sábado, 3 de maio de 2014

Comentário


Comentário das palavras do Reverendo Anatote Lopes:

Peço que, o reverendo, e a todos os leitores, em Cristo, tenha a paciência de refletir um pouco o que está comentado abaixo:

O reverendo Anatote Lopes não percebeu que critica algo ilusório. A Igreja Católica reconhece, define e canoniza aqueles que mostraram os frutos de santidade que somente Deus poderia dar. Ao fazer isso, apresenta um exemplo de santidade no seguimento de Jesus. E o motivo é para que os santos vivos sejam edificados e vivam a santidade. Portanto, não existe qualquer sentido em acusar o sepultamento ou transformação da santidade em memorial como se estivesse separada da vida cotidiana dos cristãos vivos. Pelo contrário, é para nós que o memorial é endereçado, para que vivamos o chamado à santidade.

Por essa razão afirmo a verdade: ninguém pode ser santo depois da morte no sentido da santidade útil ao povo devoto como acreditam os papistas.

Que “sentido de santidade útil ao povo devoto” é esse¿ Aliás, essa afirmação não está acompanhada de prova, e por enquanto é gratuita.

Quando uma tradição cristã diz que uns são santos e os outros não, está dizendo que uns são verdadeiros e os outros são falsos cristãos

Nesse momento há algo verdadeiro. Por isso, é preciso saber que a Igreja Católica não considera santos somente os que foram e estão canonizados, mas a todos os que têm fé e seguem a Jesus Cristo.

uns são santos no mundo e os outros não vivem em santidade, conseguintemente e infelizmente endeusam os que julgam ser obedientes, por terem conseguido algo que não é para todas as pessoas.

É deplorável esse entendimento. E o autor ao criticar essa falsa atitude está fazendo um bem, e está em concordância com a Igreja Católica.

A canonização de um santo não tem base bíblica e nem lógica,

Eis mais uma afirmação sem prova.

primeiro porque sabemos que ela não tem autoridade para tornar uma pessoa santa,

Agora, uma afirmação equivocada. Alguém pode dizer: o papa João Paulo II vai tornar-se santo no dia 27 de abril! Mas, tornou-se ele santo naquele dia, ou já o era antes em vida¿ É óbvio que a última alternativa é a correta. É bastante pueril, e revela profundo desconhecimento da doutrina católica sobre o assunto. É triste ver alguém criticar isso, não pelo fato de fazer a crítica, mas quando uma vez esclarecido não mude sua opinião e corrija-a publicamente, ou volte a criticar da mesma forma. Espero que haja mudança.

Se por um lado reconhecer que uma pessoa viveu em santificação é necessário, é bom para nos lembrar o mandamento do Senhor, para nos estimularmos a nós mesmos a viver em santidade como os santos que são exemplos que, apontam para Cristo (Fl 3:17; I Co 11:1; Ef 5:1),

Nesse ponto, o autor toca a verdade. É essa a base bíblica que a Igreja Católica tem para apresentar os exemplos de santidade a todo o povo de Deus. Mas, como é comum no Protestantismo, toca-se na verdade e passa-se despercebidamente como se não tivesse nada ocorrido, e continua a crítica em pressupostos anteriores e fora dela.

por outro lado, as canonizações se fundamentam em estórias, lendas e crendices do povo que, faz dos santos deuses ou semi deuses,

Não é bem assim. O povo aclama o santo, mas há os sinais que identificam que verdadeiramente é santo. É tais sinais estão biblicamente exarados.

atribuem-lhes poderes exclusivamente divino como por exemplo: o poder de conhecer todas as coisas (onisciência)

Somente num muito mal-entendido!

o poder de fazer o que bem quiserem e atender às súplicas do povo e de indivíduos por milagres (onipotência)

Outra inverdade. Se alguém assim acredita, não é da Igreja que está recebendo o ensino.

e estarem presentes nos diversos continente ouvindo e socorrendo às orações do mundo católico (onipresença).

O mesmo dos anteriores.

A santidade não pode ser transformada em uma instituição, oficio, honraria ou qualquer coisa distante da piedade popular, do povo comum, apresentada como um sacrifício humano e uma exceção ou que se faça com ela uma confusão e distorção do verdadeiro culto que deve ser prestado somente a Deus.

Essas palavras têm o sentido que a Igreja Católica ensina. Mas, o autor está cônscio de que a santidade não é dada a todos, e que ser santo sempre será características dos servos de Cristo. Portanto, o mundo continuará a ver a santidade como algo em “exceção”, e não o normal da vida. É normal ao cristão, mas não ao mundo.

Outro ponto é o culto dos santos. Esse nada mais é que a homenagem da Igreja aos servos de Deus, num culto todo voltado à adoração única devida a Deus.

A santidade está na graça de obedecer a Deus vivendo o aperfeiçoamento em santidade.

O autor não crê, ao certo, que indistintamente todo professo cristão viva isso. É óbvio que os verdadeiros e sinceros cristãos o façam, mas é igualmente verdadeiro que há exemplos notáveis. Esses são apresentados nas listas dos santos para exemplo, conforme a Bíblia.

Ser um santo não é uma benção realizada por um ato canônico político religioso de um colegiado de políticos eclesiástico (sic),

E não é mesmo. Ninguém no Catolicismo, que esteja devidamente esclarecido, assim o crê.
 
Gledson Meireles.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

PENTECOSTALISMO E A ASSEMBLEIA DE DEUS: REFLEXÕES SOBRE ALGUNS FATOS

Assembleia de Deus

Características problemáticas na sua origem. A origem da Igreja Assembleia de Deus é mais um exemplo da ação do espírito sectário, um paradoxo que depõe contra a natureza inerente do Cristianismo. Esse fato dá-se pela forma em que ocorreu o nascimento da denominação: uma união de pastores de várias igrejas, nos Estados Unidos, forma uma nova denominação. Aquilo que parecia um lampejo de unidade torna-se mais um exemplo de sectarismo.

