sexta-feira, 29 de julho de 2016

As imagens na Igreja no tempo apostólico

Dois argumentos interessantes contra as imagens serão comentados a seguir:

1. Nos primeiros tempos, sendo a Igreja composta majoritariamente de judeus, e com poucos convertidos pagãos, a saber, os prosélitos que conheciam o decálogo, não haveria necessidade de tratar do assunto das imagens, nem mesmo insistir sobre a proibição da idolatria.

2. A partir de Atos 15 esse tema é constante: 1 Cor 12,2; 10,1 4;1 Tess 1,19; 1 Jo 5,21. E por isso não há qualquer vestígio de culto tributado às imagens nessa época.

Então não havia imagens na era apostólica, e as igrejas eram totalmente destituídas da arte que retrata coisas do Cristianismo? A resposta é que não havia nem igrejas para o culto divino ainda, muito menos uma arte cristã desenvolvida. Devemos ver qual o princípio que a Bíblia apresenta nesse sentido.

Obviamente no tempo de Jesus nenhum judeu tinha qualquer relação com os ídolos estrangeiros. Também não era costume judaico fazer imagens de Deus (cf. Dt 4,15), nem de personagens religiosos (profetas, sacerdotes...), e nem de figuras políticas.

Por outro lado, o templo de Jerusalém era adornado com figuras de plantas, flores, animais e anjos. Os ambientes de culto não eram destituídos de imagens, mas belamente adornados. Disso a arqueologia mostra abundância da exemplos.

Assim, devemos perceber duas coisas diferentes: 1º) Há total ausência de ídolos e de culto idolátrico na Igreja primitiva. 2º) Os apóstolos e primeiros discípulos eram acostumados com a arte religiosa no templo, sinagogas e outros lugares, como os cemitérios cristãos. Se usavam essa arte, tinham respeito por ela, e essa influenciava de alguma forma sua espiritualidade.

Diante disso, podemos ver que a Bíblia não trata explicitamente no Novo Testamento dessa segunda realidade, nada dizendo sobre qualquer mudança de princípio. O que vemos é a mesma proibição da idolatria.

Sabemos que os apóstolos não tinham igrejas construídas ainda, e que as reuniões se davam nas casas, nas margens de riachos, e os cristãos ainda frequentavam o templo e a sinagoga. Não há construção de igrejas nesse primeiro século, pelo que consta não existe nenhum registro bíblico, histórico e arqueológico nesse sentido. Portanto, não há que procurar uma arte cristã nos moldes mais tardios nesse período primitivo.

Os cristãos convertidos do paganismo deixaram os “ídolos mudos”, ou seja, as imagens de escultura do paganismo. Eram instados a fugir da idolatria. Eles abandonaram os ídolos e serviam ao Deus vivo e verdadeiro. Nada há sobre a confecção de arte cristã, sob a forma de escultura, pintura, mosaico, etc., nem do seu uso religioso.

Conclui-se que há nesse período, pelo menos, a arte do templo e da sinagoga, e a proibição da idolatria pagã. Não há qualquer proibição de imagens cristãs na igreja nesse período.
 
Gledson Meireles.

Os argumentos mencionados são baseados no livro Desmascarando a Idolatria, de Paulo Cristiano Silva, CACP, 2015.

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