Estudo do tópico do livro A lenda da imortalidade da alma:
Paulo era imortalista por ser fariseu?
São Paulo era fariseu, e os fariseus criam em espíritos, e na imortalidade da alma, ao que tudo indica, e na ressurreição. Certamente, São Paulo cria em tudo isso. Mas, será que após se tornar cristão tenha deixado algo do farisaísmo? É ridículo pensar que São Paulo podia não conservar as crenças farisaicas?
De fato não. Jesus
mostra ter aprovado a doutrina ensinada pelos fariseus. Quando fala dos fariseus,
afirmar que o que ensinam pode ser praticado, mas não o que fazem, condenando
sua conduta. Dessa forma, é plausível pensar que se os fariseus criam na
imortalidade da alma, isso estava correto, São Paulo creu nessa verdade desde
sempre e naturalmente conservou essa verdade após ter encontrado Jesus e se
convertido ao evangelho.
Quando São Paulo afirma
que foi julgado por crer na ressurreição, e o texto não cita a imortalidade da
alma e os espíritos, como parte das doutrinas que ele conservou, isso não
significa que não cresse em todas essas coisas, mas porque o assunto em questão
era apenas a ressurreição dos mortos. O próprio texto é prova disso, já que
mostra que o motivo da discussão era a ressureição, e ainda assim cita a crença
nos anjos e espíritos como parte da fé farisaica.
De fato, os saduceus
não fizeram qualquer objeção à imortalidade da alma quando discutiram com
Jesus, mas atacaram a ressurreição, embora não cressem nem em uma realidade nem
na outra.
Simplesmente isso já
expõe o motivo de não ser a imortalidade da alma citada no contexto, e não a
suposição de que o apóstolo São Paulo não cria na doutrina. Então, apenas a
falta de menção de uma doutrina nessa discussão não é prova de que a mesma não
era crida, sendo isso argumento do silêncio. Mas, coloquemos isso em outras
palavras.
Será que são Paulo não
cria em alma, em anjos e em espíritos? Basta ver em tantas outras passagens que
sim, ele cria na imortalidade da alma e em espíritos. Se a não menção de que
Paulo cria em espíritos como os fariseus fosse prova de que o mesmo não mais
cria nisso, não haveria lugar algum na Bíblia que pelo menos indicasse que ele
cresse na existência de espíritos.
A própria explicação do
livro mostra que o argumento não pode ser usado para dizer que São Paulo não
cria mais em espíritos. Não havendo nada na fé na imortalidade da alma e nos
espíritos que esteja em divergência com a fé cristã, é fato que São Paulo cria
nessas doutrinas que os fariseus também acreditavam.
Quando São Paulo tratou
do modo como pensava a salvação quando era fariseu, ao mencionar o zelo dos
fariseus, diz que tal zelo era pouco esclarecido, o que mostra que o erro de
interpretação dos fariseus era feito por pura ignorância e não má fé.
O que Flávio Josefo
escreve sobre a crença dos fariseus não precisa ser aceito se contradiz o texto
bíblico. Assim, na a opinião de que os fariseus não criam na ressurreição de
todos, não era esse o ensino de São Paulo, que obviamente, como reconhece o
autor, afirmou a ressurreição de justos e injustos.
As imprecisões de
Josefo quanto às crenças mostra que os argumentos, de fato, devem ser bem
formulados quando se tem fundamento seus escritos. Se ele não cria na
imortalidade da alma, ao afirmar que os fariseus criam nessa doutrina, é
bastante importante tomar essa informação como mais confiável, visto que
certamente teve fontes que mostraram a fé farisaica que conflitava com a sua. É
um ponto a considerar.
Assim, quando a Bíblia
afirma alguns dados da fé farisaica que diferiam dos saduceus, e mostra que São
Paulo era fariseu, é bastante provável que o mesmo continuou crendo naquelas
doutrinas citadas.
A fé cristã não se
baseia em Josefo ou no que os fariseus supostamente tenham adotado durante o
tempo, mas naquilo que a Palavra de Deus testemunha.
Jesus condenou as
tradições humanas que os fariseus estavam praticando, e muito das suas
atitudes, mas afirma que estavam na cátedra de Moisés e que ensinavam
corretamente a doutrina, que devia ser observada (cf. Mateus 23).
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