De fato, não contribuiu para a união de denominações, mas constituiu o aparecimento de mais uma. E, ainda, uma denominação que esfacelou-se com o tempo.

No Brasil, a história dessa denominação está ligada aos nomes de dois missionários suecos. Daniel Berg e Gunnar Vingren eram batistas, e continuaram na mesma denominação em terras brasileiras. No entanto, a doutrina do novo batismo e das línguas estranhas logo causou estranheza para a Igreja Batista, à qual pertenciam. Tal fenômeno, pelo que consta, iniciou-se com William Joseph Seymon, na Rua Azuza, em Los Angeles, em 1906. Em 1910 chegaram ao Brasil, e em 1911 fundaram a Missão da Fé Apostólica. Daniel e Gunnar foram desligados da Igreja Batista, ou seja, sofreram o que se pode chamar de excomunhão daquela denominação. Em 1918, aquela Missão da Fé Apostólica passou a ser chamada de Assembleia de Deus.

Uma das doutrinas pregadas pela Assembleia de Deus diz respeito a “a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais.” O surgimento da denominação foi no ano de 1914, nos Estados Unidos, quando pastores uniram-se em Assembleia.


A CGADB tornou-se em 1946 um órgão representante da Igreja Assembleia de Deus perante as autoridades governamentais do Brasil. Dos seus objetivos, esses são simplesmente interessantes: “promover a união e incentivar o progresso moral e espiritual das Assembleias de Deus; manter e propugnar o desenvolvimento da Casa Publicadora das Assembleias de Deus” (...) “Nenhuma Assembleia de Deus poderá viver isoladamente, sendo obrigatória a interligação das Assembleias de Deus no Brasil, com a finalidade de determinar a responsabilidade perante a Convenção Geral e perante as autoridades constituídas”. Portanto, busca-se unidade. E procurar-se melhorar o povo moral e espiritualmente. Mas, sempre surgem divisões. Embora Daniel e Gunnar não tivessem intenção de dividir a denominação, suas doutrinas foram consideradas heréticas e os mesmos foram expulsos da Igreja Batista.

Pelos frutos se conhece a árvore: Que os homens são pecadores, falhos, e fracos, não é novidade alguma. No entanto, para aqueles que ufanam-se para todos os cantos serem iluminados pelo Espírito Santo, e pregadores da Palavra de Deus, e iniciadores de movimentos, e fundadores de igrejas, missionários, e tantos outros atributos, uma vez que esses vivam em pecado e cometam escândalos que caracterizam suas vidas, são fatos que provam a origem humana de suas reivindicações. Os “grosseiros pecados” que teimaram em acalentar, e a vida em constante afundamento nesses pecados, é uma lástima.

David Cloud afirma que Oral Roberts afirmava ter visões de Jesus, e que era orientado quanto à sua obra. A obra que, mais tarde, foi à falência. Jim Bakker, preso em 1989, vivia em tanto luxo que até a casa do cachorro tinha ar condicionado. Cometeu adultério com Jéssica Hahn, secretária da igreja.

E os membros da Assembleia de Deus possuem passado de heresias segundo a ótica dos próprios protestantes. Afirmar que uma pessoa morreu, foi ao inferno, e ressuscitou “convertida” é uma das heresias mais patentes. (Segundo o autor, a publicação foi feita em edição oficial. Carta da Rússia, publicação de A SEARA, n. 172, de Julho de 1979, ano XXIII, páginas 10 e 11, pela CPAD.) Essa doutrina não é ensinada pela denominação, mas o fato publicado traz esse ensino, inculcando tal heresia nos leitores, por fonte oficial.

Laurence Anson Justice é formado pela Universidade Batista de Oklahoma e pelo Seminário Teológico Batista do Sudoeste, é autor do livrinho: Uma Igreja deve abraçar o Pentecostalismo¿ O pastor Laurence afirma que as igrejas batistas que denominam-se pentecostais são desonestas, por não serem batistas e afirmarem ser. Além de outras atitudes graves.

Charles Fox Parham. Pastor pentecostal, falava em línguas e pregava muito. Segundo informações insuspeitas, pois são protestantes, os pastor Parham era racista, violentou sexualmente um garoto. Acreditava que os seguidores de Cristo não deviam ter doenças. O próprio Parham ficou doente várias vezes, o que impossibilitava suas viagens e pregações. Por exemplo, ficou doente de dezembro de 1904 a fevereiro de 1905 (conforme livre: “"Fields White Unto Harvest, página 94, autor:James Goff Jr.” Certa vez, orou sobre um lenço e vendia cópias idênticas do mesmo, a alto custo, pelo correio. Pelo que consta, seu racismo durou toda a sua vida.

Esse homem foi o iniciador do movimento pentecostal. Pregava cura, libertação, os vários dons do Espírito Santo, e liderava igrejas. Era responsável pela vida espiritual de milhares de pessoas. Sua vida possui elementos de uma inspiração não condizente com o Espírito Santo, pecados que contrariam uma iluminação e qualquer aprovação de Deus para liderar uma obra como a que encabeçava.

Sobre Aimee McPherson, é dito: “Aimee Mc Pherson, era histérica, nervosa, negligente, preguiçosa. Além de tudo, traiu o seu infeliz marido.” Tinhas vários amantes. E sua obra de pregação prosseguia, crescendo o número de seguidores. Também bebia muito e participava de festas, e dançava. Casou-se várias vezes, experimentando o divórcio. Agrediu fisicamente a própria mãe. Morreu de overdose em 1944. Informações de Robert Barth.

