Jesus mudou o nome de Simão
para Pedro. Essa palavra tem basicamente o mesmo sentido de petra. A língua aramaica tem o termo Kepha para designar petra ou petros no grego, e essa palavra aramaica significa somente pedra,
em sua acepção de uma pedra de tamanho considerável, uma rocha grande.
É fato bíblico que o nome
Pedro é a transliteração de Kepha.
Assim, o evangelista emprega Petros
para o nome adicionado a Simão, mas sabemos que no original, quando foi pronunciado,
as palavras de Jesus foram Kepha – Kepha. Dessa forma, Petros
e petra no texto de Mateus 16,18 significam
pedra grande, como fundamento, e só tem esse sentido.
Além disso, deve-se ter em
mente, petros e petra no grego significam a mesma coisa, como já afirmado. Por
vezes, petros aparece, em alguns
textos na literatura grega, significando pedras menores, mas isso não interfere
no caso acima, já que o grego mais antigo usa intercambiavelmente as duas
palavras com o sentido único de pedra, e o que foi dito acima, sobre as
palavras de Jesus, torna impossível outra leitura que não seja a de que Petros e Petra signifique a mesma coisa. Além do mais, a Bíblia não oferece
a doutrina que nos leve a distinguir uma pedra grande de pedras pequeninas,
como se isso fosse a intenção de Mateus 16,18.
A explicação plausível para
o uso do nome Petros para Pedro e não
petra, é que é regra do grego que os
nomes terminem em as, es, is, os, us, e assim foi empregado Petros e não Petra para significar o que conhecemos
como Pedro. Além do mais, Petros é um
termo masculino, e petra é uma palavra
feminina, ficando melhor o emprego de Petros
para um homem, do que chamá-lo de Petra,
uma vez que Petros tem o mesmo significado,
que é o que importa, e ainda soa melhor, o motivo da adaptação.
Se for objetado que Cristo é
chamado de Petra e não de Petros, tornando a explicação da
adaptação de gênero implausível, basta afirmar que nunca o Senhor Jesus teve
como nome “Pedro”, só por ter sido chamado de Pedra Angular ou Pedra de
Esquina, ou da Pedra que vertia água para os homens beberem.
Esses termos (pedra,
fundamento) não foram empregados como nomes de Jesus, pois Pedro foi o único,
em toda a literatura, a ser chamado de Pedra(o). Assim, temos que o apóstolo
Pedro é o “Senhor Pedro”, ou o “Senhor Rocha”, e foi a primeira pessoa a
receber esse nome, pelos dados que conhecemos.
No artigo Respostas
a um-católico sobre Mateus 16:18, o autor aludiu a essa explicação, que
conheceu por meio de vários apologistas católicos, e expressou sua recusa em aceita-la,
dizendo: “Eu discordo
totalmente deste ponto de vista, e por uma razão simples: Jesus é em todas as
partes do Novo Testamento chamado de “pedra” (petra), e ele é um homem.”.
Porém, como vimos, o “fundamento”
que é apresentado para discordar da explicação é inválido, já que Jesus não é
chamado de pedra como sendo esse o Seu nome, mas é chamado de pedra ou
fundamento, tendo o termo pedra uma ligação que explica o Ser e função de Jesus
em relação à Igreja, e não um nome que lhe foi dado, nem que Ele mesmo tenha
adotado. Do contrário, teríamos “Jesus Pedra” ou “Jesus Pedro”, conforme possível
de tradução, assim como temos Simão Pedro, que realmente acontece com Simão, ou
também como temos “Jesus Cristo” ou “Cristo Jesus”, que são os nomes do Senhor
Jesus. Então, Petra nunca foi um “nome”
de Jesus, mas apenas um termo que explica, metaforicamente, um atributo do Senhor.
Ele nunca recebeu essa metáfora em substituição ao Seu Nome Jesus, nem em
adição a ele, de forma alguma. Portanto, argumento descabido.
