Sobre
o prefácio da nova versão do livro A lenda da imortalidade da alma, escrito por Azenilto Brito
Aquilo que é o parecer
universal certamente está conforme a razão humana e reflete a realidade, como é
a doutrina da imortalidade da alma. Trata-se de um consenso universal. É preciso
muita elaboração para tentar negar esse fato. Por isso, muitos deixam de crer
na imortalidade da alma e enfrentam inúmeros obstáculos para isso, e em
especial, precisam explicar inúmeras passagens bíblicas que demostram a alma
imortal.
Mas há muitas passagens
bíblicas que não são normalmente consideradas em sua profundida para mostrar
que a alma é imortal e, por isso, muitos que estão dispostos a abandonar esse
ensino, apegam-se a outras doutrinas, que pelo menos parecem negá-la, e
especializam-se nelas, e terminam por não crerem mais que a alma humana
sobrevive após a morte.
Quando Cristo diz que “Quem tem o Filho, tem a vida” (1 João 5,
12), isso não tem a ver com negar a imortalidade da alma em qualquer sentido,
nem auxilia nessa doutrina, mas apenas mostrar a linda verdade de que quem tem
Jesus tem a vida eterna, está fora da condenação.
Isso pode implicar em
ensinos sobre a imortalidade da alma e a ressurreição, mas não mantem qualquer
objeção contra nenhuma dessas verdades. Aliás, pode até mesmo reforçar que a
alma é imortal, já que quem tem o Filho tem a vida, no presente mundo, e a vida
eterna, após a morte, continuando a vida da graça com Cristo, e a vida do mundo
que há de vir, na nova Jerusalém que desce do céu, no mundo transformado, como
é a esperança cristã. Portanto, é preciso já de antemão refletir sobre essas
verdades.
Dessa forma, outras
questões como a vinda de Cristo e a posse do reino, que já estariam sendo
experimentadas pelas almas, não é uma objeção contra a imortalidade da alma, já
que o homem no estado de morte não está completo, o que explica a necessidade
da ressureição e a diferença que terá ao experimentar do reino novo dado por
Deus após a ressurreição da carne.
Também, a ressureição e
o juiz final, onde a sorte de cada um será manifesta a todos, juntamente com as
razões para tal, continua de pé, como está mesmo no conceito de santuário
celestial e juízo investigativo, ensinado pelos adventistas, onde o motivo
desse seria dar aos anjos a oportunidade de entender a justiça de Deus relativa
a cada investigado, a cada caso particular. No juízo final, após a
ressurreição, esse conceito é realizado, onde todos terão oportunidade de
compreender a justiça e a graça divina perfeitamente.
A ressureição é
luminosa mesmo para quem crê na imortalidade da alma, ao contrário do que havia
no paganismo, na ausência de esperança de voltar à vida ressurreta, crendo em
viver como “espíritos” eternamente, o que é muito criticado e identificado com
a fé cristã, o que é um equívoco. Muitos dos argumentos lançados contra a
doutrina cristã atingem somente a doutrina pagã, deixando a fé cristã intacta.
Um exemplo disso é a
afirmação sempre repetida, onde o mortalismo seria: “Visão mais madura e real da pós-história, em que a noção popular de um
paraíso etéreo onde almas glorificadas passarão a eternidade trajando vestes
brancas, cantando, tocando harpas, navegando sobre nuvens e bebendo o néctar
dos deuses é alheia às Escrituras.”.
Mas, deve-se dizer, os
cristãos católicos nunca creram que a almas passarão a eternidade como está
afirmado na citação acima. Por isso, de fato, a crítica não toca a doutrina
católica, mas apenas a doutrina pagã, que realmente não tem respaldo bíblico.
Fiquemos, portanto, com a imortalidade bíblica, como explicada pela Igreja Católica.
A proporcionalidade do
castigo é uma realidade, mas difícil de ser explicada exaustivamente, e assim
continua um problema, se assim o quiser, para o aniquilacionismo também, visto
que deverá saber e explicar, caso ache necessário, como se dará a intensidade
de penas para cada um segundo o merecimento individual. É um argumento que
contem a mesma dificuldade, segundo os mortalistas, e, portanto, não pode
refutar a doutrina do inferno.