O pastor Allen era alcoólatra, batia na mulher, foi preso em 1955 por dirigir bêbado, em tempo de retiro espiritual.

Efeitos do Pentecostalismo: os pentecostais consideram obra de Deus o crescimento espantoso de sua denominação. Acreditam que os milagres que se vêem têm a mão do Senhor. No entanto, encontram-se divisões costumeiras na denominação. E explicações naturais são compreensíveis diante da expansão dos pentecostais: pouca formação. Cada membro mais influente e “batizado no Espírito Santo”, como poderia ser dito, e que tenha revelações, já é um potencial iniciador de novo ministério, sem muitas barreiras. Assim, é notável o número de igrejas que espalham-se em tantos lugares. Há mesmo aqueles líderes que, para justificarem sua pouca formação, são contrários aos estudos teológicos.

No entanto, a denominação Assembleia de Deus possui cultos de doutrina, publicações para estudos sérios entre os seus membros, como a promoção de revistas trimestrais que auxiliam esses estudos.

Visões: os pentecostais vivem de visões. Muitas vezes, os líderes inculcam como “Palavra de Deus” os sentimentos que surgem nos membros. Não raro, informalmente, aquelas experiências são tidas como revelações diretas de Deus ao crente. O subjetivismo é enormemente ressaltado.

Cultos: é dito que nas reuniões pentecostais há ênfase nas experiências e testemunhos dos crentes. A pregação não poucas vezes tem um verso bíblico como ponto de partida, e o pastor discorre contando experiências, fornecendo exemplos práticos, (também é comum usar de humor), etc., chegando a esquecer-se daquilo que a passagem realmente expressa.

Os pentecostais enfatizam os dons e a experiência pessoal. Há quem afirme abertamente não discutir doutrina, nem “falar de religião”, mas apenas anunciar o poder salvador e a benção de cura proporcionados por Jesus Cristo. No entanto, o que concomitante a isso fazem, por exemplo, ao falar aos católicos, constitui em pura e basicamente pôr-se a atacar doutrinas cristãs católicas e fazer convites para os cultos nas igrejas pentecostais.

Antropocentrismo: Obviamente nenhum pentecostal concordará com isso. Os cultos teriam o Nome de Jesus como centro. Porém, sob essa aparente realidade, há um serviço ao homem, à libertação, à cura, ao auxílio para a prosperidade e etc. As músicas revelam isso. Um cântico católico diz: “Na beleza do que vemos, Deus nos fala ao coração, tudo canta: “Deus é grande, Deus é bom e Deus é Pai, É Seu Filho Jesus Cristo que nos une pelo Amor, LOUVEMOS AO SENHOR.”

Os pentecostais, ou neo-pentecostais, ao que parece, costumam cantá-lo assim: “Na beleza do que vemos, Deus nos fala ao coração, tudo canta: “Deus é grande, Deus é bom e Deus é Pai, É Seu Filho Jesus Cristo que nos une pelo Amor, VENCEMOS EM JESUS.”

É natural que nessas palavras não contem um erro intrínseco, mas revelam a mudança de tônica entre a doutrina cristã católica e a doutrina pentecostal. O louvor a Deus como base de todo o cântico foi substituído pelo direcionamento à experiência dos crentes, para suas vidas em Jesus. O interesse em viver a experiência, também, de sucesso material certamente é ressaltado aí. É sutil, mas diferente da ênfase cristã católica.

Um protestante batista escreveu: “Amado leitor, quando Deus for justamente exaltado e o homem humilhado, você não terá o Pentecostalismo em sua igreja”. Existem pentecostais reformados que se esforçam para manter o centro doutrina em Cristo. Embora vivam uma fé que em sua natureza possui elementos contraditórios, visto que as duas tradições (reformada e pentecostal) possuem ênfases e características distintas, é comum nos dias de hoje homens viverem uma contradição sem a perceber. Enfim, Laurence oferece antídotos da Palavra de Deus contra as investidas pentecostais, e chama o Pentecostalismo de “grande erro”.

Sendo assim, as raízes do pentecostalismo são bastante frágeis, segundo consta na obra de Dalton C. Rocha. Se alguém dissesse que os pecados dos membros não afetariam a veracidade da causa do Senhor, poderia ser dito que Deus nunca levantou homens que não tornasse santos para iniciar Sua obra. Essas pessoas, citadas, não eram membros de alguma igreja, mas líderes, expoentes iniciadores de uma obra. Por eles estava originando-se um movimento espiritual. A fonte deveria ser bastante diversa, de acordo com os princípios bíblicos.
ESSE TEXTO PODE SER EDITADO.



http://solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/QEstranhosPastoresPentecostais-DCRocha.htm

domingo, 20 de abril de 2014

O livre exame católico


  

Lucas [apologista protestante, e que trata do Catolicismo no blog heresiascatolicas], peço que esteja aberto a uma mudança de pensamento, a ver o que escrevo abaixo, segundo o que apresento, e não como você pensa que estou pensando. Peço que, antes de mais nada, antes de discordar ou concordar, permita-me mostrar-lhe o modo como pensam, de forma geral, os cristãos católicos diante de um texto como o seu. Entendi seu pensamento, mostrando que o livre-exame é característico dos cristãos que pensam por si mesmos, livremente, e buscam a verdade pessoalmente, sem estar coagidos por qualquer autoridade. Mas, devo mostrar-lhe o modo certo pelo qual esse princípio deve agir verdadeiramente. De fato, o católico não crê no livre exame, como é apresentando pelo Protestantismo. Mas, de forma especial, vamos pensar um pouco sobre isso, e verá que há algo que nem sempre fica patente.

