terça-feira, 21 de setembro de 2021

Catolicidade sem Catolicismo é possível?

A resposta mais simples é: não.

Embora os protestantes, parte deles, aqueles mais preocupados com a pureza doutrinal, e o seguimento mais genuíno de Cristo, pretendem resgatar a catolicidade, própria do Protestantismo. Estão chegando mais próximos à verdade católica.

Essa catolicidade era o que pensavam os reformadores, todos católicos, aliás, que haviam saído da Igreja, não porque pensassem ter abandonado o Catolicismo, não que tenham tido essa intenção, mas porque julgavam estar trilhando os verdadeiros caminhos que a instituição católica teria deixado de lado.

Assim, há protestantes hoje que, como Tiago Cavaco permite pensar, recitam o credo, dão valor à tradição, estudam mais o catecismo, não torcem o nariz para os rituais e repetições da liturgia. No entanto, essas coisas, positivas, é claro, ainda não são suficientes para ser católico. Contudo, indicam um passo positivo.

Outro assunto importante é sobre a patrística. Os protestantes tendem a pensar que os padres da Igreja eram tão desunidos quanto os reformadores do século 16, e que as diversas comunidades católicas podem apresentar igual ou maior diversidade que o Protestantismo apresenta. Como Cavaco diz, um membro da Opus Dei pode ser mais diferente de um jesuíta do que se compararmos um calvinista em relação a um pentecostal! Será? Isso é certamente um exagero! Na verdade, isso não está correto.

Com essas ideias, que não são novas, muitas pessoas pensam que as divisões protestantes são menos drásticas, e que no mínimo o Catolicismo estaria em idêntica situação. Para início de conversa, então, isso demonstra inconscientemente que os Protestantes aceitam a diversidade católica, e por isso não devem usar nunca tal constatação que possuem como argumento contrário ao Catolicismo.

Mas, para uma apreciação pormenorizada desse assunto, é preciso entender a unidade católica, conforme a Bíblia. Com isso em mente, agora deve-se tomar um passo importante para entender a diversidade da Igreja Católica, à luz da Bíblia, como está em 1 Coríntios 12, e veremos a unidade real que o Corpo de Cristo exige.

Ao vermos tantas igrejas evangélicas desunidas, logo nos vem à mente que isso é algo negativo. Contrariamente a isso, o pastor Tiago afirma que tal coisa revela uma liberdade, algo totalmente positivo. Entendemos. Mas, pensemos nos primeiros cristãos vendo tamanha divisão. Não existia nada parecido nem no primeiro, nem nos séculos posteriores. As divisões eram todas reprovadas. Por isso, é natural que o católico fique escandalizado com tanta divisão no protestantismo. É uma reação natural. E correta.

Quanto aos sermões incisivos e punitivos de Lutero. Talvez isso seja raro, ou mesmo inexistente, entre protestantes. A explicação para isso é que Lutero era sacerdote, era um padre católico, recém saído do seio da Igreja, e tais atitudes eram relativamente comuns nos púlpitos católicos, onde o povo era pastoreado com a firmeza de um pai espiritual, que muitas vezes era duro com os pecados dos fieis. E também era consciente de seu poder para pastorear, em serviço de Cristo. Seria melhor que o pastor Tiago frequentasse as igrejas católicas para ir notando aos poucos essa atitude mais próxima entre padres e comunidade na Igreja Católica. Porém, que isso não fosse feito com fins de estudos e investigações apenas, mas para aprender a verdade.

Outro ponto que devemos notar, é que não é exato que os protestantes estão unidos sob a Palavra e os católicos muitas vezes estão desunidos sob a Igreja. Tal jogo de palavras não explica a realidade. Basta ver que muitas filosofias contrárias ao Evangelho, coisas da alta crítica textual, por exemplo, e modernismos perniciosos à causa do evangelho, nascem em solo protestantes, no meio de quem certamente não crê em coisa nenhuma, e somente depois tal vírus aparece em arraiais católicos. Por isso, exemplos assim de divisão sob a Igreja são idênticos ao que acontece no meio protestante reformado. É apenas uma breve reflexão.

Também a questão do ouvir. O pastor comentar o fato de que os pastores protestantes sabem falar e têm dificuldade para ouvir. Isso é sintomático. Imaginem se ouvirão um católico pregando o evangelho!

Ainda, arte da confissão. Confessar os pecados a Deus, não é fácil, mas é mais fácil que confessar a alguém, em posição e situação de humildade, reconhecendo aquela pessoa como ministro de Cristo. O protestante não tem essa experiência. No mínimo faria o que o pastor disse em confessar os pecados uns aos outros como forma de exercício espiritual cristão, eu diria. Mas, isso lembra um pouco, de longe, mas não é o sacramento da penitência. Algo para refletir.

Por fim, basta pensar que homens inteligentes e humildes que puseram-se a estudar o evangelho e a doutrina cristã tornaram-se católicos. Francis Beckwith, como citado. O jovem da igreja batista onde pastor Tiago é membro. Um companheiro de trabalho do pastor Yago Martins. Lembremos de figuras expoentes, como G. K. Chesterton, que apresenta razões tão profundas da sua conversão, e críticas tão contundentes que muitos não concordam, mas também não conseguem refutar. Isso é o que escreveu um pastor brasileiro que admira Chesterton. Também Tiago Cavaco, outro admirador de Chesterton, menos quando esse critica o calvinismo. Certamente o pastor também não consegue lidar com essa crítica.

É o que escrevi em outro artigo: quanto mais se aprende a verdade, mas se chega perto do Catolicismo. É inevitável.

Gledson Meireles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário