Também é citado o texto
sagrado de Eclesiástico 12,1 para ensinar a prática cristã da esmola.
A Igreja ensinava
contra o aborto, como também o infanticídio. Era muito radical contra todo tipo
de feitiçaria.
A soberania de Deus é
ressaltada: “sabendo que a Deus nada daquilo que
acontece é estranho.”
A comunhão dos santos
não é esquecida, e é preciso ter contato com os santos, conversar com eles,
viver junto deles: “Todos os dias procurarás a
companhia dos santos, para encontrar apoio em suas palavras”. Os santos
são então aqueles que possuem a Palavra de Deus e podem auxiliar-nos com ela.
A confissão dos pecados
é ensinada: “Na assembleia, confessarás tuas faltas
e não entrarás em oração de má consciência.”
A Igreja também
ensinava que há a perfeição cristã, quando agimos conformes aqueles conselhos
evangélicos de perfeição, e há também o que podemos fazer dentro dos limites de
nossa possiblidade: “Pois, se puderes portar todo o
jugo do Senhor, serás perfeito; se não puderes, faze o que puderes”.
As carnes dos
sacrifícios pagãos eram evitadas: “mas abstém-te
completamente das carnes oferecidas aos ídolos”.
O batismo é em Nome da
Trindade: “No que diz respeito ao batismo, batizai
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente”. Esse é
o mesmo batismo em Nome do Senhor, pois foi Cristo que o ensinou. Por isso, a
Didaqué usa ambas as expressões para falar do batismo, e quando é específico ao
apresentar a forma ele afirma que é em Nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo.
O uso do batismo era em
“água corrente” em primeiro lugar. Não tendo essa água, pode-se usar outra.
Como obviamente se espera a água é utilizada naturalmente, fria. Mas, em caso
de necessidade pode-se usar a água morna (água quente). Esse é o batismo feito
em tanques batismais próprios.
Caso não seja possível,
há o batismo por infusão, sem qualquer diferença em sua eficácia: “Na falta de uma e outra, derrama três vezes água sobre a
cabeça em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Outra coisa que ensina a
Igreja no primeiro século é que o que será batizado deve jejuar antes do
batismo, um dia antes ou dois. Assim também aquela que batizará. Pensa-se
assim no batismo de adultos, e não há qualquer alusão ao batismo de crianças,
que não podem fazer o jejum. Não há qualquer parte do documento que negue a
existência do batismo de crianças, apenas não faz menção dele em suas
instruções. De fato, a instrução não abarca toda a doutrina cristã em todos os pormenores.
A Igreja ensina o jejum
em dois dias da semana, na quarta-feira e na sexta-feira. Isso mostra a prática
do preceito evangélico de modo a diferenciar-se de muitos pagãos que jejuavam
na terça-feira e na quinta-feira.
A Igreja ensinava o
Pai-Nosso, mostrando o texto como está no Evangelho, e prescrevia que o cristão
rezasse três vezes por dia essa oração.
Para a celebração da
Eucaristia há a forma de consagrar o pão e o vinho. Quem participa da
Eucaristia deve ser quem foi batizado: “Ninguém
coma nem beba de vossa Eucaristia, se não estiver batizado em Nome do Senhor”.
Esse batismo “em Nome do Senhor” é aquele que foi ensinado antes, ou seja, o
batismo em Nome do Deus Uno e Trino.
A Igreja ensina que ela
é visível: “reuni esta Igreja santificada dos
quatro ventos no vosso Reino que lhe preparaste”, e também ensina a
penitência para quem não está vivendo a santidade necessária: “Aquele que não é (santo) faça penitência: Maranatá! [Cf 1Cor
16,22; Ap 22,20] Amém.”.
Nesse tempo os profetas
eram em número considerável, e a Didaquê
instrui como reconhecer um verdadeiro profeta.
A Eucaristia não era
uma simples refeição judaica, o que sugeriria algo corriqueiro e espontâneo,
mas trata-se da uma liturgia. Assim, a Igreja ensina que o dia de reunião era o
Dia do Senhor (o domingo).
Duas partes da hierarquia
são mencionadas, os bispos e os diáconos.
As orações, as esmolas
e as boas obras são exortadas a serem feitas conforme o Evangelho: “Fazei vossas preces, esmolas e todas as vossas ações como
vós tendes no Evangelho de Nosso Senhor”.
A Igreja ensina a vigilância,
usava a simbologia da lâmpada para falar da fé e a perseverança, instruía a não
deixar de participara da Igreja, para que sejamos salvos: “Reuni-vos frequentemente para procurar a salvação de
vossas almas”.
