Recentemente aconteceu um debate no canal Inteligência Ltda, no youtube, onde o padre José Eduardo e o Pastor batista Paulo Sérgio discutiram alguns temas relacionados à virgem Maria e à veneração dos santos.
O debate foi muito bem desenvolvido, educado e profundo. É claro que o tema é vasto demais e muitas coisas não podem ser ditas em pouco tempo, embora foram quatro horas e três minutos de debate, considerando o tempo total do vídeo.
Ambos os debatedores são cultos e conhecem bem do que estão tratando, considerando o conhecimento que cada um tem do seu respectivo credo. Assim, foi bem apresentado o tema por cada um dos dois. Não é possível dizer o quanto um conhece da fé do outro, ou seja, qual o nível de conhecimento que o padre tem do Protestantismo e o que o pastor possui do catolicismo.
O pastor levou livros católicos para fundamentar sua argumentação. O padre muitas vezes disse ser impreciso o que estava naqueles livros, e então o pastor afirmou que iria queimar os livros, pois nenhum dele foi aceito como boa fonte da doutrina católica, pensando então ser melhor ler o que o Protestantismo publica sobre o Catolicismo.
O padre José Eduardo possui um conhecimento vasto de muitas questões, sendo grande conhecedor da fé cristã católica, e sendo um propagador da santa doutrina católica, que inegavelmente é mais profunda, ele demonstrou maior conhecimento geral.
O que o protestante entende da fé cristã é praticamente o que o texto bíblico traz. Sendo assim, os temas marianos ficariam de fora, já que no primeiro século não há registros de desenvolvimento dessas doutrinas, como do culto dos santos e das imagens. É como pensar em orações dirigidas à virgem Maria e aos santos, e cada dogma ser expresso claramente no texto bíblico, com menção ao que a Igreja oficialmente celebrava, com procissões e imagens, por exemplo. Não tendo nada disso no texto bíblico, então o protestante prefere não se ater e não crer nessas doutrinas, por pensar que seu desenvolvimento foi espúrio, tardio, não ligado ao que a revelação contem.
Usando o mesmo raciocínio, teríamos de dizer que no primeiro século cada cristão sabia dizer que Cristo possui duas naturezas, divina e humana, e que houve uma união hipostática, e que a trindade conceitualmente era Deus único em três pessoas iguais e distintas, e que o Espírito Santo é verdadeiramente pessoa e que não há subordinação alguma entre as pessoas da santa trindade, etc, e que a justificação se dá em caráter forense, sendo seguido da santificação que acompanha a vida de fé do salvo, etc. É sabido que essas coisas, importantes e atreladas à fé salvífica, não podiam ser respondidas por ninguém, de forma clara, naqueles primeiros dias, no decorrer do primeiro século.
Também nenhum cristão sabia o que era o cânon, e não podia enumerar com certeza todos os livros da Bíblia, principalmente do Novo Testamento, o que faz com que seja impossível falar sobre sola scriptura.
Então o protestante dirá que essas questões estão todas claramente nos textos bíblicos, e que as questões marianas não.
Essa realidade ocorreu no debate, e o padre tentou mostrar isso, mas o pastor não apreendeu e negou que fosse assim, entendendo que, por exemplo, a intercessão dos santos não estava na Bíblia. O padre disse crer que está, e de forma até clara, como em Ap 5, 8. O pastor não aceitou, afirmando que ali se trata de apenas "apresentação" das orações, e que não se pode literalizar tudo, como se orações fossem postas em taças e apresentadas, e etc. O padre afirmou que por trás das metáforas estão as verdades, o que já refuta a posição do pastor.
De fato, diante de tantos argumentos que o padre apresentou, esse texto bíblico mostra criaturas recebendo orações dos santos da terra e oferecendo-as diante de Deus. Conhecendo a doutrina bíblica, essa cena simbólica só pode significa que as orações da Igreja vão aos santos do céu que podem apresentá-las, o que é o mesmo que interceder (e isso foi dito pelo padre), diante de Deus, em nome de Jesus Cristo, se assim podemos completar o que a cena tem a ensinar.
O pastor agiu como bom protestante, preferindo pensar que apresentar não é interceder, que os anciãos não podem ser identificados, e não sabemos mais o que, embora os argumentos católicos são bastante sólidos.
Enfim, que os leitores assistam o debate e possam apresentar mais e crescer na fé.
Gledson Meireles.
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