Quando a Bíblia diz que
somente Deus possui imortalidade, e que a alma morre, está afirmando nada mais
que só Deus é fonte da vida, e que pode dar a vida. Assim, como os anjos são
imortais, eles possuem a imortalidade, e isso não contradiz a afirmação de que
essa é apanágio de Deus somente. Por isso, também não pode negar que a alma é
imortal, pela mesma razão.
Ainda, quando se diz
que a alma morre, está afirmando isso no sentido de pessoa, e não no sentido de espírito, o que deve ser entendido
segundo o contexto, e não apenas pelo próprio termo empregado. Esse princípio já
refuta muito do que o mortalismo ensina.
Deus não precisa de
nenhuma marca para fazer alguém existir novamente. De fato, esse seria o caso.
O problema é que esse cenário de inexistência não há na Bíblia. Em nenhum
momento há a noção de que os mortos deixaram de existir ontologicamente. Esse
problema filosófico acompanha o mortalismo, que não pode explicar suas
afirmações mais importantes à luz da Bíblia.
Ser como emoticons e estar na memória de Deus é
algo interessante, para pensar, mas não é algo que se encontra na Sagrada
Escritura. Os mortos estão na memória de Deus, mas isso não significa que não
existam em si. Pois existem.
O livro A lenda da
imortalidade da alma mostrará as provas da visão holística. Muito bem. Mas
ainda assim não prova a alma morte da alma, já que a doutrina católica mostra
algo diverso do dualismo pagão, pois o homem é unidade de corpo-alma, onde a
morte é algo intruso, e a natureza humana é valiosa, tanto em sua parte física
como na sua parte imaterial, sendo assim, algo próximo ao holismo, onde todo o
ser constitui uma só natureza em duas partes, material e imaterial, o corpo e a
alma.
A busca da verdade dos
fatos da natureza humana, se há a alma imortal ou não, pode ser encontrar
certeza pela leitura e estudo atento da Bíblia, pelo que diz a tradição
apostólica, que é a tradição cristã católica, a razão humana, o sentir
universal, de modo que não deixe nenhuma dúvida.
A Bíblia possui
incontáveis provas da alma imortal, de forma que se alguém não crê nesse
ensino, terá problemas insolúveis para explicar uma enorme quantidade de
passagens bíblicas.
Para quem aceita a
verdade da alma imortal, são menores as dificuldades em elucidar passagens que
poderiam parecer que a alma pudesse morrer. Nesse quesito, também, o mortalismo
e aniquilacionismo perdem sua força.
Sobre a profundidade da
obra em questão, é um fato de que não se encontra em outro livro tamanha
consideração do tema e o resumo dos argumentos que ele envolve. Por isso, é uma
obra que deve ser considerada quando se estuda o assunto da imortalidade da
alma.
Sobre a introdução
Uma pergunta é
necessária já no início deste estudo: chega-se à crença de que a alma é mortal
pela simples leitura da Bíblia ou por argumentos que veem de doutrinas de
outras vertentes que surgiram na história da Igreja? A resposta parece ser a
segunda opção. De fato, a Bíblia mostra que a alma é imortal.
O argumento de que não
faz sentido a alma que está no céu voltar ao corpo e voltar para o céu, e a
alma que está no inferno voltar à vida na terra e ser condenada com o corpo
novamente, é em essência o mesmo que diz que não faz sentido o morto que entrou
na inexistência voltar à existência para sofrer o castigo durante um tempo e
depois cair na inexistência novamente. A parte positiva da doutrina seria
somente em relação aos salvos, já que seriam recriados para a felicidade.
Quanto aos condenados a mesma dificuldade permanece, como a que foi escrita
acima contra a doutrina da imortalidade da alma.
O que São Paulo escreve
em 1 Coríntios 15 não permite pensar que se a ressurreição não ocorresse as
almas poderiam permanecer no céu eternamente, pois ele afirma que se Cristo não
ressuscitou os vivos permanecem em seus pecados, o que significa que todos
estão perdidos. Esse é o ponto. Não toca diretamente à questão da imortalidade
da alma, no sentido de afirma-la ou negá-la, como parte do credo cristão. É
mais uma questão que reflete a crença herética que o texto bíblico está
combatendo.
Pode, sim, ler lida no
sentido materialista, pois se a ressurreição não existir não haverá mais nada.
