A resposta mais simples é: não.
Embora os protestantes, parte deles, aqueles mais preocupados com a pureza doutrinal, e o seguimento mais genuíno de Cristo, pretendem resgatar a catolicidade, própria do Protestantismo. Estão chegando mais próximos à verdade católica.
Essa catolicidade era o
que pensavam os reformadores, todos católicos, aliás, que haviam saído da
Igreja, não porque pensassem ter abandonado o Catolicismo, não que tenham tido
essa intenção, mas porque julgavam estar trilhando os verdadeiros caminhos que
a instituição católica teria deixado de lado.
Assim, há protestantes
hoje que, como Tiago Cavaco permite pensar, recitam o credo, dão valor à
tradição, estudam mais o catecismo, não torcem o nariz para os rituais e
repetições da liturgia. No entanto, essas coisas, positivas, é claro, ainda não
são suficientes para ser católico. Contudo, indicam um passo positivo.
Outro assunto importante
é sobre a patrística. Os protestantes tendem a pensar que os padres da Igreja
eram tão desunidos quanto os reformadores do século 16, e que as diversas
comunidades católicas podem apresentar igual ou maior diversidade que o
Protestantismo apresenta. Como Cavaco diz, um membro da Opus Dei pode ser mais diferente de um jesuíta do que se
compararmos um calvinista em relação a um pentecostal! Será? Isso é certamente
um exagero! Na verdade, isso não está correto.
Com essas ideias, que
não são novas, muitas pessoas pensam que as divisões protestantes são menos
drásticas, e que no mínimo o Catolicismo estaria em idêntica situação. Para
início de conversa, então, isso demonstra inconscientemente que os Protestantes
aceitam a diversidade católica, e por isso não devem usar nunca tal constatação
que possuem como argumento contrário ao Catolicismo.
Mas, para uma
apreciação pormenorizada desse assunto, é preciso entender a unidade católica,
conforme a Bíblia. Com isso em mente, agora deve-se tomar um passo importante
para entender a diversidade da Igreja Católica, à luz da Bíblia, como está em 1
Coríntios 12, e veremos a unidade real que o Corpo de Cristo exige.
Ao vermos tantas
igrejas evangélicas desunidas, logo nos vem à mente que isso é algo negativo. Contrariamente
a isso, o pastor Tiago afirma que tal coisa revela uma liberdade, algo
totalmente positivo. Entendemos. Mas, pensemos nos primeiros cristãos vendo
tamanha divisão. Não existia nada parecido nem no primeiro, nem nos séculos
posteriores. As divisões eram todas reprovadas. Por isso, é natural que o
católico fique escandalizado com tanta divisão no protestantismo. É uma reação
natural. E correta.
Quanto aos sermões
incisivos e punitivos de Lutero. Talvez isso seja raro, ou mesmo inexistente,
entre protestantes. A explicação para isso é que Lutero era sacerdote, era um
padre católico, recém saído do seio da Igreja, e tais atitudes eram
relativamente comuns nos púlpitos católicos, onde o povo era pastoreado com a
firmeza de um pai espiritual, que muitas vezes era duro com os pecados dos
fieis. E também era consciente de seu poder para pastorear, em serviço de
Cristo. Seria melhor que o pastor Tiago frequentasse as igrejas católicas para
ir notando aos poucos essa atitude mais próxima entre padres e comunidade na
Igreja Católica. Porém, que isso não fosse feito com fins de estudos e
investigações apenas, mas para aprender a verdade.
Outro ponto que devemos
notar, é que não é exato que os protestantes estão unidos sob a Palavra e os
católicos muitas vezes estão desunidos sob a Igreja. Tal jogo de palavras não
explica a realidade. Basta ver que muitas filosofias contrárias ao Evangelho,
coisas da alta crítica textual, por exemplo, e modernismos perniciosos à causa
do evangelho, nascem em solo protestantes, no meio de quem certamente não crê
em coisa nenhuma, e somente depois tal vírus aparece em arraiais católicos. Por
isso, exemplos assim de divisão sob a Igreja são idênticos ao que acontece no
meio protestante reformado. É apenas uma breve reflexão.
Também a questão do
ouvir. O pastor comentar o fato de que os pastores protestantes sabem falar e
têm dificuldade para ouvir. Isso é sintomático. Imaginem se ouvirão um católico
pregando o evangelho!
Ainda, arte da
confissão. Confessar os pecados a Deus, não é fácil, mas é mais fácil que
confessar a alguém, em posição e situação de humildade, reconhecendo aquela
pessoa como ministro de Cristo. O protestante não tem essa experiência. No
mínimo faria o que o pastor disse em confessar os pecados uns aos outros como
forma de exercício espiritual cristão, eu diria. Mas, isso lembra um pouco, de
longe, mas não é o sacramento da penitência. Algo para refletir.
Por fim, basta pensar
que homens inteligentes e humildes que puseram-se a estudar o evangelho e a doutrina
cristã tornaram-se católicos. Francis Beckwith, como citado. O jovem da igreja
batista onde pastor Tiago é membro. Um companheiro de trabalho do pastor Yago
Martins. Lembremos de figuras expoentes, como G. K. Chesterton, que apresenta
razões tão profundas da sua conversão, e críticas tão contundentes que muitos
não concordam, mas também não conseguem refutar. Isso é o que escreveu um
pastor brasileiro que admira Chesterton. Também Tiago Cavaco, outro admirador de Chesterton, menos quando esse critica o calvinismo. Certamente o pastor também não consegue lidar com essa crítica.
É o que escrevi em
outro artigo: quanto mais se aprende a verdade, mas se chega perto do
Catolicismo. É inevitável.
Gledson Meireles.
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