O livre exame católico. Artigo de 18 de abril de 2014. Lucas Banzoli. Em seu blog: heresiascatolicas.blogspot.com.br.

Uma das maiores críticas dos romanistas contra os cristãos é que estes praticam o livre exame e interpretação da Bíblia.

Em primeiro lugar: “romanistas” é um termo usado pelo anti-catolicismo contra os cristãos católicos. Portanto, o correto é afirmar que os cristãos católicos criticam os cristãos protestantes por fazerem livre-exame das Escrituras.

Para eles, coisa nenhuma pode ser interpretada na Bíblia fora da expressa declaração oficial da Igreja de Roma, seja no catecismo católico ou em alguma declaração “infalível” do papa em ex cathedra.

O princípio é que: nada de herético pode ser adotado. E não há na doutrina católica nenhuma heresia, por esse motivo. Nem tudo foi declarado oficialmente, e ex-catedra, e ainda assim o que está nas Escrituras é de fé divina, são dogmas para todo cristão católico. O protestante tem de agir da mesma forma: nada que seja bíblico pode ser negado, e não há espaço para intepretações individuais. Dessa forma, o livre-exame é um meio para instruir-se, cada crente, da verdade salvadora em sua fonte, e não de inventar doutrinas. Há, portanto, uma doutrina revelada, que não pode ser negada, mudada, o mínimo que seja, e cada fiel está preso a essa corrente santa da Palavra de Deus. E para evitar os desvios há denominações que fazem o papel do magistério, exortando, ensinando, defendendo a verdade segundo sua tradição específica e própria.

Qualquer coisa que seja interpretada na Bíblia, mas que não seja o parecer oficial da Igreja Romana, deve ser rejeitada porque constitui-se em um “livre exame”, o que, para eles, é condenável.

O mesmo pode-se afirmar que qualquer protestante, pois cada intepretação que alguém vier a fazer e que negue algum dogma fundamental do Protestantismo seja rejeitado, não porque o fiel foi à Bíblia por si mesmo e exerceu seu direito de examiná-la, mas por que errou em sua conclusão, o que é condenável. Essa posição da Igreja Católica é idêntica, no nível prático, à posição de quaisquer ramos legítimo do Protestantismo.

Não entrarei mais uma vez no mérito da questão se a Bíblia pode ou não pode ser interpretada livremente pelo leitor, pois este assunto já foi tratado nestes artigos:

 


 


 


A questão, portanto, não é se a Bíblia pode ser interpretada individualmente, examinada por cada cristão, mas se cada um está livre para inventar doutrinas. Esse última alternativa está fora de cogitação.

Este artigo, diferentemente dos demais, não busca provar que o livre exame é bíblico, mas demonstrar a inconsistência dos católicos que negam o livre exame.

Se o livre exame significasse a liberdade total de construir o próprio credo à revelia das verdades bíblicas, seria totalmente negado. Mas, se é um instrumento para estudo e averiguação das coisas santas de Deus, para instrução na fé revelada e infalível, então não há nada de errado. O fiel cristão católico não pode negar qualquer artigo de fé por sua interpretação da Bíblia, assim como o cristão protestante não pode fazer contra qualquer verdade fundamental do Protestantismo quando vai à Bíblia para examiná-la e instruir-se.

A questão é simples: se o livre exame/interpretação da Bíblia é proibido, então por que os “apologistas” católicos interpretam livremente a Bíblia?

Para quem já acompanha essas linhas desde o início a resposta está patente: cada livre exame é para certificar-se das verdades de Deus na Bíblia conforme ensinadas pela Igreja.

Por exemplo: um certo sujeito com ares de psicopata e com sobrenome de livro apócrifo mantém um site católico na internet que, basicamente, existe para defender a interpretação preterista do Apocalipse.

Deixando de lado os ataques e adjetivos, deve-se saber que não há pronunciamento da Igreja contra a interpretação preterista do Apocalipse, creio. O que não pode haver é que de uma dada interpretação surja algo contrário à fé em qualquer ponto.

Ele possui vários artigos que corrompem grotescamente o livro do Apocalipse com interpretações livres da parte dele que jamais foram ditas oficialmente em nenhum documento católico.

Se isso acontece, deve-se seguir os ensinamentos e princípios oficiais, que são bíblicos.

Por incrível que pareça, a Igreja Romana não tem uma interpretação oficial do Apocalipse.

Foi o que escrevi acima. Mas, há limites que o bom senso e a fé impõem a cada interpretação.

Na parte referente à escatologia no catecismo, não há nada que fale expressamente em uma crença pré-milenista, amilenista ou pós-milenista.

Mas há um princípio, segundo o qual Cristo virá julgar os vivos e os mortos e levará à consumação todas as coisas na Parusia, o que impede a crença pré-milenista e pos-milenista. O amilenismo, segundo as linhas da doutrina cristã católica, é a intepretação aceitável.

Eles não dizem que a grande tribulação é referente a um acontecimento passado, na batalha entre Jerusalém e Roma em 70 d.C, como este insano defende.

De fato, o que ocorreu em 70 d. C. indica o que acontecerá no tempo do fim, antes da Parusia. A destruição de Jerusalém foi como que um prelúdio do cumprimento escatológico.

Em outras palavras: a Igreja Romana não possui uma interpretação oficial clara sobre posições escatológicas.

Talvez deve-se expor mais a posição oficial da Igreja, o que o Catecismo e obras católicas, bem como pregações na Igreja evitam transcorrer com maior detalhe.

