domingo, 13 de setembro de 2020

Paul Helm quando trata da responsabilidade humana: algumas considerações

Paul Helm ensina que a liberdade humana é compatível com a determinação divina. Isso o inclui na esfera dos defensores da liberdade determinada. É um verdadeiro calvinista. Para ele, tudo é determinado, mesmo o mal moral, e que Deus não pode, por isso, ser responsabilizado como autor do pecado, visto que é necessariamente bom, e que ordenar o mal não faz autor do mal.

Deus ordenaria a ação má dos livres agentes humanos, e por isso a ação não seria de Deus, mas do agente humano. Essa é também a razão pela qual Deus sabe o que será feito. Isso é importante em toda a argumentação de Paul Helm.

Ele cita Santo Anselmo, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, João Calvino, Jonathan Edwards e outros. A leitura que faz, como se estando em continuidade de pensamento com todos esses autores, é que, conforme Edwards, partindo desse pensamento, Deus aparelha todos os eventos de forma a fazer certa e infalível a ação do ser humano em dada circunstância em que é definida a própria ação.

A respeito das explicações dos teólogos anglicanos Austin Farrer e Vernon White apresentadas por Paul, sobre a dupla causalidade, e das diferenças de intenções de Deus e da criatura, ele afirma que a primeira tese não explica a dupla causalidade, e que a segunda, que é construída com o exemplo da traição de Judas, como se o traidor pudesse fazer o que quisesse, livremente, que Deus introduziria aquele ato no Seu plano, não é aceita porque, segundo Paul Helm, “de alguma forma” Deus “causa a intenção específica de Judas, e acrescenta o próprio nível causativo inferior do evento”.

Depois, cita outra posição, de Nelson Pike, onde Deus interviria nos assuntos terrenos quando fosse necessário. A isso Paul Helm responde que seria preciso esperar que os fatos acontecessem para fazer ajustes no plano.

Primeiro, para Helm Deus não pode conhecer os fatos de criaturas livres. Isso é explicado no presente estudo, e é devidamente refutada a posição calvinista.

Após isso, ele ensina que é compatível ter uma liberdade determinada por Deus. Segundo os exemplos, onde Deus não somente prepararia o estado de eventos mas a intenção de pecado no agente humano e garantiria que tudo ocorresse como decretado, não há como ajustar isso biblicamente, como será esclarecido no decorrer do presente estudo.

Paul Helm crê na providência minuciosa de Deus, livre de riscos, como chama essa visão. Também crê que Deus não compele ninguém para agir, o que prejudicaria a liberdade e a responsabilidade humana. E, por último, nega que Deus seja o autor do pecado, e tenta ajustar tudo isso sem contrariar os dados bíblicos.

O(a) leitor(a) já deve estar raciocinando como isso pode ser feito, se na visão reformada de Helm, Deus só conhece o que decretou, se o homem é livre mas determinado, se todas as circunstâncias e intenções para que algo aconteça estão preordenadas infalivelmente para acontecer.

O autor nega a presciência divina, a verdadeira liberdade humana, e não contribui logicamente para harmonizar o que chama de providência isenta de riscos com a responsabilidade humana. Ainda há muito o que trabalhar com os dados do teólogo reformado, mas já estão aqui elementos importantes que fazem parte da sua posição, e que revelam as suas dificuldades.

Gledson Meireles.

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