domingo, 22 de maio de 2016

A confecção de imagens para o culto é bíblica?

Em primeiro lugar, deve-se entender o tipo imagens a que se refere. Se de deuses, ou de qualquer coisa que venha a receber culto de adoração, a resposta é não. De fato, não se pode adorar nada e ninguém a não ser a Deus.
 
Se se refere a imagens de culto de veneração, que servem para indicar uma realidade, avivar a fé, inspirar piedade, então deve-se concordar com a Bíblia de que a resposta é sim.
 
Entretanto, a Bíblia revela que o culto do verdadeiro Deus continha imagens, e que essas estavam nos lugares mais importantes da adoração a Deus, e de Sua comunicação com o Povo eleito, e serviam de sinal e meio de realização da ação de Deus.
 
Assim, as imagens sagradas estão de acordo com o plano de Deus, enquanto que os ídolos são contrários à Vontade santa do Senhor Javé.
 
Os ídolos constituem tudo o que recebe adoração, roubando a glória de Deus, podendo ser imagens ou quaisquer outras coisas. As imagens, portanto, podem ou não ser ídolos. Para muitos, não obsta que imagens e ídolos sejam identificados na Bíblia, em muitas passagens, já que se servem dessa distinção para reprovar mais diretamente as imagens. Sendo assim, o Novo Testamento jamais refere-se a tal proibição, reservando a interdição apenas ao ídolos.
 
A interpretação de que a proibição é referida somente ao uso cultual das imagens, e não às mesmas em si, é incompleta e, finalmente, errônea. O texto do Êxodo proíbe a confecção, posse e culto das imagens, e não apenas o último. Essa é a leitura literal, corroborada pelo contexto.
 
Uma imagem de personagem civil ou de uma imagem para adorno não seria proibida, enquanto que uma imagem sagrada o seria, por receber veneração, adoração, culto. No entanto, um questionamento é importante: o texto do Êxodo é anterior ou posterior à feitura da imagem da serpente? Obviamente anterior. Deus havia proibido imagens, e naquele momento ordena que seja feita uma imagem. Há claramente diferença entre imagens, umas sendo proibidas e outras lícitas.
 
E o uso que o Senhor Deus fez da imagem que mandou Moisés edificar é esclarecedor. O povo rebelde é castigado com o envio de serpentes venenosas que picavam e feriam mortalmente os israelitas. Moisés intercede pelo povo e esse recebe o perdão. Para aplicar o perdão, Deus manda Moisés construir a serpente e colocá-la em lugar alto e visível no acampamento, para que fosse instrumento de cura aos que olhassem para ela.
De fato, sabendo que Deus os havia perdoado, olhando aquela imagem terrível com a fé de receber a cura, os fieis veneravam aquele objeto, por Vontade divina. Não eram curados quem não olhasse para a imagem, mas somente os que a fitavam.
 
Vivendo o povo de Deus em um tempo e entre religiões altamente idólatras, é magnífico que o Senhor Deus, com toda a Sua sabedoria, tenha instituído um meio de ensinar o Povo Sua economia salvífica, expondo o Salvador por um sinal material, uma imagem de escultura! E essa imagem acompanhou os israelitas por praticamente 500 anos!
 
Entende-se assim, que as imagens são lícitas no culto a Deus. Deus escolheu um meio natural, mas perigoso diante do coração pecador e apegado à idolatria: as imagens. Mas, escolhendo essa forma, não há como negá-la, pois as imagens são do agrado de Deus, desde que não adoradas.
 
E o que é adoração?

Para muitos, é uma questão exterior e material: ajoelhar seria idêntico a adorar! Então, ajoelhar diante de uma imagem seria o mesmo que adorar a imagem. Essa interpretação é estranha, pois leva a ter os atos como absolutos, quando na verdade são relativos, dependendo muito da intenção do coração. Certamente, por isso, muitos ajoelham-se em louvores afirmando estar adorando o Senhor! E o coração? Acompanha o ato exterior? Pode modificá-lo? É aquilo que o determina?
 
A doutrina bíblica é de que a adoração é feita em espírito e verdade, indicando o que se passa no interior, não num local visível e material apenas, como o era no Antigo Testamento, que apenas reconhecia o Templo de Jerusalém como local de adoração.
 
O Novo Testamento é de adoradores em espírito e verdade (cf. João 4), adoradores que adoram a Deus em todos os lugares. Tendo isso em mente, pensemos na adoração interior, que é o reconhecimento do senhorio de Deus sobre nossa vida e todo o universo.
 
Se alguém não reconhece os santos e, portanto, nem suas imagens como “senhores” de suas vidas, não existe adoração. Se eles não tomam de Deus qualquer atributo, nem reconhecimento, nem levam a glória divina, não há adoração. Ajoelhar então, nesse caso, é apenas uma expressão de amor e homenagem, o que chamamos mais propriamente de veneração.
 
Gledson Meireles

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