domingo, 21 de novembro de 2021

Uma fonte de estudo sobre a doutrina Reformada

 O(a) leitor(a) pode encontrar aqui muitos artigos estudando o Calvinismo, a Fé Reformada, de modo diverso daquilo que se encontra em muitos livros, como tem sido a reclamação de críticos calvinistas.

Os estudos aqui são eminentemente bíblicos, e feitos a partir de obras importantes da Teologia Reformada, respondendo biblicamente aos argumentos, e diretamente a obras de autores reformados, de modo que o calvinista, o reformado, terá inegavelmente dificuldade em responder aos argumentos contrários.

Não se poderá afirmar que a crítica não foi bíblica, ou que não levou em conta um autor renomado do meio reformado, ou que esqueceu-se de fontes oficiais da tradição reformada. Nada disso é possível. Portanto, quem quiser responder, que use argumentos a partir do que leu aqui.

Gledson Meireles.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Interpretar a Bíblia: o que a Igreja ensina sobre isso? (Em consideração ao livro: Cuidado com o alemão)

Continuação do estudo do livro Cuidado com o alemão. Sobre o ensino de que é possível a todos  compreender a Bíblia.

Quando se trata da leitura da Bíblia todo cristão católico entende isso de forma santa, da maneira mais elevada que se pode imaginar, com o respeito profundo e devoto, com um espírito submisso, respeitoso, contemplativo. É algo que aprendemos deve cedo, e está em todo coração católico, até mesmo naqueles que pouco conhecem da Palavra de Deus. É um sinal de que o respeito pela Bíblia entrou no coração de todo fiel cristão católico.

Então, o pastor Tiago vem nos dizer que é necessário ler a Bíblia, mas não de qualquer maneira. Bravo! E mais adiante, concede que os protestantes têm que aprender com os católicos a contemplar a Bíblia. Ponto pra ele!

A Bíblia contemplada, mas também compreendida. Nada mais católico. E o protestante é ensinado a buscar isso. Nada mais correto. Assim, temos que dizer que esse ensino é puramente nosso, e se o autor tem, a partir do seu elogio de Lutero, a nos ensinar a tornar a Bíblia como autoridade para nossas vidas, podemos afirmar que isso é patrimônio católico, já muito bem compreendido, que está contido no DNA do ser católico. Quando se toca a verdade, encontramo-la sempre no ensino da Igreja. Ou seja, todas as verdades que encontramos são ensinadas pela Igreja, e a Igreja concorda com ela.

Mas, há algo que o protestante não compreende. É preciso abrir os horizontes, é preciso entrar no lugar sem fronteiras, é preciso adentrar na imensidão da verdade, que não depende de nós, e que nos vence, quando a encontramos, é preciso ter o coração católico, universal, aberto à verdade. De modo, compreendemos tudo.

Então, citando DeYoung, o pastor tem uma crítica. Parece até que o católico crê na Bíblia porque crê no que a Igreja pronuncia sobre ela. Não é verdade. Não é o pronunciamento da Igreja que faz a fé na Escritura. Na verdade, foi a Igreja que nos deu a Escritura, e que nos apontou o que é a Escritura, onde está a Escritura, qual é a Escritura, e nos definiu qual o conteúdo dela, quais livros a compõe. É pela Igreja que sabemos que na terra tem um livro inspirado por Deus, que nos ensina a verdade da salvação, e que esse livro foi denominado Bíblia. É a Igreja que nos apresenta a Bíblia.

Dessa forma, quando a Igreja nos afirma que “eis” a Palavra de Deus, esse pronunciamento não é maior que a Palavra, mas nos diz: aqui está a Palavra. Não podemos ter dificuldade pra crer nisso. É evidente.

Outra coisa, e que tem o mesmo sentido, é que os pronunciamentos doutrinais que a Igreja faz, tirados da Palavra, não podem ser maiores que a a Palavra, pois são idênticos em autoridade, pois são a própria Palavra explicada. Se isso não é assim, então não se pode saber o que se está afirmando como doutrina cristã.

Crer na Bíblia sem crer no que ela ensina, ou sem conhecer qual o seu conteúdo, ou sem reconhecer que o que a Igreja diz sobre ela é o mesmo que ela está ensinando em suas páginas, e que está simplificado e explanado para que o coração e a mente dos fieis estejam repletos do ensino bíblico inspirado por Deus, é o mesmo que não crer na Escritura.

