quinta-feira, 7 de abril de 2022

Questões sobre Doutrina: analisando a questão 16, o sábado como mandamento moral e cerimonial

 Questão 16

 

Os adventistas negam que o elemento tempo seja cerimonial. Para isso, basta pensar se é possível conhecer o sábado do sétimo dia naturalmente, pela lei natural impressa no coração humano. Sendo impossível, está respondida a questão. Veremos como respondem a isso.

Em primeiro lugar, exige-se, no adventismo, uma declaração na Bíblia de que esse elemento tenha mudado. Por isso, acreditam que não haveria mudança e o sábado continuaria em vigor. Acreditam em implícito reconhecimento da continuidade do sábado.

Diante isso, deve-se ter em mente que os princípios da lei moral são escritos no coração do homem, antes mesmo da queda. No entanto, alguns elementos veem por revelação divina, através da fé, e muitos são coisas que agregam sentido, valor e auxiliam na compreensão das verdades. O sábado para o dia de descanso é algo ensinado por Deus, uma lei positiva, assim como o motivo para a guarda, que é o descanso de Deus, e a libertação da escravidão do Egito por exemplo. Esses últimos elementos não se podem conhecer pela razão pura, mas nos vem da revelação divina.

Quando o cristão descansa no domingo, ele está cumprindo a lei natural, que é a Lei de Deus, também revelada, e cumprindo o preceito de lembrar do descanso do Senhor na criação. Também, agora, honra a ressurreição de Cristo, que cumpre todas as figuras da Lei e inaugura a nova criação. As bases do sábado e do domingo estão unidas.

O aspecto cerimonial do sábado está até mesmo no fato de Deus não se cansar, e continuar trabalhando, apenas descansando da obra da criação e revelando esse término da Sua obra ao homem, para que O imitemos e tenhamos motivação para o fazer.

Se o pecado não tivesse entrado no mundo, todos deveriam guardar o repouso sabático, assim como honrar e adorar a Deus, honrar pai e mãe, etc. O cansaço advindo pelo trabalho não seria motivo para comemorar o sábado, mas também a inexistência da morte e das ofensas, e etc., não seriam motivos para não cumprir os mandamentos relativos ao próximo. Assim, todos cumpririam fielmente e absolutamente a Lei de Deus.

O sábado é a lembrança e o memorial da força poderosa do Criador. Mas isso é feito igualmente no domingo, com o acréscimo do memorial da paixão e morte de Cristo, que está ordenado cumprir na Nova Aliança, e é o centro da fé, a ressurreição. Por isso o Novo Testamento revela que havia reunião cristã para esse fim no domingo.

Se o cristão trabalha seis dias e repousa no sétimo, em honra do Criador e Redentor, sendo o sétimo dia, o dia de repouso, de fato no primeiro dia da semana, dia em que Cristo levantou-Se dentre os mortos, o cristão cumpre todo o memorial da Lei de Deus.

O sábado sendo parte integrante do plano de Deus para o homem, não tendo nada de prefiguração, como afirma a teologia adventista, ainda não explica o motivo do repouso cristão em honra a Deus não poder ser realizado no Dia do Senhor que é o domingo. No entanto, há algo no sábado em que ele é uma figura, uma sombra do que virá.

O plano e provisão de Deus para o homem, no repouso físico e espiritual, é cumprido no domingo, como sempre fez a Igreja, desde os apóstolos. E ainda, o sábado tem a prefiguração do repouso no céu, a começar pelo repouso na graça de Cristo. É certamente disso que trata Colossenses 2, 16.

Assim, quando a teologia adventista quer honrar a Cristo como Criador e Rei, adicionando o fato dele ser o Redentor, fazendo do sábado do sétimo dia mais precioso e glorioso como Dia do Senhor, isso não difere de realizar tudo isso no domingo, o sábado do primeiro dia, como sempre fizeram os cristãos. O Dia do Senhor, que é o domingo, desde o tempo dos apóstolos, e é assim por instituição divina, compreende o sentido de memorial da criação primeira e festejo da nova criação em Cristo.

É importante notar que na Lei havia uma grande conexão entre os sábados cerimoniais, onde o repouso era feito no primeiro e no sétimo dia. Parece mesmo uma preparação para o tempo cristão, dessa relação do sábado da Antiga Aliança para o domingo da Nova Aliança. E, certamente, foi o motivo de Deus ter feito o Pentecostes no domingo, quando envia o Espírito Santo sobre a Igreja Católica.

