Essa avaliação contém
um erro grave, mas tão sutil que é quase impossível perceber (graças a Deus não
há impossibilidade, do contrário não poderia ser feita crítica alguma a esse tipo
de pensamento). Mas, como é muito tênue, talvez quem pensa assim não seja, pelo
menos antes de grande exercício de estudo e reflexão séria, capaz de
compreender o que está sendo exposto aqui.
Mesmo um teólogo, dos
mais abalizados do Brasil, o reverendo Augustus Nicodemus, escreveu um texto
sobre os protestantes brasileiros, (que pode ser lido clicando no título a
seguir, Alma
católica dos evangélicos no Brasil), afirmando que possuem uma alma
católica, ou seja, que muito do que pensam e fazem é resquício do seu
catolicismo.
Contra isso, escrevi
uma reflexão sobre o texto, introduzindo comentários após as afirmações mais importantes, enviando o mesmo ao autor, que nunca escreveu uma
palavra sobre minha reflexão (certamente, pensei, para não perder tempo com um
católico intrometido que com ares de sábio vem criticar algo que não sabe e que
não merece uma resposta por não ser membro representante da Igreja que pertence,
e coisas do tipo, eu diria, aplicando à atitude do revendo algo que já li em algum
lugar, de outro apologista pertencente a uma denominação protestante que
escrevia algo semelhante a outra pessoa). Mas, que até hoje acredito que está
correta a reflexão que ofereci.
Agora um artigo afirma
que o catolicismo, não o atual, senão aquele da era medieval (em termos de
qualidades próprias do seu tempo) está nas igrejas protestantes.
Isso é algo similar ao
que critiquei, e por isso tomo outra vez a ocasião de publicar o texto inteiro,
para aqueles que desejarem pensar sobre o assunto.
Entre outras coisas,
afirma o artigo: “A “água benta” do catolicismo virou a “água ungida” de certas
igrejas, que pegam do catolicismo o modelo que já havia sido denunciado e
derrotado pelos reformadores.”
Esse também é um
exemplo citado no texto do Nicodemus, como será visto abaixo, e que não
satisfaz uma análise mais profunda. É óbvio que há algo de verdade em toda a
aproximação que o autor fez do assunto, e é onde está o valor do artigo (de
ambos os artigos, aliás), mas não conseguiu mostrar a verdade toda da questão.
Há sinais verdadeiros, mas não conseguiu expor uma matéria correta. O mesmo
ocorre no artigo referido. Espero que isso sirva para melhor compreensão do
tema.
Autor: Augustus Nicodemus
[Meus
comentários entre colchetes]
Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se
livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. [Essa afirmação já produz um aroma de que o
catolicismo é de “má” influência. Será? Você, se for protestante, dirá que sim,
com certeza, e coisas do tipo. Mas... Que influência católica “atrapalha” os
protestantes ou os chamados “evangélicos”? Coloco entre aspas porque acredito
que os cristãos católicos são plenamente evangélicos, não só os protestantes.
Os protestantes comungam dessa fé católica.] Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade
brasileira, a sua maneira de ver o mundo (“cosmovisão”). [É verdade que o Brasil nasceu sob o signo da cruz,
coisa significativamente importante, por exemplo, um protestante não precisa
apresentar Jesus a alguém, como se ele não o conhecesse, tornando mais fácil a
evangelização protestante do que seria em um país não cristão. Mas, será que o
povo brasileiro absorveu a mentalidade puramente católica ou foi essa
apreendida com graus diversos de modificação? Penso que essa última alternativa
seja a verdadeira, e que o presente artigo do Rev. Augustus Nicodemus ajudará a
entender melhor.] O crescimento do número de evangélicos no Brasil é
cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões neste ano de 2006. [Em 2011 o ramo
protestante que mais cresce é, segundo informações que obtive em outro artigo
do O Tempora, o Mores, o tradicional,
com estagnação entre os pentecostais] – mas há
várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem
conseguido se livrar da herança católica. “Que mal tem tal herança para que se
tenha de “livrar-se”? Vamos ver.”. É um fato que a conversão verdadeira
(arrependimento e fé) implica uma mudança espiritual e moral, mas não significa
necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo [Realmente, essa mudança
na cosmovisão é bem lenta]. Alguém pode
ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar
as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto por
exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados,
sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia,
haviam sido lavados, santificados e justificados “em o nome do Senhor Jesus
Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.9-11), sem que isso significasse
que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles [É importante que entender
isso]. Na primeira
carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir
como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e
espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no
casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à
personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar
partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo –
capítulos 1 a 4). [Esses
dois pontos 1) dicotomia do mundo 2) culto à personalidade são coisas que o
paganismo realmente sistematizou religiosamente.]