Mas o texto trata dos vivos, afirmando que há uma influência sobre os crentes,
que é a falta do perdão. Dessa forma, mesmo pensando na imortalidade da alma, o
que poderia ser lido é que se Cristo não tivesse ressuscitado, todos estariam
perdidos, vivos e mortos, sendo que os mortos, caso o conceito de alma imortal
entre nessa consideração, os mortos estariam condenados.
O conceito de corpo
como apenas morada do verdadeiro eu, usado para formular a crítica, não é um
conceito correto. De fato, assim, a crítica já perde sua força também.
A ideia de que a vida
seria melhor na terra, caso não houvesse ressurreição, perfeitamente se
harmoniza com a ideia de que a alma imortal ficasse em lugar de completa
infelicidade. Assim, se não houvesse salvação, o perdão dos pecados, não
haveria mais fundamento de ter a vida novamente, se o conceito de vida após a
morte não fosse de salvação, como ensina a filosofia grega.
Então, é um acerto
reconhecer que a ressurreição é o tema central. De fato, ninguém quer viver
somente em forma espiritual, como alma, na eternidade, mas ser transformado e
viver a vida corporal em corpo glorificado. Mas isso não necessariamente tem a
ver com a negação da alma imortal.
O motivo de não se
falar tanto da ressurreição como acontecia no primeiro século talvez seja
porque os primeiros cristãos acreditavam que a Parusia estava próxima, e eles seriam glorificados logo, e os
mortos iriam ressurgir em breve. Não sendo esse o caso, a imortalidade da alma
foi sendo enfatizada, já que os mortos estão na glória do céu, e não que tenha
sido uma doutrina inventada.
Não parece tanto que 1
Ts 4, 13-18 seja um consolo sobre a perda de entes queridos, comparável ao que
acontece atualmente, pois são Paulo trata de mostrar que os mortos não estavam
perdidos e não haveria motivo para pensar que os vivos poderiam participar da
vinda de Cristo quando os mortos não teriam mais essa chance. Era um problema
que, se não era, beirava o materialismo.
Ou pode-se dizer que
era um consolo diferente. Havia os que estavam preocupados, pela partida dos
entes queridos. Outros não tinham esperança (v. 14). Os crentes podem ficar
tranquilos, pois os mortos estão salvos e ressuscitarão. É uma pregação sobre a
ressurreição, e uma refutação da doutrina que nega essa verdade.
Os mortos também
estarão na glória, ensina o verso 14. De fato, pensando da forma imortalista,
São Paulo poderia ter dito que já estavam no céu, e iriam ressuscitar para
voltar para a glória do Reino definitivo. Mas, ele não diz isso. Ao contrário,
trata apenas da ressurreição.
Isso seria uma
suposição de que nenhum cristão, nem São Paulo, nem os outros que não têm
esperança, nenhum deles cria na imortalidade da alma.
Mas, se o texto diz: “não vos entristeçais, como os outros que não
têm esperança”, isso significa, provavelmente, que muitos estavam caindo em
um materialismo, e não possuíam esperança da vida eterna, nem por meio da alma
imortal nem pela ressurreição dos mortos. Isso explica a ênfase na
ressurreição.
Essa leitura é
corroborada por um verso mais adiante, em 1 Ts 4, 10, onde mesmo “em estado de
vigília”, ou seja, vivo, ou em estado de sono, quer dizer, morto, “vivamos em
união com ele”.
De fato, se os mortos
não existissem não haveria meio de estar em união com Jesus. Essa é uma das
passagens que os mortalistas enfrentam para explicar de modo satisfatório. Não
conseguem.
O imortalista consegue
explicar bem o motivo da ênfase da ressureição, como feito acima, e o
mortalista encontra dificuldade em mostrar como estar em união com Cristo se na
doutrina que professa os mortos não possuem existência, e por isso não poderiam
estar unidos a nada e a ninguém. Mais uma dificuldade para o mortalismo, maior
do que aquela que apresentou para os imortalistas.
Por isso, a
imortalidade da alma é uma verdade, e não a mentira que o Demônio queria
ensinar, pois ele pretendia fazer crer que o homem viveria na terra eternamente
mesmo se pecasse. Ou seja, que o homem não passaria pela morte, que viveria
corporalmente para sempre.
