segunda-feira, 11 de abril de 2016

Comentário de um artigo sobe a Virgem Maria

O artigo O que diz a Bíblia sobre a virgem Maria  é um pouco esclarecedor da forma como os protestantes geralmente pensam sobre a virgem Maria. Nesse comentário serão feitos esclarecimentos de alguns pontos importantes, que mostram a inexatidão de algumas crenças protestantes nesse assunto.

Primeiro o artigo entende que “gratia plena”, que é a tradução em latim do grego kecharitomene, e que significa “cheia de graça”, teria o sentido de “agraciada”. É normal que essa seja a tradução preferida dos protestantes, pois parece diminuir um pouco o alcance do “Kecharitomene”. Mas, o artigo traz a explicação de que isso também significa “muita graça”, o que já é revelador, e um tanto mais próximo do sentido de “cheia de graça”, que é o entendimento correto da passagem

De fato, Maria recebeu a maior das graças, que foi ser a mãe do Senhor Jesus, o Messias e Salvador. Não há como medir tamanha graça, é muita graça verdadeiramente, é estar plena de graça.

Em segundo lugar o artigo tenta explicar que a graça é o favor imerecido de que todos precisamos, e que Maria “precisava de graça de Deus”. Essa frase é totalmente correta, em todos os sentidos, seja do ponto de vista católico como do ponto de vista protestante, pois Maria somente foi cheia de graça porque Deus “a encheu de Sua graça”, já que sendo criada por Deus ela necessitou da graça de Deus para ser aceita por Ele. E o caso da virgem Maria mostra uma graça tamanha, pois de fato ela não fez absolutamente “nada” para merecer, (como de fato ninguém o faz) mas o que foi feito nela veio no momento em que ela começou a existir, na sua concepção. Esse “nada” fica ainda mais ressaltado em sua acepção absoluta da grandiosa graça de Deus.

Por isso, o artigo afirma que Maria considerou Deus o seu Salvador, como está em Lucas 1,47: ““E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.”’ É verdade, e todo cristão católico lê e repete essas lindas palavras, à imitação da virgem, e diz: “E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”.

Em terceiro lugar, para ilustrar melhor a posição que o artigo quer passar, continua com o seguinte: “A Bíblia nunca diz que Maria foi qualquer coisa além de uma mulher comum que Deus escolheu para usar de uma forma extraordinária.” Mas, qualquer cristão, nesses quase vinte séculos de Igreja Católica, dirá em bom tom que Maria não é mais que uma mulher criatura, da raça humana, escolhida e exaltada por Deus, para ser a mãe do Senhor. Essa “mulher comum” no sentido de ser uma mulher da mesma raça de todos os seres humanos, não diferente, não acima em seu sentido natural, mas igual, com as mesmas necessidades de todos. É a doutrina da Igreja que assim o ensina. Contudo, o artigo quer passar algo “mais”, quer tenta ir além disso.

Assim, o artigo continua: “Ao mesmo tempo, Maria era também um ser humano pecador como todos os outros...”. A Igreja Católica é fiel às Escrituras, e essas dizem em Romanos 3,23 que todos pecaram. Esse pecado refere-se não ao pecado pessoal, que cada pessoa comete no dia da dia da sua vida, mas ao pecado de herança, que foi praticado por Adão como pai da raça humana, e Eva como mãe da humanidade. Por isso, todos pecaram em Adão, porque todos são descendência sua. Maria pecou em Adão também, já que ela é naturalmente da mesma natureza e filha de Adão. A diferença disso é que Jesus veio para livrar-nos de todo pecado, até do original. Todos os que estão em Cristo foram limpados desse pecado. A virgem Maria também o foi, mas foi muito cedo em sua vida, ainda no ventre de sua mãe, quando ela foi concebida. Deus a perdoou, santificando-a, dando a graça que era necessária para que fosse salva e realizasse a missão de mãe do Senhor Redentor do mundo. Por isso, em sua vida pessoal Maria não pecou, pois estava cheia da graça de Deus.

Em quarto lugar, quando o artigo afirma que “Maria não teve uma “concepção imaculada”” está ensinando algo que não tem respaldo bíblico nem histórico. Maria teve uma concepção imaculada.

Em quinto lugar o artigo vem com uma objeção muito fraca, por ter sido já refutada até pelos antigos hereges que adotaram a crença de que Maria teria tido outros filhos. Refere-se a Mateus 1,25. Afirma: “A palavra “até” claramente indica que José e Maria tiveram união sexual após o nascimento de Jesus. José e Maria tiveram vários filhos juntos depois que Jesus nasceu.

Para fortalecer essa posição, o artigo diz: “Deus abençoou e agraciou Maria dando a ela vários filhos, o que naquela cultura era a mais clara indicação de que Deus estava abençoando uma mulher. 

Se alguém pensar melhor, verá que o Filho de Maria foi a maior das bênçãos, e que essa foi a indicação de que Deus estava abençoando Maria mais do que todas as mulheres. É um fato de que famílias judias que possuíam vários filhos eram tidas como abençoadas, ao passo que as mulheres estéreis eram vistas como indivíduos sob o castigo de Deus, pois não podiam gerar filhos.vMas a virgem Maria gerou um Filho, O Maior dos filhos, Aquele que veio salvar o povo dos seus pecados, como diz o anjo a Maria. Ela não precisava de vários filhos para mostrar bênção!
Em sexto lugar, quando a mulher em Lucas 11,27 exalta Maria, o artigo afirma: “Nunca houve melhor oportunidade para Jesus declarar que Maria era verdadeiramente digna de louvor e adoração. ” Essa explicação possui grave erro. Pelo que ele entende, Jesus iria proclamar Maria digna de “louvor e adoração”, como se isso fosse a opinião dos cristãos católicos.