O sábado do repouso de Deus foi cumprido por Cristo, por toda a Sua vida, e até na morte, quando repousou no túmulo. Como a ressurreição pode ser adicionada ao memorial do sábado, o repouso de Deus na criação pode ser celebrado no domingo.

Em Levítico 23, 3 temos a Lei do Sábado semanal. Esse é dia de santa assembleia, onde não se faz trabalho algum, como repouso consagrado ao Senhor.

No versículo 7, está escrito: Tereis no primeiro dia uma santa assembleia, e não fareis nenhum trabalho servil, e, no fim do versículo: No sétimo dia, haverá uma santa assembleia. Não fareis nenhum trabalho servil.

Outra obra religiosa no dia seguinte ao sábado, no verso 12. A partir do dia seguinte ao sábado inicia-se a contagem das semanas para realização do Pentecostes. É uma lei perpétua, como está no verso 21.

No sétimo mês, no primeiro dia do mês deveria haver repouso, assim como no décimo dia, um sábado absoluto, v. 32. Assim, havia muitos sábados anuais.

No oitavo dia, tereis uma solene assembleia e a cessação de todo o trabalho servil (Nm 29, 35).

Em tudo isso, há uma ligação interessante entre os repousos do sétimo dia e do primeiro dia nas festas, algo que ajuda a entender a relação do sábado e do domingo na doutrina bíblica.

Ainda que é dito que o sábado semanal não tem significância cerimonial ou típica, podemos ler em Colossenses 2, 16 algo que está no sábado semanal e que se trata de uma sombra das coisas que viriam.

Assim, é entendido que o sábado foi cumprido por Jesus Cristo em toda a Sua vida, até o dia em que passou o sábado no sepulcro, selando a Antiga Aliança. De fato, a mudança de Aliança muda algo na Lei, não na Lei eterna, moral e natural, mas em aspectos positivos e cerimoniais. O sábado, quanto ao tempo, possui esse sentido. Por isso, é preciso entender esse aspecto cerimonial do sábado, que é ligado ao seu sentido moral.

Agora, os cristãos são instados a guardar o memorial da ressurreição, o que deve incluir a honra do memorial da criação. Assim, antes de incluir no sábado o sentido da ressurreição, foi no domingo que se manteve na Igrjeja o memorial da criação. O memorial está ligado à criação, no sábado do sétimo dia, e também referente à ressureição, no sábado do primeiro dia, ou seja, no repouso do domingo.

Os adventistas não creem que o sábado contenha algo de cerimonial, como foi provado acima, mas não podem provar que ele não possua. De fato, servir de memorial da criação não requer necessariamente que se descanse no sábado do sétimo dia, em total concordância com o dia da Antiga Aliança.

Um fato importante, apenas para refletir, é que o sábado foi feito para o homem. A partir da criação, o homem deve esperar os seis dias para cumprir o mandamento do sábado, no sétimo dia. Para Deus, o sexto dia foi o primeiro dia do homem. A quinta-feira seria assim o sábado do homem, referindo-se a Deus, que descansou após seis dias de criação. Entretanto, entende-se que a semana consagrada de sete dias é o modelo pelo qual os judeus e os cristãos se referem para cumprir o mandamento.

Também, os cristãos trabalham seis dias, da segunda-feira ao sábado, descansando no domingo, que é nessa contagem o sétimo dia. Isso cumpre o mandamento moral e o cerimonial, de memorial da ressureição, dentro dos sagrados mistérios, e da criação do mundo, honrando a Deus como salvador e criador.

Dessa forma, o tempo específico e a natureza da observância são tratados pelos adventistas. Observam que a Escritura não diz expressamente que o tempo do sábado é de natureza cerimonial. Mas, parece algo diverso o que se está tratando. O sentido que o livro dá ao termo cerimonial não parece ser o mesmo que o catecismo.

De fato, ser cerimonial é entendido como algo gravado no coração, na natureza do homem, podendo ser acessado pela pura razão. No entanto, o sentido de cerimonial, na doutrina adventista, e entendido como sendo algo que deveria ter sido instituído após o pecado original e da necessidade de um salvador.

Assim funcionam as leis cerimoniais. Nesse sentido, o sábado não estaria na Lei cerimonial, mas na Lei moral. No entanto, como já explicado antes, o sábado está na Lei moral, pela necessidade do repouso em honra a Deus e a necessidade física do homem, mas seu aspecto cerimonial está no elemento tempo, que pode ser cumprido diversamente.

A Escritura ordena a guarda do sábado como memorial da criação. Essa ordem positiva de Deus está atrelada a Sua Lei moral, como já explicada, mas o tempo do sétimo dia é facilmente cumprido no modelo semanal cristão, que mantem os seis dias de labor e um de repouso.