Ainda, a Bíblia reprova
a necromancia, e nunca afirma que os mortos não existam. Seria um bom
argumento, mas nunca foi usado.
Nesses estudos que
serão feitos aqui, os argumentos mortalistas serão analisados de perto, como já
pode ser visto. Assim, como acima foi provado que a ênfase na ressurreição não
é questão da alma ser mortal, mas explica-se pelo contexto de que muitos não
tinham esperança, crendo certamente em mais nada do que o crasso materialismo,
e que se os mortos não ressuscitam, não haveria esperança de mais nada, nem
mesmo para o dia da vinda de Cristo, que talvez serviria apenas para os vivos,
numa melhor versão da heresia que certamente estava circulando por aquele
tempo.
Ao mesmo tempo, foi
mostrada uma passagem que corrobora a fé na imortalidade da alma, pois a
Escritura afirma que mesmo morto salvos estão em união com Cristo, e não dá
margem para uma leitura mefatórica, simbólica, poética para isso, já que também
coloca os vivos na mesma posição, de união com Cristo, o que só pode ser
possível em seres que existem. E em outra passagem os mortos aparecem como mais
próximos de Cristo do que os vivos.
Por isso, os argumentos
acima já refutam o início do estudo mortalista, na sua raiz, e isso será feito
sempre que necessário, mostrando que a doutrina mortalista possui inúmeros
problemas, qualitativamente maiores e em número maior do que aqueles que
atribui à doutrina da imortalidade da alma. Com isso o leitor irá preparando seu
coração para crer na verdade de que possui uma alma imortal.
Cada argumento que
aparecer será detalhado dessa forma, à luz da Bíblia, da razão, da história,
como o autor do livro pretendeu fazer, com o contexto e a hermenêutica. Isso
mostrará a doutrina da imortalidade da alma nos próprios textos, quando for o
caso, que os mortalistas usam para negar a doutrina, como feito na passagem de
1 Tessalonicenses 4 e 5.
Se os argumentos
imortalistas são “fracos e desconexos”, o leitor irá julgar, e ver se é capaz
de apresentar melhores argumentos bíblicos para contrapor ao que foi
estabelecido.
A resposta dada acima
contra o argumento do livro não parece ser fraca, desconexa, apegada só à
tradição e não à razão, não é mesmo? Ou o leitor acredita que nada do que foi
escrito acima faz sentido?
Não havia ninguém sem
esperança alguma? Mas o texto diz expressamente isso, que existia naquele
tempo. Então, isso não explica o motivo da ressurreição ser enfatizada? E mais,
não faz sentido que o texto de 1 Ts 5, 10 estabeleça que a alma é imortal, já
que mesmo em sono o crente salvo pode estar unido a Jesus?
Ou o leitor crê que
outra explicação para essa união, de forma espiritual, poética, metafórica, ou
seja, não real, seja melhor? É nesses momentos que se vê que uma doutrina não
está bem estabelecida em textos bíblicos.
Agora, se a alma
existe, faz sentido afirmar que mesmo em estado de sono, ou seja, na morte, o
salvo está em união com Cristo, mais ainda do que como estava em vida. Tudo faz
sentido. Ou não faz? Se não faz, qual a razão para negar essa límpida verdade?
Qual a explicação bíblica, no contexto, e no teor bíblico geral, que pode se
contrapor a esse argumento?
Está vendo o leitor que
a fé na imortalidade da alma está ligada também à ressurreição e não contradiz
em nada o contexto. Por outro lado, se se acredita que a alma deixa de existir,
então os problemas vão surgindo, e aumentam a cada passo.
Muitos artigos aqui dão
resposta à primeira versão do livro A lenda da Imortalidade da Alma. Portanto,
basta pesquisar e encontrar muitos textos refutando argumentos da versão
antiga. Da mesma forma, os argumentos da nova versão serão enfrentados de
perto.
Os argumentos usados
para contrapor serão bíblicos e racionais, e o leitor irá ficar surpreso com o
que encontrará. E como o assunto é muito importante, o próprio livro o
demonstra, como também pela perspectiva dos adventistas, de que essa doutrina
tem a ver com o resgate do evangelho, com a refutação da mentira de Satanás,
mostrando assim que se trata de algo de suma importância.
Gledson Meireles.
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