Durante quarenta dias, Jesus ressuscitado ensinou aos
apóstolos, falando sobre o reino de Deus. Isso mostra, em continuação aos
evangelhos, que o colégio apostólico mantem a missão de anunciar a doutrina de
Jesus.
O batismo no Espírito Santo, ou melhor, o batismo com o
Espírito Santo, foi cumprido no dia de pentecostes, quando o dom do Espírito
encheu todos os que estavam esperando essa realização. Os apóstolos e
discípulos de Jesus, com a virgem Maria e os parentes de Jesus.
Os apóstolos foram fortalecidos com o poder do Espírito e
foram aos confins da terra espalhar a mensagem de Jesus, fazendo crescer a
Igreja.
Pedro então inicia o processo de escolha do apóstolo que
substituiu Judas Iscariotes. Pedro aparece como líder, como fora posto por
Jesus, levantando-se entre os irmãos, da mesma maneira como sua figura é
proeminente nos evangelhos.
A escolha da Igreja, sob a liderança de Pedro, de dois
discípulos, com o fim de eleger um deles para apóstolo, fez com que todos conhecessem
a escolha de Deus. Matias foi o escolhido. Isso mostra que a ação da Igreja,
fundada na doutrina de Jesus, conforme ensinada pelos apóstolos, está sob a
liderança de Deus. Será importante notar sempre a autoridade dos apóstolos. É o
modo estabelecido para o agir de Deus.
É assim que Pedro, como em Atos 1, 15, “levantou-se no meio
dos irmãos”, ele “então, de pé, junto com os Onze” profere o primeiro sermão da
Igreja. Todos na Igreja receberão o Espírito Santo, para profetizar, ter visões
e sonhos. Isso mostra que os dons do Espírito Santo que estão na Igreja fazem
todos caminhar diante de Deus para a formação do Corpo de Cristo Espiritual,
sob a liderança que Ele colocou, que são os apóstolos, e em especial o apóstolo
Pedro, que estava falando naquele momento (cf. Atos 2,1).
Então, falando dos fins dos tempos, quando da Grande
Tribulação, ensina que quem invocar o Nome do Senhor será salvo (Atos 2, 21).
Isso não significa outro modo de para encontrar a salvação, como se não fosse
mais necessária a fé, nem a obediência, nem a profissão de fé.
Não se trata de outra dispensação, na qual haveria para a
salvação uma só exigência: invocar o nome do Senhor. Na verdade, a invocação do
nome de Jesus sempre é necessária. Quem invoca o Nome de Deus sem fé? Quem
invoca o Nome de Jesus verdadeiramente sem a disposição de segui-lo
verdadeiramente? Não se pode imaginar essa situação sem imediatamente notar que
tal não é ensino bíblico.
Tanto hoje como nos dias finais é necessário invocar o Nome
de Jesus para ser salvo. De fato, São Paulo invocou o Nome do Senhor no dia do
seu batismo. Afirmou que devemos crer com o coração e professar com a boca para
alcançar salvação. Pois, quem crê será salvo. Basta isso? De certa forma sim.
Mas a Escritura ainda prossegue ensinando que devemos crer com o coração, no
mais íntimo da nossa alma, para obter a justiça, e confessar com a boca para a
salvação. Ainda, invocar o Nome de Jesus para ser salvo.
De fato, a invocação do nome do Senhor é para a salvação,
desde os dias de Cristo, até o fim dos tempos. Isso está ensinado em Romanos
10, 10-13. Ninguém pode afirmar o que está em um versículo sem considerar o que
está em outro. Aliás, essa passagem ensina a fé e a profissão de fé para a
salvação, e a invocação do nome do Senhor. É como a fonte que transborda do
coração, a partir do momento em que se crê.
Por isso, em Atos 3, 19 está escrito: “Arrependei-vos e
convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados”. Não se diz aí
que deve-se ter fé. Não está escrito que devemos crer e confessar para receber
a justiça e a salvação. Afirma apenas, nesse verso, que devemos nos arrepender
dos pecados e converter-nos, ou seja, mudar de vida, para que tenhamos os
pecados perdoados.
Seria uma ignorância terrível ler o versículo isoladamente e
ensinar que não seria mais necessária nem a fé, nem a profissão de fé, nem a
invocação do nome de Jesus, mas apenas o arrependimento e a conversão!