A primeira semana de Deus é o modelo para a guarda do sábado pelo homem. A primeira semana para o homem deve ser o memorial da semana da criação. Entretanto, a guarda do domingo não quebra esse modelo e não introduz qualquer problema para o memorial, expandindo, como é necessário, para o memorial da salvação, comemorando a vitória de Cristo sobre a morte.

Por isso, se o descanso e o tempo do sétimo dia semanal não foram ab-rogados por Cristo na cruz, a doutrina católica responde isso de forma magistral, mantendo ambos no Novo Testamento, na Lei de Deus, e cumprindo o sábado (repouso) no santo domingo. Algumas objeções, portanto, não tocam a doutrina católica, mas apenas a protestante, que utiliza de outros argumentos contra a guarda do sábado.

O importante é notar que o tempo específico do sábado, como está na semana judaica, não é característica imutável da Lei, assim como não o é a sua motivação, visto que primeiro foi dado como memorial da criação e depois como memorial da libertação. O domingo é assim o memorial da nova criação e da libertação do pecado.

De fato, os mandamentos de Deus são eternos, não podem ser abolidos, e a Igreja não possui autoridade para mudá-los. A apologética muitas vezes pode produzir expressões fortes para ensinar algo.

No entanto, a Igreja (os apóstolos e discípulos, no primeiro século) seguiu a ordem de Cristo e a inspiração do Espírito para transferir a guarda do sábado para o domingo, como atestam vários exemplos na Bíblia, e que é assim entendido durante os séculos na tradição da Igreja.

Não se trata da autoridade da Igreja em qualquer tempo para mudar uma Lei, através de decretos, sínodos, concílios, mas da tradição recebida de Cristo e dos apóstolos, que não foi a da guarda do sábado para os cristãos, mas a do domingo. Foi Deus quem transferiu o descanso sabático para o domingo. O sábado continuou a ser honrado, mas não mais da forma antiga, mas segundo a devoção cristã.

Quando se diz que o domingo se tornou o sétimo dia, após seis dias de trabalho, não se está afirmando um princípio subjetivo, onde a segunda, ou a quarta-feira, por exemplo, poderiam tornar-se o sétimo para toda a Igreja. Essa argumentação não faz parte da teologia e apologética católica. Essa não é a forma tradicional de entendimento católico.

O que afirma a doutrina católica é que o Senhor guiou a Igreja Católica a guardar o domingo, como atestam as Escrituras, e esse foi modo de entender a questão desde sempre. O foi seguido pelos apóstolos.

Afirmar que o domingo foi sendo incorporado às festividades cristãs não é correto. De fato, talvez, o modo e a forma de entendimento dão a entender isso, não o fato, já que os cristãos primitivos se reuniam no primeiro dia da semana para celebrar o partir do pão.

A Igreja em Roma costumava jejuar devotamente no sábado por causa da morte de Cristo. Em outras localidades, como em Milão, não havia o costume. Assim, os cristãos podiam jejuar ou não em certos dias, conforme o lugar em que se encontrassem, conforme o costume local.

É oportuno notar que Santo Agostinho menciona a Sagrada Escritura e a tradição da Igreja católica para dirimir questões de fé. É o mesmo entendido hoje pela Igreja Católica.

O livro o Grande Conflito afirma que o sábado foi se tornando dia de jejum, fomentando tristeza e pesar, ao invés da guarda tradicional judaica que deveria ser feita pelos cristãos. Mas, pelo que parece é que o jejum no sábado, feito em Roma e outras igrejas católicas locais, não era para lançar qualquer negatividade sobre o dia, mas era feito em honra de Cristo, que passou o sábado na sepultura, sendo antes uma questão de ênfase em certo conteúdo do evangelho. E, ainda, não era algo universal, imposto pela Igreja.

Quando a Igreja ensina a guarda do domingo como doutrina revelada, está mantendo a tradição recebida, conforme fé geral da Igreja, de que os mesmos apóstolos guardaram o domingo e não o sábado. Considerar que onde o sábado era guardado se tratava de exemplo de “remanescentes” cristãos de seu tempo não é correto, visto que em geral eram todas igrejas particulares católicas, que nos primeiros séculos puderam, pelas circunstâncias, continuar a honrar o sábado. No entanto, concílios sempre entenderam o domingo como dia de guarda e foram sempre contrários aos judaizantes.