Não pode existir a dicotomia “Bíblia e o que se diz sobre a Bíblia”. O que se diz sobre a Bíblia, desde a origem do ensino com Cristo e os apóstolos, é o mesmo conteúdo da Bíblia. O que se diz da Bíblia, em cada ensino, é o que a Bíblia traz, em seu conteúdo. Portanto, crer no dogma da Trindade é crer que a doutrina da trindade é ensino bíblico, e não tem autoridade porque alguém proclamou, mas tem autoridade porque Deus revelou, e por esse motivo a Igreja de Deus proclamou. A dicotomia que se faz, como indicado acima, é espúria, e assenta-se sobre erro de compreensão da verdade. É um erro epistemológico, é um erro que se funda numa falsa concepção da visão católica sobre a Escritura. Esse erro deve ser corrigido para que se compreenda que o pronunciamento da Igreja funda-se na autoridade de Cristo, que lhe conferiu autoridade, e está na Palavra inspirado por Deus, a Bíblia, e por isso é Palavra de Deus.

Por isso que a orientação da Igreja é o que a Bíblia ensina. Não existe uma “orientação” eclesiástica que se separa da orientação bíblica, como se uma coisa fosse diferente da outra. Ninguém crê na Bíblia como algo abstrato, sem conteúdo, sem um credo a ser conhecido, sem um ensino a ser crido. Todos temos esses ensinos na Bíblia como pronunciados, muitas vezes, pela Igreja. O contato do católico com a Bíblia se dá pela autoridade de Deus nela, e porque a Igreja assim nos ensinou. Isso não depende da Igreja, é a Igreja que está fundamentada na Palavra o que lhe confere autoridade.

O católico não crê na competência de “uns” poucos lerem a Bíblia e interpretá-la para os demais, como se o Magistério fosse um conjunto de peritos com capacidades diferentes dos demais mortais para compreender a Bíblia e repassar o conhecimento aos outros. Isso não existe. Isso é compreensão protestante a respeito do ensino católico sobre o magistério, e não o magistério como a Igreja Católica compreende.

Se todo simples cristão tem certo método correto para entender facilmente a Escritura para ser um cristão fiel, por que isso é negado aos católicos? Por que afirma-se que os católicos não compreendem a doutrina bíblica capaz de tornar uma pessoa um cristão fiel? Não é a doutrina que se ensina? Por que nem todos encontram-na assim tão perspicazmente ensinada nas páginas sagradas? Se os católicos não a encontram, é porque não é tão perspicaz! Falta a iluminação interior do Espírito? Então é necessário ter o Espírito Santo. Correto. Alguém nega que nós católicos não lemos a Bíblia no Espírito Santo que a inspirou? Vemos que essas questões nascem da problemática da perspicuidade da Bíblia.

A perspicuidade da Escritura ensina que o ensino salvífico é simples e pode ser entendido facilmente por todos que a leem. E essa leitura onde todos são responsáveis e capazes de fazer e compreender, de interpretar a Bíblia por si mesmos, acrescenta o pastor, na citação de DeYoung, que essa leitura deve ser feita “não fora da comunidade”, ou seja, não fora da Igreja, não com ideia preconcebida, não com opinião pessoal, podemos dizer.

Ainda, afirma que não pode a leitura sem feita “sem atenção à história, à tradição ou ao conhecimento acadêmico”. Esse é o ensino protestante, implícito na afirmação que se faz da perspicuidade da Escritura. E por último, a citação diz que ninguém deve ser forçado a ir contra sua consciência.

Pois bem. O ensino da perspicuidade é que o fiel deve ler a Escritura e pode compreendê-la, desde que leia com fé, no Espírito, em atenção ao ensino que se aprende na Igreja, que foi cristalizado na história, está presente na tradição, e de acordo com os estudos acadêmicos cristãos. E ainda, ninguém pode força alguém a ir contra a consciência. Isso nada mais é que o ensino católico! Parece estar ensinando algo novo, mas é o mesmo que a Igreja Católica ensina contra a mesma tese do livre-exame e da perspicácia da Escritura. Tudo o que a Igreja está dizendo ao criticar esse ensino protestante, e para ensinar o que o protestante está afirmando de outra forma quando explica o que é a perspicuidade da Escritura. É algo complicado entender isso.

Por isso, a Igreja Católica tem a teologia bíblica na mais alta conta. Até a filosofia deve estar sob a orientação da teologia. A inteligência está no cerne do estudo católico. E é isso que o protestante procura ao ensinar que se deve compreender a Bíblia, e não lê-la de qualquer jeito.

Lutero ensinou que todos podem compreender a Bíblia? A Igreja Católica ensina isso, e sempre ensinou, apenas afirmando, de modo mais claro, que todas essas coisas acima são indispensáveis: que seja lida na Igreja, conforme a tradição apostólica, de acordo com a ciência bíblica e não segundo interpretação particular. É algo que se deve aprender.