Mesmo assim, este indivíduo insiste em criar artigos defendendo com unhas e dentes que a tribulação já aconteceu, deturpando a Bíblia e os escritos de Flávio Josefo.

Então, o problema talvez seja desse apologista.

O que é isso que ele faz? Simples: livre interpretação da Bíblia.

E a Igreja não o proíbe, mas se for confrontado um artigo de fé, então o mesmo apologista perde sua autoridade.

 

É por isso que entre os católicos é comum encontrar preteristas e futuristas, e até mesmo pessoas que não tem posicionamento nenhum ou que alegorizam todo o livro.

Por isso, é bom dialogar bastante e ver como lidam com tantas linhas divergentes em sua base e harmonizam com a doutrina oficial.

Ela não tem uma posição escatológica que defenda, mas eles têm. Se isso não é livre interpretação exatamente igual ocorre entre os cristãos (evangélicos), eu não sei mais o que é.

A Igreja tem sua mensagem sobre esse ponto, e fornece princípios. Os apologistas lidam com os mesmos como lhes parecem corretos. Mas, é bom verificar. Se você, Lucas, converter-se ao Evangelho cristão católico, pois creio que já está convertido a Cristo, e tem agora de aprender TUDO o que Ele ensinou, então você poderá continuar seus estudos do Apocalipse segundo as linhas sãs da interpretação cristã. Irá progredir em suas pesquisas.

Na verdade, se eu quiser trazer ainda mais fogo ao debate, poderia citar esta parte do catecismo que indica o oposto ao que ele defende, e que diz:

 

“Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalar a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o "mistério de iniquidade" sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade” (§675 do Catecismo Católico)

Isso mesmo. O princípio acima não permite que algum católico creia que esse mundo terá uma transformação para o bem levada a cabo pelas autoridades políticas, ou de forma natural, ou de qualquer outra forma que não seja pelo poder de Deus. Também, impede que alguém creia que não haverá tribulação como nunca houve na terra, antes de Cristo voltar. Proíbe que alguém não creia na vinda do Anticristo.

Ela situa a tribulação como um acontecimento futuro, e diz que, neste momento futuro, o mistério da iniquidade será (no futuro, e não como um acontecimento passado) desvendado. Isso é claramente futurista, e o oposto do que ensina este sujeito católico, que é ferrenhamente contra a livre interpretação, mas interpreta a Bíblia livremente.

Se ele traz qualquer doutrina que negue o que está na Bíblia, e explicado no Catecismo, não podemos deixar suas opiniões de lado.

Não é a toa que não vemos sequer um único documento oficial da Igreja Romana presente no site deste indivíduo que mostre a posição oficial da Igreja dele a este respeito.

Por isso, vamos aos estudos.

Ele sabe que não existe. Ele sabe que o que ele faz é fruto puro do livre exame. E eu suponho que ele deveria agradecer os evangélicos por lhe darem a oportunidade de interpretar a Bíblia livremente.

Na verdade, essa atitude não é de origem Protestante. De qualquer forma, se ele está errado, e não quiser submeter-se à verdade sempre ensinada na Igreja, por ordem de Cristo, então sim, poderá agradecer aos protestantes que assim fizeram várias vezes na história. Mas, se interpretar a Bíblia livremente para dela alimentar-se da Palavra de Deus e crescer na fé, na sã doutrina, então, isso é natural aos cristãos católicos.

Incrivelmente, este mesmo cidadão interpreta livremente também o livro de Cantares. Como se fosse uma piada de 1º de Abril, ele chegou até mesmo a afirmar que Maria é a mulher de Cantares(!), dizendo que o trecho de Cantares 6:9-10 se refere a Maria. E eu pergunto: de onde ele descobriu isso? De um documento oficial da Igreja dele ou de uma livre interpretação particular da parte dele? Qualquer um pode ir consultar o catecismo católico na parte referente a Maria, clicando aqui, e não irá encontrar nada, absolutamente nada, que diga que Maria é a mulher de Cantares ou que aquele texto seja uma referência à Maria. Ele chegou a essa conclusão através de uma interpretação livre da parte dele, o mesmo que ele condena nos evangélicos.

Nesse ponto, Lucas, você mostra desconhecimento. Certamente, esse apologista católico conhece comentários do texto que aplicam-no à virgem Maria. Não foi algo que surgiu da mente dele, mas que é patrimônio da Igreja Católica. E faz sentido. Pela doutrina da Igreja, a virgem Maria é modelo da Igreja, e já recebeu privilégios que toda a Igreja receberá quando estiver totalmente consumada na glória. A interpretação livre do apologista não nega um ponto doutrinal.

O mesmo ocorre aos milhares em diversos outros textos. Um católico chamado Antônio que se auto-intitula “Demapro” nas redes sociais (um fake criado por ele, que não tem coragem de debater com sua conta pessoal), descobriu maravilhosamente que o texto de Hebreus 9:11, que diz que “quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação” (Hb.9:11), se refere à Maria, que seria um tabernáculo não feito pelo homem e não pertencente a esta criação.

Bem, essa “alegoria” parece ser nova. Não conheço. O que sei é que a Igreja entende Hb 9,11 como o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, O PRÓPRIO CÉU, o Santo dos Santos nos céu, à direita do Pai. Essa é a fé cristã católica.

Perfeito. Maravilhoso. Extraordinário. É de se aplaudir de pé. Só tem um problema: a Igreja Romana não afirma oficialmente isso em lugar nenhum. Então, ele chegou a esta conclusão através da livre interpretação pessoal da parte dele.