O leitor deve ter compreendido que a Bíblia ensina em seu
todo, e não podemos isolar passagens para ensinar uma doutrina. Por isso,
sabemos que é necessário crer para a salvação, também é necessário confessar o
nome de Jesus para a salvação, que é necessário invocar o nome de Jesus para
ser salvo, que é necessário também arrepender-se dos pecados e de converter-se
para termos os pecados perdoados, portanto, para a salvação, mudar de caminho
de vida, passar para o caminho de Jesus. É assim que devemos entender o
evangelho, em sua inteireza.
Assim, quando alguém afirma que em um tempo basta a fé,
noutro são necessárias as obras, noutro será apenas a invocação do nome do
Senhor, está dividindo a palavra de Deus, de forma errônea, anti-bíblica. A
mesma doutrina que está em Mateus inteiro, também está em Atos e está no
Apocalipse, como está em toda a Bíblia. Onde há mudança, a própria Escritura
deixa isso bastante claro. Portanto, na dispensação última na qual estamos,
somos salvos por Cristo pela fé e boas obras.
O derramamento do Espírito Santo profetizado pelo rei Davi
aconteceu no dia de Pentecostes. É o que a Escritura mostra, como São Pedro
fala aos judeus ali presentes (cf. Atos 2, 33).
As conversões aconteceram em quantidade naquele dia. O que
deveriam fazer? Deverão converter-se e ser batizado em nome de Jesus para o
perdão dos pecados, para então receber o Espírito Santo (vv. 37-38). Todos
deveriam crer no Cristo, e receber o batismo por meio dos apóstolos. Fé,
batismo, dom do Espírito, tudo em harmonia, tudo na sequência estabelecida,
onde só Deus pode milagrosamente, e com motivos fundados, fazer de outra forma.
Assim é que Cornélio e o seus receberam o Espírito antes do batismo, como algo
extraordinário, para mostrar aos judeus convertidos que os gentios são chamados
à mesma aliança. No entanto, a forma ordinária do evangelho é fé e conversão,
batismo e recebimento do Espírito Santo.
O livre-arbítrio na aceitação do Evangelho é patente. “Salvai-vos
desta geração perversa”. E, assim, os que acolheram a Palavra foram batizados
(vv. 40-41).
A partir daí, todos obedeciam aos “ensinamentos dos apóstolos”,
estavam na comunhão fraterna e partiam o pão diariamente, em ação de graças a
Deus, na Eucaristia. Vemos aí que a primeira comunidade formada a partir de
Pentecostes, com os dons do Espírito, estava unida e obediente aos apóstolos.
O verso 43 é tremendo. O Senhor mostra a autoridade dos
apóstolos, diante da Igreja, e todos estavam tomados de temor. Os apóstolos
realizavam prodígios numerosos e imensa quantidade de sinais. Os que seriam
salvos eram colocados na Igreja pelo Senhor, ensina a Escritura no verso 47.
Eis a soberania de Deus, que já havia incluído o livre-arbítrio nesse mistério
salvífico.
Não há aí autonomia de membros, como se todos os cristãos
fossem mestres e pudessem por si tomar autoridade, nem dons que dividem, contra
a autoridade estabelecida, nem livre-exame para escolher e julgar a pregação
apostólica.
Temos a liderança dos apóstolos, a obediência da igreja, os
dons carismáticos, distribuídos na igreja, e de forma especial os dons
confirmatórios da autoridade dos apóstolos (cf. Atos, 2, 43). Tudo isso é fruto
do evangelho de Jesus.
Jesus veio para abençoar e salvar. O homem livre deve
afastar-se da maldade, arrepender-se, converter-se, crer em Jesus, ser batizado
(cf. dentre os textos citados, ler ainda Atos 3, 26).
Em Atos 4, 32-33 vemos a Igreja crescendo, sob o impulso do Espírito
Santo. Era o Senhor liderando através dos apóstolos. A Igreja era unida de
coração e alma, e os apóstolos testemunhavam a ressurreição de Jesus, e tratavam,
até aquele momento, das administrações econômicas da Igreja, distribuindo e
repartindo conforme as necessidades de cada um, os valores e bens que recebiam
de doações voluntárias. Eram chefes espirituais, e já tratavam de questões
temporais, as que tocam o evangelho, pois se tratava de vestir o nu, dar comida
aos famintos, colaborar para a vida digna dos cristãos.
Todos podem constatar que havia uma só Igreja, sob o comando dos apóstolos, guiada pelo Espírito Santo. Em cada localidade será fundada uma comunidade cristã que estará unida na fé e obediência apostólica. Isso ficará claro ao passo em que continuamos a refletir sobre a Igreja, sua autoridade e sua posição ante às divisões e doutrinas diversas e sobre a sua disciplina.
Gledson Meireles.
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