, serem circuncidados, fazer votos, não comer alimentos antes considerados impuros, etc., desde que entendendo que tais práticas não mais são obrigatórias aos cristãos.

Assim, as questões foram acentuando-se ao longo das décadas e séculos, e não é a diferença de liderança que explicam as diferentes posições quanto ao judaísmo no decorrer do tempo, mas as novas circunstâncias, que fomentaram outras discussões e foram aos poucos preparando o lugar para maiores divisões entre os judeus não crentes e os cristãos.

É certo que o centro cristão deixou de ser Jerusalém, e passou a ser Roma, por pura providência divina. A oliveira santa continuou ser a mesma, e os que seguiram a Cristo foram enxertados nela, ou nela permaneceram, no caso dos judeus justos e santos, como o justo e piedoso Simeão e a profetiza Ana.

É certo também que os cristãos não iam ao templo para celebrarem os mistérios cristãos, que faziam somente entre os convertidos, mas iam ao templo por costume, e para anunciar o evangelho. Não mais seguiam os votos, as leis dietéticas, o sábado, a circuncisão, como se a isso fosse obrigados, mas celebravam a ceia do Senhor, o batismo, a imposição das mãos, a unção dos enfermos com óleo, a nova páscoa onde Cristo é o Cordeiro imolado, o mandamento do amor a Deus e ao próximo resumindo toda a Lei.

Isso é muito católico, e pouco adventista. Por certo, a Igreja Adventista entende ser necessário continuar a guardar o sábado do sétimo dia semanal, a evitar a carne de porco e outras leis do Antigo Testamento, que interpretam como atuais. Isso é fruto de seus estudos e entendimento surgidos no século dezenove, mas não coincide com o que levou a Igreja a esclarecer essas questões com o desenrolar dos anos.

Santo Epifânio explica que os “nazarenos” separaram-se dos cristãos. Eles guardavam a Lei, praticavam a circuncisão, como cristãos, e certamente essa era sua doutrina. Portanto, eles eram um grupo à parte, que os cristãos consideram judeus que pregavam o nome de Cristo, e não cristãos de fato.

Então, o sábado, as leis dietéticas, a doutrina sobre a morte da alma, e sobre a inexistência do inferno, não são raízes judaicas que a IASD possui, mas entendimentos de outras fontes que nasceram em alguma data da história e que foram importantes para a formação do adventismo.

Por sua vez, a Igreja Católica mantem o que a Bíblia mostra como o que de fato deve continuar entre os cristãos, e para isso basta ver como são semelhantes as observâncias e modo de vida católicos e judaicos, como a arquitetura, símbolos, orações.

Gledson Meireles.