Lucas, também concordo ser perfeito, maravilhoso, extraordinário. Mas afirmo isso pelo fato de que você está aprendendo a ser cristão católico, a fazer distinção daquilo que a Igreja realmente ensina, e daquilo que outros dizem ser doutrina católica. Talvez você diria que isso é característica de um cristão comprometido com a verdade de Deus, e é isso mesmo que estou afirmando. Continue estudando, e espero tê-lo como apologista, defendendo toda a verdade, na santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Ele não é capaz de mostrar isso no catecismo católico ou em alguma declaração em ex cathedra de um papa. Portanto, paradoxalmente, ele valida um dogma evangélico (livre interpretação) para tentar invalidar uma outra crença evangélica.

Mas, você concorda que a livre-interpretação não dá direitos aos crentes formularem doutrinas contrárias àqueles que Deus revelou, não é mesmo¿ Então, temos que esse dogma evangélico, bem compreendido, é mesmo evangélico, não como de origem protestante, mas cristão católico, visto ser o modo que os cristãos sempre adotaram para aprender de Deus.

Ele defende a livre interpretação e não sabe. Se ele fosse mesmo um católico romano, deveria ficar simplesmente calado naquilo que a Igreja dele se cala. Aliás, calado ele realmente seria mais útil, de qualquer forma.

Mas, certamente ele é católico mesmo. O que talvez aconteça é que suas intepretações podem necessitar de correção, não sei. A Igreja dá direito aos teólogos estudarem e auxiliarem no aprofundamento da verdade de Deus.

Poderíamos adentrar às centenas de textos bíblicos examinados livremente pelos católicos, mas cabe aqui apenas resumir mais um ponto que o catecismo não esclarece. Uma das maiores discussões ao longo dos séculos diz respeito a quem é o “iníquo” de 2ª Tessalonicenses 2:8.

O iníquio é o Anticristo, aquele que virá no final, o último, antes da Parusia. É a fé cristã católica. Continue estudando Lucas.

Alguns católicos afirmam que é Nero, mas a Igreja de Roma nunca afirmou isso oficialmente. Qualquer católico que se arrisque a citar alguém ou alguma coisa está incorrendo em livre interpretação e, consequentemente, condenando a si mesmo.

Provavelmente a besta, de número de homem: 666, é César Nero. No entanto, isso não limita o cumprimento da profecia em Nero, no século I, mas aponta para o acontecimento final, que se dará com o aparecimento do Anticristo, com aquelas características de Nero, mas levadas ao máximo, que será o ataque final à Igreja Católica na terra.

Neste e em outros aspectos, o católico tem uma consciência que lhe aponta uma interpretação como sendo a verdadeira, mas se vê forçado a negar e suprimir sua própria consciência para levá-la cativa à interpretação de outro.

Quando isso acontece, o melhor é orar, ter humildade, pedir mais fé e humildade, estudar, fazer o exame das Escrituras, questionar, estudar mais, etc., e submeter-se à verdade, que não é originada em nós, e não vem pela força do homem, mas de Deus.

O católico tem certa opinião sobre um certo texto, mas ele não pode crer nesta sua opinião, tem que crer no que a instituição romana diz.

Voltamos ao marco inicial. Lembre-se que o protestante pode ter em mente uma intepretação de um texto que não harmoniza-se com a fé cristã oficial do protestantismo, que nega algum princípio da Reforma, e ainda que ninguém diga a ele que deve retratar-se, a autoridade da Igreja, na respectiva denominação protestante-reformada, reivindicará a correta intepretação segundo seu entendimento. Assim, ele tem de crer no que a denominação diz, pois ninguém está livre para desobedecer a Deus, mas para viver a liberdade dos filhos de Deus.

Se a instituição romana não diz, deve ficar calado e suprimir sua própria consciência.

Não, caro Lucas. Se a instituição não diz, talvez a contribuição daquele estudioso pode suscitar um pronunciamento, aprovando ou não aquilo que foi dito. Até então, todos estão livres para apresentar suas opiniões. Uma vez definido algo, todos devem acatar. Obviamente, não de forma mecânica e contra consciência, mas responsável e conscientemente.

Deve decidir ficar preso ao invés de procurar a Verdade. E se a consciência dele lhe diz coisa diferente do catecismo, deve suprimi-la ainda mais!

Pelo que escrevi, creio que você entenderá. A conclusão acima foi sua, não da Igreja. A Igreja nunca diria para um pesquisador calar-se onde ela não disse nada, nem que não deva procurar a verdade, mas apenas para não ensinar o erro aos outros, e submeter-se à autoridade legítima quando for o caso.

Assim, os evangélicos são livres para pensarem, sem suprimir ou reprimir sua própria consciência, buscando encontrar a verdade sem nenhum conceito a priori que o obrigue a crer em outra coisa.

Provei o que escrevi acima. Agora, você está apto a entender essa distinção: quando alguém procura a verdade, sabe que há algo que existe absolutamente e que não está sob nossos caprichos. Por exemplo, a Bíblia é a Palavra de Deus, e vamos a ela para aprender, não para criar teorias errôneas. Nesse ponto, cristãos católicos e cristãos protestantes são iguais, estão na mesma realidade. O que nos separam são as doutrinas que cada um abraçou por crer ser ela verdadeira. Vamos à Bíblia, à história cristã, ao bom senso, estuando cada ponto em seu respectivo mundo e sentido, e analisando-o segundo a Palavra de Deus. Só assim você tornar-se-á cristão católico, e poderá usar do seu livre-exame para glorificar a Deus na Igreja dEle.

O católico, ao contrário, é obrigado a priori a crer em uma interpretação que não é a dele, independentemente se ele concordaria ou não com essa interpretação se não lhe fosse vedado o direito de pensar.