No Novo Testamente o dia mais propício para o cristão nascido de novo celebrar sua nova recriação é o domingo. Com efeito, Cristo é nossa páscoa, o memorial da morte de Cristo é um sacramento cristão, e a Igreja sempre entendeu que o dia adequado para a celebração desses mistérios é o dia da ressureição de Cristo. Essa doutrina foi recebida desde os dias apostólicos.

Quando se diz que Cristo não ordenou a guarda do domingo, isso se dá porque diretamente ou explicitamente essa ordem não aparece no Novo Testamento, ou uma inspiração clara do Espírito Santo não é narrada nesse sentido, mas se sabe que os apóstolos seguiram o evangelho em sua inteireza, e muitas coisas Jesus deixou para ensinar em tempo oportuno, e o Espírito Santo foi enviado para lembrar tudo o que Jesus ensinou e guiar a Igreja para a verdade. Dessa forma, a guarda do domingo, como aparece já no primeiro século, é de inspiração do Espírito Santo, vinda de Cristo aos apóstolos e a toda a Igreja. Assim é entendida a questão na Igreja Católica. Não se trata de uma autoridade para mudar leis, mas de autoridade de sustentar a verdade.

São citadas as palavras a partir da menção da transferência da sábado para o domingo, no Concílio de Trento, conforme doutrina exposta no Catecismo Romano, como que a igreja-mãe Católica, na plenitude de seu delegado poder, autoridade...transferiu a solenidade do sétimo para o primeiro dia da semana, conforme palavra de Donovan, Catecismo do Concílio de Trento, 1867, pp. 340-342 etc.

São muitas fontes citadas, que pretendem mostrar que a Igreja Católica ensina que sua autoridade é o motivo da transferência do dia de repouso para o domingo. Mais adiante será feito um estudo do Catecismo Romano sobre o mandamento do sábado, para vermos se isso é de fato o que a doutrina católica ensina sobre a questão.

Outra coisa importante é o argumento apologético, lembrado pelos adventistas, que a Igreja Católica desafia os protestantes a respeito do Sola Scriptura por guardarem o domingo sem expressa ordem para isso, o que faz seguirem a autoridade da Igreja Católica. Isso de fato é verdadeiro, não porque sigam uma autoridade extrabíblica, mas porque a tradição apostólica é mais clara nessa questão do que o texto bíblico, fazendo da tradição uma exposição da doutrina bíblica para a Igreja.

Tudo índica que Jesus introduziu a guarda do domingo na Igreja, sem no entanto lançar qualquer proibição quanto ao sábado, o que não era necessário nos dias apostólicos. Os apóstolos não introduzem nenhuma mudança a não ser que isso tenha vindo de Cristo ou da inspiração direta do Espírito Santo. É nesse sentido que a guarda do domingo foi realizada, e não em concílio posterior.

O sábado é o memorial de um fato imutável, a criação do mundo e o repouso de Deus em dia específico. Esse fato não necessita ser guardado no sábado de Deus, mas em referência ao sábado de Deus, ou no sábado dado ao homem, como sétimo dia, no sentido de ter uma exata relação com o tempo em que Deus descansou, mas pode ser feito no domingo, após os dias de trabalho do homem, contanto que o descanso caia no sétimo dia em honra do Senhor, como a antiga lei, e como memorial da ressurreição, a doutrina central do Novo Testamento.

O sábado possui o sentido do repouso espiritual em Cristo e do descanso eterno no céu. E a nova criação, conforme o Salmo 118, 24, e todas as passagens sobre o primeiro dia da semana, indicam que o domingo é o dia escolhido por Deus para comemorar a nova criação efetuada pela graça.

Agora, um estudo do que ensina o Catecismo Romano. O Catecismo explica que o Preceito do sábado regula o culto externo a Deus, e é ligado ao preceito anterior, referente também a Deus. E, depois, afirma: “Ora, como esse dever não pode ser facilmente cumprido, enquanto nos deixamos absorver por negócios e interesses humanos, foi marcado um tempo fixo, para que se possam comodamente satisfazer as obrigações do culto externo”.

Ensina, ainda, que o Preceito traz admiráveis frutos e vantagens. A Escritura exorta à lembrança - Lembra-te – por tratar-se da parte cerimonial do mandamento. Entretanto, aprendemos que a exata observância do preceito induz mais facilmente a guardar os outros preceitos.

O mandamento do sábado contém nexo com os outros mandamentos, e apresenta igualmente pontos de diferença. Os outros são naturais e perpétuos “porque eles correspondem à própria natureza das coisas, cuja força intrínseca impele os homens a observá-los”. “O Preceito, porém, de observar o sábado, no que se refere à determinação do tempo, não é fixo nem perpétuo, mas passível de mudança. Não pertence aos Preceitos morais, mas antes às prescrições cerimoniais”.