Eles eram cristãos, mas
com a alma grega pagã.[Será que o autor, já aqui, pretende mostrar que os protestantes hoje tem
alma “católica pagã”, como herdando um “mal”? Talvez. Prossigo.] Da mesma forma,
creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de
passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que
eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes
de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída,
corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em
todos os sistemas e não somente no Catolicismo [Esse aspecto da tendência ao mal na natureza humana
é inegável. Já havia tratado disso quando analisava as manifestações cultuais
de certas igrejas, que influenciadas por ramos do baixo espiritismo,
alimentavam uma herança católica popular, mas que, antes de tudo, é uma
tendência do espírito humano. O que não podemos é pensar que tal coisa é parte
do Catolicismo. É aí que reside parte do equívoco.].
Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo,
somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns
sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que
outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil [Volta-se, então,
principalmente a ver o catolicismo como essa vertente de “más influências” para
os “evangélicos”, os protestantes. Apesar de concordar que há uma tendência
natural do homem para os pecados de todos os tipos. A verdade é que a Igreja
Católica não absorve nenhuma tendência maléficas. Basta pesquisar.]. E que tendências são essas?
1) O gosto por bispos e apóstolos – [Mas, esse gosto não é negativo. Aliás, é o próprio gosto do Novo
Testamento. O que deve acontecer é uma deturpação entre os “evangélicos”
criticados nesse artigo. Portanto, é uma interpretação típica desses meios, não
do Catolicismo. A crítica não deve ultrapassar aquele terreno.] Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a
autoridade de um único homem sobre todo o povo [Esse é um assunto longo, como sabe o autor, mas é
biblicamente fundamentado que o apóstolo Pedro possuía autoridade única]. A distinção entre clérigos (padres, bispos,
cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um
nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade,
um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o
espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. [Esse fato é comum entre os seres humanos. Há a
medida correta, mas muitos a ultrapassa. Mesmo entre os presbiterianos isso
pode acontecer, não é? Veja que na Igreja Católica o povo do primeiro século
almejava que, pelo menos, a sombra de S. Pedro os tocasse! E a Escritura não
registra uma só palavra de reprovação nesse sentimento e ato. (Atos dos
Apóstolos)] Há um gosto na alma brasileira por bispos,
catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada
por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo
após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira.
A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes [Que é mal-entendida pelo protestantismo tradicional.
De fato, os judeus possuíam sacerdotes, Aarão e os levitas, e mesmo assim
constituíam uma nação sacerdotal. O sacerdócio leigo ao lado do ministerial,
sem contradição, como no Novo Testamento. Certamente, o senhor Reverendo
Augustus tem suas considerações sobre isso.]
e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a
cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções [E não deve permear, como
que por necessidade. Como visto, é a distinção bíblica, já deixada de lado,
teoricamente, por Calvino e etc, mas legítima. No entanto, mesmo entre
protestantes tradiconais a prática cristã introduz tal distinção].
2) A idéia de que pastores são mediadores
entre Deus e os homens – No Catolicismo,
a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante
os sacramentos, as indulgências, as orações [Isso não nega, como foi comentado, o sacerdócio dos
fieis. Quando os protestantes participam da Ceia do Senhor, não estão recebendo
bênçãos por celebrarem o sacramento – ordenança – do Memorial da Cruz?]. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles
através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas
palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo
[Não como “feiticeiros”,
mas como ministros de Deus, onde o Espírito Santo realiza a obra de Cristo por
meio da Igreja.]; que aplicam a água benta no batismo para
remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de
pecados [Tudo por obra do Espírito
Santo, em Nome de Jesus Cristo.]. Essa
mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com poucas mudanças
[Essa mediação é, talvez,
mal-entendida entre os protestantes, e certamente a influência “católica” entre
eles é percebida de forma diferente. Talvez mesmo não seja influência católica,
mas de outro ramo religioso não-cristão, adotado através da livre interpretação
da Bíblia pelo fiel. Isso ficará mais claro, abaixo, ao passo que refletimos.]. Até nas igrejas chamadas históricas, os crentes
brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles
e como se os pastores funcionassem como mediadores entre eles e os favores
divinos [A oração do justo é
sempre ouvida (Tg 5:16).]. Esse ranço do
Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do
evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318
homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que
é profetisa”, etc. [Essas
influências são provenientes do baixo espiritismo, mais diretamente, pois os
católicos populares são também afetados por esses costumes, mas tais cerimônias
e correntes tem inspiração nos cultos espíritas. A cosmovisão está mais
embasada nessa vertente religiosa, que influenciou o catolicismo popular. Essa
constatação está mais clara até pelos termos utilizados pelos pastores: sessão
do descarrego, rosa “ungida” utilizada para absorver os maus “fluídos” (Se a
rosa não for levada à igreja o mal permanecerá na sua casa) e etc. Coisas que
não fazem parte do Catolicismo.].