O mesmo diga-se do protestante, que para ser fiel e sincero, deve crer de coração numa interpretação protestante que não é sua, não tem nele sua origem, mas que é apresentada como verdadeira, em consciência sã diante de Deus. Ele poderá, mas não contrariamente ao que for ensinado, no que diz respeito aos princípios da Reforma, e às verdades fundamentais, que caracterizam um verdadeiro protestante.

É por isso que os evangélicos são livres para conhecerem a verdade e serem libertos por ela, enquanto os católicos estão presos no erro e não podem sair dele.

Mais uma vez, você deve parar e pensar no que foi provado acima. Estamos todos na mesma situação, o que nos separa são muitas doutrinas que essencialmente divergem-se nos dois campos: católico e protestante. Não há essa coisa de uma não poder pensar e outro ser livre pensador, mas ambos estão, e devem estar, submetidos ao mesmo tipo de autoridade respectiva.

É como afirmou certo beneditino católico, dizendo:

 

“Temos que nos submeter às determinações da Santa Igreja. Embora nossa razão rejeite algum dogma, nossa submissão deve ser incondicional. Se isto é branco e a Santa Igreja diz que é preto, devo-lhe acatar a decisão e renunciar à lógica”

Aprendi isso do Protestantismo, quando esse critica a Igreja Católica, como você faz no seu artigo, mas nunca ouvi, nem li em fontes oficiais, algo parecido. Pelo que escrevi, creio que ficou clara a posição cristã.

 

Um católico, sim, pode discordar deste texto. Apenas tome cuidado para não discordar pela sua própria interpretação diferente do que foi dito. Se você fizer isso, cuidado: estará sendo um “protestante”.

Não, caro protestante. Se ele discordar, porque notou algo errado no texto, estará sando cristão católico. Se for provado que o texto é verdadeiro, sua atitude deverá ser a de acatar a verdade, senão será protestante. Digo isso no sentido de que muitos protestantes não submeteram-se, e não se submetem,  à verdade quando essa lhes foi e é apresentada, e preferiram e preferem suas opiniões. Mas, quando um protestante conhece a doutrina do Protestantismo e discorda pela sua própria interpretação diferente daquilo que aprendeu, então estará sendo herege, pelos próprios princípios do Protestantismo.

Em Cristo.

Gledson Meireles.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

2Macabeus 15,38 e a inspiração do livro

“Assim terminou a história de Nicanor. A partir desse tempo, a cidade passou a ser governada pelos hebreus. Por isso, aqui encerro a minha narrativa. Se ficou boa e literariamente agradável, era o que eu queria. Se está fraca e medíocre, é o que fui capaz de fazer. É desagradável beber só vinho ou só água, ao passo que vinho misturado com água é agradável e gostoso. O mesmo acontece numa obra literária, onde o tempero do estilo é um prazer para o ouvido do leitor. E assim termino.” Outra tradução do verso 38: “Se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo; se ela está imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor.(Macabeus 15,37-39)

É incomum encontrarmos um comentário objetivo dessa passagem do livro sagrado de 2 Macabeus [15,38] por parte daqueles que não tem a fé na sua inspiração.

O autor claramente se refere à sua “narrativa” quanto a estar “boa” e “literariamente agradável”. Sua narrativa ficou boa ou não? Está agradável do ponto de vista literário ou não? Ele fala do “tempero do estilo”, não das informações da obra em si. Esse é o assunto que o autor considera, e do qual revela sua humilde opinião, acreditando que seu esforço foi o melhor possível: “é o que fui capaz de fazer”. Preocupou-se com a fineza do estilo, não com erros em sua narrativa.

O autor não “refere-se à verdade da narração”, mas ao “estilo e modo de escrever”. [Haydock´s Bible Commentary]

É claro que dessa passagem o cristão não tira qualquer conclusão contra a inspiração do livro sagrado. Somente quem lê com uma preconcebida opinião [negativa] sobre a obra, pode ver nessa passagem uma “prova” de que o livro não teria sido inspirado, e de que o autor não estava cônscio da inspiração que recebeu, tendo receio de que seu trabalho não fosse fidedigno.
Essa comparação do autor de 2 Macabeus é comparável às palavras de são Paulo: “E, se sou rude na palavra, não o sou contudo na ciência”. O apóstolo fala da sua pregação da Palavra de Deus, do seu modo de expor o evangelho nas igrejas, e ainda assim humildemente reconhece que alguém pode tê-lo na conta de “rude” quanto ao seu estilo. Fala a respeito da opinião alheia. No entanto, reconhece que possui a “ciência”. (2 Coríntios 11,6)

Em 1 Coríntios 7,25 escreve são Paulo: “não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer”. Nesse momento, são Paulo expõe sua opinião pessoal quanto a um assunto que toca à vida cristã. Obviamente acredita não estar ensinando o erro.

Esses exemplos da Sagrada Escritura nos ensinam que os homens santos e inspirados para escrevê-la possuíam estilo pessoal diverso um dos outros, e que reconheciam sua limitação, num tom de humildade. Esse é o ponto importante para refletir.

Sobre o conhecimento da Palavra de Deus e da profecia, está escrito: “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos.” Que significa dizer “em parte”? Refere-se à imperfeição. Seria como escrever que nosso conhecimento é imperfeito e a profecia imperfeita, ou seja, profetizamos de modo imperfeito. Isso fica claro pelo contexto (v. 10), que explica o significado da expressão “em parte”: “Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” “O que é perfeito” contrasta com “em parte”, o imperfeito.