Quando se diz que o povo de Israel somente passou a tributar o culto público a Deus no sábado depois da libertação, é para mostrar que esse preceito, quanto ao dia específico, não é natural, mas está no rol dos mandamentos morais, porque é um aspecto cerimonial que acompanha o mandamento.

Citando Gl 4, 10-11, onde a prescrição das leis no calendário judaico não mais obriga aos cristãos, e Cl 2, 16, onde o sábado não é mais observado como dever, e que o cristão não deve ser julgado por isso, explica que o sábado como dia específico foi cumprido em Cristo, que nos dá o repouso sabático espiritual, mas não revoga a lei moral que deve ser cumprida como adoração a Deus e para a prática devocional do cristão salvo, em um dia. Dessa forma, o dia foi deslocado para o primeiro dia da semana com o significado espiritual preservado e enriquecido.

Os pontos comuns do sábado que se liga à moral e à lei natural porque pela nossa própria natureza sabemos que devemos o culto a Deus, de forma a devotar certo tempo a Ele, em adoração, em ação de graças, em atitudes da criatura para com o Criador.

E continua: “Desde que deve reservar-se um tempo à ocupação com as coisas divinas e ao culto devido a Deus, é indubitável que o presente Preceito faz parte da Lei Moral”.

Assim, quando os adventistas percebem que o sábado é parte da Lei Moral, estão corretíssimos, e de acordo com a fé católica, enquanto que, qualquer opinião que contrarie isso está contra a Bíblia, já que o decálogo não perdeu um mandamento, mas continua a ser dez.

Então, continua o Catecismo, explicando que “resolveram os Apóstolos consagrar ao culto divino o primeiro dos sete dias da semana”. Assim, pela fé Católica, não foi um concílio do segundo, do terceiro, do quarto, do quinto, do sexto século, etc., nem mesmo uma deliberação conciliar, mas os próprios apóstolos herdaram essa prática do Senhor Jesus, e assim estabeleceram a guarda do domingo como cumprimento do mandamento do sábado moral.

Entre outras coisas importantíssimas, o catecismo explica que sábado significa a cessação de trabalho. Interessantemente, os cristãos católicos, que sempre guardaram o domingo, têm em mente o descanso de Deus no sétimo dia, conforme a Escritura, honrando esse memorial, em primeiro lugar, mantendo esse preceito, esse sentido, no coração. Também, com isso, honram a ressurreição de Jesus Cristo. O texto de Isaías 58, 13 é citado para ensinar o sábado.

Ensina a fé católica, também, que o sábado é de instituição divina. Cremos que esse dia é o dia do memorial do descanso do Senhor.

A doutrina é maravilhosa, belíssima, profunda, mostrando que o sábado é santificado, é um momento da admirável criação do Universo, é um memorial israelita da libertação do Egito, e era também sinal do sábado espiritual, bem como do sábado celestial. A passagem de Isaías 35, 8-9 também refere-se ao sábado celestial.

Santo Tomás explica que o sábado é uma festa religiosa celebrada a cada semana, em memória da obra da criação do universo, a lua nova é comemorada a cada mês, celebrando o governo divino, e outras festas anuais, como a páscoa, pelos benefícios divinos conferidos sobre o povo. O sábado semanal é figurativo do repouso espiritual dado por Cristo, conforme Hebreus 4. Ainda resta o repouso sabático (em grego: sabbatismos) para o povo de Deus.

Então, como já explicado antes, pode-se agora entender a afirmação, tão negada pelos guardadores do sábado: “A Igreja de Deus, porém, achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do sábado”. Não se trata de uma mudança arbitrária, de algo feito para mudar a Lei de Deus, mas apenas uma transferência que os apóstolos fizeram, certamente por ordem de Jesus ou pela inspiração do Espírito Santo, como o foi para entender a questão da circuncisão e guarda da Lei em relação à salvação. Dessa forma, a Igreja observa o sábado do descanso no primeiro dia da semana.

Outro ensinamento, que os cristãos católicos mantem, é que o sábado, como dia de descanso, referindo-se ao dia de domingo, deve ser guardado, e não é qualquer dia que seria propício para isso. Dessa forma, mantém-se o decálogo intacto, preserva-se o mandamento moral e cerimonial, assim com a tradição apostólica. Entretanto, não é interpretação particular, subjetiva, mas a preservação do mandamento de Deus conforme a Bíblia e a tradição.

Gledson Meireles.

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