E o argumento prossegue com
a pergunta: “Portanto, se Jesus
(um homem) pôde ter sido chamado inúmeras vezes de petra (feminino), por
que Pedro (outro homem) não poderia ter sido chamado de petra também?”
Como já foi desfeita a
objeção, basta lembrar que há textos onde Jesus é chamado de pedra, de uma
forma diversa, e vejamos que Pedro também é chamado pedra, assim como todos
nós, como está em 1 Pedro 2,5.
A substituição de Petra
por Petros é somente uma forma grega, sem mudança de sentido quanto ao
original aramaico, sendo apenas uma modificação a fim de harmonizar-se com o
gênero, e não uma tentativa de ensinar algo teológico novo, como está na interpretação
protestante.
Assim, a “falha” que o autor
notou na interpretação católica, que chamaria Pedro de pedra da mesma forma,
volta contra a objeção e confirma o que foi explanado antes: “A justificativa católica é ainda falha, a meu ver, em
função do fato de que Cristo estaria chamando Pedro de petra de qualquer
jeito, na sequencia (caso Pedro seja mesmo a "pedra-petra" em
questão).”
De fato, nesse momento, a Kepha (Petros) é chamada de Kepha
(petra) mostrando o sentido que
forneceu a Simão o nome de Petros
(para o leitor do grego), ficando a frase totalmente compreensível, sem quaisquer
problemas, aos ouvintes do aramaico. Portanto, a tradução grega segue o mesmo
sentido, e Petros = Petra torna a leitura idêntica ao que está suposto no
original falado por Jesus.
Desse modo, não é
problemático que Jesus, Pedro e nós cristãos, sejamos chamados de pedra, pois o
contexto confere o sentido claro compreendido facilmente por todos. O que
difere do termo pedra ser aplicado como nome, como aconteceu a Simão. Assim,
não há problema algum no emprego de petra
na mesma cláusula, pois a segunda palavra é explicação do que está sendo dito.
Outra questão importante, é
que sabendo com certeza que Jesus usou o aramaico Kepha como nome de Simão, porque esse é transliterado Cefas para o
leitor da língua grega, e traduzido em João 1, 42 por Pedro, mostrando que a
palavra do aramaico foi Kepha, o que
torna impossível que Jesus tenha tido outra intenção, como seria a de chamar
Pedro de “pedrinha” ou “pedra menor” ou “pedra pequena”, pois isso faria
completa e praticamente impossível aos apóstolos terem entendido esse “ensino”
suposto que estava sendo pregado ali.
Essa explicação é harmoniosa
com o que foi dito, de que Petros foi
aplicado no lugar de Petra como nome
por ser um substantivo masculino que traz igualmente significado idêntico do
termo feminino. Foi apenas uma questão de adaptação, sem qualquer modificação
semântica.
Quando São Paulo escreve em
1 Cor 10,4, explicando que “aquela pedra era Cristo”, até mesmo a construção
frasal é outra, mostrando tratar-se de uma representação. Ele estava tratando
da pedra que forneceu a bebida espiritual, da pedra espiritual, que dava
companhia aos israelitas. Assim, ele explica que “aquela pedra”, que os seguia,
“era Cristo”. Não é uma nomeação de Cristo como pedra aqui, mas uma metáfora
bem entendida, que não interfere em nada na construção de Mateus 16,18. Assim
como em João 1,42, Mateus 16,18 não diz que uma pedra era Pedro, mas que “Tu és
Pedro (lembre-se de Kepha, como nome)” e sobre esta pedra (lembre-se de Kepha
novamente) edificarei a minha Igreja”. É perfeito. A adaptação é feita apenas
no grego, e não no aramaico.
Tentar outra intepretação é
sair do contexto e procurar causas remotas e usá-las de forma inapropriada,
pois somente assim há erro.
Gledson Meireles.
Mais uma pérola do senhor Lucas:http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/04/165-heresias-catolicas-refutadas.html?m=1
ResponderExcluirOlha mais uma:http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2017/06/o-dia-em-que-o-papa-se-aliou-aos.html?m=1
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