Gledson Meireles.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Continuação do estudo do livro: "Cuidado com o alemão". O Catolicismo está em constante mudança?

É muito árduo, e por isso muito raro, conseguir entender bem e profundamente duas doutrinas diferentes, e até mesmo e em muitos casos opostas. Por isso, não é comum alguém que entenda bem sistemas diferentes. Compreende um e somente metade do outro. Sabe lidar com um e tropeça no outro.

Ao comparar o Catolicismo e o Protestantismo isso salta aos olhos. É comum encontrar discrepâncias consideráveis quando se lê tais abordagens em muitos autores. Nem sempre o autor compreende bem os dois lados. É que a tarefa é enorme, confusa, difícil. Portanto, é necessário estudo e tempo. É necessário ter espírito aberto para compreender, antes de julgar. A análise precisa ser isenta de juízos próprios, para que os dados realmente sejam trazidos à luz e possam ser manuseados.

Assim é que mais uma vez encontramos algo tremendamente interessante e importante na observação do pastor Tiago Cavaco. O presente artigo certamente não vai sanar toda a questão, mas pode levantar questões para maiores elucidações.

O autor afirma que o catolicismo está estranhamente em sintonia com espírito moderno, quando é contrário à insistência protestante de tirar conclusões da Bíblia. A verdade é complicada, fiquemos com a beleza, a estética, diríamos. O Catolicismo tem uma humildade epistemológica, e isso parece abrir espaço para um novo misticismo.

Assim, o católico não evangeliza mais, e o ateu bem formado pode continuar no seu ateísmo. O autor diz isso em outras palavras, como algo que explica a atitude católica nos tempos modernos, nos dias atuais.

Realmente, há algo que fez com que o autor fosse levado a tais conclusões. Os anos pós Concílio Vaticano II têm visto o fervor dos católicos diminuir, os padres pregarem menos, as conversões se tornarem escassas, e o aggiornamento, que é expresso nesse diálogo com os novos tempos, tem sido visto por muitos como uma mudança de atitude da Igreja em relação ao que vinha antes do Concílio, e para os mais tradicionais como um afastamento e uma apostasia da hierarquia. Isso é o confronte de ideias no interior da Igreja.

Certamente o pastor está se referindo a isso, a essa mudança de atitude, que parece estar aberta aos novos modelos de pensamento, a ponto de dizer que um jovem protestante sempre verá Nietzsche como adversário, enquanto o católico pode esperar sua canonização.

Por que isso? O católico está caminhando com os tempos, mudando suas doutrinas, pensamentos e atitudes, e o protestante está firme na Palavra porque crê na Bíblia como âncora da verdade? É isso que o pastor está dizendo.

Ainda mais. O Catolicismo está em constante mudança e progresso, mudando a doutrina, crendo no oposto do que cria antes, porque o magistério interpreta a Bíblia, enquanto o Protestantismo está alicerçado no que Deus escreveu na Bíblia. Aqui parece o contrário: o católico pratica um livre-exame, ou segue o livre-exame feito pelo magistério, e o protestante está seguro no dogma, porque crê na Escritura.

A Igreja muda e tornar-se outra segundo o “espírito dos tempos”, e o Protestantismo está firme, pois crê no sentido da Escritura. O Catolicismo projeta suas ideias no texto, e o Protestantismo segue o que o texto diz. Assim, na Igreja Católica há espaço para todas a inovações, e no Protestantismo isso não é possível, pois está cativo à Sola Scriptura, à Bíblia. Parece ter sido isso concretamente o que foi explicado pelo pastor.

No entanto, parece que há uma inversão total aqui. A realidade mostra o inverso do que foi dito. É certo que os tempos atuais têm exercido enorme influência nas Igrejas, e têm levado muitos a concordarem e a agirem segundo os princípios mundanos. Mas, se a posição oficial da Igreja Católica e do Protestantismo tradicional for avaliada mais de perto, vê-se algo tremendo, e diverso do que foi posto acima.

Certamente o autor usou a questão do limbo como base para afirmar que a Igreja Católica está aberta às mudanças doutrinais, que pode deixar algum dogma a qualquer momento e adotar outro, conforme o momento histórico. Talvez mesmo essa questão do Ecumenismo que parece aceitar todas as religiões como iguais, pode ter levado a esse tipo de compreensão, que na verdade não é exata.

No entanto, o que se vê é que todas as inovações têm surgido no âmbito da Reforma. Ideias que, por exemplo, vieram a abalar a fé dos crentes na própria Escritura surgiram entre a erudição protestante, no século 19, por exemplo, vindo depois a adentrar fileiras católicas e dar os resultados acima descritos. Mas, deve-se ressaltar, quando essas influências tiveram acesso nos arraiais católicos, tiveram que lidar com a devida reprovação da Igreja.