A Eucaristia é um
sacrifício: “Reuni-vos no dia do Senhor (Domingo) para a
Fração do Pão e agradecei (celebrai a Eucaristia), depois de haverdes
confessado vossos pecados, para que vosso sacrifício seja puro”.
Malaquias 1,11-14 é
usado para falar da missa, que é sacrifício Eucarístico.
E a doutrina é clara ao
afirmar que somente perseverando até o fim é que há salvação: “pois todo o tempo de vossa fé não vos servirá de nada se
no último momento não vos tiverdes tornado perfeitos”.
É exortado sobre a
vinda do Anticristo. A respeito da ressurreição fala-se da ressurreição dos
salvos, não entrando em específico sobre o juízo final, quando todos serão
julgados.
Enfim, podemos perceber
o seguinte:
a)
O pagamento do último centavo lembra a
doutrina do purgatório.
b)
O livro do Eclesiástico é lido e
empregado para ensinar doutrina.
c)
A Igreja é contrária ao aborto.
d)
A Igreja condena a feitiçaria.
e)
A soberania de Deus é pregada.
f)
A veneração dos santos, mesmo vivos, é inculcada.
g)
A Igreja é litúrgica.
h)
A Eucaristia é um sacrifício que a
Igreja oferece quando reúne-se para esse fim.
i)
Antes do culto a Deus é feita confissão
de pecados.
j)
Os conselhos evangélicos de perfeição
são ensinados.
k)
O batismo é feito em Nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.
l)
Em primeiro lugar, o batismo é feito em
água corrente, por imersão. É o costume natural daquela época. Mas, também, ensina-se
o batismo por infusão, e é ensinado como deve ser realizado.
m)
A Igreja reza o Pai Nosso várias vezes
por dia.
n)
A Igreja é visível.
o)
A Igreja é hierárquica.
p)
São ensinadas as rezas, esmolas e boas
obras.
q)
É exigida a participação na Igreja.
r)
A perseverança nas boas obras é
necessária para a salvação.
Conclusão:
a Igreja possuía uma norma litúrgica para cultuar a Deus; cria na inspiração do
livro do Eclesiástico; recitava a oração do Pai Nosso; cultivava o respeito dos
ministros hierárquicos; tinha em alta honra os santos; exigia a frequência à
Igreja como necessária para a salvação; praticava preces, esmolas, jejuns
prescritos em dois dias da semana, a penitência, e tudo conforme o Evangelho;
batizava em Nome da Trindade Santíssima, em imersão ou aspersão; confessava os
pecados antes de oferecer o sacrifício a Deus; a Eucaristia era o sacrifício
oferecido; ensinava a Soberania de Deus e a perseverança para ser salvo;
condenava a feitiçaria e o aborto etc. Sobre a escatologia pode haver alguma
diferença, mas não é muito claro esse ponto. Há a fé na “prisão” de onde
pode-se sair após pagar o último centavo. Por isso, está implícita a fé no
purgatório.
De forma geral, o
Protestantismo não tem a frequência às cerimônias da Igreja como necessárias
para a salvação, e quando trata desse assunto restringe-se na questão de que
isso é apenas importante; também nos primórdios os reformadores, e, mais
importante, as Confissões de Fé, foram adeptos, em princípio, do “uma vez salvo
sempre salvo” e não estariam de acordo com a instrução sobre a perseverança até
o fim para ser salvo como feita na Didaquê;
não fala sobre a prisão de Mateus 5,25-26 dessa forma; quase não pratica o
batismo por aspersão e infusão, e ainda há os que afirmam que essas formas são
inválidas; não recita orações escritas, nem tem o costume de fazer isso algumas
vezes por dia, e coisas assim; não usa Ml 1,11 para expressar o sacrifício
cristão como fez a Didaquê; não
inculca prática relativa à hierarquia eclesiástica como está no documento; não
tem o costume de jejuar em certos dias da semana, ou antes do batismo, pois não
possuem um ritual prescrito formal como está na Didaquê e etc. Enfim, com algumas exceções, levando em consideração
as variações que há na doutrina nas diversas denominações, o que o
Protestantismo prega em essência não condiz com o que está expresso na Doutrina
dos Dozes Apóstolos.
É inegável que a Igreja
Católica continua a ensinar o mesmo que esse antigo documento, o Catecismo do
primeiro século, está ensinando. A Igreja Católica Apostólica Romana ensinava no
primeiro século o mesmo que ensina hoje.[1]
Gledson Meireles.
[1]
Texto
da Didaqué: http://www.ofielcatolico.com.br/2001/05/o-didaque-instrucao-dos-apostolos.html.
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