Paul Helm ensina que a
liberdade humana é compatível com a determinação divina. Isso o inclui na
esfera dos defensores da liberdade determinada. É um verdadeiro calvinista.
Para ele, tudo é determinado, mesmo o mal moral, e que Deus não pode, por isso,
ser responsabilizado como autor do pecado, visto que é necessariamente bom, e
que ordenar o mal não faz autor do mal.
Deus ordenaria a ação má
dos livres agentes humanos, e por isso a ação não seria de Deus, mas do agente
humano. Essa é também a razão pela qual Deus sabe o que será feito. Isso é
importante em toda a argumentação de Paul Helm.
Ele cita Santo Anselmo,
Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, João Calvino, Jonathan Edwards e
outros. A leitura que faz, como se estando em continuidade de pensamento com
todos esses autores, é que, conforme Edwards, partindo desse pensamento, Deus
aparelha todos os eventos de forma a fazer certa e infalível a ação do ser
humano em dada circunstância em que é definida a própria ação.
A respeito das
explicações dos teólogos anglicanos Austin Farrer e Vernon
White apresentadas por Paul, sobre a dupla causalidade, e das diferenças de
intenções de Deus e da criatura, ele afirma que a primeira tese não explica a dupla
causalidade, e que a segunda, que é construída com o exemplo da traição de
Judas, como se o traidor pudesse fazer o que quisesse, livremente, que Deus
introduziria aquele ato no Seu plano, não é aceita porque, segundo Paul Helm, “de
alguma forma” Deus “causa a intenção específica de Judas, e acrescenta o
próprio nível causativo inferior do evento”.
Depois, cita outra
posição, de Nelson Pike, onde Deus interviria nos assuntos terrenos quando
fosse necessário. A isso Paul Helm responde que seria preciso esperar que os
fatos acontecessem para fazer ajustes no plano.
Primeiro, para Helm
Deus não pode conhecer os fatos de criaturas livres. Isso é explicado no
presente estudo, e é devidamente refutada a posição calvinista.
Após isso, ele ensina
que é compatível ter uma liberdade determinada por Deus. Segundo os exemplos,
onde Deus não somente prepararia o estado de eventos mas a intenção de pecado
no agente humano e garantiria que tudo ocorresse como decretado, não há como
ajustar isso biblicamente, como será esclarecido no decorrer do presente
estudo.
Paul Helm crê na
providência minuciosa de Deus, livre de riscos, como chama essa visão. Também
crê que Deus não compele ninguém para agir, o que prejudicaria a liberdade e a
responsabilidade humana. E, por último, nega que Deus seja o autor do pecado, e
tenta ajustar tudo isso sem contrariar os dados bíblicos.
O(a) leitor(a) já deve
estar raciocinando como isso pode ser feito, se na visão reformada de Helm,
Deus só conhece o que decretou, se o homem é livre mas determinado, se todas as
circunstâncias e intenções para que algo aconteça estão preordenadas
infalivelmente para acontecer.
O autor nega a
presciência divina, a verdadeira liberdade humana, e não contribui logicamente
para harmonizar o que chama de providência isenta de riscos com a
responsabilidade humana. Ainda há muito o que trabalhar com os dados do teólogo
reformado, mas já estão aqui elementos importantes que fazem parte da sua
posição, e que revelam as suas dificuldades.
Gledson Meireles.
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