No entanto, ao falar da imperfeição não se introduz noção de “erro”, mas de incompletude. Essas passagens podem ser incompreendidas pelos incautos.
O evangelista são Lucas decide escrever o evangelho para apresentá-lo a Teófilo: “Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo”. E continua afirmando de seu esforço pessoal para escrita da sua obra: “havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio”. (Lucas 1,3)

Alguns tentam lançar dúvidas sobre o livro de 2 Macabeus porque seu autor deixa a possibilidade de sua obra não ter um estilo agradável para o leitor, e dessas palavras conclui que o autor não se via inspirado e que o livro não foi inspirado!

Esse princípio inventado aí deveria também caber noutras partes da Bíblia se fosse verdadeiro. Assim, tendo que o apóstolo Paulo afirmou que poderia ser rude na Palavra, alguém poderia concluir que não estava inspirado, pois a Palavra de Deus não seria jamais “rude”! Ou que um homem de Deus não falaria rudemente a Palavra de Deus!

Noutra passagem o mesmo santo apóstolo afirma que o mandamento que tem não é do Senhor, mas é parecer pessoal. No entanto, essas palavras estão na Bíblia, e cada parte da Escritura é inspirada, cremos em nossa fé cristã católica. Por isso, ainda que alguém impusesse aquele falso princípio de que o apóstolo aí não se reconheceu inspirado, e, portanto, seu livro carece de inspiração, diríamos, com fé cristã, que está em erro.

Ainda com as palavras sagradas escritas por são Paulo, teríamos que se o conhecimento inspirado e a profecia [que é inspirada, obviamente] são “imperfeitos”, isso implicaria em que as mesmas não eram inspiradas, e isso teria sido reconhecido, pelo autor!

Igualmente, com as palavras do evangelista são Lucas, que afirmou ter sido sua obra uma iniciativa pessoal, não divina. O mesmo parece não reconhecer-se inspirado. Então, teríamos que afirmar ser seu livro sem inspiração! Tudo isso seria uma grande heresia.

Portanto, está provado que o princípio que alguns tiram de 2 Macabeus 15,38 é falso e é contrário à Palavra de Deus. Sabemos que para um livro ser inspirado não é necessário que esse se mostre inspirado, que seu autor indique consciência clara de sua inspiração. Esse princípio não existe, como foi expresso na refutação acima.

Para terminar, saibamos que 2 Macabeus 15,38 apenas forneceu um exemplo de humildade de seu autor, como 2 Coríntios 11,6. Notemos também que mesmo não percebendo a inspiração [cf. Lc 1,3; 1 Cor 7,25; talvez 13,9], o autor foi inspirado sem dúvida, e por isso seu livro está no cânon.

Explicações importantes:

O autor Lucas Banzoli considera as respostas que comparam o texto de 2 Mc 15,38 com 2 Cor 7,10, por exemplo, como um “devaneio”.

Afirma que são Paulo reconhecia sua inspiração (2 Tm 3,16-17; 1 Cor 7,40), e que somente estava afirmando que não recebeu aquele mandamento “diretamente” do Senhor. No entanto, tinha inspiração para passar mandamentos.

Essa explicação falha no princípio básico: se são Paulo mostrasse seu reconhecimento de inspiração nessa passagem, como acima 1 Cor 7,25, porque teria dito que “não” tinha ensinamento sobre isso vindo do Senhor? Ele não fala de estar diretamente ou não de posse do mandamento, mas reconhece que não ouviu nada sobre isso do Senhor, e isso inclui ensinos diretos de Jesus a ele. Dessa forma, se ele não lembrou de qualquer ensinamento de Cristo nesse momento, e disse que aquele conselho era sua posição, isso encaixa-se no princípio de que essa passagem exemplifica que o apóstolo não estava consciente de estar recebendo inspiração para aquele pronunciamento particular. Ele acredita estar conforme a verdade, mas atribui a opinião a si mesmo, não a Deus.

São Paulo afirma ter TAMBÉM o Espírito de Deus (1 Cor 7,40), e isso não é contrário ao que foi dito acima, os cristãos devem possuir o Espírito de Cristo, pois do contrário não seriam de Cristo. Deve-se ter em mente o princípio.

Como explicado acima, o autor de 2 Macabeus não considerou que sua obra estivesse errada, contendo informações falsas, e fosse de pouca confiança. Longe disso. De fato, ainda que fôssemos ler sua confissão em termos humanos, teríamos que concluir que confiava em todas as informações do livro, visto que para ser sincero e honesto deveria ter pesquisado e sintetizado informações que julgasse verdadeiras. Isso o autor fala em termos claros. E, ao contrário de um autor orgulhoso de suas faculdades, ele fala de sua esforçada empreitada, mas pede compreensão se seu estilo não agradou o leitor. Tanto em Paulo como no caso de 2 Macabeus o Espírito Santo permitiu que seus autores expusessem opiniões pessoais, e verdadeiras, ainda que sob a inspiração direta.

Outra questão importante: atos de humildade são diversos de pessoa para pessoa. Dentre 20 pessoas, por exemplo, alguém pode realizar algum ato é isso ser sinal de humildade. Outros podem expressar sua humildade de formas diferentes. Assim, não é preciso que outro escritor bíblico afirme que sua composição talvez não tenha ficado perfeita para que isso seja aceito em 2 Macabeus. Isso torna-se um petitio principii.

Então:

1)   Está refutado que o autor de 2 Macabeus reconhecesse sua obra, e não somente seu estilo, como possivelmente pouco agradável.

2)   Está refutado o princípio de que o apóstolo reconheceu sua inspiração e por isso pronunciou um mandamento.

3)   Está refutado o princípio implícito dessas objeções de que o escritor bíblico reconhece explicitamente sua inspiração, ou que os livros bíblicos expressem explicitamente origem divina.


[Resposta a um princípio contido em: Os livros apócrifos admitem que são apócrifos, de Lucas Banzoli.]


Gledson Meireles.