3) O misticismo supersticioso no apego a
objetos sagrados – O Catolicismo
no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras [É como foi dito acima. No
entanto, é importante esclarecer que o Catolicismo que sincretizou essas
influências não é o Oficial, mas o popular, no sentido negativo do termo, que ensina coisas que o Catolicismo rejeita, que
não tem autoridade sobre aquele que procura aprender de Cristo. Essas tradições
populares não devem fazer parte do credo cristão católico. Servir a Cristo na
Igreja Católica que Ele fundou, é aprender dEle.],
semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de
santos [que é de inspiração
bíblica], uso de relíquias [igualmente bíblico],
aparições de Cristo e de Maria [são possibilidades, com aprovação bíblica],
objetos ungidos e santificados [esse uso tem conotação espírita entre os protestantes], água benta [bíblica], entre outros
[é bom fazer distinções
como essas]. Hoje, há um crescimento espantoso, entre setores
evangélicos, do uso de copo d’água [entre católicos carismáticos também], rosa ungida [herança de ramos
espíritas], sal grosso [também do espiritismo. Por exemplo, levar
fotografias de pessoas, sal grosso, e outros objetos para quebrar maldições.
Isso nunca foi Catolicismo.], pulseiras
abençoadas [influenciam tanto
católicos populares (que não conhecem bem a doutrina da Igreja), como
protestantes (esses sim, com aprovação dos Pastores das suas igrejas. Fato
comprovado na crítica em apreço.). É o que chamei, quando analisava essas
questões, de “paganismo oficializado” na igreja, o que difere dos católicos,
que usam alguns desses artifícios mas que não são membros ativos da Igreja
Católica, e que não recebem esses ensinos diretamente dos seus líderes.)], pentes santos do
kit de beleza da rainha Ester [um exemplo de fato da livre interpretação
bíblica associada à influências supra-citadas], peças de roupa de entes
queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do
Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão) [isso é bem diferente do
uso das relíquias, que não são reproduzidas para sem distribuídas], o cajado de Moisés...[idem] é infindável e sem
limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo [Líderes: palavra-chave. Os líderes de muitas igrejas
ensinam sistematicamente isso ao seu rebanho].
Esse fenômeno só pode ser explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo
misticismo impresso na alma católica dos evangélicos [alma católica popular, melhor dizendo, não
verdadeiramente cristã católica. Alma humana decaída pelo pecado. Assim,
também, os católicos absorvem essas más tendências, à revelia da verdadeira
doutrina católica.].
4) A separação entre sagrado e
profano – No centro do pensamento
católico existe a distinção entre natureza e graça, idealizada e defendida por
Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica.[Essa distinção tem
resultados negativos na vida cristã?] Na prática,
isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e
freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o
profano, que é tudo o mais no mundo lá fora.[Não será essa prática substanciada mais pelas
influências maléficas do paganismo, antes que da distinção teológica entre
natureza e graça?] Os brasileiros
aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a
gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar [É verdade. É também algo impresso na alma humana,
decaída]. O profano – meu trabalho, meus estudos, as
ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma
estanque. [Não era assim no mundo
medieval, tão cristão católico. Tudo era mais engendrado. Nas Universidades
discutiam-se questões religiosas como hoje discutem-se outras coisas não
religiosas ou mesmo anti-religiosas. Portanto, necessário maior exatidão na
criticidade desse assunto.] É a mesma
atitude dos evangélicos. Falta-nos uma mentalidade que integre a fé às demais
áreas da vida, conforme a visão bíblica [visão essa injetada, eficazmente, pela Igreja Católica na sociedade de
tempos atrás, como foi dito acima] de que tudo é
sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a
mentalidade humanista secularizada [mentalidade que a Igreja Católica combate],
permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino
fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países, os
evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que, além de
serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência,
de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos [Cristãos católicos
realmente evangelizados certamente estão nesse rol].
Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e o profano, a religião e o
mundo, são dois reinos distintos e freqüentemente antagônicos [deve-se fazer distinção
do que entende-se por “mundo” quando tratar dessas distinções], não há como uma visão integral surgir e
prevalecer, a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os
evangélicos [E essa reforma, ao invés
de desmontar e rejeitar um pressuposto católico, irá desfazer-se de, TAMBÉM, um
“catolicismo do povo” (pois outras influências estão permeadas entre os
protestantes) e aproximar-se, senão identificar-se, com o Catolicismo cristão de
fato.].
5) Somente pecados sexuais são realmente
graves – A distinção entre pecados
mortais e veniais feita pelo catolicismo romano vem permeando a ética
brasileira há séculos [Essa
distinção é bíblica.]. Segundo essa distinção,
pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e a condenam ao
inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e
merecem somente castigos temporais [Mas podem tornar-se mortais, já que são pecados, e nunca devem ser
menosprezados, mas confessados a Deus. Essa especificidade o senhor esqueceu ou
não sabia como explicar]. A nossa cultura se
encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais.[No entanto, a cultura não
é infalível, mas sempre seleciona hereticamente o que lhe apraz, se não for
evangelizada, purificada.] Dessa forma,
enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a
maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável [Isso no âmbito cultural é pouquissimamente, ou nada,
católico]. Lula foi reeleito cercado de acusações de
corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho
dúvidas de que teria sido reeleito ou de que teria sido reeleito por uma margem
tão grande [ Seria interessante uma
pesquisa com outros candidatos...]. Nas igrejas
evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso [a Igreja Católica ensina
o mesmo] e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um
só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado,
corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira,
preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros [Por quê? É importante um estudo específico]. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de
regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação,
adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo
cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos [É cultural apenas, ou as igrejas protestantes estão
mudando – oficialmente - seu modo de ver essas questões?].
Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos? [Só se for uma parcelinha
de catolicismo popular, não do Catolicismo oficial. Isso deve ter ficado claro.]
O que é mais surpreendente é que os evangélicos no
Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. [Outra questão interessante a ser aprofundada.] Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa
polêmica), o Brasil é um dos países onde convertidos do catolicismo são
rebatizados nas igrejas evangélicas [aprofundar a questão]. O
anticatolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das
imagens e de Maria e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar.
[Aprofundar essa questão:
não será porque os “evangélicos” em outros países também praticavam essas
coisas? E de uma forma bastante estranha ao espírito cristão, como percebi na
aprovação (usando a Bíblia para tentar defender) do vício do fumo pelo pastor e
pregador Spurgeon.] Não foi e não é profundo o
suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos,
vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima [E ficou mais claro que
essa mentalidade é longe de ser realmente católica].
Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo [Esse é outro estudo: se os ídolos são os santos e
Maria, então realmente necessita-se de um estudo específico aqui (não negando
que há pessoas que desconhecem essas coisas e praticam idolatria com elas)], os brasileiros evangélicos precisam de conversão
na mentalidade, na maneira de ver o mundo [E vão cada vez aproximar-se do Catolicismo, já que
esse tem a cosmovisão da Bíblia. O Sr. Reverendo Augustus não previu isso. E até
discorda, não é?]. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento,
e não somente os nossos pecados [É com esse princípio que aprendi ouvir e praticar o que ensina a
Escritura e, consequentemente, a tradição cristã (não de invenção humana) e a
Igreja instituída por Cristo]. Nossa
cosmovisão precisa também de conversão (2 Co 10.4-5).
Quando vejo o retorno de grandes massas ditas
evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos
ungidos [Volta-se àquilo que disse
no decorrer do texto: essas prática, se desvirtuadas, não eram aprovadas pela
Igreja da época, nem pode ser hoje.] e consagrados,
procurando para si bispos e apóstolos [essa procura tem sido errônea. Por que não voltar-se àquela instituição
cristã que tem a sucessão apostólica (o Sr. Rev. nega isso, eu sei. Com
respeito, pergunto: vamos ver se a Bíblia sustenta sua opinião?)], imersas em
práticas supersticiosas [a superstição é
condenada pela Igreja Católica], me pergunto se, ao final das contas, o
neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica
medieval [Como ficou, pelo menos,
indicado, a resposta correta é: NÃO. O neopentecostalismo é filho da tendência
humana para práticas religiosas espúrias aliada ao sincretismo, à adoção de
influências de sistemas religiosos pagãos, do espiritismo em suas várias expressões brasileiras.],
uma forma de neocatolicismo tardio [de forma alguma, como foi
dito] que surge e cresce em nosso país, onde até os
evangélicos têm alma católica [popular, um Catolicismo diferente, diga-se finalmente]. E com isso, entende-se que a alma que está influenciando tanto as igrejas protestantes certamente é espírita.
Gledson Meireles.