Ela é digna de louvor, sim. No entanto, não é digna de adoração. O que a mulher falou foi uma verdade importante, pois Maria foi bendita, bem-aventurada por ser a mãe de Jesus, e de tê-Lo amamentado. Tem o ventre e os seios benditos por isso. Jesus costumeiramente usava dos acontecimentos para mostrar algo mais, e disse que mais bem-aventurados são os que ouvem e obedecem a Deus. Ele não negou que a Sua mãe fosse bendita, mas reafirmou. Isso não é rebaixar Maria, mas é uma forma de exaltar os que honram o Nome do Senhor por obedecer a Deus. A virgem Maria estava também entre os que obedecem a Deus, e podemos dizer que foi a primeira em dignidade.

Em sétimo lugar o artigo diz: “Em nenhum lugar das escrituras Jesus, ou qualquer outra pessoa, dirige qualquer louvor, glória ou adoração a Maria.” É verdade que na Bíblia ninguém dirige “adoração” a Maria, mas dirige com certeza “louvor e glória”, e por isso essa afirmação está incorreta.

Na verdade, a continuação já mostra isso, pois o artigo traz o seguinte: “Isabel, parente de Maria, a louvou em Lucas 1:42-44, mas seu louvor é baseado no fato de que Maria daria à luz Jesus. Não foi baseado em qualquer glória inerente a Maria.”.  Então, Isabel “louvou” Maria, de fato, de verdade. É um fato, não há como negar.

Vejamos a explicação:  “...seu louvor é baseado no fato de que Maria daria à luz Jesus. Não foi baseado em qualquer glória inerente a Maria.

O que a explicação tem embutido é o erro de pensar que a doutrina católica afirma que Maria tem algo intrínseco, uma graça puramente dela, a qual ela pode ofertar a outros. Isso é o que pensam os teólogos protestantes, como o reverendo Augustus Nicodemus. Nada disso é correto, não é doutrina católica. Por isso, o louvor de Isabel foi baseado no fato de Maria ser a mãe escolhida do Messias, sim. E que isso mostra o exemplo que devemos imitar. (Falta agora um protestante negar que Isabel louvou Maria! É possível que alguém venha com essa!)

Em oitavo lugar, o artigo ensina: “Os Apóstolos, em nenhum lugar, dão a Maria papel proeminente. ” Pode-se perguntar: Que lugar maior poderia Maria ter do que ser a mãe do Senhor Jesus Cristo? A Bíblia afirma isso, e é o que fundamenta todo o papel proeminente de Maria.

Talvez os protestantes esperassem que os apóstolos tecessem comentários e comentários a respeito de Maria, com ladainhas, etc., como se isso fosse o essencial para que façamos o mesmo. Não foi necessário, pois o que foi registrado já substancia tudo isso: ela é a mãe do Senhor, a cheia de graça, aquela que foi louvada por sua prima Isabel, que estava cheia do Espírito Santo. Tudo o mais vem dessa base bíblica.

Em nono lugar, o artigo tenta resumidamente refutar a assunção e exaltação da virgem Maria no céu: “A morte de Maria não é registrada na Bíblia. Nada é dito sobre Maria subindo aos Céus, ou tendo qualquer forma de papel exaltado no Céu. Maria deve ser respeitada como a mãe terrena de Jesus, mas ela não é digna de nossa adoração ou exaltação”.

Em décimo lugar, o artigo vem em oposição à intercessão da virgem Maria. Todas essas tentativas são inócuas quando vemos a verdadeira mariologia, que nasce das Escrituras Sagradas. Não é espaço para fazer refutação dessas objeções no presente texto, mas é o que todos os cristãos sinceros devem procurar fazer, em sua busca pessoal pela verdade.

Gledson Meireles.

2 comentários:

  1. Então Estêvão também nunca pecou:

    “Estêvão, homem cheio da graça e do poder de Deus, realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo” (Atos 6:8)
    Vc poderia mostrar qual passagem diz que Maria teve uma concepção imaculada?
    Se Maria fosse Imaculada não precisaria Jesus ser sacrificado,
    Se Maria, ou qualquer ser humano do mundo tivesse conseguido viver sem cometer nenhum pecado, cumprindo plenamente toda a lei, e ter nascido sem a mancha do pecado original, então Jesus seria desnecessário: bastaria que aquela pessoa morresse e nos salvasse.

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  2. a única pessoa para quem a Bíblia abre uma exceção é a exceção óbvia: Jesus.

    “Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hebreus 4:15)

    “Qual de vocês pode me acusar de algum pecado? Se estou falando a verdade, porque vocês não crêem em mim?”(João 8:46)
    os escritores bíblicos fizeram questão de frisar que Jesus viveu sem pecado. Por que, então, ninguém abriu a mesma exceção a Maria, ainda mais levando-se em conta que não era nada óbvio que ela fosse também uma exceção à regra?
    Maria achava que Jesus estava “fora de si”
    Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: ‘Ele está fora de si’” (Marcos 3:21)
    Analisando o contexto, vemos que estes familiares eram sua mãe e seus irmãos, e não somente os seus irmãos:

    “Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo” (Marcos 3:31)

    Portanto, a mãe de Jesus também fazia parte dos familiares de Jesus que estavam do lado de fora da casa, mandando chamá-lo por achar que Jesus estava “fora de si”,

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