Também, as agendas políticas e outras aspirações do mundo atual encontram maior espaço no âmbito Protestante, a ponto de crescer e somente aos poucos, depois de anos, ou décadas, ganhar algum espaço entre católicos. E, nesse caso, enfrentando duras advertências da Igreja.

No caso, no Protestantismo, que não tem uma figura central de liderança, é fácil observar que essas infiltrações e doutrinas espúrias que vêm da sociedade e filosofias dos tempos atuais, encontram lugar em todas as denominações, com maior ou menor amplitude, e com maior facilidade que no Catolicismo.

São combatidos por alguns, que procuram ser mais conservadores, mas é crescente a mudança de atitude mesmo entre os mais radicais. O livre-exame leva mais cedo ou mais tarde a acatar certas influências que, de pouco o pouco, como o fermento leveda toda a massa.

Tal coisa é praticamente impossível no Catolicismo, e as inculturações e os diálogos são lentos e passam por escrutínio rígido, à luz da Palavra, na Bíblia e Tradição, de forma que o texto da Bíblia não pode ser lido de outra forma a não ser naquela consagrada pela tradição apostólica. Contrariamente a isso, no princípio de que só a Bíblia é infalível, até concílios protestantes podem, em tese, ser reavaliados e reformados.

Essa doutrina protestante, bastante repetida, aliás, tem mostrado ser verdadeira, e ainda que contenha certa rigidez, demonstra a realidade que as igrejas protestantes, mesmo as históricas e tradicionais, têm adotado os sinais do “espírito dos tempos” de forma mais rápida e evidente do que as igrejas católicas.

Fora de cogitação, pois, está Nietzsche para entrar no rol dos santos canonizados, visto que sua vida e obra está distante da tradição católica, enquanto que suas ideias podem aqui e ali encontrar espaço nos púlpitos, documentos e práticas de igrejas conservadoras de Reforma, que estão teoricamente abertas às novas luzes provenientes da Palavra, segundo nova interpretação. Inovações no sentido acima ressaltado são praticamente impossíveis no Catolicismo, enquanto que o mesmo não pode ser dito do Protestantismo.

E qual a razão de tamanha atração do Catolicismo pra tantas mentes, até aquelas hostis à Igreja? Certamente a verdade que está na sua mensagem. Não é a possibilidade de irmos para onde mentes humanas querem ir, pois isso é mais fruto de livre-exame do que do magistério. Pense nisso. Todos podem, já de início, ir percebendo, e aos poucos crescendo nesse conhecimento, estuando a doutrina cristã católica. Há muitos que profundamente estudando a doutrina católica, mergulham nessa fonte da graça, através da fé, que encontram em Cristo, e percebem a solidez que perpassa os tempos históricos, permanecendo a Igreja igual e sempre jovem, atraindo as mentes e corações, abarcando todas as esferas da realidade, à luz da verdade que é Cristo Jesus, conforme Sua doutrina.

Considerando conteúdo da segunda parte do livro de Tiago Cavaco, - "Cuidado com o alemão: três dentadas que Martinho Lutero dá à nossa época".

Gledson Meireles.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Qual foi a Reforma da Igreja? Estudo do livro do pr. Tiago e comemorações dos últimos dias

Quando Lutero morreu, a Igreja continuou esforços para reformar-se, de acordo com a Palavra de Deus, respondendo aos ataques que muitos, principalmente desde Lutero, estavam lançando contra a doutrina cristã. Foi o Concílio de Trento a Grande Reforma, contra a Reforma Protestante. Por isso, conhecido na história como Contra-Reforma. Não foi contra a reforma da igreja, em sua parte reformável, mas contra a Reforma que foi apresentada por tantos reformadores protestantes.  A doutrina de Cristo, que é a parte irreformável, foi anunciada, definida, proclamada, de forma brilhante, nos tempos do Concílio, trazendo verdadeiramente a Reforma da Igreja Católica.

Aos que estão acompanhando o estudo do livro do pastor Tiago Cavaco, veja o que Lutero tem a dizer para o mundo atual, em comparação com o que a santa Igreja Católica anuncia para a conversão deste mesmo mundo.

Comemoram-se vários eventos nesses dias: o dia da Reforma Protestante, em 31 do outubro, que lembra o dia em que Lutero afixou as 95 Teses na porta de Igreja do Castelo de Wittemberg, dia que podemos reforçar o chamado à verdade plena aos irmãos protestantes.

O dia 01 de novembro, lembrando os santos do céu, os eleitos de Deus. E o dia 02 de novembro, em memória e oração pelas almas que estão em purificação, as quais só Deus conhece.

Gledson Meireles.